quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BDpress #292: UDERZO ANUNCIA QUE ASTÉRIX VAI TER NOVOS AUTORES (no Público online e no Universo HQ)


CRIADOR DE ASTÉRIX ANUNCIA SUCESSOR

O novo ilustrador trabalhou no estúdio onde a obra é criada.

Público Online, 26 Setembro, 2011

Os fãs da conhecida banda desenhada francesa podem ficar mais descansados: as aventuras de Astérix e Obélix vão continuar a ser lançadas. Quem garante é um dos seus criadores, Albert Uderzo, que acaba de anunciar um novo sucessor, cuja identidade não quis para já revelar. Em 2012 é esperado um novo álbum de BD.

Numa cerimónia que aconteceu em Paris para celebrar a venda de 350 milhões exemplares da banda desenhada em todo o mundo, Uderzo, de 84 anos, explicou aos jornalistas a decisão de pretender continuar a publicar as aventuras da pequena comunidade gaulesa, conhecida por derrotar sem dificuldades as numerosas forças romanas.

“Percebi que as personagens de Astérix pertencem aos seus autores, mas também aos seus leitores”, considerou o autor de banda desenhada francês, citado pelo "Le Monde", acrescentando ainda que “há muitas personagens que continuam com outros autores”.

Esta segunda-feira, em entrevista à estação de rádio francesa RTL, Uderzo, não quis revelar a identidade do seu sucessor, mas o Le Figaro já avançou com o nome de Jean-Yves Ferri, autor de De Gaulle à la plage.

“Este autor é alguém que nos tem acompanhado durante algum tempo no estúdio onde criamos”, disse o francês, que explicou ainda porque decidiu dar continuidade à narrativa, após a morte de René Goscinny, o outro criador desta banda desenhada: “Quando René Goscinny morreu, a 5 de Novembro de 1977, tinha a ideia de terminar tudo, como fez Hergé (criador de Tintin), mas reconsiderei. Espero que isto dure de geração em geração”, explicou.

As primeiras aventuras de Astérix foram lançadas pela revista Pilote em Outubro de 1959, e rapidamente conquistaram o público e se tornaram famosas, surgindo mais tarde várias adaptações para cinema.

Os seus autores, que se conheceram em Paris no início dos anos 1950, foram ainda responsáveis por outros trabalhos do género, tais como: aventuras de Oumpah-pah, Jehan Pistolet e Luc Junior.

A série “aos quadradinhos” é composta por 33 volumes, vendidos e apreciados em todo o mundo, e a média de intervalo entre cada lançamento é de cerca de 4 anos. O autor pretende que o próximo álbum de BD esteja disponível aos fãs “no final de 2012”.

Para além dos 33 volumes que a banda desenhada já conta, houve ainda uma adaptação para cinema destas aventuras. Uma delas foi em 2002, com o filme intitulado “Astérix e Obélix: Missão Cleópatra”, que contou com Gerard Depardieu e Edouard Baer, com as personagens de Obelix e Asterix, respectivamente. Mas para o próximo ano, também já está anunciado mais um filme,“Astérix et Obélix: Au service de sa Majesté” (Astérix e Obélix: Ao serviço de sua Majestade), no qual Depardieu e Baer irão continuar a interpretar as personagens principais.



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Universo HQ, 26 Setebro 2011
Por Marcelo Naranjo

A informação é da revista sobre quadrinhos Casemate e teve forte repercussão na imprensa francesa.

Jean-Yves Ferri será o novo escritor de Asterix. O anúncio foi feito pelo próprio Albert Uderzo, que cuidava da arte e também dos textos dos álbuns do personagem desde o falecimento do polivalente roteirista René Goscinny.

Ferri é conhecido como roteirista da série Le Retour à la terre, além de ser autor do álbum De Gaulle à la plage e colaborador da revista Fluide Glacial, tendo como ponto forte sua atuação na linha de um humor mais adulto.

Pelo visto, a intenção é elevar a qualidade das tramas dos irredutíveis gauleses, que tiveram altos e baixos nas mãos de Uderzo, além de passarem por problemas judiciais, sendo que agora os direitos de publicação dos quadrinhos de Asterix são do grupo editorial Hachette.

Outro fato que conta é a idade de Uderzo, que nasceu em 1927. Ele está acompanhando de perto a produção do futuro álbum assinado por Ferri.

A arte dos próximos álbuns deverá ser de Frédéric Mébarki, antigo colaborador e assistente de Albert Uderzo, que fez muitas imagens promocionais de Asterix e Obelix.

Asterix foi criado no dia 29 de outubro de 1959, por René Goscinny e Albert Uderzo. Sua primeira aventura foi publicada na edição de estreia da revista Pilote.

Asterix, Uderzo e Obelix...


 Jean-Yves Ferri


Uderzo e Goscinny no início da série.

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Imagens da responsabilidade do Kuentro
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

JOBAT NO LOULETANO – 9ª ARTE - MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (XI e XII) – ILUSTRADORES PORTUGUESES NAS PÁGINAS DE “O MOSQUITO” – VITOR PÉON, O AMIGO E O ARTISTA (6 e 7)


9ª ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (XI - XII)


NOSTALGIA (11)
ILUSTRADORES PORTUGUESES NAS PÁGINAS DE “O MOSQUITO” 

VITOR PÉON, O AMIGO E O ARTISTA – 6

por José Batista


Dir-se-ia que face aos desenhos de Reg Perrott, – ao ampliar uma sua vinheta para a capa da "Colecção Aventuras" –, Victor Péon ficou cativado pela acção, enquadramento e à minuciosa elaboração gráfica que o ilustrador imprimia aos seus trabalhos. As duas primeiras histórias, "Falsa Acusação" e "O Juramento de Dick Storm", publicadas n' "O Mosquito", claramente atestam a sua inspiração no autor das pranchas de "Flecha de Ouro" e "o Voo da Águia", entre outras.

Na história seguinte, a terceira que publica, intitulada "O Segredo da Mão Enluvada", detecta-se a influência de Alex Raymond, em Agente Secreto X-9. Porém, quem resistiria ao fulgor dos desenhos do ilustrador norte-americano, o qual é, para mim, o maior génio da BD no Século XX ? Em "Flibusteiros", há algo de Hogarth logo na primeiro vinheta. Quem, igualmente fascinado pela elegância anatómica, beleza do traço e movimento desse artista, resistiria ás suas pranchas de Tarzan, em contraste com as desenhadas pelo sensaborão Rex Maxon? Na história seguinte, "O Explorador Perdido", há um pouco de todos eles e muito de Foster, pois que difícil era, na altura, ficar imune à beleza e qualidade das páginas de "O Principe Valente", aparecidas em Portugal impressas a belas cores nos jornais americanos.

N' "A Casa da Azenha", quase que uma pedrada no charco da BD Portuguesa feita até então, denota-se algo do génio criativo de Will Eisner, o qual permitiu a Péon a sua história de referência, tanto pelo enquadramento como pelo enredo e apuro nos acabamentos, enriquecidos, por vezes, quase até à exaustão. Anos depois, já na Agência Portuguesa de Revistas, o traço harmonioso e belo de José Luís Salinas – Cisco Kid – influência de novo o veterano Vitor Péon, notando-se com facilidade o estilo do artista argentino nas pranchas de "Tomahahwk Tom" fruto da dupla formada por ele e Roussado Pinto.

Legendas das imagens:

Flecha de Oiro - de Reg Perrott
The Spirit - © Will Eisner,
Cisco Kid - Ilustração de José Luis Salinas, © King Features Syndicate, Inc.
Secret Agent X-9 e Jungle Jim, de Alex Raymond - , © King Features Syndicate, Inc

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NOSTALGIA (12)
ILUSTRADORES PORTUGUESES NAS PÁGINAS DE “O MOSQUITO” 

VITOR PÉON, O AMIGO E O ARTISTA – 7

por José Batista


Complementando os textos dedicados à obra de Vítor Péon, publicados nas páginas de "O Mosquito", damos à estampa as primeiras páginas das suas histórias de BD inseridas nesse bi-semanário.

Legendas das imagens:

"Falsa Acusação", com início de publicação no número 396, de 10 de Abril de 1943
"O julgamento de Dick Storm", com início de publicação no número 480, de 29 de Janeiro de 1944
"O Enigma da Mão Enluvada", com início de publicação no número 503, de 19 de Abril de 1944
"Flibusteiros", com início de publicação no número 516, de 3 de Junho de 1944

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ULISSES (VIII e IX)
Texto e desenhos de Jobat



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terça-feira, 27 de setembro de 2011

BDpress #291: A MORTE DE SERGIO BONELLI (1923 – 2011) – EVOCAÇÃO e ENTREVISTA (em 2008), por Pedro Cleto

e tamtem no Tex Willer Blog


SERGIO BONELLI (1932-2011)

Por Pedro Cleto*

Sergio Bonelli, editor e argumentista de banda desenhada faleceu ontem aos 78 anos, após uma semana de hospitalização, na sequência de alguns problemas de saúde que o começaram a apoquentar em Agosto último.

Filho de Giovanni Luigi Bonelli e Tea Bonelli, natural de Milão, onde nasceu a 2 de Dezembro de 1932, aos 25 anos, concluídos os estudos, assumiu a direcção da editora criada pelos seus progenitores. Um ano depois, dava início ao labor, em paralelo, como editor conhecedor e apaixonado e argumentista culto e polifacetado, que o distinguiu ao longo de toda a vida, escrevendo, para a arte de Franco Bignotti, “Un Ragazzo nel Far West”. Era a primeira de muitas histórias escritas pelo seu punho, de onde nasceram também “Zagor” (em 1961), um western diferente com pontos de contacto com Tarzan, ou “Mister NO” (1975), um ex-piloto norte-americano auto-exilado na América do Sul, em especial no Brasil.

Os argumentos dessa época foram assinados com o pseudónimo de Guido Nolitta, para não ser confundido com o seu pai, o criador de Tex Willer, o mais antigo western da BD ainda em publicação, para quem também escreveu algumas histórias.

Assente em edições baratas, a preto e branco, com heróis de características populares a quem o leitor facilmente aderia, protagonistas de géneros como o western, o fantástico ou o policial, em histórias que, na senda dos grandes romances de aventura, muitas vezes tinham um fundo de realidade, desenvolveu um autêntico império editorial. Que, ainda hoje, só em Itália, vende anualmente mais de 20 milhões de exemplares de títulos como Tex, Zagor, Mágico Vento, Júlia Kendall (todas disponíveis mensalmente nos quiosques portugueses através das edições brasileiras da Mythos), Dylan Dog, Martin Mystère ou Nick Raider. E que soube adaptar às mudanças que o tempo foi impondo, sem trair as suas convicções nem as características essenciais de cada personagem, respeitando os artistas e dando-lhes liberdade criativa. O que permitiu que os heróis que edita continuem nas bancas, tendo à cabeça o “veterano” Tex Willer, a (sólida) base do seu império aos quadradinhos, cuja republicação recente, por ordem cronológica, a cores, juntamente com dois jornais italianos, prevista para 50 números, ultrapassou os 200, tendo terminado apenas porque alcançou as histórias actuais.

Ainda no que toca a Tex Willer, são incontornáveis os “Texone” ou “Tex Gigante”, histórias soltas ilustradas por alguns dos grandes nomes da BD mundial, como Victor de La Fuente, Guido Buzzelli, Jordi Bernet, Magnus ou Joe Kubert.

No comunicado em que a Sergio Bonelli Editore divulgou o seu falecimento, lê-se: “foi o principal artífice da passagem dos fumetti (BD italiana) de simples entretenimento popular a produto com dignidade cultural, criando ao longo da sua carreira de cinquenta anos uma das mais importantes editoras de BD no contexto italiano e mesmo mundial”, o que lhe valeu ser distinguido com o prestigiado “Ambrogino d’Oro”, concedido pela sua Milão natal, em 2008, por ter feito da cidade “a capital italiana dos quadradinhos”.

É mais um grande nome da BD que recolhe ao paraíso dos artistas dos quadradinhos, deixando órfãos as suas criações e os leitores que com elas viveram inesquecíveis aventuras.

Sergio Bonelli, quando tomou conta da editora...

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ENTREVISTA COM SERGIO BONELLI 

Em Dezembro de 2008, a propósito dos 60 anos de Tex, Sergio Bonelli concedeu-me o privilégio de responder a algumas perguntas para o Jornal de Notícias, por intermédio do amigo comum, José Carlos Francisco.

Aqui fica a versão integral dessa “conversa à distância”, parcialmente publicada então no Jornal de Notícias e, na sua versão integral, no Tex Willer Blog.

Pedro Cleto - Como era Giovanni Luigi Bonelli, o seu pai?

Sergio Bonelli - Fisicamente era um homem fascinante; para uma estatura média, era muito musculoso e atlético, tanto que praticava com bons resultados desportos como a natação e o pugilismo. Aos setenta anos enfrentava com segurança e desenvoltura qualquer pista de Cervinia, Sestriére e dos Alpes italianos. De carácter alegre, era muito extrovertido e adorava entreter amigos e até pessoas recém-conhecidas com assuntos que frequentemente surpreendiam pela originalidade e pelo seu anti-conformismo.

PC - E o escritor Gianluigi Bonelli?


SB - Ao contrário de muitos colegas que encaravam o papel de "quadri-nhista" como uma profissão "de segundo plano", Gian Luigi Bonelli tinha orgulho no seu ofício de escritor de quadradinhos e incorporava-se completamente na personagem de Tex ou de qualquer outro protagonista das suas histórias. Ele não queria sentir-se vinculado a um argumento preliminar e preferia improvisar dia após dia, página após página. Ele lia muitos livros populares franceses, ingleses e americanos e não perdia um só filme que exaltasse a coragem, a força, a aventura.

PC - Alguma vez ele expressou alguma vontade em relação ao futuro de Tex depois do seu desaparecimento?


SB - Nos últimos anos ele deu-se conta que Tex tinha-se tornado uma imagem importante no mundo da BD e, por isso, tinha aceitado que outros escritores continuassem a sua obra. Depois da decisão de abandonar a personagem, que lhe foi imposta pela idade e pela doença, ele preferiu desistir de corrigir os textos dos outros: por simpatia (e amor paterno) limitou-se a intervir, com alguns conselhos, nas histórias escritas por mim.

PC - Mostrou ao seu pai a primeira história de Tex que escreveu? Ele fez muitas alterações? Foi publicada?


SB - As suas correcções foram sempre mínimas, provavelmente porque ele considerava que os nossos "estilos" eram muito diferentes e que, por isso, o problema seria muito difícil de resolver. A minha primeira história foi publicada com o título "Caçada Humana" nos números 183 a 185 da série italiana (n°s 68 e 69 da série brasileira da Ed. Vecchi, em 1976) e suscitou reacções opostas: uma parte dos leitores gostou e outra achou que estava muito distante dos esquemas narrativos de seu primeiro autor.

PC - Tex continua a conquistar novas gerações da mesma forma que o fez até aqui?


SB - Não, de forma nenhuma. As novas gerações não gostam do género western. Tex continua a ser a BD mais vendida na Itália mas, mensalmente, perde uma certa quantidade de leitores.

PC - Tex está praticamente inalterado desde a sua criação. Por razões comerciais ou artísticas? Ou simplesmente por razões sentimentais?


SB - Infelizmente não é verdade que Tex permaneceu inalterado. Apesar do esforço de imitar o seu criador, todos os novos argumentistas involuntariamente trazem algumas diferenças que os leitores mais atentos não deixam de apontar. O mundo dos quadradinhos pode abrigar personagens de todo tipo: o leitor pode facilmente encontrar heróis mais "modernos" sem que se deva desnaturar um "herói" tradicional que agrada a outros leitores assim como é.

PC - Na sua opinião, os tempos actuais não pedem um Tex mais "politicamente correcto"?

SB - Ao contrário, o rigoroso "politicamente correcto" exigido por alguns acabaria por incomodar outros. É difícil contentar todos: por isso busca-se uma via de meio, como desde sempre exige o ofício de editor de banda desenhada.

PC - Até quando poderá Tex resistir aos tempos actuais e à tecnologia?

SB - Infelizmente para nós (mas como é justo e inevitável), a BD está destinada a dar lugar rapidamente a outros divertimentos mais fáceis e cativantes. Tex ainda hoje é o campeão dos quiosques mas (como já dissemos) é completamente ignorado pelas novas gerações: pode ser que daqui a 5 ou 6 anos não tenha leitores em número suficiente para sustentar as pesadas despesas.

PC - Qual a melhor história de Tex de sempre?


SB - A opinião do editor vale tanto quanto a dos outros leitores: cada um de nós tem a sua história preferida.

PC - Milão, a sua cidade, concedeu-lhe o prestigioso prémio "Ambrogino d'Oro". O que sentiu?

SB - O "Ambrogino d'Oro" que me foi conferido no mês passado tem uma história antiga e uma tradição local que levaria muito tempo para explicar a um estrangeiro. Digamos que interpretei como um interessante reconhecimento público à profissão de editor, argumentista ou desenhador de quadradinhos.


Zagor...

Mister No...
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MORREU SERGIO BONELLI O EDITOR E ARGUMENTISTA DE TEX WILLER

Sergio Bonelli (1932 - 2011)

Após uma breve doença, Sergio Bonelli faleceu hoje, aos 79 anos, no hospital de San Gerardo di Monza.

Nascido em Milão, em 1932, Sergio Bonelli herdou dos seus pais, Gianluigi Bonelli e Tea Bonelli a Edizione Araldo, antiga Edizione Audace, em 1957, rebaptizada como Sergio Boneli Editore (SBE). Como todos sabem, é a casa editorial de Tex Willer, personagem que Sergio herdou de seu pai e para a qual escreveu inúmeros argumentos, usando sempre o pseudónimo Guido Nolitta.


Desde pequeno Sergio freqüentava a editora dirigida por sua mãe, Tea Bonelli, a Redazione Audace. Em 1957, concluídos os estudos, assumiu a direção da empresa, que agora tinha o nome de Edizioni Araldo (ou CEPIM).

Em 1958 Sergio criou Un Ragazzo nel Far West (desenhada por Franco Bignotti) e em1959 escreve Il giudice Bean (desenhos de Sergio Tarquinio), sempre sob o pseudônimo de Guido Nolitta. Escreveu também alguns episódios para a revista Piccolo Ranger.

Em 1960 deu o pontapé inicial a Zagor, com desenhos de Gallieno Ferri, cuja primeira história saiu em 15 de junho de 1961, publicação que logo grangeou um grande sucesso junto ao público italiano. Foi autor das histórias de Zagor até 1980. Em 1975 cria Mister No, personagem com caracterização diferente do que havia na época e que mudou o estilo dos personagens Bonellianos.

Mesmo sem aparecer "oficialmente", por muitos anos colabora com o pai Gian Luigi Bonelli escrevendo episódios de Tex. A primeira história é Caccia all'Uomo, desenhada por Fernando Fusco, publicada em 1976, no nº 183 da 2ª série Tex Gigante, e muitas outras foram escritas em seguida, mas sempre de forma eventual, pois Sergio é um autêntico multitarefa na editora, cuidando de tudo depois que sua mãe se aposentou. Sergio Bonelli é também o editor responsável por Martin Mystère, Dylan Dog e Nathan Never.


Sergio Bonelli e Tex Willer.

 Sergio Bonelli, José Carlos Francisco (representante da editora brasileira Mythos em Portugal) e Dorival Vitor Lopes (editor de Tex no Brasil, pela editora Mythos)

Todas as personagens da casa Bonelli

Eis o texto original do jornal La Repubblica online sobre o falecimento de Bonelli:


ADDIO A SERGIO BONELLI EDITORE E FUMETTISTA ILLUMINATO

Aveva 79 anni, ha fatto sognare generazioni di italiani. Il padre inventò Tex Willer ma lui continuò a svilluparne la storia prima di dedicarsi all'editoria. Con amore, passione e rispetto per cretori e disegnatori. Inventò Zagor e Mister No, e con la sua casa editrice ha pubblicato Dylan Dog e Nathan Never

MILANO - E' morto a Milano all'età di 79 anni, Sergio Bonelli. Nato il 2 dicembre del 1932 a Milano, era ricoverato in ospedale San Gerardo da una settimana dopo aver iniziato ad accusare problemi di salute ad agosto. Editore, fumettista, anche conosciuto all'inizio della sua carriera con lo pseudonimo di Guido Nolitta, che aveva scelto per evitare di essere confuso con il padre Gian Luigi, creatore nel 1948 di Tex Willer. L'eroe western che difende i deboli qualunque sia il loro colore della pelle.

Bonelli, spiega una nota della casa editrice, si è spento dopo una breve malattia a lascia la moglie e un figlio. Sergio Bonelli, rimarca il comunicato, "è stato il principale artefice del passaggio del fumetto da semplice strumento di intrattenimento popolare a prodotto di dignità culturale, creando, nel corso di una carriera cinquantennale, una delle case editrici di fumetti più importanti del panorama nazionale e internazionale".

Nel mondo del fumetto e dell'editoria, Sergio Bonelli esordì giovanissimo facendo il tuttofare nell'impresa di famiglia, dal fattorino ("Partivo da Milano in Lambretta per andare a prendere in Liguria le tavole di Galleppini per Tex", aveva detto in una delle sue ultime interviste) al magazziniere, fino a rispondere alle lettere dei lettori e a prendere in mano nel 1957 la casa editrice Cepim, la futura Sergio Bonelli Editore, una delle case editrici di fumetti più importanti come numero di copie stampate nel panorama italiano, diretta dalla madre Tea dal 1946. Nella sua vita editoriale, ha dato vita a personaggi che hanno accompagnato la fantasia degli italiani per decenni. Zagor (1961) per esempio, eroe tra Tarzan e il western, o Mister No (1975), il suo preferito, uno scanzonato ex soldato statunitense che vive nella Manaus degli anni Cinquanta.

E' proprio questo personaggio che rappresentò per Bonelli il vero punto di rottura con la tradizione della casa editrice fondata dal padre. E la sua indipendenza da un'eredità forte, ma anche pesante. Mister No, il soldato Jerry Drake, è infatti un antieroe. Molto umano e molto lontano dalla figura dell'infallibile Tex. E' anzi un personaggio in conflitto con il mondo che lo circonda e con dubbi esistenziali (si rifugia nella selvaggia Amazzonia per fuggire agli orrori della guerra), e spesso alle prese con i piccoli problemi quotidiani (i debiti che lo perseguitano). Nolitta anticipò con lui tutta una serie di tematiche che diventeranno poi centrali in personaggi come Ken Parker, Dylan Dog o Nathan Never. "L’idea di quel personaggio mi venne durante i miei viaggi in Amazzonia e dopo aver conosciuto un pilota americano in Messico. L’ho chiuso qualche anno fa. Vendeva ancora ventitremila copie", aveva raccontato in un'intervista recente Bonelli. "L'ho chiuso anche se vendeva. Perché se sei un editore che paga bene i disegnatori devi farlo. E Io li pago bene e li rispetto. Anche perché li frequento da quando sono nato", aveva concluso.

Ma l'eredità del padre Sergio Bonelli l'affrontò, toccandola, studiandola. Plasmandola anche. Fu proprio lui infatti il primo sceneggiatore a sostituire Gian Luigi Bonelli sulla pagine di Tex dove esordì con la storia dal titolo 'Caccia all'uomo' disegnata da Fernando Fusco e pubblicata sul numero 183 della serie datato gennaio 1976. Per i disegni di Aurelio Galleppini realizzò poi 'L'uomo del Texas' volume della collana 'Un uomo un'avventura'. Il padre si era dedicato gelosamente e con passione alle sceneggiature di Tex per un quarantennio prima di cederle nelle mani di altri autori tra cui proprio Guido Nolitta, suo figlio. Tutt'oggi Texè uno dei fumetti italiano col più alto numero di vendite, dopo aver resistito alla crisi del genere western.

Sergio Bonelli, nonostante la sua passione per la scrittura, è stato soprattutto un editore illuminato. Uno dei suoi maggiori meriti è stato quello di non soffocare la personalità degli autori, e di rispettare il lavoro soprattutto dei disegnatori che negli anni si sono affiancati ai creatori di una serie al fine di rendere omogeneo lo stile. Bonelli ha sempre cercato di lasciare libero sfogo alle interpretazioni dei vari autori, per esaltarne le qualità ed è stato uno dei primi editori a pubblicare i nomi degli autori delle storie, cosa che non succedeva quasi mai in passato.

Tra le sue scoperte ci fu anche il giovane scrittore maudit Tiziano Sclavi, che gli porterà in dote il personaggio più di successo in assoluto: Dylan Dog, l'indagatore dell'incubo. Nato nell'ottobre 1986, disegnato con le fattezze di Rupert Everett e affiancato dalla strepitosa spalla Groucho (identico all'omonimo leader dei fratelli Marx), Dylan Dog ha avuto un successo enorme, con tanto di ristampe e edizioni speciali, tanto da diventare per la Sergio Bonelli Editore il più importante e redditizio dei prodotti e uno dei maggiori successi nell'editoria a fumetti italiana che, all'apice della sua parabola, ha strappato perfino il primato di vendite a Tex..

Il suo amore particolare per i grandi autori ha portato Bonelli a fare scelte coraggiose e a pubblicare diverse serie di grande prestigio come la collana 'Un uomo un'avventura', o a puntare su personaggi innovativi e coraggiosi tra i quali anche Ken Parker, Martin Mystère o Nathan Never. Nel 2008 il comune di Milano lo ha insignito del prestigioso premio Ambrogino d'oro.

Condoglianze sono arrivate da Oliviero Diliberto, segretario nazionale del Pdci-federazione della sinistra, che scrive: "A Sergio Bonelli, scomparso stamane dopo una lunga malattia, va il mio commosso saluto". "Con lui scompare un intellettuale del nostro tempo, una persona che ha dato tanto alla cultura italiana, e non solo, un uomo che attraverso i fumetti, e le sue strisce, ricche di pathos e suggestioni, il più delle volte pubblicate in marcato bianco e nero, quasi ad insegnarci che il messaggio sta più nel contenuto che nella forma, non ha mai mancato di denunciare le storture ed i vizi della società e del potere". Su Faebook e sul suo blog Enrico Letta, vicesegretario del partito democratico, commenta dicendo: "Oggi è un giorno triste. La scomparsa di Sergio Bonelli addolora generazioni di giovani ed ex giovani che sono cresciuti 'sognatori' anche per merito suo. Addio Sergio e grazie".

Anche il sindaco di Milano Giuliano Pisapia ha voluto esprimere il suo cordoglio. Bonelli era stato insignito della Medaglia d'oro di Civica Benemerenza il 7 dicembre 2008, per aver "contribuito a fare di Milano la capitale dell'editoria italiana e del fumetto. "Desidero esprimere il cordoglio dell'Ente e mio personale - ha invece detto Guido Podestà, presidente della Provincia di Milano -. Per me grande appassionato di Tex Willer, ideato dal padre di Bonelli Gian Luigi, la morte di Sergio richiama alla mente con dolore la spensieratezza dell'adolescenza". Il vice presidente del Senato Vannino Chiti (Pd) scrive sulla sua pagina di Facebook: "Da ragazzo divoravo Tex, così come credo che facessero molti giovani della mia generazione che non avevano tanti divertimenti come quelli di oggi. Bonelli ha scritto la storia del fumetto italiano".


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Arrivederci e grazie di tutto, Sergio
O BDjornal agradece-lhe várias coisas.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

BDpress #290: MANUEL CALDAS – NOVA VIDA PARA OS CLÁSSICOS, Pedro Cleto no Jornal de Notícias

Jornal de Notícias, 13 de Setembro de 2011

SEDUZIDO PELA BD PORTUGUÊS É RESPONSÁVEL POR ALGUMAS DAS MELHORES EDIÇÕES MUNDIAIS DE CLÁSSICOS DA BANDA DESENHADA

F. Cleto e Pina

Chama-se Manuel Caldas, é português, mora na Póvoa de Varzim e dedica-se a reeditar bandas desenhadas clássicas norte-americanas como o Príncipe Valente, Lance, Krazy Kat ou, em breve, Cisco Kid, restauradas com paixão e minúcia.

A paixão pela BD nasceu “antes dos seis anos quando guardava o suplemento “Pim-Pam-Pum” de “O Século”. Ninguém me chamou a atenção para a BD, foi ela que me seduziu”, afirma.

Mais tarde, aos 11 anos o pai mostrou-lhe “o Príncipe Valente, de Harold Foster, publicado no Primeiro de Janeiro, que tinha uns desenhos muito bem feitos”. “Fulminado”, com o tempo constatou “que a história era também magistral e que havia na série uma unidade sublime” pelo que não descansou enquanto não a conheceu toda. Nasceria aí a vontade de editar essa saga medieval – analisada no seu estudo “Foster e Val” - sonho que começou a concretizar em 2005, sob o selo “Livros de Papel”, entretanto transformado em “Libri Impressi”. E “quando o “Príncipe Valente” se revelou um êxito de vendas”, fez as contas e verificou “que se fizesse dois volumes por ano ganhava mais do que na escola onde era um simples (e insignificante) auxiliar de acção educativa. Assim, como não cair na tentação de deixar um emprego onde era impossível qualquer realização pessoal para fazer exclusivamente o que mais gostava?”

Aos primeiros volumes do Príncipe Valente, sucederam-se outros títulos: “Ferd’nand”, que os leitores do Primeiro do Janeiro seguiram durante anos, “Hagar, o horrendo”, outro clássico do humor, ou “Lance”, um western humanístico. Mais recentemente, “Krazy Kat”, “Dot & Dash”, “O Corvo”, “O Livro do buraco” ou “Ele foi mau para ela”, uma novela gráfica muda de 1930. Não tanto por opção, mas devido a desentendimentos com a pessoa com quem editava o “Príncipe Valente”. Por isso, a “vida como editor tornou-se mais difícil, pois depressa constatei que nenhuma outra banda desenhada das que me interessam vendia como a de Foster”. No entanto, tem “sobrevivido e apesar de a nível económico ser mais tranquilo voltar para a escola”, onde se encontra com “licença sem vencimento” nunca se arrependeu da opção que assumiu.

A par das edições nacionais, Manuel Caldas tem editado também para o mercado espanhol. O salto foi dado “quando alguns espanhóis viram o “Príncipe Valente” em português e começaram a pedir uma edição na língua deles” Entusiasmado, decidiu avançar e as coisas acabaram por “se tornar mais fáceis quando fui contactado pela principal distribuidora espanhola de livros e revistas de BD”. Agora, afirma, “se calhar, sou o único editor português que faz edições exclusivamente para o mercado espanhol”.

Infelizmente, Espanha, onde “a venda pelo correio, através do site www.manuelcaldas.com, assume proporções significativas, ao contrário de Portugal”, “não é um mercado tão grande como se pensa”, mas tem contribuído para garantir a viabilidade económica das suas edições. Edições cuja qualidade e fidelidade aos originais tem sido amplamente elogiada, pelo que não surpreende que, só este ano, tenha colaborado com a editora norte-americana Classic Comics Press na preparação do primeiro volume das tiras diárias de “Cisco Kid” - que vai lançar em breve em edição própria no mercado espanhol –, vendido a sua versão restaurada de “Lance“ a “editores da Alemanha e da Noruega, estando já nas livrarias a edição alemã”, e esteja a preparar três volumes do Príncipe Valente encomendados por um editor do Uruguai!

Com a pena de se ver obrigado “a pensar mais (ou exclusivamente) no mercado espanhol”, revela que por cumprir, tem ainda “muitos sonhos, até porque outros vão nascendo”. E sabendo que morrerá “sem os realizar todos”, não se queixa pois sente que vai passar “o resto dos dias a realizar alguns”.

(Caixa)
Trabalho de relojoeiro

O que distingue as edições de Manuel Caldas de outras similares, é a paixão, a paciência, o trabalho artesanal, as muitas horas gastas no restauro de cada página – 20 ou 30 horas, nalguns casos - , na obsessão de “devolver às imagens a pureza original, de melhorar tudo o que sou capaz de melhorar, mesmo pormenores que só se verão com lupa”.

Para isso, na impossibilidade de utilizar pranchas originais, geralmente inexistentes, recorre às páginas de jornais da época, “umas compradas pela internet, outras emprestadas por coleccionadores estrangeiros, outras obtidas digitalizadas”.

Depois, trabalha obsessivamente, limpa os defeitos de impressão, remove as cores se a edição for a preto e branco ou restaura-as quando são coloridas, utiliza o melhor de cada vinheta – chegando a utilizar quatro fontes diferentes para atingir o "traço ideal", aquele “que se vê, com precisão e sem quebras” ou seja, mostrar cada desenho tal como o autor o fez.

Manuel Caldas (foto no blogue As Leituras do Pedro)


  Lance, edições portuguesa e alemã

  Príncipe Valente, edições castelhana e inglesa.







Os livros mostrados acima, podem ser adquiridos através do site www.manuelcaldas.com

Ver Também no blogue As Leituras do Pedro
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PRIMEIRAS CONFERÊNCIAS DE BANDA DESENHADA EM PORTUGAL

As primeiras Conferências de Banda Desenhada em Portugal começaram hoje! E só não colocámos aqui nenhum post à mais tempo, porque não fomos informados. 
Dá a ideia de que se quer isto secreto...

O programa para hoje já não interessará muito,apenas como informação, mas para amanhã ainda dá.


Programa

Dia 22 de Setembro, Quinta-Feira

9h30
Apresentação das Conferências e Convidados
Discursos dos convidados internacionais
David Kunzle, “Rodolphe Töpffer, Diletante” (em língua inglesa)
Thierry Groensteen, “Patchwork de estilos: o fim do dogma da homogeneidade gráfica” (em língua francesa)

11h30
Intervalo

11h50
1ª Parte das apresentações: O Artefacto Literário
Maria Cristina Álvares, “A figura do herói na bd franco-belga clássica”
Daniel Seabra Lopes, “Na margem da aventura: Pratt”
Alexandra Dias, “O Diário de K. e a Intertextualidade”

13h00
Pausa para almoço

14h30
2ª Parte das apresentações: Disciplina e Indisciplina
Cláudia Pinto, “Marvels e Kingdom Come: A Re-Mitificação da América”
José Marmeleira, “Vãs epifanias: rock e banda desenhada”
Helena Berardo, “Uma leitura feminista de O Vagabundo dos Limbos”

15h50
Intervalo

16h10
Mesa-redonda: Grupo de Investigação de Banda Desenhada

Dia 23 de Setembro, Sexta-Feira

10h00
3ª Parte das apresentações: Lógicas de Território
Sara Figueiredo Costa, “Castelao e o galeguismo”
Nuno Marques, “In The Shadow of No Towers e M-11 La Novela Grafica como momentos de silêncio entre o ruído da tragédia”
João Miguel Lameiras, “Era uma vez na Argentina: entre o esquecimento e a memória”

11h00
Intervalo

11h20
4ª Parte das apresentações: Ciência e Banda Desenhada
João Ramalho Santos, “Ciência e Banda Desenhada”
João Mascarenhas, “Tintin, a aventura na Lua, o conhecimento científico e a bd”

12h00
Pausa para almoço

14h00
5ª Parte das apresentações: Autores Portugueses
João Caetano, “Lugares de Fronteira: Carlos Alberto Santos”
Conceição Pereira, “Arte fragmentada (José Carlos Fernandes)”
Álvaro Matos, “Política e bd na I República”

15h00
Intervalo

15h20
6ª Parte das apresentações: Limites e Experimentação
Pedro Moura, “Elementos estéticos em The Cage, de Martin Vaughn-James”
Diniz Conefrey, “Percepção narrativa no advento da bd abstracta”
Domingos Isabelinho, “A banda desenhada portuguesa no campo alargado: do O Escritor a A História Dramática de um Ovo”

16h40
Encerramento das Conferências

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Já agora vejam no blogue As Leituras do Pedro :

Júlio Resende (1917-2011)

A obra aos quadradinhos
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

BDpress #289: O REGRESSO DE WOLVERINE – J.M.Lameiras no Diário “As Beiras” + VISITA AO TEX WILLER BLOG


Diário “As Beiras”, 20 Setembro 2011

O REGRESSO DE WOLVERINE

João Miguel Lameiras

Depois de ter sido a editora oficial da Marvel em Portugal em finais dos anos 90 e início da década de 2000, a Devir volta finalmente a pegar no catálogo da “Casa das Ideias“, com este “Wolverine: Inimigo do Estado“, primeiro volume (de 2) de uma movimentada e hiper-violenta história escrita por Mark Millar e ilustrada por John Romita Jr., em que um Wolverine mentalmente alterado enfrenta sozinho os maiores heróis da Marvel, do Quarteto Fantástico ao Demolidor, passando por Elektra e pelos X-Men.

Publicada originalmente em 2004, nos nºs 20 a 25 da revista “Wolverine”, “Inimigo do Estado” foi a primeira experiência de Millar com o popular mutante da Marvel, experiência que voltaria a repetir em 2009, ainda com mais sucesso, com a história “Old Man Logan”, desenhada por Steve McNiven. Argumentista de origem escocesa, Millar foi mais um dos vários escritores britânicos que, na senda de Alan Moore, Neil Gaiman e Grant Morrison, se estrearam no mundo dos comics através da Vertigo, a linha mais adulta da editora DC Comics. Uma estreia que, no caso de Millar, aconteceu em 1994, ao lado de Grant Morrison, na série “Swamp Thing”, no que foi o primeiro passo de uma carreira na indústria dos comics, feita de sucessos como “The Autorithy”, Superman: Red Son”, “Civil War” e “Wanted” e “Kick-Ass”, dois projectos independentes, de que já falei neste espaço, aquando da estreia em Portugal das respectivas adaptações cinematográficas.

Em “Wolverine: Inimigo do Estado” e na sua continuação, “Wolverine: agente da SHIELD”, que a Devir promete publicar até ao Natal, Millar mistura elementos de espionagem, como a SHIELD e a organização criminosa Hydra, com a mitologia oriental criada por Frank Miller, para a série “Daredevil”, da ninja Elektra (que tem um papel decisivo nesta história) à Mão, a seita criminosa que treinou Elektra e a transformou numa assassina letal, numa história que se lê de um fôlego e prende o leitor até à última página. Como refere o irlandês Garth Ennis (outro britânico que se estreou nos comics americanos, via Vertigo) no prefácio, Mark Millar: “corre pelo universo Marvel como um maníaco com uma espada samurai e uma misturadora, cortando um pouco daqui, misturando outro dali, transformando, criando algo novo e incrível”. E, passe algum exagero de Ennis, é o que acontece neste caso, em que Millar mistura todos estes ingredientes, com mestria, contando com o talento gráfico e narrativo de John Romita Jr, que se mostra tão à vontade nas complexas cenas de combate, como nas (poucas) cenas mais intimistas.

Venha depressa a continuação! Quanto à edição da Devir, bem impressa e competentemente traduzida, apenas fica a dúvida em relação à imagem da capa, da autoria de Joe Quesada, que não corresponde ao desenho do interior, quando havia várias capas bem conseguidas de Romita Jr. que podiam ter sido usadas com maior propriedade…

(“Wolverine: Inimigo do Estado”, volume 1 de Mark Millar e John Romita Jr., Devir Livraria, 136 pags, 15,00 €)

Ler também em Por Um Punhado de Imagens 

 Capa da Edição portuguesa da Devir e capa da Panini Books



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E JÁ AGORA, CONVIDAMOS TODA A GENTE A UMA VISITA AO TEX WILLER BLOG COM AS ÚLTIMAS DO SALÃO BD DE VISEU

TEX? QUE BICHO É ESSE? Por Zé Oliveira




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ATENÇÃO: O Blogger instalou agora uma modalidade diferente para ver as imagens quando se clica nelas. Agora, quando queremos ver as imagens ampliadas, é preciso, quando elas aparecerem na nova pantalha, clicar no link pequenino que aparece ao fundo, do lado esquerdo. Não se consegue desativar esta nova modalidade, portanto...

Imagens da responsabilidade do Kuentro
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terça-feira, 20 de setembro de 2011

JOBAT NO LOULETANO – 9ª ARTE - MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (IX e X) – ILUSTRADORES PORTUGUESES NAS PÁGINAS DE “O MOSQUITO” – VITOR PÉON, O AMIGO E O ARTISTA (4 e 5)

ATENÇÃO: O Blogger instalou agora uma modalidade diferente para ver as imagens quando se clica nelas. Agora, quando queremos ver as imagens ampliadas, é preciso, quando elas aparecerem na nova pantalha, clicar no link pequenino que aparece ao fundo, do lado esquerdo. Não se consegue desativar esta nova modalidade, portanto...


9ª ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (IX - X)


NOSTALGIA (9)
ILUSTRADORES PORTUGUESES NAS PÁGINAS DE “O MOSQUITO” 

VITOR PÉON, O AMIGO E O ARTISTA – 4

por José Batista

O meu convívio com Vítor Péon após o seu regresso a Portugal, em 1974, não foi longo, pois em meados do ano seguinte, naquelas reviravoltas que a vida nos impõe, fixei residência no Algarve. Isso afastou-me do meio onde no último quarto de século desenvolvera a actividade profissional e, inclusive, dos muitos amigos com os quais privei durante anos. Porém, embora não muito longa, a presença assídua de Péon nesse conturbado mas rico período, no meu atelier, proporcionou-me conhecer mais intimamente o seu lado humano, a dimensão desconhecida do artista que só um convívio pessoal permite.

Desiludido pela instabilidade que esse género de arte — a BD — oferecia, em Portugal, a quem dela quisesse subsistir profissionalmente, (lembremo-nos do grande Carlos Paredes, numa outra área artística, arquivista de películas de Raio X, num hospital para poder sobreviver) Péon, chegou, em determinados períodos da sua vida, a decorar mobílias rústicas alentejanas como recurso para enfrentar situações imprevistas difíceis. Rarissímas vezes o destino estende a passadeira vermelha ou facilita o percurso aos artistas que persistem em sê-lo. Em Portugal, poucos viveram exclusivamente como profissionais da BD. José Ruy foi muitos anos funcionário do Anuário Comercial; José Garcês, no Instituto Meteorológico; Fernando Bento, na B.P.; Jaime Cortês, foi cobrador numa empresa, e E.T. Coelho, foi forçado a emigrar, findo "O Mosquito", isto só para falar nos nomes mais sonantes dos ilustradores nacionais.

Mas voltemos a esse curto período em que me foi dado conhecer o lado humano desse fecundo artista chamado Vítor Péon.

Para além de esboçar com uma facilidade espantosa, era simultaneamente possuidor de uma cultura ampla e diversificada. Obrigado pelas restrições impostas pela censura, nos anos 50, embrenhou-se por necessidade e por gosto nos temas históricos, mormente nos pátrios.

Possuía um rico, vasto e bem documentado arquivo nessa área, fruto de laboriosas horas de pesquisa na Biblioteca Nacional, em Lisboa, pois nesses recuados tempos, as edições especializadas eram raras e caras. Aí encheu muitos cadernos com rascunhos de trajes a mobiliário, de arquitectura a utensílios, para que a verdade da ilustração correspondesse à época referida. Tal como Péon, por lá andaram todos os ilustradores desses anos, inclusive, o autor destas linhas.

Logo após 74 houve uma onda revivalista com a reedição de muitos trabalhos publicados nos anos 40 a 60. Foi "O Jornal do Cuto", dirigido por Roussado Pinto, que iniciou a publicação das histórias do ETC, Jesus Blasco e Vítor Péon. Esse período de convívio coincidiu com a edição da última história de Tomahawk Tom, desenhada e publicada por Péon em álbum. Fez dela, também, uma edição em Francês que não chegou a ser distribuída.

De espírito alegre, expansivo e extrovertido, Péon "sentia" tanto o enredo das histórias que criava como a planificação das vinhetas que esboçava. Aceitou sorridente o termo por mim utilizado em relação à sua juvenil vivacidade, e ao entusiasmo que demonstrava ao descrever certas peripécias em que envolvia os seus personagens: — És uma criança grande, Péon !

Até certo ponto, creio que o foi durante toda a sua vida.

Inclusive por ter alimentado algumas ilusões, possíveis de realizar num País, que não Portugal, sofreu consecutivas desilusões, findando os seus dias apenas com o nome, — nada mais além do que isso —, com que assinou centenas e centenas de páginas que entretiveram e fizeram sonhar uma geração na qual com orgulho e saudade me incluo.

Soube após a minha deslocação para o Algarve, que ministrou cursos de BD, fez exposições de pintura, cinema de animação, editou opúsculos também sobre BD, até que, em Outubro de 85, é acometido de uma trombose vascular que o deixa fisicamente diminuido.

Visitei-o, depois disso, na sua casa de Carnaxide, aquando de uma deslocação a Lisboa. Foi penosa a visita. Impossibilitado de se exprimir de forma perceptivel pela fala, Péon era uma sombra de si mesmo, um vulcão sem chama que apenas rugia. Mas a paixão pela arte, que mesmo incapacitado o dominava, levaram-no, com a mão esquerda disponível, a esgotar a chama criadora que ainda existia dentro de si. Pintou, mesmo diminuido, quadros a óleo para mais do que uma exposição.

Não posso afirmar que me surpreendeu a sua morte, em Novembro de 91. Mas chocou-me muito mais o esquecimento a que foi votado pelos organismos oficiais, quando no fim dos seus dias mais necessitava de apoio. O contrário, por inusual, espantar-me-ia.





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NOSTALGIA (10)
ILUSTRADORES PORTUGUESES NAS PÁGINAS DE “O MOSQUITO” 

VITOR PÉON, O AMIGO E O ARTISTA – 5

por José Batista


Como em muitos outros ilustradores de BD, Vitor Peon denota nalgumas das suas vinhetas a influência que grandes mestres neste género de arte sobre si exerceram ao longo da sua extensa produção. Ao referir as fontes onde o ilustrador artisticamente se inspirou, visamos unicamente fornecer elementos para análise da sua obra e não de modo algum diminuir o mérito ou a dimensão do seu labor como autor de BD. Como acima se assinala, esse foi um factor comum a praticamente todos os ilustradores – extensivo, também, como é óbvio, a várias áreas no campo da criação artística, tais como, pintura, escultura, música, literatura, etc, etc, pois nenhum grau elevado de arte o é de geração espontânea, desinserido do que até aí se produziu. Se bem analisarmos os trabalhos da maioria dos desenhadores nacionais notar-se-á, nalguns deles, a influência de grandes mestres do seu tempo, décadas de 40 e 50 – Hall Foster, Alex Raymond e Burn Hogarth, prioritariamente. Lógico que Péon não poderia fugir à regra. Não esquecer que o próprio E.T. Coelho foi, com o seu estilo límpido, harmonioso e pleno de acção – verdadeiro poeta da linha, como lhe chamou Emílio Freixas, – fonte de inspiração para muitos dos desenhadores que despontaram nesse período. Todo o artista reflecte, de forma acentuada ou não, quando já profissional, os contributos que assimilou entre aqueles que admirava e que por vezes, inconscientemente, escolheu como referência ou modelo.

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ULISSES (VI e VII)
Texto e desenhos de Jobat


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Agradecimentos a Jobat pelo envio dos materiais
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