segunda-feira, 31 de maio de 2010

O VI FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DE BEJA (1): E A TRIBO DA BD ATERROU EM BEJA!!

Este “aterrou” do título é, obviamente, em sentido figurado, uma vez que o aeroporto de Beja (depois de prometida a reconversão da base aérea militar em 2005, salvo erro) ainda não funciona, apesar de, segundo parece, já estar pronto. E como também não existem sequer vestígios da auto-estrada Sines-Beja (também prometida na mesma altura para servir o mesmo futuro aeroporto…) a tribo bedéfila tem que se servir, ano após ano, de outros meios de transporte e dirigir-se à capital alentejana com, pelo menos, uma boa dose de espírito de cruzada.

Mas vale sempre a pena. Porque, para além das cada vez mais numerosas exposições, pela crescente presença de autores convidados (nacionais e estrangeiros), pelos – também cada vez mais em cada ano que passa – lançamentos de novidades editoriais preparados para saírem no FIBDB, é também o convívio, o “pôr a conversa bedéfila em dia”, o alinhavar de novos projectos, etc… que torna sempre muito apetecível esta peregrinação anual a Beja. E depois, Beja é uma cidade pequena e, durante o fim-de-semana da inauguração, dando ensejo a que os diversos bandos de bedéfilos à solta pela cidade, se vão encontrando a cada esquina (perante os olhares algo desconfiados dos habitantes, mas já não tanto como nos primeiros anos), trocando conversas e opiniões, a caminho dos diversos núcleos do festival, ou simplesmente, a visitarem turisticamente, alguns em companhia de autores estrangeiros, o núcleo histórico da cidade.

Essa relativa pequenez (e mesmo a concentricidade urbana, derivada e conservada, do casco tipicamente medieval) de Beja, permite que o Festival, mesmo dispersando-se por cinco núcleos localizados no centro histórico (e outros dois um pouco mais excêntricos), seja de fácil acesso, aliando a visita a esses núcleos à descoberta da História da cidade. Isto apesar de muitos críticos (entre os quais me incluo) discordarem, em absoluto, da dispersão dos Festivais de BD por vários núcleos. Porque, a tal dispersão é implícita uma estratificação, por níveis de importância, das exposições – quando, à partida, todas devem ter a mesma importância. Mas se essa dispersão prejudica eventos realizados em localidades maiores, que tiveram um crescimento rápido e completamente desordenado, em Beja isso não acontece tanto – e mesmo assim, não me parece que toda a gente que esteve no núcleo central tenha ido a todos os outros núcleos –, uma vez que o percurso entre os sete núcleos do Festival deste ano, se fazia relativamente bem a pé.

O ponto alto deste VI FIBDB foi, como em qualquer outro festival de BD, o dos autógrafos. Daí a importância da presença de autores e dos respectivos livros vendidos no mercado do livro. Desde Hermann (que nem sequer teve exposição) e Fabio Civitelli, para citar os estrangeiros mais sonantes, a Dame Darcy, Miguel Rocha, Niko Henrichon, Rufus Dayglo, JCoelho, João Fazenda, Filipe Abranches, Diniz Conefrey, Rui Lacas, etc…

Para já, ficam aqui as publicações do VI Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja 2010, e algumas fotos...

Mas primeiro, o destaque que o Alentejo Popular de 28 de Maio deu ao VI FIBDB:



Pranchas do nº 6 da Colecção Toupeira: HÁ SEMPRE UM ELECTRICO QUE ESPERA POR MIM, de André Oliveira (arg.) e Maria João Careto (des.)
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AS FOTOS (PARTE 1):










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sexta-feira, 28 de maio de 2010

O BDjornal #25 VAI ESTAR AMANHÃ NO FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DE BEJA 2010

A Pedranocharco vai estar amanhã, 29 de Maio, em Beja, claro. Com alguns livros: BANG BANG ULTIMATE 1, de Hugo Teixeira, ALGUÉM DESARRUMA ESTAS ROSAS, de José Carlos Fernandes, FORMAS DE PENSAR A BD – ENTREVISTAS, de Nuno Pereira de Sousa, SEXO, MENTIRAS E FOTOCÓPIAS, de Álvaro, etc… e as revistas MODAFOCA #1, BDVoyeur #1 e #2.

Mas também, e sobretudo, com um novo BDjornal, o #25.


Fica aqui o Sumário deste novo BDjornal:

4 – O VI FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE BEJA – 2010, J. Machado-Dias
5 – HERMANN HUPPEN, J.Machado-Dias
15 – BIBLIOGRAFIA DE HERMANN HUPPEN, J.Machado-Dias
17 – QUATRO QUESTÕES A PEDRO SILVA, DA VitaminaBD, J. Machado-Dias
18 – EL ETERNAUTA, OU AS MUITAS VIDAS DE JUAN SALVO, João Miguel Lameiras
21 – FABIO CIVITELLI, José Carlos Francisco
22 – ENTREVISTA COM FABIO CIVITELLI, conduzida por José Carlos Francisco, João Miguel Lameiras, Gianni Petino e Júlio Schneider
25 – OS COMICS DE AVENTURAS, Pedro Bouça
26 – DICIONÁRIO UNIVERSAL DA BANDA DESENHADA, Leonardo De Sá
30 – PRIDE OF BAGHDAD, Pedro Vieira Moura
31 - FÁBULA DE BAGDAD, Pedro Cleto
32 – NIKO HENRICHON - Biografia
32 – THE LISBON STUDIO - ENTREVISTA COM PEPEDELREY, J. Machado-Dias
34 – CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE FERNANDO BENTO
36 – BD – BEAU GESTE – 2 PRANCHAS DE FERNANDO BENTO
38 – ENTREVISTA COM NELSON MARTINS, J. Machado-Dias
39 – BANDAS DESENHADAS e BIOGRAFIA DE ALLAN GOLDMAN
40 – BD – Preview de TOUT SUR LES CÉLIBATAIRES, de Valéry der Sarkissian (arg.) e Nelson Martins (des.)
44 – BD – Preview de MAHOU EXPRESS, de Hugo Teixeira (arg. e des.)
49 – BD – COULROPHOBIA, de Wilson Vieira (arg.) e Allan Goldman (des.)
57 – BD – O CEIFEIRO, de Wilson Vieira (arg.) e Fred Macedo (des.)
67 – DANS MES YEUX e DIEU EN PERSONNE, Pedro Cleto
68 – LULU FEMME NUE, Pedro Cleto
69 – LISBONNE: DERNIER TOUR, Pedro Vieira Moura
71 – TARZAN DOS MACACOS, Pedro Vieira Moura
75 – APONTAMENTOS: GREETINGS FROM CARTOONIA, Sara Figueiredo Costa
76 – ALAN MOORE, TECNOXAMANÍSMO E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, Edgar Indalécio Smaniotto
77 – PARA O ALTO E AVANTE, Edgar Indalécio Smaniotto
79 – BLUE SEED, Carina Santos
80 – CARDCAPTOR SAKURA, Carina Santos
81 – IBERANIME LX2010, Pedro Trabuco
82 – ANICOMICS LISBOA 2010

Algumas páginas:








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segunda-feira, 10 de maio de 2010

BDpress #127 – João Miguel Lameiras em Diário “As Beiras” – Pedro Cleto no Jornal de Notícias – Armando Corrêa no Alentejo Popular


Diários As Beiras, 1 de Maio de 2010

O COMBATE ILUSTRADO

João Miguel Lameiras

Chegou às livrarias há poucos meses o livro “O Combate Ilustrado”, obra que, apesar de não ostentar qualquer imagem na capa ocupada por um lettering rosa fluorescente sobre um fundo branco, contém no seu interior centenas de ilustrações de alguns dos maiores nomes da Banda Desenhada e ilustração nacional. Jornal publicado pelo Partido Socialista Revolucionário (PSR), uma das forças políticas que esteve na origem do Bloco de Esquerda, o “Combate” acolheu nas suas páginas um número impressionante de ilustradores e desenhadores que, por militância, ou amizade pelos editores do jornal, encheram as páginas do jornal com imagens e histórias desenhadas.

O livro que motiva este texto, recolhe uma selecção dos trabalhos de ilustração e BD publicados no “Combate”, entre 1986 e 2007, numa escolha coordenada por Jorge Silva, grande responsável pela abertura do “Combate” à ilustração, que assina também a nota de abertura e o arranjo gráfico do livro. E o trabalho de Jorge Silva como ilustrador é uma das agradáveis surpresas deste livro. Indiscutivelmente um dos melhores designers portugueses, Silva foi também um ilustrador extremamente versátil, como o provam os inúmeros trabalhos seus reproduzidos neste “Combate Ilustrado”.

A presença de Jorge Silva como Director de Arte e de João Paulo Cotrim como editor fez com que encontremos nas páginas do “Combate” vários nomes que assumirão grande importância em termos da Banda Desenhada nacional, como Nuno Saraiva (com várias ilustrações e uma deliciosa história sobre as afinidades entre Santana Lopes e Zita Seabra), Fernando Relvas (que criou a Ovelha Negra, a mítica mascote do PSR), Renato Abreu, Richard Câmara, Pedro Burgos, ou João Fazenda, de quem escolhi uma ilustração para acompanhar este texto.
Desconheço se os critérios que presidiram à escolha das ilustrações e Bandas Desenhadas presentes neste “ O Combate Ilustrado” foram apenas estéticos, ou ditados por questões mais pragmáticas, como a dificuldade de acesso a imagens com qualidade suficiente para reprodução, mas uma rápida análise à listagem de todos os ilustradores que publicaram no “Combate” entre 1986 e 2007, reproduzida no fim do livro, permite detectar as ausências neste livro de autores como Alex Gozblau, Filipe Abranches e José Carlos Fernandes.

No caso de José Carlos Fernandes, é mesmo a confirmação de uma relação complicada com o jornal “Combate”, publicação que chegou a vetar uma história sua. Mas deixemos que seja o próprio a contar esta história edificante, que mostra que, por vezes, a censura surge de onde menos se espera: “Ora aqui vai a história da vez em que fui vítima de “implacável censura política”: nos tempos (já lá vão uns 17 ou 18 anos) em que não tinha livros publicados e divulgava as minhas BDs em fanzines e revistas a título “benévolo” (como dizem os franceses), submeti material à LX Comics, que entretanto se extinguiu. O director da LX Comics, que também movia cordelinhos noutras publicações, propôs-me que publicasse antes o material no Combate, orgão informativo do então PSR. Assim aconteceu com uma primeira BD, chamada “Dessert Storm”, que misturava Rodolfo Valentino com a I Guerra do Golfo, mas o mesmo já não aconteceu com a segunda, “O dia em que o capitalismo caiu”. Foi recusada por Francisco Louçã, que não gostou que a dita BD brincasse com a figura de Lenin (esse Santo Homem!), embora a BD satirizasse também o capitalismo e o consumismo.

Espero com esta história pungente poder conquistar um lugar na Galeria dos Mártires da Liberdade de Expressão em Portugal.”

Tendo em conta que há vários autores representados por mais do que uma ilustração, a começar pelo próprio Jorge Silva, não deixa de ser pena as ausências atrás citadas. Não que isso não invalide a oportunidade e o interesse do “Combate Ilustrado”, que nos permite descobrir (ou redescobrir) trabalhos menos conhecidos de grandes nomes da ilustração e BD.

(“O Combate Ilustrado: de 1986 a 2007, Vários Autores, Edições Combate, 228 pags, 20.00 €)
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Também podem ser encontrado texto sobre esta matéria em ASLEITURASDOPEDRO
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Autores portugueses desenham clone de Wolverine para a Marvel

F. Cleto e Pina

Nos próximos dias deve chegar às lojas especializadas portuguesas mais uma edição da Marvel com assinatura portuguesa. Trata-se de “X-23”, uma história completa em 36 páginas, escrita por Marjorie Liu, cujo desenho a lápis foi feito por Filipe Andrade e Nuno Plati Alves, que foi também responsável pela arte-final e a cor das pranchas em que participou. A passagem a tinta das restantes esteve a cargo de Jay Jensen e Sandu Florea, tendo este último ainda há pouco tempo desenhado a saga “Batman: R.I.P.”, na qual o Homem-Morcego perdeu a vida.

Ao JN, Filipe Andrade, desenhador de “BRK” (ASA), revelou que foi convidado para a ilustrar durante o Festival de BD de Angoulême, em Janeiro último, devido ao atraso da autora inicialmente escolhida mas também face à boa aceitação que teve o seu primeiro trabalho para a Marvel, uma BD do Homem de Ferro, ainda inédita.

Com prazos muito apertados – teve que desenhar 24 pranchas em 20 dias, com layouts e estudos incluídos – Andrade teve ainda que suprir o desconhecimento que tinha da personagem principal, X-23, aliás Laura Kinney, uma clone de Wolverine, que possui garras retrácteis nas mãos e também nos pés, que apareceu pela primeira vez na série animada “X-Men Evolution”, tendo depois passado para os quadradinhos onde é actualmente um dos membros da X-Force.

Esta história, conta a sua partida da ilha de Utopia, refúgio dos X-Men, na baía de S. Francisco, e o seu regresso provisório às ruas sombrias e degradas de Nova Iorque, um ambiente com o qual o desenhador se afirma à vontade, numa tentativa de encontrar o seu próprio caminho e começar a lutar por si própria, depois de uma vida em que sempre se sentiu usada por aqueles que a rodeavam.

Com uma segunda BD do Homem de Ferro já terminada, Filipe Andrade está agora a trabalhar numa mini-série de 4 ou 5 números, com uma personagem chamada Nomad.


X-23 # 1 vol 2
Writer: Marjorie Liu
Drawings: Nuno Plati, Filipe Andrade
Release Date: 2010-03-17

X-23 throughout his life was used. But when you hit on someone who can control it alone think for the first time will have to fight not for others but for themselves.

Imagem da responsabilidade do Kuentro
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A HERANÇA DE BOIS-MAURY
Yves H. e Hermann
VITAMINA BD

O ano é 1604 e o contexto histórico a guerra pelo poder na Rússia entre o czar Boris Godunov e Grigori Otrepiev, apoiado pelos cossacos polacos, um impostor que se faz passar por herdeiro e que ficou na História como o “falso Dimitri”. Mas a história - para lá da História – é um relato de desejo e vingança.

Vassya, um dos cossacos, dá título ao livro, mas na verdade – como sempre nesta série, aliás, em torno dos descendentes do cavaleiro Aymar de Bois-Maury, protagonista do ciclo inicial As Torres de Bois-Maury, parcialmente editado em Portugal - o protagonismo é vivido no feminino, através de Douniachka, uma mulher à frente do seu tempo por ter (e exercer…) opinião, desejos e vontade própria. Porque se é ela o objecto de desejo - de Vassya, o marido demasiado ausente, de Aymar, o descendente do seu homónimo original, e de Kolya e dos seus zaporogues -, ela também sente e quer. Numa época em que à mulher cabia um papel de subserviência e de pouco mais do que objecto ao serviço dos homens.

E, também por isso, vai ser Douniachka quem está na origem dos desejos de vingança de Kolya e dos seus companheiros quando Aymar os impede de consumarem a sua violação. Num relato em que as personagens se vão cruzando aumentando as animosidades e a tensão.

Por isso, esta é, antes de mais, uma história humana, sim – aspecto reforçado até pelo papel (falsamente) secundário do avô de Douniachka -, embora menos estimulante do que seria desejável, reconheço, porque algo previsível. E também crua - como têm ultimamente sido quase todos os relatos desenhados por um Herrnann desencantado com os seus semelhantes - porque testemunho de onde o ser humano pode chegar quando os (piores) sentimentos se impõem à razão.

Fica, mais uma vez, como principal atractivo o extraordinário trabalho gráfico de Hermann, com um traço realista assente em soberbas cores directas, num notável jogo de luzes e sombras, em especial nas cenas noctumas ou ao entardecer, e numa planificação sóbria mas muito eficiente.•

F. Cleto e Pina


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alentejo popular 1 de Abril de 2010
através da banda desenhada

Coordenação de Armando Corrêa

SUA EXCELÊNCIA, O HERÓI-BD O Cavaleiro Branco

A 7 de Outubro de 1953, na edição belga da revista «Tintin», estreou-se um novo herói-BD: o Cavaleiro Branco (aliás, Jehan de Dardemont). Era o início de uma bela série que hoje comporta onze álbuns. O primeiro tomo tem apenas o título do próprio herói, com guião de Raymond Macherot e grafismo de Fred Funcken. Seis destas narrativas foram publicadas em revistas portuguesas, mas nenhuma foi editada entre nós em formato álbum.
A partir da segunda aventura, «Le Nectar Magique», Macherot deixou a sua participação na parceria com Funcken, tendo sido substituido, para sempre, por Liliane, que viria a casar com Fred.
Toda a acção se desenrola na Idade Média, na França do século XIII, recheada de querelas, ambições e corrupções. É neste agitado e por vezes cruel cenário, que se centralizará a acção do misterioso e justiceiro Cavaleiro Branco.
A partir de 1987, Didier Convard, assume o cargo de argumentista desta série, em estreita colaboração com o casal Funcken.
Aguardemos que esta série que é, embora ficcionada, um correcto retrato da Idade Média, surja em álbuns portugueses, para gáudio dos nostálgicos e deslumbramento para as gerações mais novas.

alentejo popular 8 de Abril de 2010
através da Banda Desenhada

Coordenação de Armando Corrêa

MAGNIFICAMENTE, ELES SÃO... Os Funcken

Na sequência da nossa crónica sobre o herói-BD O Cavaleiro Branco, e para não perder a embalagem, cá vos relatamos hoje aspectos dos seus autores de excepção, os Funcken (Liliane e Fred).
Belgas de nacionalidade, Fred nasceu a 5 de Outubro de 1921 e Liliane 17 de Julho de 1927. Fred teve uma vida (adolescência e juventude) atribulada (esteve, inclusive, preso e deportado pelos nazis alemães), sempre procurando acertar com a sua carreira. Cedo, já «garatujava bonecos»... Foi depois de liberto que ele renunciou à hipotética carreira de músico... Ora estava ele como decorador dos famosos armazéns bruxelenses «L'Innovation», quando deparou com uma jovem funcionária da mesma empresa, Liliane. Foi um mútuo amor à primeira vista. E, pouco tempo depois, estavam casados.
Desde então, na vida e na carreira, sempre unidos, apaixonados, cúmplice e parceiros. Nunca se sabe, na obra, onde acaba um e começa o outro. São dois num só! Este é um emotivo e nobre exemplo bem raro, quando não, até agora, único.
Na obra, são terríveis e exigentes pesquisadores, o que já lhes valeu algumas frustrações, quando lhes vedaram determinadas consultas históricas. Mesmo assim, há belas e invejáveis vitórias conseguidas nessa carreira em comum, como por exemplo o serem especialistas em uniformes e costumes, donde uma notável obra em diversos volumes. Com eles, o voluntarioso rigor histórico.
Depois, há o currículo de séries de aventuras como O Cavaleiro Branco, Capitan, Doe Silver, Harald - o Viquingue, Jack Diamond, Napoleão ou o tomo único «Cemitério das Baleias».
Nas histórias curtas, tiveram a gentileza de abordar Portugal, como em D. Sebastião, publicada em «Mundo de Aventuras», n.o 326 (a 3 de Janeiro de 1980), em seis pranchas.
Até este momento, ao que saibamos, o exemplar casal Funcken continua vivo e activo. Ainda bem!


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quinta-feira, 6 de maio de 2010

TERTÚLIA BD DE LISBOA – ANO XXIV – 310º ENCONTRO – 4 DE MAIO 2010-05-06

A convidada especial foi Mariana Perry.
Aqui fica o material impresso distribuído por Geraldes Lino e algumas fotos dos tertulianos presentes.

A auto-biografia da convidada especial.

O Tertúlia BDzine #148 (frente e verso) com a BD A Promessa, de Marisa Falcón (arg) e Pedro Data (des):


A Folha Volante #249 (frente e verso):


Algumas fotos:




E o ComicJam deste encontro, cuja descrição e autores pode ser lida no blog Divulgando BD, de Geraldes Lino:


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quarta-feira, 5 de maio de 2010

EVENTOS - ANICOMICS EM LISBOA - 28º SALÓ INTERNACIONAL DEL COMIC DE BARCELONA

Começa amanhã, dia 6, o 28º Saló Internaional del Comic de Barcelona e o grupo BDBANDA da Galiza enviou-nos um comunicado que publicamos aqui, com algumas curiosidades fotográficas do Salão de Barcelona do ano passado. Depois, dia 7, inicia-se o ANICOMICS LISBOA 2010, organizado pela Kingpin BOOKS, aqui fica também oo comunicado que recebemos.



BD BANDA PARTICIPA CON STAND PROPIO NO XXVIII SALÓ DEL CÒMIC DE BARCELONA

As serpes cegas protagoniza o cuarto número da revista, que se presenta no encontro

Pontevedra. 5 de maio.

Un ano máis, BD Banda volta ao Saló del Còmic de Barcelona. Os visitantes do maior encontro estatal sobre banda deseñada terán a oportunidade de coñecer os nosos álbums e revistas e de atopar os nosos autores no stand número 5 do recinto da Fira, que compartimos con Retranca e Ariadna Editorial.

Como grande novidade para este evento, presentamos o agardado número 4 da nosa revista. As serpes cegas, o recente Premio Nacional de Cómic remata nesta entrega a súa publicación seriada, co complemento dunha ampla revista aos autores e diferentes ilustracións inéditas e material de traballo. Canda a isto, continúan as habituais series, como Animais pantasma de Jacobo Fernández, Caveira lunar de Albert Monteys, Ultratumbia de Alberto Guitián, Julie de Calo e Stygryt ou o Astro de Javier Olivares, ademais do artigo de Álvaro Pons e novos contidos.

Sinaturas
No evento, Bartolomé Seguí e Felipe Hernández-Cava asinarán exemplares das súas obras.

Máis concretamente, o stand de FICOMIC acollerá os dous autores o vindeiro xoves 6 entre as 16:30 e as 17:45.

Do mesmo xeito, os dous autores estarán no stand de BD Banda-Retranca-Ariadna Editorial canda a outros dos colaboradores da nosa revista:
Seguí e Hernánez-Cava: venres de 17h a 18 h.
Kiko da silva: sábado de 18:30 h. a 19:30 h.
Javier Olivares: sábado de 11,30 h. a 12, 30 h.

Para os interesados en saber máis sobre a obra gañadora do Premio Nacional de Cómic, As serpes cegas protagoniza tamén unha das exposicións do Saló.

As nosas publicacións estarán ademais expostas nos stands promocionais da BD galega que leva a Xunta de Galicia (94 e 101).


Todas as imagens são da responsabilidade do Kuentro.
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Os grandes eventos de BD regressam a Lisboa!

De 7 a 9 Maio, o ANICOMICS LISBOA2010 reúne na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras, todo o universo da BD, numa grande festa que incluirá a presença de vários artistas nacionais e internacionais que trabalham para a Marvel e DC Comics, com destaque para o espanhol David Lafuente (Ultimate Spider-Man) e para os italianos Giuseppe Camuncoli (Dark Wolverine, Hellblazer) e Stefano Caselli (Avengers: The Initiaive, Secret Warriors). A energia e dinamismo do Mangá e Anime japoneses serão o outro prato forte do evento, que incluirá concursos de Cosplay, demonstrações de Hairstyling & Make-up, degustação de Sushi, música e muita animação para todas as idades!

Todos os detalhes e programação em www.anicomics-lisboa.net.

Dias 7 (6ª feira) e 8 (sábado): entrada gratuita.
Dia 9 (domingo): 3,00EUR.

Lista completa dos autores nacionais presentes:


Carlos Pedro (Super Pig)
Cristina Dias
David Soares (Mucha)
Fernando Dordio (C.A.O.S.)
Filipe Andrade (BRK, X-23)
Filipe Melo (Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy)
Filipe Teixeira (C.A.O.S.)
GEvan.. (Super Pig)
Jo Bonito (Super Pig Manga)
Joana Lafuente (Transformers)
João Lemos (Marvel Fairy Tales)
Jorge Coelho (Forgetless)
Mário Freitas (Super Pig, Mucha)
Nuno Duarte (A Fórmula da Felicidade)
Nuno Plati (Marvel Fairy Tales, X-23)
Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade, Mucha)
Selma Pimentel


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sábado, 1 de maio de 2010

BDpress #126 – João Miguel Lameiras no Diário “As Beiras”, Pedro Cleto no Jornal de Notícias e Carlos Pessoa no Público

Vamos por ordem: João Miguel Lameiras no Diário “As Beiras” de 24 de Abril, Pedro Cleto no Jornal de Notícias de 29 de Abril e Carlos Pessoa no Público de 30 de Abril. As abordagens a livros, de Lameiras sobre o excelente trabalho de edição que Mário de Freitas está a realizar com a sua Kingpin Books, de Carlos Pessoa sobre a colecção ALIX, que o Público está a distribuir em conjunto com a ASA e o texto de Pedro Cleto sobre os avultados números que estão a atingir transacções de clássicos da BD – já em anteriores posts publicámos aqui recortes de jornal com textos de PC sobre esta matéria - desta vez, a compra dos direitos da série Peanuts.

Diário “As Beiras”, 24 de Abril de 2010


A FÓRMULA DA FELICIDADE

João Miguel Lameiras

Pouco mais de um ano após a publicação do 1º Volume eis que chega finalmente às livrarias, a 2ª e última parte de “A Fórmula da Felicidade”, a fulgurante primeira colaboração entre Nuno Duarte e Osvaldo Medina e que este 2º volume vem confirmar como um dos mais interessantes títulos nacionais lançados nos últimos anos.
Embora se trate de uma história única de 88 páginas, razões editorais levaram a que “A Fórmula da Felicidade” fosse publicada em dois volumes, pois publicar a história toda num só álbum de mais páginas e preço mais elevado, implicava um investimento inicial maior e era comercialmente mais arriscado. Provavelmente, as mesmas razões editoriais terão levado a um aumento de preço do 1º para o 2º volume e, o que é mais grave, a uma clara diminuição da gramagem do papel, que não agarra tão bem as cores de Gisela Martins e companhia.
“A Fórmula da Felicidade” conta-nos a história de Victor, um génio da matemática enterrado numa aldeia do Baixo Alentejo, onde vive com a mãe, uma antiga hippy toxicodependente, e que um dia descobre a fórmula matemática da felicidade, para rapidamente se aperceber que é bem mais fácil transmitir felicidade aos outros, do que obtê-la para si… E se a associação com Abraão, um poderoso empresário sem escrúpulos, lhe traz fama e dinheiro para satisfazer todos os seus caprichos, afasta-o cada vez mais da sua própria felicidade. Victor terá (literalmente) que descer da sua torre de marfim até aos esgotos, para finalmente perceber que a felicidade só faz sentido quando partilhada com aqueles que dela mais necessitam e que a sua redenção só será possível através do sacrifício.

Apesar de algum simbolismo demasiado óbvio, de um fim algo previsível, mas perfeitamente coerente com o desenrolar da história, e do toque melodramático/ telenovelesco da figura do pai, bem mais interessante quando era apenas uma figura ausente de quem nada sabíamos, para além de que gostava de Jimmy Hendrix, Nuno Duarte faz um excelente trabalho com a “Fórmula da Felicidade”, criando uma história interessante e (muito) bem contada, que Osvaldo Medina passa a imagens com o talento e eficácia que o confirma, já não como a revelação que foi quando saiu o 1º volume, mas como uma das maiores certezas da BD nacional.

Veja-se, por exemplo, o tratamento que dá à expressão dos animais, o dinamismo das cenas de acção e o magnífico plano/ sequência da página 42, que aqui reproduzo. Igualmente eficaz, apesar do papel não ajudar, é o trabalho de cor, que marca claramente a diferença entre a corrupção da grande cidade e a pureza do campo, com as suas cores bem mais luminosas.

(“A Fórmula da Felicidade” Vol. 2, de Nuno Duarte e Osvaldo Medina, Kingpin Comics, 46 pags, 14,99 €)

Capa e pranchas sacadas pelo Kuentro no blog da KINGPIN BOOKS
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Jornal de Notícias, 29 de Abril de 2010

PEANUTS VENDIDOS POR 175 MILHÕES DE DÓLARES

F. Cleto e Pina

A família de Charles Schulz (1922-2000) e a Iconix Brand Group Inc. anunciaram ontem a compra dos direitos da série Peanuts por 175 milhões de dólares (cerca de 131,5 milhões de euros).

Até agora, eram pertença do United Feature Syndicate, que distribuiu esta popular tira de banda desenhada desde o seu início, a 2 de Outubro de 1950, e da E. W. Scripps. Segundo Jane Schulz, a viúva do criador de Charlie Brown e Snoopy, que exprimiu a sua satisfação pela óptima relação profissional mantida com a United ao longo de quase 60 anos, o negócio, que foi feito de forma amigável, permitirá trabalhar com uma empresa “que tem um grande respeito pelas personagens e pelo espírito com têm sido tratadas pela família”.

A Iconix Brand Group Inc., uma empresa vocacionada para o licenciamento de grandes marcas para revendedores e fabricantes, especialmente nas áreas de calçado e vestuário, ficará com 80 % da joint-venture agora estabelecida, ficando os herdeiros de Schulz com os restantes 20 %.

Apesar de a tira ter terminado há uma década, devido ao falecimento do seu criador, os dissabores quotidianos de Charlie Brown, Lucy ou Linus são ainda publicados diariamente em cerca de 2000 jornais de todo o mundo. A Iconix estima que a marca Peanuts, licenciada em mais de 40 países, gera receitas anuais na ordem dos 2 mil milhões de dólares, e espera que os respectivos direitos permitam um encaixe de 75 milhões de dólares por ano.

Algumas vozes aventam já a hipótese de a família de Schulz, que durante meio século escreveu e desenhou a série sozinho, sem recurso a qualquer colaborador, vir a autorizar a continuação dos Peanuts por outro autor.

Jacquelen Cohen, da editora Fantagraphics Books, declarou ao site Newsarama esperar que o negócio não afecte em nada a edição integral dos Peanuts, de que já foram publicados 13 dos 25 tomos previstos, uma colecção multi-premiada que em Portugal é seguida pelas Edições Afrontamento que prevêem lançar o sexto volume já em Maio.

Imagem da responsabilidade do Kuentro!
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Público • sexta-feira 30 Abril 2010

oTúmulo Etrusco, oitavo álbum da colecção de banda desenhada Alix


DESCIDA AOS MUNDOS INFERIORES

o herói volta a enfrentar os temíveis adoradores do culto de Moloch. Os
rituais sacrificiais de crianças, abordados na história, valeram a]acques
Martin acusações injustas de anti-semitismo


O Túmulo Etrusco
Quarta-feira, 5 de Maio
Por + 6,40 €


Carlos Pessoa

Um espaço circular subterrâneo dedicado ao culto de Moloch. No seu interior, labiríntico e obscuro, evoluem Alix, Enak Octávio e Lídia.

Os horizontes infinitos, a presença vivificante da luz solar, os ambientes naturais inspiradores, tudo parece coisa do passado. O fulgor solar evidenciado no episódio anterior dá, agora, lugar a um confinamento acentuado da narrativa, trazendo de volta uma realidade temática que já estivera presente em A Ilha Maldita.

Jacques Martin joga tudo nesse efeito de recondução ao "centro". Estados de alma, inquietações psicológicas, situações dramáticas ou atmosferas conspirativas são os ingredientes básicos deste regísto intimista procurado intencionalmente pelo autor.

Com efeito, os ambientes estão saturados de angústia e depressão enquanto o drama caminha irreversivelmente para o clímax. A complexidade do que está em jogo é dada, por exemplo, através de uma representação física e literal - o labirinto que conduz à tenebrosa cripta onde têm lugar os sacrifícios humanos.

Afiliação clássica desta aventura é evidente. Os protagonistas do drama são, indubitavelmente, seres humanos, vivendo de forma mais ou menos consciente os seus papéis, oscilando entre o sonho e a consciência de vigíIia. Mas há algo mais, por vezes indizível, que paira sobre a narrativa - e isso remete de forma evidente para o território da divindade, que tem no sacerdote louco o seu eminente representante.

"A genealogia das formas religiosas sempre me apaixonou", confessou Jacques Martin aos seus biógrafos Thierry Groensteen e Alain de Kuyssche. "Ela constitui um aspecto essencial da história das civilizações. Contrariamente aos meus hábitos - mas não sou um daqueles autores que aplicam receitas feitas por medida -, voltei de novo a pedir emprestados à História a maior parte dos principais personagens. Octávio, claro, mas também a sua irmã Lídia, futura esposa de Pompeu e, depois, de Marco António, e o odioso prefeito Vesius Pollion, apreciador de moreias... Já Brutus é um personagem fictício, que pretende ser (e talvez o seja) o último descendente dos reis tarquinios."

A publicação desta história provocou na época um violentíssimo ataque do diário francês Le Monde, assinado por Emmanuel Todd. O articulista viu nos sacrifícios de crianças realizados pelos adeptos de Moloch uma alusão simbólica a ritos que levaram os nazis a acusar os judeus, concluindo que com Martin todos os maus eram semitas. "Evidentemente, é erróneo pretender que atribuo todos os papéis de 'maus' a judeus. Arbacés é grego, Varius Munda, Marcus, Lívion Spura e outras personagens detestáveis são romanos, e poderia citar gauleses, egípcios ou fenícios igualmente pouco recomendáveis", contestou Martin. "Face a ataques tão absurdos só há uma atitude possível: o desprezo."

Na companhia do jovem Octávio, sobrinho deJúlio César, Alix eEnak percorrem a Via Aurélia em direcção a Roma. Quando chega a noite, avistam fumo no horizonte. Ao aproximar-se, encontram as ruínas de uma quinta quefoi recentemente atacada. Nelas, descobrem, com horror, os restos carbonizados de uma criança atada a um poste. Nessa mesma noite, não muito longe dali, outra exploração agricola é atacada por misteriosos cavaleiros mascarados...
OTúmulo Etrusco (argumento e desenho de Jacques Martin) é o oitavo álbum da colecção de banda desenhada Alix. A história foi publicada pela primeira vez na revista Tintin (edição belga) entre 17 de Novembro de 1967e 28 de Maio de 1968. A primeira edição em álbum saiu em 1968 (Casterman).

Nota do Kuentro: Leiam, já agora um comentário de Pedro Cleto in As Leituras do Pedro

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