DESTAQUE NO “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” PARA
O PRÉMIO NACIONAL DE BD DO AMADORA BD
ZONA DE DESCONFORTO
O Diário de Notícias e o jornal “i” deram o merecido destaque ao livro da Chili com Carne – Zona de Desconforto – que ganhou o Prémio Nacional de BD deste ano no Amadora BD. Devo dizer que já era tempo da Chili (e do Marcos Farrajota) ganharem um prémio destes. Não só porque, se não me engano, é a primeira vez que uma editora underground (não mainstream portanto) ganha um prémio Nacional de BD no Festival da Amadora, como me parece que, pela primeira vez os jurados do concurso foram sensíveis a um tipo de banda desenhada que não é muito conhecida do público em geral. Isto, mesmo que haja gente por aí a reclamar, por ter sido atribuído este Prémio a um álbum colectivo – como se isso fosse pertinente para essa atribuição: um prémio para o melhor álbum, é para o objecto em si – o álbum, seja de autoria individual ou colectiva. São a estas mentalidades (um bocadinho retrógradas, diga-se de passagem) que é preciso mostrar que a BD não é uma “escrita” exclusiva dos álbuns “bem-desenhadinhos”, bem coloridos, convencionais (mainstream) e que este prémio vem a propósito, para afrontar esses gostos meio incultos, de larga maioria do público português. Sempre vendi (e não tão mal como possa parecer) os livros/álbuns da Chili enquanto tive stand no AmadoraBD – eventualmente não terei mais – tarefa essa que foi passada ao stand da Polvo este ano, onde estão os livros da Editora/Associação à venda. Estou portanto muito satisfeito com este resultado, mostrando que “àgua mole em pedra dura...” e só tenho relativa pena de não ter stand, para poder exibir no meu próprio espaço o livro premidado. Um abraço, Marcos, se bem que eu saiba que isto, para ti, é tudo muito relativo.
Fica então aqui o recorte de imprensa do texto do Diário de Notícias e amanhã o do Jornal “i”.
HISTÓRIAS AOS QUADRADINHOS DE QUEM TEVE DE EMIGRAR
Marcos Farrajota coordenou o álbum A Zona de Desconforto, histórias de dez autores portugueses de BD que saíram de Portugal, vencedor do Prémio Nacional de Banda Desenhada da Amadora. "Foi uma forma de catarse sobre este fenómeno"
Diário de Notícias, 3 de Novembro de 2014
Lina Santos
Tentar contactar Marcos Farrajota foi logo o primeiro sinal de que não seria convencional. "Não tem telemóvel", disse a assessoria de imprensa do Festival de Banda Desenhada da Amadora, onde um álbum coordenado por ele, A Zona de Desconforto, antologia (cronológica) dos trabalhos de dez autores que emigraram, venceu no sábado o Prémio Nacional de Banda Desenhada.
A importância do prémio merece-lhe um "não sei - não responde", por e-mail "Acho que os prémios da Amadora são uma confusão total, vítima da pouca e pobre produção editorial portuguesa e da própria incoerência programática do festival. Mas pelos vistos já deu nesta entrevista alguma histeria por aí. Se vendermos mais livros por causa disso, viva! Senão, a minha opinião será pior do que a de indiferença. Saberei isso para a semana quando olhar para os resultados", diz Marcos, de 41 anos, fundador do fanzine de BD Mesinha-de-Cabeceira e funcionário da Bedeteca de Lisboa.
Christina Casnellie, David Campos, Francisco Sousa Lobo, Júlia Tovar, Ondina Pires, Tiago Baptista, Daniel Lopes e José Smith Vargas são os autores que contam as suas experiências em Barcelona, Londres, Amesterdão, e outras cidades. "Comecei a ver amigos e conhecidos a desaparecer de vista porque foram trabalhar (ou será sobreviver?) para fora. Esta morte do tecido social – que não acontece só no meu círculo de amigos mas com todos nós portugueses nos últimos anos – é horrível e chocante. Esta antologia foi uma forma de catarse sobre este fenómeno", diz, sobre a ideia inicial, debatida com a direção da Chili com Carne, uma associação não lucrativa que reúne autores de BD. "Na essência são amigos e conhecidos, alguns não entraram porque não tiveram tempo para produzir BD porque andam estafados da vida que levam. Na realidade, esta antologia ficou aquém do que queria. Ficou mais burguesa que lumpen. E, como sabemos, há de tudo nestes fluxos migratórios, tanto são doutoramentos como pessoas a trabalhar no duro numa fábrica naquele nojo de país chamado Inglaterra."
O título presta-se a várias leituras. "O chavão é óbvio: zona de conforto. Sair dessa zona é desconforto, como é óbvio, e funciona como um título para um livro, por mais burguesas que tenham sido algumas saídas ou experiências para o exterior de alguns autores da antologia.
Alguns preferiram contar pequenas curiosidades mundanas, outros expuseram-se de forma bastante íntima – o que também pode ser um desconforto para quem lê...", escreve.
João Fazenda fez a capa do álbum que venceu na Amadora
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