terça-feira, 30 de abril de 2013

BDpress #369: NEM SEXO NEM TABACO PARA A BD



NEM SEXO NEM TABACO PARA A BD

Jornal de Noticias, 16 Abril 2013 

Vários heróis perderam os cigarros e heroínas mais voluptuosas têm sido convenientemente tapadas. Pressão é sobretudo nos Estados Unidos. 

Pedro Cleto 

No número inicial da nova revista protagonizada por John Constantine, a DC Comics apagou da boca do herói o cigarro que ele costuma ostentar. Outro ataque do politicamente correto aos quadradinhos.

John Constantine, criado em 1985, por Alan Moore, na série “Monstro do pântano” (“Swamp thing”), é um mago exorcista que se tornou protagonista de “Hellblazer”, um dos principais títulos adultos da editora.

O cigarro acompanhou-o desde sempre, tendo mesmo sido causador de um cancro dos pulmões que o levou a estabelecer um pacto com o demónio num dos mais marcantes arcos da série.

Agora, o primeiro número da nova revista deveria ter na capa principal um desenho com Constantine a fumar encostado a uma lápide, observado de perto por zombies. No entanto, este passou para a capa alternativa, surgindo nos pontos de venda uma ilustração de onde o tradicional cigarro foi apagado, sem aviso prévio ao autor. 

John Constantine

John Constantine não é o único herói fumador dos quadradinhos. Acessórios normais em algumas épocas ou aceitáveis noutras, em que os malefícios do tabaco ainda não eram (re)conhecidos, o cigarro, o charuto ou o cachimbo surgem naturalmente nas mãos de Blueberry, Tex, capitão Haddock, Blacksad ou Blake e Mortimer. Em contrapartida, outros heróis foram obrigados a perder o vício, como Lucky Luke (para poder aceder aos EUA), Gaston Lagaffe, Zé Carioca ou Wolverine. 

Blueberry

 Tex

capitão Haddock

Blake e Mortimer

Lucky Luke

Wolverine

Blacksad 

Escapadela

Normalmente, estas questões politicamente corretas – ou censórias? - nos comics norte-americanos, durante anos regulamentadas pelo Comics Code Authority (ver caixa), estão mais relacionadas com o erotismo, geralmente muito contido. Frank Cho é um desenhador com um largo currículo nesta área, pois as heroínas sexy e pouco vestidas que desenha para a Marvel Comics têm sido tapadas de forma mais ou menos evidente.



 Frank Cho

 Frank Cho

Outro exemplo diz respeito à revista gratuita preparada por esta editora para o Free Comic Book Day de 2012, em que recuperou uma BD da saga “Age of Ultron”, mas “vestindo” a Mulher-Aranha, que na edição original aparecia nua após ter sido espancada por inimigos.

Por isso, não deixa de surpreender a história em que a Catwoman e o Batman se envolvem sexualmente publicada na revista “Catwoman” #1 e reproduzida em “A Sombra do Batman” # 1, atualmente à venda nos quiosques portugueses. 


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Dado que não foi possível reproduzir a "caixa" sobre o Comics Code, que Pedro Cleto introduziu neste artigo, transcrevemos abaixo a entrada, de Leonardo De Sá, no Dicionário Universal da Banda Desenhada:


Comics Code: Autocensura gerada pela maioria dos editores de comic books, inicialmente numa tentativa para evitar os ataques contra o género por parte de sociólogos, pedagogos, psicólogos e psiquiatras, num período de histeria total que culminou nos anos 1950 nas perseguições (“Caça às Bruxas”) aos comunistas e às acções julgadas como antiamericanas pelo senador Joseph McCarthy e seus seguidores. Para os comic books, as agressões mais marcantes foram desferidas através de artigos em revistas de grande divulgação e nos livros Love and Death: A Study in Censorship (1949), de Gershon Legman, e sobretudo Seduction of the Innocent (1954), de Fredric Wertham. Foi criado um especial Subcommittee to Investigate Juvenile Delinquency in the United States, liderado pelo Senador Estes Kefauver. Vários intervenientes na produção de comic books foram convocados e auscultados pelo subcomité, nos meses de Abril e Junho de 1954. Em Setembro, a própria indústria formou a Comics Magazine Association of America (CMAA), por forma a defender-se das acusações — o que já tinha aliás tentado fazer anteriormente, sem sucesso. Finalmente instituído a 26 de Outubro de 1954, o Comics Code foi ratificado por 26 editores norte-americanos com o objectivo de transformar os comic books em publicações “decentes” e “saudáveis”. Ou seja, as únicas excepções foram as da Dell (que representava aproximadamente um terço do mercado, nessa década, gozando de uma reputação impecável por apenas publicar revistas infantis, como as adaptações da Disney) e da Gilberton (que editava os insípidos Classics Illustrated), e inicialmente, também a EC Comics — que anunciou acabar com os seus comic books de horror e suspense dois dias antes da constituição oficial da CMAA. Não possuindo a CMAA poder legal para aplicar sanções efectivas, a não observância ao Comics Code apenas implica o facto da publicação aparecer sem a estampilha característica. Mas, a partir de 1954 e até na década seguinte, a falta do selo na capa representou inicialmente a recusa dos retalhistas em vender comic books desaprovados (que eram portanto devolvidos ao editor ainda embrulhados) e significou depois a re-jeição pura e simples das publicações incriminadas pelos próprios distribuidores. Desse modo, a CMAA e o Comics Code obrigaram muitas das pequenas casas a cessar produção, nomeadamente acabando com a maioria da linha EC Comics (amplificando um culto que ainda continua mais de meio século depois) e provocou a emasculação do conjunto das publicações sobreviventes. Os comic books só começaram lentamente a emergir desse marasmo depois da primeira desenfreada corrida do novo Flash, em 1956 — no início de um período que ficou conhecido como Silver Age —, seguido pelos Challengers of the Unknown em 1957 e pelo novo Green Lantern em 1959 (todos na revista Showcase, da DC Comics), e sobretudo a partir da criação dos Fantastic Four e de Spider-Man, respectivamente em 1961 e 1962, que assinalaram o surgimento da moderna Marvel Comics. O símbolo da aprovação da Comics Code Authority é um selo denteado impresso nas capas dos comic books principalmente a partir dos meses de Fevereiro e Março de 1955 (os primeiros incluíam o Archie's Joke Book nº 16 e o Archie's Mechanics nº 3, da Archie Publications e datados de Inverno de 1954, e o Mysterious Stories nº 2, de Dezembro-Janeiro de 1954-55, da Premier Magazines). Para escapar ao golpe da censura, apareceram — ainda nos anos 1950 — os primeiros magazines americanos com comics, com a metamorfose do Mad. Na década seguinte irromperam os underground comics, com novas propostas temáticas e distribuição própria, enquanto o Brasil realizava com algum atraso a transposição do Comics Code no seu Código de Ética. A partir de 1970, foram publicados alguns comic books com temáticas não aprovadas pelo Comics Code — iniciando o que convenciou chamar Bronze Age —, que acabou por sofrer uma modernização em 1971 e de novo em 1989. O referido selo foi portanto diminuindo em tamanho e importância com o passar dos anos. Com o desenvolvimento do Direct Market e das lojas especializadas na década de 1980, o Comics Code tornou-se praticamente irrelevante. Os novos editores que entretanto foram surgindo preferiram distanciar-se dessa censura, até porque grande parte da sua produção se destinava a adultos. Em 2001, a Marvel Comics retirou-se da Comics Code Authority e estabeleceu um sistema próprio de classificação para as suas revistas. Criou também novas linhas editoriais, incluindo uma destinada a adolescentes mais velhos (Marvel Knights) e outra a adultos (MAX). Também a DC Comics separou os seus “universos”, mantendo por enquanto uma parte que continua a obedecer às normas. O termo pre-Code refere os comic books até 1955, em especial os dos anos imediatamente anteriores e com histórias de crime, sadismo, terror e mistério — aliás, muito procurados pelos coleccionadores. 

Leonardo De Sá
in Dicionário Universal da Banda Desenhada 
Pedranocharco Publicações, Caldas da Rainha, 2010

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segunda-feira, 29 de abril de 2013

JOBAT NO LOULETANO (106-107) — JOSÉ RUY — RISCOS DO NATURAL (3 e 4)




NONA ARTE 
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA 
(CVI - CVII)

O Louletano, 17 de Setembro de 2007


(3)

(...Continuação) 

Foi então o Tiotónio quem apresentou E. T. Coelho a José Ruy, em 1943. E, naturalmente, o pequeno mostrou-lhe os seus desenhos. Um dia, sabendo que o rapaz frequentava a António Arroio, Coelho perguntou-lhe se conhecia Rodrigues Alves, de quem se tornara amigo e que lá leccionava. Nada! O jovem estudante estava noutro curso e também nunca ouvira o nome do mestre.

Mais coincidências: nesse ano chave, José Ruy esteve num acampamento de férias onde travou amizade com um camarada da mes­ma escola, dois anos mais velho. Este chamava-se José Garcês e era já aluno de Rodrigues Alves. Foi ele que o mostrou ao professor. E este terá exclamado: Ah, és tu de quem o Coelho me tem falado?!

Passou a acompanhar o mestre e os colegas, todo o tempo de que dispunha entre aulas. Desse modo, o desenhador e escritor imberbe descobriu que partilhava a vocação para as artes gráficas, onde po­dia desenvolver a paixão pelos jornais infantis e pelos processos de impressão. Convenceu então o seu pai a transferi-lo para o Curso de Litografia (o que agora se denomina Artes Gráficas, justamente), mantendo-se na mesma escola.

Nesse ano de 1943, José Ruy iniciou a produção de um novo fanzine, com o imponente título O Pavão Real. Para o efeito, tinha conseguido arranjar um fragmento de pedra litográfica graças a um amigo do pai e construiu uma prensa tosca — enquanto que o seu amigo José Garcês montava outro prelo que utilizaria mais tarde para imprimir a segunda série do seu próprio fanzine, O Melro. Mas com apenas um fragmento de pedra para a impressão, a operação era fastidiosa e o n° 2 do imponente O Pavão Real ficou pela capa.

Sob a orien­tação e amizade de E. T. Coelho e Rodrigues Alves, passou a praticar o desenho do natural — esboçando até à exaustão pormeno­res de animais no Jardim Zoológico de Lisboa, que não distava muito da casa paterna. En­trava lá graças a bilhetes de favor que obtinha jun­to de seu primo, Carlos Rebelo da Silva, proprietário e director do jornal humorístico Os Ridículos. Depois dos seus primeiros esboços do natural, E. T. Coelho aconselhara-o vivamente a concentrar-se nos pequenos detalhes da anatomia dos animais, até "perceber" como funciona cada órgão.

No final de 1944, passou a "profissional" aos 14 anos, iniciando uma intensa colabora­ção no jornal infantil O Papagaio, que dirigia então Artur Bívar. Apresentou-se na redacção ainda acompanhado pelo pai, e a primeira pessoa que contactou foi a escritora Helena Arroyo, que aliás não voltou a encontrar. Para o seu lugar veio Carlos Cascais, que ficou até ao fim da 3ª série. Em meados da década seguinte, José Ruy ilustraria para a Fomento de Publicações alguns dos pequenos contos infantis escritos por C. Cascais. O filho deste serviu de modelo para uma das figuras da his­tória "Homens do Mar" (sob argumento de uma colega da António Arroio, Margarida Ângela), que fez a transição de O Papagaio para a Flama. A participação de José Ruy - com histórias aos quadradinhos, ilustrações e contos que escrevia - também se manteve até ao final da revista como publicação independente, em 1949, e prolongou-se na fase de secção e depois suplemento da Flama.

Ilustração a tinta, para a revista "João Ratão", de 1960. 11,2 x 25,6 cm 

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O Louletano, 24 de Setembro de 2007 

(4)

Na António Arroio, pará além dos mestres Rodrigues Alves e Carlos Mendes, que leccionavam litografia, José Ruy teve aulas de desenho com o escultor Costa Mota, Trindade Chagas, os pintores Paula Campos e Celestino Alves. Com Júlio Santos, nas lições de pintura publicitária, realizavam-se experiências de embalagens, rótulos de garrafas e cartazes para marcas e produtos reais ou fictícios. José Ruy idealizou um reclame ao "seu" Jardim Zoológico e, com a maqueta aprovada pelo professor, executou um cartaz em grande formato. Depois da nota do período, o adolescente ofereceu o cartaz ao Jardim Zoológico e em troca solicitou um livre-trânsito para o parque. Nos anos subsequentes entrava, munido do passe, mesmo antes ou depois da bilheteira fechada, utilizando a porta dos guardas. A sua presença tornou-se de tal forma assídua que os tratadores passaram a conhecê-lo tão bem quanto os animais. Por vezes, vinha com ele o José Garcês ou outro amigo e colega de desenho.

Estudava ainda na Escola António Arroio quando integrou O Mosquito em 1947, substituindo o lugar que Manuel Velez deixara vago ao partir para a aventura em África. Tinha a responsabilidade de criar as cores litograficamente nas chapas de zinco. O trabalho não tinha horas certas pois dependia da altura em que o número ficava pronto, de manhã cedo, à hora de almoço, de tarde ou à noite. Nessa altura, o jornal era bissemanal e as instalações estavam abertas das 8h da manhã até à meia-noite e mesmo pela noite dentro. Era avisado da hora precisa com alguma antecedência, mas havia que gerir o tempo criteriosamente. Por vezes aproveitava o romper da manhã para ir até ao Jardim Zoológico e duas horas depois apanhava um "eléctrico" que o levava até junto da sede da revista, situada na travessa de S. Pedro. Ao fim da tarde voltava ao parque e à noite ia prosseguir algum trabalho na António Arroio, porque nem sempre podia assistir às aulas durante o dia. Os professores já o tinham aprovado mas José Ruy insistia em acabar os exercícios pedidos. A sua amizade para com professores e colegas fizeram com que continuasse a visitar a Escola, mesmo depois do curso acabado.

Por causa da Guerra, era difícil adquirir material de de­senho e pintu­ra durante toda a década de 1940. Quando aparecia algum escasso pastel ou outra plumbagina macia numa papela­ria lisboeta, a notícia fazia rapidamente a volta dos artis­tas e gráficos. E as experiên­cias eram feitas sobre qualquer papel, porque este era ainda mais parcimonioso.

Nestas circunstâncias, José Ruy começou a experimentar a aguarela e o óleo. Este último produto era preparado pelo próprio artista porque as finanças não chegavam para as bisnagas. O seu primeiro ensaio de pintura a óleo teve como modelos involuntários duas bananas inocentes. Mas, de seguida, passou para as coisas sérias, isto é, quase que entrou para dentro da jaula dos reis da selva para fixar a cabeça de um leãozinho recém-nascido ... Até que um dia foi surpreendido por incrédulos colegas da Escola, que compreenderam que afinal o pintor estava no corredor de serviço da jaula ...

Graças a Rodrigues Alves, José Ruy participou na equipa artística do Cortejo Histórico de Lisboa, em 1947, dirigido por Leitão de Barros. Juntamente com dois colegas da Escola Antonio Arroio, trabalhou na decoração sob as ordens do pintor Domingos Saraiva e de Eduardo Teixeira Coelho. Terminado o evento, o rea­lizador de "A Canção de Lisboa" pediu a José Ruy que ajudasse a sua esposa, Helena Roque Gameiro, na decoração de uma das divisões da sua casa. Também nos anos seguintes, chamou sempre E. T. Coelho e José Ruy para trabalhos de decoração, em filmes e noutros projectos, principalmente o da malograda Nau S. Vicente — que acabou por se afundar no Mar da Palha, algures no rio Tejo, numa tempestuosa noite de Inverno ... »»

(continua...) 

Original a lápis sobre papel de impressão, de 1950. Folha de 28,3 x 22,2 cm

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(3 e 4)
Argumento e desenhos de José Ruy

 

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domingo, 28 de abril de 2013

GAZETA DA BANDA DESENHADA (3) - NA GAZETA DAS CALDAS - O SALÃO MOURA BD



GAZETA DA BANDA DESENHADA (3)
NA GAZETA DAS CALDAS


in Gazeta das Caldas, 26 de Abril de 2013

O SALÃO INTERNACIONAL 
DE BANDA DESENHADA MOURA BD 

Decorre na cidade alentejana de Moura, desde o passado dia 19 até dia 1 de Maio, o XVIII Salão Internacional de Banda Desenhada “Moura BD” 2013.

Como normalmente acontece, o Salão homenageia três autores, agraciados com os troféus “Balanito” no decorrer de uma cerimónia no Cine-Teatro Caridade, daquela cidade, a realizar amanhã, dia 27 de Abril. Assim, Vassalo de Miranda, ilustrador, pintor e autor de BD, de 72 anos, receberá o “Balanito de Honra para Autores Portugueses”, o autor francês Hugues Barthe, de 48 anos, receberá o “Balanito de Honra para Autores Estrangeiros” e Zé Manel, cartoonista e autor de BD, de 69 anos, receberá o “Balanito Especial”. O seu trabalho pode ser visto nas exposições individuais que lhes são dedicadas.

As outras exposições do Salão são dedicadas a “Eça de Queiróz na BD” e ao “Centenário de Willy Vandersteen” (ambas comissariadas por Luiz Beira), e também a “Saramago em Caricaturas” (com trabalhos de autores portugueses e espanhóis), havendo igualmente a apresentação dos melhores trabalhos do 16.º Concurso de Banda Desenhada e Cartoon e do 14.º Concurso Escolar de BD.

Também como é tradicional, serão editados, o catálogo da exposição dedicada a Zé Manel e o número 9 dos Cadernos Moura BD, reeditando a BD “O Cabo das Tormentas”, de Vassalo de Miranda. Acrescente-se que este autor dedica a maior parte do seu trabalho na banda desenhada a uma temática muito pouco explorada pelos autores portugueses: a guerra colonial.


 As capas desta duas publicações não entraram na publicação por falta de espaço...

O Salão Moura BD tem tido assinalável sucesso em terras alentejanas, emparceirando com o Festival Internacional de BD de Beja a este nível, na divulgação e promoção da banda desenhada.

Tendo sido iniciado em 1991, denominando-se, nas primeiras 4 edições, Expo BD de Moura, começou por ser um “sucedâneo”, digamos assim, das Jornadas de BD da Sobreda (Concelho de Almada). Para tal contribuíram a vontade e o entusiasmo de Luíz Beira (fundador do GBS – Grupo Bedéfilo Sobredense e grande mentor das Sobreda BD) e o empenho do Director da Escola Secundária de Moura na altura, Prof. António Borralho que, tendo visitado o salão sobredense, logo aceitou a sugestão de uma digressão a Moura, com algum do material em exposição. Assim, em Maio de 1991 a Escola Secundária de Moura abria as portas à banda desenhada e dava início a uma aventura que já dura há duas décadas.

Em 1992, o Salão passou a ser organizado pela Câmara Municipal de Moura e foi realizado no antigo Café Cantinho, hoje a Secção de Moura do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, que durante muitos anos albergou inúmeras iniciativas culturais promovidas pela Câmara ou com a colaboração desta. Carlos Rico, designer do departamento gráfico da autarquia, que já havia participado activamente (com desenho ao vivo) na primeira edição, passou a ser o organizador* — pela Câmara de Moura — e coordenador do Salão até hoje.

Nas primeiras edições, o Moura BD limitava-se a receber as exposições das Jornadas de BD da Sobreda, mas começou, de edição para edição, a autonomizar-se. Isto desde logo, com a criação, em 1993, dos primeiros Concursos de BD.

Em 1995, o Salão mudou novamente de local, para o Cine-Teatro Caridade, passando a ter parte da programação autónoma em relação às Jornadas de BD da Sobreda, e criando os troféus “Balanito” (pequeno balão — a cercadura dos diálogos na BD — em “língua alentejana”). Em 1997 o Moura BD já era completamente autónomo e reuniu um lote de exposições invejável, sendo a mais importante a dedicada aos “60 Anos do Príncipe Valente”, comissariada pelo especialista na matéria Manuel Caldas. A partir desta edição o Salão passou também a ter um tema específico para cada edição. Iniciou-se neste ano a colaboração com o Atelier Toupeira, dirigido por Paulo Monteiro, da Câmara Municipal de Beja, que viria a ser o embrião do Festival de BD de Beja.

Em 1999 o Salão realizou-se no 1.º andar do Mercado Municipal, em 2004 passou para o Convento do Castelo e mais tarde para uma tenda gigante na Praça Sacadura Cabral, em conjunto com a Feira do Livro, onde se realiza actualmente.

Deve dizer-se que a edição do Salão Moura BD com maior exito ocorreu em 2007**, com a exposição dedicada a Tex Willer, a personagem mítica do “farwest”, dos “fumetti” (designação da BD em Itália), editado pela Sergio Bonelli Editore, com a presença do desenhador transalpino Fabio Civitelli.

Tendo-se realizado quase sempre em Novembro - excepto a primeira edição, que ocorreu em Maio -, devido às condições meteorológicas, foi preciso mudar, primeiro para Maio, em 2007 e depois, com a junção com a Feira do Livro, para Abril.

O Salão Moura BD já editou, para além dos catálogos específicos das exposições (incluíndo os da vertente humorística, desde sempre dirigida por Osvaldo Macedo de Sousa, da Humorgrafe) e dos nove números dos Cadernos Moura BD, com um número extra dedicado a Fernando Bento, também uma colecção de cadernos, escritos por Jorge Magalhães, que são um extraordinário contributo para a investigação e fixação da História da Banda Desenhada, não só deste país***.

E é sempre com prazer que vamos a Moura, passando por Évora e pela barragem de Alqueva, desfrutando da paisagem e dos comeres alentejanos e depois, do revificador convívio que a banda desenhada nos proporciona.

A reportagem gráfica e fotográfica desta edição do Salão Moura BD poderá ser vista no blogue kuentro.blogspot.pt, a partir do dia 1 de Maio.

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Adendas ao texto de Carlos Rico, que não puderam ser incluídos no texto final editado por falta de espaço: 

(*) A organização do salão é da responsabilidade da Câmara Municipal de Moura. Eu coordeno todo o processo, claro, mas sem a Câmara o salão não existiria, como é óbvio.

(**) Dizer isto talvez seja relativo. 2007 foi uma edição de grande sucesso, é verdade, mas 2004 (tema: “Idade Média”) e 2011 (primeira vez que Moura BD e Feira do Livro se realizaram em simultâneo) tiveram um sucesso muito parecido. Mas aceito a tua opinião porque o Tex e Civitelli fizeram com que Moura fosse falada em países como Itália, Brasil, Espanha… E nesse ano até tivemos um concorrente ucraniano (de Kiev) premiado no nosso concurso…

(***) Só como curiosidade, deixo-te “os números” do Moura BD (contando já com os deste ano): 18 edições realizadas, 222 exposições, 32 personalidades homenageadas, 29 concursos de banda desenhada e cartune e 29 álbuns, catálogos ou revistas editados (sendo que um foi premiado no Festival da Amadora com o Troféu para Melhor Fanzine, em 2010).

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sábado, 27 de abril de 2013

O KUENTRO EM DIRECTO DO XVIII SALÃO INTERNACIONAL MOURA BD 2013


UMA CURTA EM DIRECTO 
DO MOURA BD 2013
AS PRIMEIRAS FOTOS







NA PRÓXIMA QUARTA-FEIRA DIA 1 DE MAIO
A REPORTAGEM COMPLETA DO FIM-DE-SEMANA NO MOURABD 2013

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

BDpress #368: 75 ANOS DE SPIROU — EURICO DE BARROS NO D.N. e PEDRO CLETO NO J.N.



OS 75 ANOS DO PAQUETE 
QUE NASCEU COM UMA REVISTA 

 Diário de Notícias, 23 Março, 2013 

Eurico de Barros 

Criado em 1938 para representar a revista com o mesmo nome, Spirou já passou pelas mãos de uma série de autores, com destaque para o genial Franquin. A personagem e a publicação fazem 75 anos em abril 

Quando em 1938, o editor belga Jean Dupuis decidiu criar uma revista de banda desenhada (BD) para veicular os valores cristãos e patrióticos aos mais novos, lembrou-se também de criar um herói juvenil que desse o nome à publicação e a representasse e fosse a sua imagem. Pediu então a Paul, o seu filho mais velho, que lhe desse uma lista de nomes possíveis.

Destes, Jean Dupuis escolheu Spirou, que em dialeto de Charleroi significa "esquilo", mas também, em sentido figurado, "rapaz vivo, azougado". Paul é então enviado a Paris, para propor ao desenhador francês Rob-Vel (pseudónimo de Robert Velter) a criação gráfica de Spirou. Este aceita o desafio (e um bom contrato) e com a ajuda da mulher, Blanche, dá vida a Spirou, um jovem paquete como respetivo uniforme vermelho-vivo, evocando os anos de juventude, na década de 20, em que tinha trabalhado como criado de bordo nos grandes paquetes das linhas internacionais de cruzeiros.

Além de Spirou, Rob-Vel, que então desenhava as populares aventuras de Toto na revista com o mesmo nome, vai também assinar, na nova publicação de Jean Dupuis, as histórias de mais duas personagens.

Spirou é assim o primeiro herói clássico da BD franco-belga que nasce ao mesmo tempo que a revista com o seu nome, Le Joumal de Spirou. Por isso, no dia 21 de abril, data da saída, em 1938, do número um da publicação, com 16 páginas (houve também um número zero uma semana antes, a 14), comemoram-se não só os 75 anos da revista Spirou, a grande sobrevivente dos anos de ouro da BD, após o desaparecimento de Pilote e de Tintin, mas também da própria personagem, que ficou propriedade do seu editor e já passou pelas mãos de uma série de desenhadores, individuais ou em dupla.

Rob-Vel põe Spirou como paquete do Hotel Moustic (referência brincalhona a outra revista de Dupuis, Le Moustique), cria o esquilo Spip para acompanhar o seu herói e assina cinco histórias até 1940, data em que é mobilizado para combater na Segunda Guerra Mundial. Na sua ausência, Joseph Gillain, que assina Jijé, é chamado pelo chefe de Redação de Spirou, Jean Doisy, para continuar as aventuras da personagem, fazendo duas histórias. É Jijé quem, a pedido de Doisy, cria um parceiro para Spirou, um jornalista destravado, baseado no próprio Doisy (Fantasio era, aliás, o pseudónimo usado pelo chefe de Redação de Spirou) e que se toma no melhor amigo do paquete, formando assim um trio com Spip.

Rob-Vel, que havia sido feito prisioneiro pelos alemães, regressa a Spirou em 1941e retoma as aventuras da sua criação, desenhando mais meia dúzia até 1943, ano em que a revista interrompe a publicação devido ao agudizar do conflito e à pressão da censura. O pós-guerra vê o regresso da revista, depois de, entre 1943 e 1947, ter saído irregularmente, sob a forma de um álbum e de três almanaques.

Em 1948, debaixo da pressão de um temível concorrente entretanto saído à estampa, a revista Tintin, Charles Dupuis, filho mais novo de Jean Dupuis, ocupa o posto de chefe de Redação de Spirou para a dinamizar, com a colaboração de Yvan Delporte (1), que se tornará num dos nomes míticos do título.

Entretanto, Jijé passa Spirou a um dos seus amigos e pupilos, André Franquin, em 1946. E é com Franquin, ao longo de 23 anos, até 1969, que Spirou e Fantasio vão viver a sua idade de ouro, fixar a sua identidade gráfica e narrativa e ampliar o seu universo de personagens e aventuras.

À medida que vai também consolidando o seu estilo, Franquin pega nas aventuras ingénuas e simplistas da dupla e torna-as cada vez mais longas, sofisticadas, coerentes, cosmopolitas e a refletir a atualidade do mundo e a evolução da tecnologia e da ciência. Refina-lhes o humor, enriquece-as com personagens como o brilhante cientista conde de Champignac, especialista em cogumelos e muito mais; Zantafio, o vilão e primo de Fantasio; Zorglub, o inventor louco; a jornalista Seccotine, os muitos habitantes de Champignac, caso do presidente da Câmara dado aos discursos embalados por uma retórica delirante, e, last but not least, um animalzinho genial, amarelo com pintas negras e uma longa cauda multiusos, a que o autor dá o nome de Marsupilami (de "marsupial + amigo", segundo explicaria o próprio Franquin), natural das selvas de um pais sul-americano imaginário, a Palômbia, e que se junta a Spirou, Fantasio e Spip a partir do álbum Os Herdeiros (1952). (Franquin ficaria com um tal afeto pelo Marsupilami, que lhe garantiu os direitos de autor e levou consigo quando deixou de desenhar as aventuras de Spirou, no final da década de 70, tomando-o numa personagem autónoma, a exemplo de Gaston Lagaffe, outra sua inspiradíssima criação).

A partir de certa altura, Franquin passou a contar com a colaboração de Greg (2) nos argumentos e de Jidéhem (3) nos décors, o que beneficiaria ainda mais as aventuras de Spirou e Fantasio. Foi em colaboração com Greg que Franquin concebeu Zorglub, por exemplo. O apogeu de Spirou na pena de André Franquin coincide com o da própria revista, nas décadas de 50 e 60, então já com Yvan Delporte como chefe de Redação, e sendo o paquete que Rob-Vel tinha criado em 1938 agora acompanhado por outras criações tão notáveis como o citado Gaston Lagaffe, os Schtroumpfs, Gil Jourdan, Tif e Tondu, Benoît Btisefer, Jerry Spring (de Jijé), Buck Danny, Patrulha dos Castores, Johan e Pirlouit, Marc Dacier, Boule e Bill, e muitos outros.

Franquin encheu também as aventuras de Spirou e Fantasio de invenções, automóveis e outras máquinas e engenhos voadores e aquáticos memoráveis, a mais notável das quais é a Turbotraction, o carismático, aerodinâmico e moderníssimo carro em que os heróis se deslocam numa série de álbuns, e que refletem o enorme interesse que, a certa altura da sua vida, o autor teve por tudo o que fosse tecnologia e inovações mecânicas científicas, com os automóveis à frente de tudo o resto.

Mas 19 álbuns depois, André Franquin acabou por se fatigar de Spirou, em grande parte por não o ter criado, e desistiu de o desenhar. Diria também depois não sentir muita falta da personagem, o que já não sucedia com Fantasio, o conde de Champignac, Zorglub e as figuras secundárias da vila de Champignac, porque eram suas "filhas" - "essas fazem parte de mim", disse numa entrevista. Franquin passou então a dedicar-se a Lagaffe e ao Marsupilami, bem como a experiências como a série Ideias Negras.

Sem Franquin e sem o Marsupilami, e por muito que custe aos indefetíveis do paquete, Spirou entrou em declínio. A série esteve nas mãos de Fournier nos anos 70 (por cortesia de, Franquin, este ainda usou o Marsupilami no primeiro álbum que desenhou, O Fazedor de Ouro, em 1970). A partir da década de 80, as aventuras de Spirou e Fantasio passaram a ser asseguradas por duplas de autores, como Nic e Cauvin, que a retomaram em 1980, Tome e Janry (1984), Morvan e Munuera (1999) e, mais recentemente (2009), Vehlmann e Yoann, os seus atuais responsáveis. Em 2006, surgiu a série paralela Uma Aventura de Spirou e Fantasio por... (ou O Spirou de...), para permitir a outros autores de BD darem a sua interpretação das personagem.

Foi nos anos 80, quando Tome e Janry conseguiram que Spirou voltasse a ser uma série de sucesso comercial e crítico como nos tempos de Franquin (de cuja identidade gráfica procuraram estar próximos, aliás), que esta dupla criou uma série paralela, O Pequeno Spirou (1987), sobre a infância da personagem, composta por histórias curtas abertamente humorísticas.

A ideia dividiu os apreciadores e leitores da série-mãe, muitos dos quais acharam que a Dupuis estava a ceder à moda então aparecida nos EUA, em especial nos desenhos animados, de criar versões infantis de personagens célebres. Em 2006, apareceu também Spirou Manga, um projeto de Morvan e de Hiroyuki Ooshima que conta em versão de manga as aventuras dos adolescentes Spirou e Fantasio em Tóquio. Foi também lançada a edição integral das aventuras de Spirou, em vários volumes, e cujo número 13 sai em abril.

A revista, entretanto, foi evoluindo e foi-se adaptando aos tempos, tendo mudado de título várias vezes ao longo das décadas. Desde 2008 que se chama Spirou, depois de dois anos como Spirou HeBDo, e é hoje a única sobrevivente da era dourada da BD franco-belga, com uma tiragem média semanal de 90 mil exemplares. No seu segmento, é a revista mais vendida na Bélgica e a segunda mais vendida em França.

Entre as muitas iniciativas previstas para comemorar os 75 anos de Spirou e da revista com o seu nome, contam-se a edição "integral" das aventuras do paquete mais famoso da BD desenhadas pelo pioneiro Rob-Vel, pela primeira vez a cores (Spirou par Rob-Vel: L'intégrale 1938-1943), ou, com o respetivo aparato gráfico e histórico, a edição de La Peur au Bout du Fil, uma histórica curta de Spirou e Fantasio escrita por Greg e desenhada por Franquin, com décors de Jidéhem, ou ainda uma antologia das entrevistas dadas por Franquin à imprensa especia1izada em BD, Franquin et les Fanzines; em que o falecido autor fala, entre outros, da série que levou ao auge da criatividade e qualidade. Sem esquecer La Véritable Histoire de Spirou (1937-1946), de Christelle e Bertrand Pissavy-Yvernault, os biógrafos de Yvan Delporte, que aqui contam a história dos primeiros anos de existência da revista e da personagem.

Segundo contas feitas pela revista dBD num dos artigos contidos numa série de páginas especiais que dedicou a Spirou na sua edição de fevereiro, a série, nestes75 anos, teve 22 autores que fizeram ou colaboraram em perto de 150 histórias, longas ou curtas, em 53 volumes editados, mais seis álbuns da série paralela Uma Aventura de Spirou e Fantasio por... e ainda 16 títulos de O Pequeno Spirou. É "o império do paquete", como lhe chamou Philippe Peter, o autor do referido artigo. E tudo começou com uma revistazinha de 16 páginas.

(1) Autor de BD e chefe da Redacção "histórico" da revista Spirou, Yvan Delporte (l928-2007) criou também o inovador suplemento desta, Le Trombone Illustré.

(2) Michel Greg - Era o pseudónimo de Michel Louis Albert Regnier (1931-1999), um dos grande autores e argumentistas da BD belga, criador de Achille Tallon e marcante chefe da revista Tintin.

(3) Jidéhem - É o pseudónimo do autor de banda desenhada Jean De Maesmaker (n. 1935), criador de Sophie e ilustrador da série de crónicas Starter.

  



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Jornal de Notícias, 21 de Abril de 2013 

DE PAQUETE DE HOTEL
A AVENTUREIRO
COM 75 ANOS 

F. Cleto e Pina 

Nascido como paquete de hotel há exactamente 75 anos, Spirou tornou-se rapidamente um viajante do mundo, protagonista de grandes aventuras.

Imaginado por Charles Dupuis, para mascote da revista com o seu nome que ainda hoje se publica, Spirou seria desenvolvido graficamente pelo francês Rob-Vel até Setembro de 1943.

Começando por protagonizar gags de uma página, o Spirou original foi evoluindo sem rumo fixo, consoante as necessidades dos enredos: traquina, patriota, fumador, cientista, ventríloquo, detective, monarca, astronauta… - acabando por se tornar no globetrotter aventureiro, justo e intrépido que faz tudo pelos amigos que hoje conhecemos.

Pertença da editora e não do seu criador, ao contrário dos seus “contemporâneos” de papel franco-belgas, ao longo das décadas foram vários os que assumiram o seu destino.

Entre eles destacam-se Jijé (entre 1943 e 1946) a quem se deve a criação de Fantasio, um jornalista solidário mas trapalhão e companheiro de aventuras de Spirou, e Franquin (1946-1968), que fez dele um dos maiores heróis dos quadradinhos pela equilibrada combinação de humor e aventura assente no seu traço nervoso e dinâmico, e que introduziu nas suas páginas o exótico Marsupilami, Zantáfio, primo de Fantasio e vilão de serviço ou o genial e distraído Conde de Champignac.

Fournier (até 1979) e Broca e Cauvin (até 1983) não deixaram saudades, devendo-se à dupla Tome e Janry (até 1998) o reencontro do groom com os leitores e a criação de “O pequeno Spirou”, em 1987, uma versão infantil e endiabrada do herói.

O novo século encontrou-o nas mãos de Morvan e Munuera, com algumas influências gráficas do manga e com uma temática mais adulta que lhe retirou popularidade, sendo os seus actuais responsáveis Vehlmann e Yoann.

Spirou estreou-se entre nós no Camarada, em Janeiro de 1959, rebaptizado Serapião; viria a ser igualmente Clarim, surgindo Fantasio como Flausino. A revista com o seu nome, teve duas vidas, ambas curtas, na década de 1970. Praticamente todo editado em álbum em português, passou pelos catálogos da Arcádia, Publica, Meribérica e ASA mas a jóia da coroa é “O Feiticeiro de Vila Nova de Mil Fungos”, editado pelo Camarada na década de 1960, com capa feita especialmente para a edição por Franquin.


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HOJE NA FNAC 
PEDRO CLETO FALA SOBRE OS 75 ANOS DE SPIROU 

18h - FNAC Santa Catarina, Porto 
22h - FNAC GaiaShopping, Vila Nova de Gaia 

Apareçam, se quiserem!


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