quinta-feira, 20 de junho de 2019

MAR DE ARAL Cinco histórias de José Carlos Fernandes ilustradas por Roberto Gomes


MAR DE ARAL 
Cinco histórias de José Carlos Fernandes 
ilustradas por Roberto Gomes

MAR DE ARAL
Texto de José Carlos Fernandes
Ilustrações de Roberto Gomes

Nº de Páginas: 70
Edição G.Floy Studio e Comic Heart – Abril 2019
Publisher: Christine Meyer
Editores: Bruno Caetano e José Hartvig de Freitas
Design: Hugo Jesus
Apoio da Câmara Municipal de Loulé 

Textos de José Carlos Fernandes:

José Carlos Fernandes (1891-1938) começou por interessar-se por Química e Biologia, e chegou a leccionar Fisiologia Vegetal na Universidade de Lisboa. Porém, a sua pacata vida de académico sofreu um terramoto quando, em 1915, leu O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social, de Bakunin. Dai à descoberta de Proudhon e Marx foi um passo. Mas foram os escritos de Lenin que o levaram a aderir apaixonadamente ao ideal de uma sociedade sem classes.

A Revolução de Outubro de 1917 suscitou nele tal excitação, que, mal as noticias lhe chegaram, rumou a Petrogrado sem dar explicações nem à família nem aos amigos nem ao chefe de departamento. Da sua actuação durante os turbulentos anos pós-revolução pouco se sabe, até porque terá adoptado diferentes nomes. Consta que terá desempenhado diversas funções no Comissariado da Agricultura.

Os investigadores são unânimes em reconhecê-lo no químico Osip Ernantzev, que, em 1924, quando do falecimento de Lenin, propôs um processo de embalsamento inovador para o Arquitecto do Estado Soviético. O resultado foi tão desastroso que o cadáver de Lenin se corrompeu irremediavelmente no espaço de horas, de forma que a múmia exibida durante décadas como sendo a do líder bolchevique resulta do embalsamamento de um infeliz duplo – o que é um dos segredos mais bem guardados do comunismo.

Surpreendentemente, esta intervenção desastrosa não foi punida com a morte e Ernantzev foi apenas desterrado para a República Autónoma do Karakalquistão (hoje parte do Uzbequistão), onde lhe foi atribuída a função de assistente de laboratório numa decrépita estação de hidrobiologia nas margens do Mar de Aral, a norte de Oqqal'a. Com a morte do director (e único técnico) da estação, Ernantzev ficou entregue a si mesmo e terá prosseguido investigações por conta própria.

A estação só seria visitada por um enviado do Instituto Soviético de Hidrobiologia em 1941. Na secretária de Ernantzev foram encontrados documentos e notas sobre embalsamamento, regeneração de tecidos, evolução das espécies e ictiologia; inesperadamente, surgiram misturados com os escritos cientificas, alguns contos em registo fantástico, boa parte deles incompletos ou truncados. Esta é a primeira vez que são publicados.

Nunca se saberá o que buscava Ernantzev, pois foi linchado em 1938 por uma turba de pescadores que atribuía às suas experiências o aparecimento de peixes monstruosamente deformados.

Roberto Gomes é um peixe bípede do Mar de Aral. Os peixes do Mar de Aral vivem entre nós, e se uns denunciam claramente a sua origem aquática – como é o caso de Michael Phelps – outros conseguem passar por humanos durante toda a vida. Na verdade, é frequente que estes peixes tenham notória inclinação para o desenho – tais qualidades poderiam ter passado despercebidas, se não fosse um importador japonês de peixe do Mar de Aral. O importador deixou de vender os peixes aos restaurantes e passou a fornecer os estúdios de manga e anime. Roberto escapou por pouco a ser transformado em sushi, e tem desenhado anonimamente cenários em várias séries de manga de grande sucesso. Este é o seu primeiro trabalho em nome próprio.

INCLUI AS HISTÓRIAS
Mar de Aral
Um boi sobre o telhado
Roupas de defunto
A inauguração do canal do Panamá
A arte esquecida de nadar rio acima


Texto da contracapa:

ABRINDO A CAIXA NEGRA

O voo 713 para Belize nunca chegou ao seu destino. O aparelho foi encontrado dois dias depois, nas
profundezas da selva do Yucatán, perto de Uxmal, não muito danificado. Mas da tripulação e passageiros, nem rasto. Quando os peritos aeronáuticos analisaram as caixas negras do aparelho, ficaram perplexos: em vez do registo das conversações entre o avião e os controladores aéreos, as fitas continham apenas histórias insólitas e aparentemente sem nexo, narradas por uma voz arrastada e monocórdica, que não foi identificada como pertencendo a qualquer dos membros da tripulação ...









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