sábado, 31 de agosto de 2013

NOVO LIVRO DA POLVO – AR PURO E ÁGUA FRESCA – DO FRANCÊS PERO (OLIVIER PERET)

NOVO LIVRO DA POLVO
AR PURO E ÁGUA FRESCA
DO FRANCÊS PERO (OLIVIER PERET) 


AR PURO E ÁGUA FRESCA 

Argumento e desenho: Pero 23 x 16,5 cm; 
capa em quadricromia, com badanas; 128 pág. impressas a preto e branco 
PVP: 11,23 euros (s/IVA); 11,90 euros (c/IVA) ISBN: 978-989-8513-13-7 

O LIVRO 
Filho de caçador, Joshua vê-se brutalmente órfão após o ataque à casa familiar por um grupo de índios. Terá então de aprender a sobreviver sozinho e a tornar-se adulto no ambiente vasto e rude das Montanhas Rochosas de meados do século XIX. Nesta história, o autor coloca o seu traço elegante ao serviço de uma fábula inteiramente muda que conta a natureza selvagem dos grandes espaços e a natureza não menos frustrada dos homens. Este é um western iniciático, trágico, com toques de humor, um romance que alia uma radicalidade gráfica e de argumento, que se mantém de uma extraordinária fluidez de fio a pavio, pois Pero escolheu o silêncio para deixar exprimir a força das ilustrações.

O AUTOR 
Originário de Grenoble, França, Pero, pseudónimo de Olivier Peret, começou por estudar Desporto antes de ingressar na Academia de Belas-Artes de Tournai. Acabados os estudos, dedicou-se de corpo e alma à criação e animação da revista “Cheval de Quatre”. Vive em Lille. Com “Ar puro e água fresca”, a sua primeira obra enquanto autor completo, Pero aceita o desafio de uma história muda, onde revela um belo domínio gráfico e narrativo.

POLVO | Apartado 15097 | 1074-004 LISBOA | Tlm. 962605195 | polvolivros@gmail.com

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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

BDpress #384: AMANHÃ COM O PÚBLICO – A CRISE CHEGA AO FIM NO UNIVERSO DC – por J.M.Lameiras


A CRISE CHEGA AO FIM
NO UNIVERSO DC
João Miguel Lameiras

Público, 23 de Agosto de 2013


Super-Heróis DC Comics – Volume 8
Universo DC: Crise nas Terras Infinitas Vol. 2 
Argumento – Marv Wolfman 
Desenho – George Perez, Jerry Ordway
Quinta feira, 29 de Agosto, por + € 8,90

Com este segundo volume, nos quiosques na próxima quinta-feira, chega ao fim a saga que mudou para sempre o Universo DC. Uma histó­ria que cria um novo universo DC, mas das ruínas do anterior, nem to­dos os principais super-heróis vão conseguir escapar com vida.

Uma saga épica, impossível de concretizar noutro meio que não a BD, em que os super-heróis de cin­co mundos se unem para combater uma ameaça capaz de destruir todo o universo. Uma história sem limi­tes espaciais, ou temporais, cuja acção passa pelas diferentes Ter­ras Paralelas, e em que os heróis clássicos da Silver Age lutam lado a lado com as suas versões contem­porâneas e um herói como Adam Strange, cujas aventuras decorrem no futuro, aparece ao lado de he­róis do faroeste do universo DC, como Jonah Hex.

Para contar esta saga, a DC esco­lheu os autores da série The New Teen Titans, à época o título mais vendido da DC, Marv Wolfman e George Perez. Escritor veterano, que se estreou na DC em finais dos anos 60, Wolfman teve uma pas­sagem memorável pela Marvel, na década de 70, em que juntamente com Gene Colan, criou a série The Tomb of Dracula, on­de nasceu o caçador de vampiros Blade, o pri­meiro herói da Marvel a chegar ao cinema com sucesso. Wolfman que numa entrevista disse que "sempre quis ver uma história que reu­nisse todos os heróis do passado, presente e futuro da DC", teve oportunidade de es­crever essa história com a Crise nas Terras Infinitas. Mas a Crise... não teria sido possível sem o talento de George Perez, cujo traço pormenorizado e sentido de composição conseguem tornar legíveis as páginas mais complexas e repletas de personagens. Perez que, na sequência da Crise..., foi responsável pe­la reformulação da Mulher-Maravilha, voltou a ter oportunidade de desenhar os princi­pais heróis da DC, na mini-série JLA/Avengers, que reúne a Li­ga da Justiça, da DC e os Vingadores, da Marvel, numa das raras histórias cuja escala se aproxima da dimensão épica da Crise nas Terras Infinitas.


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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

JOBAT NO LOULETANO (128-129) – AUGUSTO TRIGO (4 e 5)



NONA ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA
(CXXVIII – CXXIX)

O Louletano, 24 de Março de 2008

AUGUSTO TRIGO - 4
O menino que
RABISCAVA PAREDES (2)
por: José Batista

O ano de 1944 terminara mal para a família de Augusto Trigo devido a um trágico acidente de caça no qual seu pai fora vítima. Esse perigoso desporto era normalmente praticado de noite, utilizando os faróis dos carros ou então um aparelho luminoso colocado na cabeça, no género dos que os mineiros usam, porém mais potente. A área para onde decidiram ir nessa noite era zona de leopardos, felinos atentos e ágeis, o que requeria atenção e redobrado cuidado. Grávida de alguns meses, Irene Trigo, a esposa, recomendou-lhe cautela, pressentindo talvez o perigo que a todos espreitava. Que não, tudo iria correr bem, disse o marido, tranquilizando-a. E partiu num largo adeus. Chegados ao local, e com os faróis nos máximos, Eugénio Trigo separou-se do colega que com ele partilhava daquela caçada, atento ao rumor e aos luzidios olhares das feras para que estas os não surpreendessem. Distanciados um do outro, em busca do alvo que ali os levara, fácil foi confundir o olhar das feras com a luz emitida pelo aparelho situado na cabeça do pai de Augusto Trigo. Julgando ver bicho naquela luz que ao longe se movia, na noite negra de breu, um tiro soou, certeiro, atingindo Eugénio pouco abaixo do peito. Um grito fendeu a noite alertando o companheiro para a tragédia que acontecera. O perigo era agora redobrado, pese embora o ruído do disparo ter espantado as feras para longe dali. Surpreso com o acontecido, o socorro possível foi rápido mas ineficaz. Transportado para uma unidade hospitalar não adequada para aquela emergência, o pai de Augusto Trigo viria a falecer poucos dias depois.

Tudo iria mu­dar a partir desse momento. A braços com três filhos me­nores, e à espera de outro para breve, a vida não parecia risonha para a fa­mília Trigo. Para enfrentar a situação, D. Irene iniciou os preparativos para dar aulas na primária, porém, cinco meses depois, já em 1945, por imposição do então Governador-Geral, os três primeiros filhos do casal, Armando, Manuel e Augusto foram enviados para a metrópole. Primeiramente para a casa de uma tia, e poucos dias depois Augusto Trigo, então com sete anos, foi internado na Casa Pia, na Secção de Nuno Álvares Pereira, na Junqueira. Os dois anos seguintes foram aí passados, mas o aproveitamento escolar seria escasso, pois que os rabiscos ocupavam o tempo e o espaço que às letras e números pertenciam. Prioritariamente dotado para as artes manuais, e de um modo muito especial para o desenho, os professores cedo concluíram que o pequeno Augusto obteria melhores resultados numa área onde essa aptidão fosse aproveitada, razão pela qual foi transferido para a disciplina de carpintaria da mesma Casa Pia, na Secção de Pina Manique, a funcionar num anexo junto à Igreja dos Jerónimos. »»

“Luta de Felupes”, mural pintado por Augusto Trigo em 1961, em Varela (São Domingos), na Guiné, no parque de turismo do Hotel Pireza. 3,5 x 2,5m.

Vinheta da série incompleta “Turú-Bã”, desenhada por Augusto Trigo na Guiné em 1965

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O Louletano, 31 de Março de 2008

AUGUSTO TRIGO - 5
O menino que
RABISCAVA PAREDES (3)
por: José Batista

Comparada com a Guiné, Lisboa deve ter cativado a atenção do jovem Augusto Trigo e irmãos pelo tamanho, arquitectura, movimento e pregões e desvairadas gentes, muitas delas refugiadas ou de passagem, vítimas da heca­tombe que ainda ensanguentava a Europa nos primeiros meses de 1945. Foram recebidos na grande cidade por sua tia, uma irmã do pai que morava em Campo de Ourique, a mesma que o aconselhou a oferecer lápis de cor ao filho. Pouco tempo aí estiveram, pois que o seu internamento na Casa Pia era já questão resolvida pelo Governador-Geral quando deixaram a Guiné.

Chegados à metrópole, e por medida profilática, antes da frequência nas aulas na instituição a que vinham destinados, todos os irmãos foram internados de quarentena. Foi aí que Augusto Trigo pela primeira vez pousou os olhos numa revista aos quadradinhos, pois que um miúdo também aí internado, leitor d'O Mosquito, lhos emprestou. Cativado pelas ilustra­ções de Vitor Péon e E.T. Coelho que a revista publicava – desenhadores que anos mais tarde viria pessoalmente a conhecer – um novo mundo se abriu para o jovem aspirante a artista cujo fogo lhe esquentava a imaginação.

Nesse tempo, àqueles a quem os proventos não permitiam adquirir essas publicações restava-lhes o empréstimo, quase sempre a troco de qualquer coisa, porém nunca gratuito. Para A. Trigo a quarentena cumpriu-se integralmente, que não para os seus irmãos que saíram antes dele. Esse tempo proporcionou algum convívio entre os jovens aí internados e, a troco de uns bonecos feitos por si, o dono dos Mosqui­tos ofereceu ao ávido apreciador talvez umas dezenas deles quando terminado o seu internamento se foi embora. Esse pecúlio seria inestimável para o futuro ilustrador.

Embora as matérias dadas nos dois anos em que frequentou a secção Nuno Álvares Pereira, da Casa Pia, na Junqueira, em 1945, não fossem do seu inteiro agrado, a presença dos irmãos mais velhos, Armando e Manuel ajudou a amenizar a inesperada mudança para a metrópole. Outro factor importante e bastante positivo foi a simpatia da professora que lhe coube em sorte, uma loura afável e simultaneamente apreciadora dos seus desenhos, os quais lhe pedia, retribuindo-os a troco de pastéis de nata, uma inusual e agradável forma de pagamento, o que tornou também me­nos duro o seu forçado afastamento da mãe e do irmãozito de poucos me­ses deixados na Guiné.

O min­guado apro­veitamento nas matérias dadas nos dois primeiros anos nessa insti­tuição mo­tivou a sua transferência para a secção de D. Maria Pia, em Xabregas, na disciplina de carpintaria. Esta escolha não foi um mero acaso, mas sim a conselho de seu irmão Manuel, o qual conhecia o mestre que dirigia essa área, boa pessoa, brando e paciente, e melhor do que tudo isso, disciplina onde, na sua opinião, pouco se fazia. Aliciado por esse argumento de peso, ei-lo a manejar goivas e formões nos ornamentos e encaixes geométricos que essa disciplina exigia, porém muito distante da área artística a que o jovem aspirava.

O ambiente era de facto menos agressivo nas aulas de carpintaria, mas de modo algum as aspirações de Au­gusto Trigo se realizavam nessa área. Verdade que nunca deixou de garatujar, pois que sempre colaborara nos jornais de parede com várias ilus­trações, inclusive retratando elementos da sua Guiné natal, mas isso era apenas uma gota de água do imenso oceano que era urgente vazar. »»

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LUZ DO ORIENTE
(4 e 5)
Jorge Magalhães (argumento), Augusto Trigo (ilustrações)



(continua...)

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domingo, 25 de agosto de 2013

COM O ZÉ DAS PAPAS (de Bordallo Pinheiro) 30 – FRUTA, COMIDA DE VERÃO


O "Zé das Papas", de Raphael Bordallo Pinheiro

ZÉ DAS PAPAS (30)
FRUTA, COMIDA DE VERÃO

in Gazeta das Caldas, 23 de Agosto de 2013

A fruta é sempre recomendada numa dieta equilibrada. Espe­cialistas aconselham comer três peças por dia. É insuperável fonte de vitaminas, quase não contem calorias e é um alimento natural. No verão, mais do que nunca, é essencial, pela capacidade de regular a nossa hidratação, quan­do as temperaturas sobem, nos expomos várias horas ao sol e o corpo perde muito líquido.

Além da água, a fruta é o cami­nho mais rápido para recuperá-lo pois é alimento muito rico em água. Nestes meses há espécies mais indicadas do que outras, seja pelas suas propriedades, seja por ser a melhor época do ano para comê-las. Entre elas estão, o melão e a melancia, dois "clássicos'' das malas térmicas para a praia e que saciam a sede e o apetite.


O melão é rico em vitaminas e minerais (potássio, magnésio, cálcio, ferro) e tem uma longa lista de propriedades e bene­fícios. É excelente sobremesa, com presunto pode constituir óptima entrada ou ser a base de inesquecível sopa de verão. O melão casca de carvalho, de Amares, na região do Minho, talvez o melhor do mundo, é uma variedade tardia de grande porte, de polpa verde amarelada, pele reticulada, perfumado e doce apimentado.

A melancia, por seu lado, tem 93% de água e pouquíssimas calorias. É saborosa, doce, muito sumarenta e refrescante, e por isso, pode-se comê-la como prato principal, integrante de ensaiada ou como sobremesa.

Nos meus primeiros anos, vivi em Faro. No verão, o calor era muito. Lembro-me de ver melancia à venda, na rua, em talhadas, para combater a sede. Os italianos ainda mantêm tal prática.

Diz o povo que depois do me­lão, de vinho, um tostão (onde vai ele...). Ao contrário, depois da melancia nada de vinho, pois encortiça! Os pêssegos chegam, agora, ao ponto óptimo de maturação. Sendo um dos 20 alimentos essenciais para uma vida sã, o pêssego é muito rico em carotenos, e alguns espe­cialistas recomendam-nos nas dietas de emagrecimento pois o seu conteúdo de água chega aos 86%. Com poucas calorias é, também, muito rico em hidratos de carbono.


Os kiwis, os primeiros figos e os ananases são outras das frutas elegíveis, no Verão. Re­cordo, uma vez mais, Oleboma - o celebrado autor da "Culinária Portuguesa": "Para o português, ..., qualquer refeição, das principais, ... deve acabar por frutas, que Portugal tem das mais sa­borosas e perfumadas e de que o português é grande apreciador e consumidor. E tão apreciador é das frutas frescas como em doce, secas ou cristalizadas que se fabricam em vários pontos do pais, especialmente em Elvas (ameixas, pêssegos, alperces e figos), em Alcobaça (pêras, abó­bora), e em Setúbal e Barcelos (laranjas e tangerinas), etc, etc.


O movimento internacional Slow Food, que se ocupa das "novas/velhas" dietas alimen­tares, elegeu a laranja de Ermelo a melhor do mundo! Ermelo é freguesia de Arcos de Valdevez, situada na vertente de Monte Gião, fazendo fronteira com o Parque Nacional Peneda-Gerês. Introduzida pelos Monges de Cister por volta do século XII, tem como principais características a casca fina, a quase inexistência de sementes, o abundante sumo e o tipo de produção, próximo da agricultura biológica, sendo os produtos químicos de síntese, tipo pesticidas, inseticidas e fertilizantes, ausentes.

Mas qualquer época do ano é boa para comer uma peça de fruta.

João Reboredo
joaoreboredo@gmail.com


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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

BDpress #383: BIOGRAFIAS AOS QUADRADINHOS – HISTÓRIA DE ANNE FRANK EM BANDA DESENHADA EDITADA EM PORTUGUÊS – Pedro Cleto no Jornal de Notícias



BIOGRAFIAS AOS QUADRADINHOS
HISTÓRIA DE ANNE FRANK EM BANDA DESENHADA EDITADA EM PORTUGUÊS

Jornal de Notícias, 6 de Agosto de 2013

Pedro Cleto

Recém-chegada às livrarias nacionais, “Anne Frank: Biografia Gráfica”, uma edição da Devir, é uma obra que exemplifica um género a que a banda desenhada regressa recorrentemente: a biografia.

Se a história de Anne Frank, a pequena judia que narrou num diário a sua experiência como refugiada judia na Holanda, durante a segunda Guerra Mundial, é razoavelmente conhecida, recontá-la aos quadradinhos pode ser uma forma de a fazer chegar a leitores menos familiarizados com as atrocidades sofridas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Os seus autores, Sid Jacobson e Ernie Colón, para além do diário de Anne, basearam-se também em testemunhos de pessoas que a conheceram, para fazerem um enquadramento histórico e narrarem a história da sua família antes e depois do holocausto nazi.

Da mesma editora é também “O Zen de Steve Jobs”, que num registo mais ficcional, ilustra diversos episódios da vida do fundador da Apple entre 1970 e 2011, que mostram a sua relação com Kobun Chino Otogawa, um monge zen dissidente do budismo, e como se inspiraram mutuamente.


Acreditando nas potencialidades desta forma de expressão e na facilidade com que chega a leitores mais novos, a Fundação Nelson Mandela compilou diversos episódios da vida do antigo presidente sul-africano em “Nelson Mandela: The Authorized Comic Book”, um projecto que teve supervisão do próprio.


Temática usada em Portugal e noutros países ocidentais durante décadas para contornar as limitações que a censura impunha, a biografia aos quadradinhos continua a ter cultores como o veterano José Ruy, autor de “Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos” (Âncora), na qual provoca o encontro entre duas “versões” do biografado, o homem maduro e o jovem de 14 anos, que vão conversando e percorrendo os diversos locais onde viveu uma das figuras mais proeminentes do movimento da Renascença Portuguesa.


Já “Pessoa & Cia” (ASA), da catalã Laura Pérez Vernetti, apresenta o poeta português através de uma biografia desenhada e da reinterpretação de alguns dos seus poemas aos quadradinhos.


Menos conhecido é o fotógrafo brasileiro Maurício Hora, natural da favela do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, onde ainda hoje habita por opção, cujas dificuldades de vida inerentes ao meio são traçadas em “Morro da Favela” (Polvo) do também brasileiro André Diniz.

À venda na Livraria Pedranocharco online - AQUI

No campo do desporto, a vida de um dos maiores ciclistas de todos os tempos foi lembrada aos quadradinhos nos anos 1970 pelo jornal “A Capital”, numa BD recuperada pelo GICAV em “Um campeão chamado Joaquim Agostinho”, a propósito do centenário do seu criador, Fernando Bento (1910-2010).


Nos Estados Unidos, os quadradinhos biográficos dedicados a personalidades e celebridades das mais diversas áreas encontraram um nicho de mercado que a Bluewater Productions tem explorado a fundo. O actor Lou Ferrigno, o escritor George R.R. Martin, o basebolista Jackie Robinson ou os One Direction são alguns dos nomes que recentemente integraram um já vasto catálogo onde também se encontram biografias de Barack Obama, dos príncipes William e Kate, de Michael Jackson ou de Angelina Jolie, esta última desenhada pelo português Nuno Nobre.


Entretanto, nalgumas bancas e quiosques portugueses está neste momento disponível o segundo tomo de “La Vie de Mahomet”, uma biografia do profeta do islão.

Editada pela revista satírica “Charlie Hebdo”, conhecida pelas muitas polémicas que tem provocado e cuja sede chegou a ser alvo de um atentado bombista, desencadeou uma tempestade mediática quando foi editado o primeiro volume, mas a obra revelou-se fiel à versão histórica, fruto de um profundo trabalho de pesquisa por parte de Zineb e Charb, que entre outras bases utilizaram os textos sagrados do Corão “para ilustrar o percurso de um homem, Maomé, tal e qual é descrito nas próprias fontes islâmicas”.


Apesar disso, não escapou a tornar-se alvo de alguns extremistas e recentemente, em França, donos de quiosques foram ameaçados e mesmo agredidos por a exporem e o Facebook chegou a suspender a página da “Charlie Hebdo” por “publicação de conteúdos que violavam” as suas regras…

A finalizar, a título de curiosidade fica uma referência a três biografias intimamente ligadas ao género narrativo que as suporta: “Maurício de Sousa: biografia em quadrinhos”, assinada pelo respectivo estúdio, mas que assume alguns contornos autobiográficos, “Osamu Tezuka – Biographie”, obra póstuma sobre o criador de Astroboy, e “A Saga do Tio Patinhas”, editada em Portugal pela Edimpresa, na qual Don Rosa recriou cronologicamente o percurso do pato mais rico do mundo a partir dos muitos episódios escritos e desenhados por Carl Barks, o seu criador. 


(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 6 de Agosto de 2013)
Ver AQUI - no blogue As Leituras do Pedro

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (21) – POR UMA ASSOCIAÇÃO DE AUTORES... (3)

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI
DOCUMENTOS

PARA UMA ASSOCIAÇÃO DE AUTORES
(3)

Continuando com as notas de José Ruy (JR) à Base de Trabalho enviada por Pedro Mota (PM) para o projecto de estatutos da Associação de Autores

PM – 14) Produtos derivados.

JR - Nestes produtos derivados, como estampagem em copos, camisolas, carteiras, bolsas, emblemas, bases de mesa para pratos, etc., já faz parte do estabelecido no contrato em que estão englobados os direitos autorais.

PM – 2) Necessidades do autor relativamente à obra:

-Condições de futuro para o autor e a obra (pressupondo as questões relativas à remuneração).
-Autonomia (pressupondo a possibilidade de apresentar a obra a diferentes editores/promotores)
-Controlo (pressupondo a possibilidade de não aceitar sugestões de alterar a obra).
-Liberdade criativa (estes três pontos pressupõem um acordo de articulação com editores/promotores, assegurando também para estes a liberdade de editar/promover).

JR – Este ponto tem sido até agora articulado pelo contrato aceite pelo autor e editor, tendo por base os direitos autorais convencionados internacionalmente e aceites por Portugal desde 1927. Recentemente fiz contrato com uma editora estrangeira que curiosamente me pediu que estabelecesse a redação do mesmo, com as minhas condições, que foram aceites.

É claro que a intervenção da Associação neste casos facilitaria os jovens ou iniciados, mais do que os já implantados no meio.

PM – 3) Imagem da classe ou profissão.

JR – Este ponto acho ser fundamental. Num contrato de trabalho com dois intervenientes, não pode ser exigido unilateralmente só a um dos componentes deveres e obrigações.

O autor tem o direito de exigir, quando também cumpre com a sua parte. No estrangeiro isso é ponto assente e em Portugal tenho assistido frequentemente a essa falha.

Na minha experiência sobre o assunto, conto com episódios curiosos em que tive de disciplinar editoras com quem tenho trabalhado, mesmo integrado nos quadros da empresa. Por falta de autodisciplina assisti a situações desagradáveis com colegas, que cedendo subservientemente aos caprichos do editor se viram depois acusados por este, em que as provas finais davam razão ao editor.

Este pormenor acho com interesse para ser explanado mais tarde.

PM – 4) Interesses do autor envolvendo outros autores:

-Qualificação profissional.
-Imagem da classe ou profissão.
-Integração de novos autores.
-Relacionamento com diferentes autores encarregues de diferentes fases de produção da obra.

JR – O interesse do autor envolvendo outros autores, que é o caso do guionista-desenhador ou mais do que um desenhador, ou na especialidade do filme de animação, muito mais abrangente.

- A qualificação profissional (…) tem por base uma escala de conhecimentos adquiridos em estabelecimentos de ensino, em estúdios já profissionalizados ou por iniciativa própria. Aqui a colaboração da Associação poderá ser útil, pois ninguém nasce ensinado e quando mesmo estamos convencidos de que sabemos tudo, é o sinal evidente de que nada aprendemos nem sabemos.

-A imagem da classe ou profissão – é da responsabilidade de cada um com o sentido do parceiro, num aspeto coletivo para a criação da imagem boa ou má. A Associação poderá aqui funcionar como elemento catalisador para mentalizar as pessoas para uma atuação sempre a contar com o próximo, respeitando-o e respeitando-se.

-Integrar novos autores- é o que me leva a colaborar neste projeto. É claro que não basta incentivar a criação de novos nestas artes. É imperioso criar condições para que esses tenham um lugar para publicar. A Associação poderá controlar os temas a abordar (fazer o que não está ainda feito), criar condições para tal.

-Acho essencial esta alínea. Cada autor por mais isolado que faça o seu trabalho, não é uma ilha; precisa saber como se vai processar o seu original nas fases seguintes, durante todo o percurso da produção, tendo sempre em conta facilitar o operador seguinte.

Se tiver essa preocupação, o resultado final será melhor conseguido e o público será contemplado por isso e a «imagem» do autor sairá beneficiada.

Naturalmente que há aqui pontos que são comuns às várias especialidades a serem integradas na Associação.

No ponto 1) creio referir-se à edição através da Internet, mas esta modalidade ultrapassa-me no conhecimento (só dois anos depois destes escritos aderi ao computador). Não sei como salvaguardar direitos de autor nessa «autoestrada». Afigura-se-me ser o mesmo que querer cobrar direitos de uma imagem exposta nos lugares públicos, por cada pessoa que passa e olha. Mas esta ideia é fruto da minha ignorância.

José Ruy
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PROPOSTA DE ESTATUTOS

  

  
  
  
  
  
  

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