sexta-feira, 30 de novembro de 2012

BDpress #381: BLAKE E MORTIMER ENCONTRAM O MÍTICO LAWRENCE DA ARÁBIA



BLAKE E MORTIMER ENCONTRAM
O MÍTICO LAWRENCE DA ARÁBIA

Jornal de Notícias, 16 de Novembro 

F. Cleto e Pina 

O Juramento dos Cinco Lordes, 21.º álbum das aventuras de Blake e Mortimer chega hoje às livrarias nacionais numa edição da ASA lançada em simultâneo com a francófona, tendo como grande novidade a interacção dos heróis criados por Edgar P. Jacobs com uma personagem real, o aventureiro Lawrence da Arábia. Uma parte da tiragem da edição portuguesa tem uma capa variante, criada especialmente para o nosso país, para venda exclusiva nas lojas FNAC.

Nono álbum após a morte de Jacobs e quinto assinado por Yves Sente e Andre Juillard, apresenta como curiosidade a ausência de Olrik, o grande adversário da fleumática dupla britânica, e a sua acção situa-se entre A Marca Amarela e O Caso do Colar, marcando o regresso dos heróis a Inglaterra, depois de nas últimas aventuras terem percorrido boa parte do globo. Nele é também desvendada parte da juventude de Francis Blake, como chegou a capitão dos serviços secretos ingleses e o papel decisivo que teve no desaparecimento de Lawrence da Arábia, cuja morte num acidente de mota, em 1935, ficou envolta em mistério.

No mercado francófono, este é um dos lançamentos mais aguardados e será com certeza um dos best-sellers do ano, tendo uma tiragem inicial de 450 mil exemplares, bem como uma segunda edição no formato de tiras. A importância deste lançamento pode ser também aferida pelo facto de ter sido pré-publicado em tiras diárias nos jornais Ouest-France e Le Soir durante o verão e pelas exposições que lhe são agora dedicadas em Paris, Bruxelas e Neuchatel.

O grande mediatismo da edição foi aumentado pelo processo recente que opôs a Media Participations, detentora dos direitos de Blake e Mortimer, à editora Delcourt, que anunciara para 7 de Novembro o lançamento de La Marque Jacobs, uma biografia não autorizada em BD do criador da dupla de heróis. Na origem da queixa esteve a eventual existência de demasiados elementos ligados à obra de Jacobs na capa do livro, da autoria de Rodolphe e Louis Alloing, o que configuraria uma situação de plágio e não de citação. A justiça francesa foi célere na sua decisão, não dando razão aos queixosos, pelo que La Marque Jacobs foi lançada no passado dia 14.

O texto mais completo pode ser lido no blogue As Leituras do Pedro



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Informação adicional do blogue BD no Sótão

Blake e Mortimer: O Juramento dos Cinco Lords
Argumento: Yves Sente
Desenho: André Juillard
Cores: Madeleine DeMille
64 pág., cor, cartonado, grande formato
Edições Asa, Novembro 2012
€ 14,95 

Este álbum foi editado com uma capa exclusiva para as lojas FNAC, que é uma variação da capa usada na edição francesa em formato italiano.



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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

BDpress #380: DANÇAS COM ZOMBIES – J.M.LAMEIRAS EM “DIÁRIO AS BEIRAS”



DANÇAS COM ZOMBIES 

Diário As Beiras, 18 de Novembro de 2012 

João Miguel Lameiras 

Depois de Osvaldo Medina, com “A Fórmula da Felicidade” a Kingpin dá a descobrir mais um grande desenhador, oriundo do meio da animação, a talentosa Joana Afonso que assina aqui o seu primeiro projecto de grande fôlego na BD, em colaboração com Nuno Duarte, no argumento.

Ambientado no Portugal salazarista dos anos 60, “O Baile” acompanha a investigação de um agente da PIDE, o inspector Rui Brás, numa aldeia de pescadores perto da Nazaré, onde os mortos voltam do mar para levar consigo os vivos. Ou seja, estamos perante um conto de terror, com laivos de policial, com zombies, onde, como bem salienta Filipe Melo no prefácio, são visíveis as influências do filme “The Wicker Man” e do “Dagon”, de Lovecraft, mas que ganha um toque de portugalidade e originalidade, ao transpor a acção para o Portugal do Estado Novo.

Argumentista experiente de televisão e membro das produções Fictícias, Nuno Duarte mostra mais uma vez que sabe contar uma história em Banda Desenhada, com grande eficácia e personagens com substância, algo que “A Fórmula de Felicidade” já tinha deixado perceber. Mas o trunfo maior deste livro é a arte de Joana Afonso.

Extremamente personalizados e com um toque caricatural (vejam-se os narizes à Pinóquio), os desenhos de Joana Afonso, “primeiro estranham-se e depois entranham-se”, como diria o Poeta. Neste caso, a sua arte ajuda e muito à criação de uma atmosfera surreal e de um clima de tensão, que explode em momentos de puro terror.

Com uma paleta dominante de tons de terra, algo inesperada numa história em que o mar tem grande importância, Joana Afonso, revela-se para além de uma grande desenhadora e narradora, uma excelente colorista.

Em suma, uma bela estreia, de uma desenhadora cujo currículo na BD se limitava a duas ou três histórias curtas na revista Zona, numa história interessante e bem contada (e não há assim tantas quanto isso no panorama rarefeito da BD nacional), que nos faz aguardar com ansiedade pelos novos projectos destes dois criadores a seguir com atenção.

(“O Baile”, de Nuno Duarte e Joana Afonso, Kingpin Books, 49 pags, 10,99 €)

Joana Afonso



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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

INAUGURA AMANHÃ EXPOSIÇÃO PEPEDELREY – NA PURPLE ROSE




EXPOSIÇÃO DE ILUSTRAÇÕES 
DE PEPEDELREY

FALA-ME DO AMOR

NA PURPLE ROSE [PENSÃO AMOR]
Rua Nova do Carvalho – CAIS DO SODRÉ
ÀS 22 HORAS

Fala-me do amor.

Imagens escondidas atrás de portas fechadas, só espreitadas através de buracos de fechaduras. O segredo intimo de seres Humanos, enquanto actores de peças teatrais carregadas de emoções, sentimentos, vontades e desejos. As verdades desses personagens, seres oprimidos por regras morais intimidatórias. Máscaras para esconder os rostos anónimos e desviar as acusações, os julgamentos morais. O amor, conjunto de definições liricas que envergonha o prazer e castra o desejo. É desses amores escondidos e envergonhados que se fala nestas imagens. O desenho em alto contraste sobre papel colorido, destacando assim todos esses mistérios e medos da intimidade dos seres que habitam escondidos na normalidade.

Esta série de ilustrações são o outro lado da série de ilustrações intitulada "Amor".


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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

BDpress #379: POLVO 15 ANOS – Pedro Cleto no J.N.



EDITORA POLVO COMPLETA 15 ANOS AOS QUADRADINHOS 

Jornal de Notícias, 18/11/2012 

F. Cleto e Pina 

Em 1997, eram criadas em Portugal as Edições Polvo que, 15 anos mais tarde contam no seu catálogo quase uma centena de títulos, a maioria bandas desenhadas de autores portugueses.

Aliás, esse foi um dos propósitos da editora quando surgiu, explica Rui Brito, o seu actual responsável, pois na época “praticamente não havia livros de novos autores nacionais”. Por isso, “o primeiro título editado foi "Época morta & (À Suivre)", de José Carlos Fernandes, logo seguido de "Loverboy, o rebelde", de Marte e João Fazenda”.

Fundada por Rui Brito, Jorge Deodato e Pedro Brito, a estrutura manteve-se até 2005, quando passou a “Polvo, uma chancela de Rui Brito, edições”. E se no seu catálogo há “espaço para o infantil, para a poesia, para os contos e para o ensaio (…) cerca de 85% das edições são de banda desenhada”, possuindo a Polvo actualmente um dos maiores catálogos nacionais do género.

A par de Miguel Rocha, Filipe Abranches, Paulo Monteiro ou Rui Lacas e de nomes mais alternativos, a Polvo publicou também obras de grandes nomes da BD europeia, como Baru, Tardi, David B. ou Sfar, bem como a primeira edição lusa de “Persépolis”, da iraniana Marjane Satrapi.

Entre os lançamentos mais recentes estão “Três Sombras” ttp://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2012/11/tres-sombras.html , de Cyril Pedrosa (que esteve no recente AmadoraBD e é autor também do multipremiado “Portugal”), uma obra que aborda de forma poética e metafórica a morte por doença de um filho na infância, “Han Solo” http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2012/08/han-solo.html , de Rui Lacas e “Há piores 2 - Ainda mais profundo", de Geral e Derradé.

A Polvo desde sempre tentou associar as suas edições à vinda de autores a eventos no nosso país e apostou no intercâmbio com estruturas semelhantes de outros países. Dessa forma, alguns dos seus títulos “foram (ou estão em vias de ser) editados noutras línguas, como acontece com "A vida numa colher - Beterraba", de Miguel Rocha, em Espanha e França, "Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos", de Pedro Brito e João Fazenda (França, Polónia e Itália) ou "O amor infinito que te tenho e outras histórias" http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2010/12/o-amor-infinito-que-te-tenho-e-outras.html, de Paulo Monteiro (Reino Unido, Irlanda, Espanha, França, Roménia e Brasil).

Caixa

Best-sellers

Apesar do mercado ser pequeno e as tiragens da Polvo nunca terem ultrapassado os 1500 exemplares, entre as suas edições há dois best-sellers, que atingiram quatro edições.

Um deles é "As mulheres não gostam de foder", de Alvarez Rabo, “devido à mediatização televisiva de uma tentativa de censura que ocorreu numa livraria em Viseu”, e o outro “Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos”, de Pedro Brito e João Fazenda.

Para além destes, “outros títulos alcançaram a 2.ª edição”, o mais recente dos quais “O amor infinito que te tenho”, de Paulo Monteiro, distinguido como o Melhor Álbum Nacional de 2010 pelos Prémios Nacionais de BD e pelos Troféus Central Comics.





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domingo, 25 de novembro de 2012

ZÉ DAS PAPAS (3 e 4) – O SERVIÇO DE MESA – CALDEIRADAS

Gostaria de, com esta série de textos sobre culinária portuguesa, que João Reboredo tem vindo a publicar na Gazeta das Caldas, promover aqui no Kuentro, uma outra rubrica, com o título (provisório) de Banda Desenhada e Comidas. Acontece que não é fácil encontrar sempre referências a comesainas na BD, se bem que sabemos existirem muitas. Isto sem falar das obviamente famosas comesainas de Obelix. Daí que deixamos aqui um apelo aos nossos leitores para, nas suas possibilidades, tentarem encontrar e enviar-nos vinhetas (ou pranchas) em que as ditas comesianas são desenhadas.



ZÉ DAS PAPAS (2 e 3)

Publicado a 3 de Agosto de 2012

O SERVIÇO DE MESA 

O excelente e conciso artigo do Chef Rui Filipe (Gazeta 8 de Junho, pag. 23) é um bom motivo para “provocar” a paciência dos leitores sobre os vários tipos de serviço de restaurante.

A visão que lhes transmito é, ouso dizer, a clássica e limita-se aos mais usuais.

Noutro momento escrevinharei sobre os restantes tipos e abordarei, na opinião, de outros, que reputo de bem mais valiosas e na minha, que vale o que vale, qual a razão por que se chegou às praticas de hoje.

Mas isso fica para outros fôlegos.

A refeição pode ser servida à carta ou seguir um menu pré-estabelecido, seja o estabelecido para uma recepção ou festa, seja o cardápio semanal de hotel ou restaurante.

Na modalidade à carta, cada cliente lê o menu, escolhe o prato, e indica-o ao empregado.
Além dessa distinção, os serviços também variam no modo como o alimento chega ao prato do cliente ou convidado. O serviço à mesa, tanto num restaurante como num banquete, pode ser à inglesa, à francesa, à russa, ou à americana.

Com excepção do americano em que se serve pelo lado direito, porque o prato já vem feito, nos demais serviços o cliente é servido pelo lado esquerdo do seu lugar, e os pratos são retirados pela direita.

Serviço à inglesa 


Neste serviço o empregado leva uma bandeja com a iguaria desejada ou de acordo com um menu fixo, igual para todos os convivas à mesa. 

Mantém a travessa na palma da mão esquerda enquanto com a direita, segurando juntos os dois talheres que funcionam como uma pinça, serve cada um dos comensais.

O serviço à inglesa tem a característica, tanto na sua forma mais simples como na mais refinada, de que as porções de carne são “fixas”, ao critério de quem serve.

É tido como o melhor sistema quando uma refeição é contratada para um grande número de pessoas.

Serviço à Americana


O serviço americano é bem diferente. As iguarias são colocadas em pratos individuais, na cozinha, e são levados pelo empregado ao cliente. Porque o prato já vem pronto, é colocado diante do cliente pela direita (o mesmo lado em que as bebidas são servidas e os pratos usados são retirados). Este modo de servir dá ao Chef de Cozinha oportunidade de apresentar a sua arte culinária, a decoração que contribui para tornar o prato atractivo e melhorar o efeito do seu odor e sabor.

É o sistema mais adequado quando se trata de uma refeição formal, com a sucessão de vários pratos, em que não conta a quantidade de comida, mas a qualidade.

No fim de cada sequência os talheres e o prato usados são removidos e são trazidos novos para a iguaria seguinte.

Não pode ser confundido com o chamado “prato feito” ou “prato do dia”, que os restaurantes oferecem a custo mais acessível.

João Reboredo 

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Publicado a 17 de Agosto de 2012 

CALDEIRADAS

Anunciei, em escrito anterior, que na sequência das considerações de Fialho de Almeida sobre a culinária, introduziria um tema muito glosado e versado da culinária portuguesa – a caldeirada, começando pela mais emblemática da época de Fialho, a do António da “Barbuda”, que reinou lá para os lados de Belém, mais precisamente na Rua do Cais de Belém, local que desapareceu com a Exposição do Mundo Português,em 1940.

O nome de António da Barbuda terá ficado a dever-se ao buço da mãe…!

Curiosamente, o grande conhecedor dos segredos da dita caldeirada foi Júlio César Machado, cuja fama de gastrónomo sobressaiu à de poeta e escritor.

É a ele que se deve a receita, que Paul Plantier apresentou no seu livro de cozinha “O Cozinheiro dos Cozinheiros”, publicado em 1870, àquele dedicado e que reza assim:

“Refogai – o imperativo é indispensável no estilo da receita – em azeite do sr. Alexandre Herculano, e deitai-lhe depois alguma salsa, pimenta e sal. Quando o refogado estiver aloirando, cortai ceboIas verdes em quartos, e algumas cabeças de safio ou de eirós, misturai-lhe uma porção pequena do que se chama “adubo” e que se encontra à venda nos armazéns do Cais do Sodré e Ribeira – colorau, caril, etc., e dá-se a volta a tudo isto na fritura do refogado, um pouco antes de se atirar para o tacho cinco ou seis tomates, grandes, em pedaços, uma colher de vinagre, duas de azeite, e algumas lulas ou ostras. Deixai ferver e reduzir. E cinco minutos antes de a tirar do lume, deitai-lhe de novo alguma salsa, uma colher de manteiga de vaca e o peixe que deverá ser de seis a oito qualidades: peixe galo, ruivo, xarroco pequeno, tainha, chocos frescos, safio.Deve ir do lume para a mesa no mesmo tacho em que foi feita, descoberta, servida pouco quente”.

O “António das Caldeiradas” mereceu o encómio de Rafael Bordallo Pinheiro, que muito apreciava patuscadas e o apresentou sob a forma de Zé Povinho travestido de anjo, em gravura publicada in António Maria de 19.07.1883, pg. 230.

Oleboma, a quem também já me referi, aludia a “uma certa confusão” entre caldos, sopas de peixe e caldeiradas. Quanto a estas distinguiu as caldeiradas simples das caldeiradas à fragateira, considerando as primeiras “guisados com ou sem batatas ou tomates, sem junção de água, muito condimentadas, em geral preparadas com um só peixe”. Já as “caldeiradas à fragateira são caldos de peixe muito perfumados, preparados com as cabeças de peixe, rabos, peles e espinhas, passados depois de bem cozidos, por peneiros finos, aromatizados com vários condimentos nacionais e regionais, sendo nestes caldos, depois de prontos, que se cozem por 15 a 20 minutos de fervura os peixes previamente cortados em filetes ou postas, conforme as carnes dos mesmos forem menos ou mais duras”.

A título pessoal sempre lhe direi, caro leitor, que aprendi a confeccionar na Costa da Caparica, área onde vivo, uma caldeirada, feita em cru, às camadas e apenas com três espécies de peixes, o tamboril, o safio e a tramelga.

Mas há mais caldeiradas…

João Reboredo 


Foto (que parece ser de Joshua Benoliel ?) do Sr. Marques Sardinha e D. Maria Barbuda. Não sabemos se teria sido esta senhora a mãe do António da Barbuda...
Informação posterior de Manuel Freire: O Marques Sardinha e a Maria Barbuda, eram dois afamadíssimos cantadores ao desafio, do Distrito de Aveiro. Há um livro sobre eles.

Caldeirada à Lucílio Baptista (homenagem ao árbitro de futebol de Setúbal) especialidade do "Barbas" - Costa de Caparica. Hermínia Varjeiras, cozinheira há 8 anos no restaurante “O Barbas” disse que o principal peixe desta caldeirada é o robalo ou “roubá-lo” como diz Hermínia com o seu sotaque caparicense embrulhado num sorriso maroto. Hermínia revelou ainda, que esta caldeirada não leva vinho, sendo este substituído por uma cerveja a que a Hermínia chama carinhosamente “Carlos Alberto”.

Caldeirada "portuguesa" (?)... Haverá "caldeiradas" noutros países?

Caldeirada de Setúbal - a "sarrdinha" em destaque.

Caldeirada do Algarve

Caldeirada à Fragateiro

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sábado, 24 de novembro de 2012

XXIII FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA 2012 – CONSIDERAÇÕES FINAIS



XXIII FESTIVAL INTERNACIONAL
DE BANDA DESENHADA DA AMADORA 2012

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande maioria dos jornalistas e dos bloguistas portugueses – que, não sendo jornalistas, tomam muitas vezes o lugar crítico que aqueles raramente assumem – fazem análises sistemáticas da banda desenhada portuguesa (ou publicada em Portugal), escrevem amiúde sobre os eventos bedéfilos que se realizam neste país e nessa via debruçam-se quase todos, ano após ano, sobre o Amadora BD, alguns de forma rápida, outros em considerações mais alongadas. Nós por aqui (não só no Kuentro, mas também e sobretudo, com a responsabilidade acrescida da direcção do BDjornal) temos vindo – desde 1992, há 20 anos portanto – a escrevinhar sobre este Festival. Já escrevemos textos analíticos sobre o que deveria ser um Festival de Banda Desenhada neste país, entrevistámos mesmo o Vereador da Cultura da Câmara da Amadora, na presença do Director do Festival (vide BDjornal #28), sobre as questões mais prementes do Amadora BD, e realizámos inclusivamente um estudo - embora dirigido aos Troféus Central Comics - para definir regras tecnicamente correctas do que deveria ser uma Premiação de obras e autorias de BD, etc... etc... Tudo isto sem qualquer retorno de contraditórios ou simples comentários, parecendo que estávamos a pregar em pleno deserto (e se calhar estivemos mesmo)...

Não vamos portanto, este ano, acrescentar mais comentários às dezenas de outros comentários que já fizemos sobre as exposições do FIBDA, quase todos no mesmo sentido e todos olimpicamente ignorados, ou tidos, algumas vezes, como exercícios de "mal dizer" (é triste muitos dos portugueses não conseguirem distinguir ainda entre crítica e "mal dizer"). 

O que interessa resolver mesmo, nesta altura de crise endémica, é a questão da zona comercial do FIBDA, porque sem ela (zona comercial) não há BD que valha, seja em que Festival for – nem nenhum Festival de BD serve para o que for sem ela! 

Contudo, desta vez (este ano), finalmente, quase todas as “baterias” dos críticos assentaram sobre o modo ridículo como é tratado o espaço comercial no FIBDA. Isto depois de, no ano passado, termos feito uma análise exaustiva à maneira anedótica como a organização do FIBDA aborda esta questão. Redesenhámos inclusivamente todo o espaço do piso -1 do Fórum Luís de Camões, para propor uma estrutura muito mais fluida da zona comercial, eventualmente com custos mais reduzidos. A coisa foi, como de costume, meio ignorada pela organização, a quem endereçámos a proposta de alterações em Setembro de 2011, que teve como resposta, que já não havia tempo para alterar o desenho do projecto – mas um ano depois, não houve tempo para corrigir?

Já agora, para quem não saiba, deve dizer-se que aquela estrutura, que tem sido desenhada e construída, desde 2007, pelo mesmo atelier de arquitectura (Traços na Paisagem), custou, no ano passado, à volta de 600 mil euros, tendo este ano – a mesmíssima estrutura, nos dois pisos, com o mesmíssimo desenho –, descido para os 300 e tal mil euros...

Apresentamos aqui em baixo os desenhos que refizemos no ano passado, partindo da planta realizada pelo citado atelier, juntamente com as propostas de remodelação, sem mais comentários da nossa parte.

Plantas comparativas da zona comercial (piso -1 do Fórum Luís de Camões) nos Festivais de 2007 a 2010.

Planta (do projecto do Atelier Traços na Paisagem) do piso -1 do Fórum Luís de Camões, para o Festival de 2011.

A mesma planta, que foi repetida este ano, redesenhada por nós e com comentários...

As propostas de alteração, sendo a primeira mínima - apenas a remoção da parede que ocultou os stands, permitindo a articulação da zona, deixando o corredor central de ser apenas espaço de passagem - e três alternativas para o posicionamento correcto do espaço de Autógrafos, dotando todo o espaço comercial com a coerência e envolvimento que não teve nestes dois últimos anos:





Seria bom que tudo isto motivasse um debate, mesmo que a organização do FIBDA, como de costume, não ligasse peva...

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