A sua personagem favorita é Helena Wayne, filha de Batman e da Cat Woman, que saiu
da sua caneta. Joe Staton desenhou o Batman nos anos 80 e 90. Tem 66 anos e vive há
décadas no mundo dos super-heróis. Veio ao Amadora BD e fez um Batman para o DN.
ENTREVISTA COM JOE STATON NO AMADORA BD:
“A REPUTAÇAO DO BATMAN VAI CONSEGUIR RESISTIR AO EBOLA”
Diário de Notícias, 1 de novembro de 2014
Por Marina Almeida
O Batman é um herói inspirado nos morcegos. No mundo atual, em que a epidemia de ébola domina a atualidade e assusta [os morcegos são o reservatório natural do vírus], teme pela fama deste super-herói?
[risos] Certo... Temos de acreditar em todas as possibilidades da ciência nos seus caminhos mas, sim, eu acho que ele vai conseguir dar conta do recado e resistir. [risos]
Será uma inspiração para novas aventuras?
Tenho a certeza de que alguém está a pensar nisso, tentar trazer tudo para a banda desenhada (BD) de uma maneira ou de outra.
Contínua a desenhar o Batman?
Não, já não faço livros de BD. Estou a fazer tiras de Dick Tracy para os jornais há três anos.
Quando desenhou o Batman?
Nos anos 80 e 90.
E acha que ele está diferente?
Sim, ele está diferente agora mas o Batman está sempre a mudar. Há tantas versões diferentes do Batman, conseguimos sempre encontrar alguma de que gostamos. Numa ocasião fiz uma exposição dos meus desenhos e descobrimos pelo menos seis versões diferentes do Batman feitas por mim. Completamente diferentes, mas continuava a Ser o Batman.
Ainda assim é um desafio para um criativo? Tem margem para inovar?
A minha margem para o Batman foi grande. Fiz livros que eram baseados no Batman animado, muito divertido, outros sobre uma campanha para banir minas terrestres na Croácia creio [Death of Innocents, the horror of landmines; 1996], e foi dark e assustador.
O Joe criou a Helena Wayne [filha do Batman e da Catwoman]...
... sou cocriador, sim...
...como é criar uma nova personagem no mundo da BD?
É muito divertido porque geralmente encontras algum ponto da história em que podes usar uma nova personagem. Com Helena Wayne, a Caçadora, estávamos a fazer Sociedade de Justiça [Justice Society no original, grupo de heróis da editora DC] e tínhamos a Power Girl. Achámos que ela precisava de outra mulher para falar. Houve então um processo em que todos contribuíram e decidimos que a Caçadora ia ser a filha de Batman e da Catwoman.
Não há na BD muitas super-heroínas. É um mundo de homens…
A BD é um clube de rapazes. Mesmo nos criadores só recentemente chegaram as mulheres. Uma personagem da Marvel é a Capitã Marvel, cujo primeiro nome é Carol, que tem uma enorme legião de fãs. Por alguma razão, de repente ela tornou-se muito popular. A Marvel tem também a Rapariga Esquilo [Squirrel Girl] que tem todos os poderes de um esquilo.
Mas a DC Comics não...
A DC tem a Supermulher e nos Teen Titans, um grupo de teenagers, a equipa desenvolveu várias personagens femininas, como a Starfire e a Raven.
Há uma "guerra" entre as duas grandes editoras, a Marvel e a DC?
[risos] Bem, isso não me afeta agora porque não estou a trabalhar para nenhuma delas, estou com o Chicago Tribune. Mas, sim, trabalhei para ambas. É comum os criadores saltarem entre as duas e lá fora há sempre a tentação de ver qual é a série mais bem sucedida, a personagem mais popular, o filme que vende mais, Batman é sempre um dos mais populares.
Como é estar com o Dick Tracy no jornal depois de anos com os livros de super-heróis?
Acompanha a atualidade?
Sai uma tira por dia todos os dias e está sindicated em vários jornais internacionais, não sei se em Portugal... O meu guionista Mike Curtis está muitos meses à frente na história mas há coisas das notícias que acabam por entrar, fazemos ajustes nas personagens. Eu desenho várias tiras por dia, elas vão saindo e no fim há uma história... se tivermos sorte!
Os humanos influenciam os super-heróis? Está sempre à procura de novos super-heróis na rua?
Claro! Sim, tem de haver muita caricatura, muito retrato. Temos de ver como é que as pessoas agem para os super-heróis estarem relacionados com as pessoas normais. Caso contrário não há ninguém para salvar...
E os políticos?
Temos bons políticos, por vezes políticos corruptos, homens de negócios por detrás desses políticos corruptos, Bruce Wayne [alter ego de Batman] foi senador, teve o seu quê de político. O Dick Tracy tem relações com políticos e juízes.
Os super-heróis estão sempre à frente do tempo?
Os super-heróis refletem o seu tempo mas há alguns mecanismos de narrativa. O Batman e o Dick Tracy tentam sempre estar à frente do tempo, de facto. Estamos a celebrar os 75 anos do Batman e nunca sabemos o que vai sair dali.
Quando desenhava o Batman alguma vez desejou que ele tivesse superpoderes em vez de ideias e esquemas?
[risos] A atração do Batman é ele não ser superpoderoso, ele é um tipo bem treinado e focado, treinou o corpo, treinou a mente. Acho que qualquer pessoa que se concentre e esteja em boa forma física pode fazer o que o Batman faz. Não podemos aspirar a ser o Super-Homem, não podemos aspirar a ser o Homem-Aranha mas podemos aspirar a ser o Batman.
Foi também um dos desenhadores de outros heróis como o Super-Homem, do Surfista Prateado...
...sim faço isto há mais de 40 anos...
É fácil mudar de heróis no caderno?
É muito complicado porque fazemos aproximações diferentes. Fiz muitos livros de grupo, como a Sociedade de Justiça, é uma legião de super-heróis todos juntos. É divertido tentar descobrir como fazer quando eles são muito diferentes. Chamo-lhe changing brain [mudar o cérebro].
Como chegou ao mundo da BD?
Bem vistas as coisas, sempre fiz isto. Estudei mas tudo começou quando era muito pequeno e descobri o [Dick] Tracy nas tiras dos jornais. Aprendi a ler com a revista Superboy Comics. Seguia os comics e ao lê-los ainda não pensava nas pessoas que faziam os desenhos. Quando percebi isso foquei-me e comecei a trabalhar nesse sentido.
Quando nasceu o Batman, o Joe já tinha nove anos…
Tinha? Deixe- me fazer as contas. Sim, o Batman apareceu em 39, eu nasci em 1948, exato, nove anos. Claro que o Dick Tracy já andava por aí há pelo menos 20... [risos]
Cresceu com eles e agora está de volta ao início, o DickTracy. Entretanto fez o Scooby Doo...
Ele foi criado nos anos 60 por Hanna-Barbera mas cheguei ao Scooby nos anos 90 e fiz dez anos de Scobby. Também podemos sempre aspirar a ser o Scooby. Ele sabe que as coisas importantes da vida são estar com os amigos e comer snacks Scooby [risos].
E se tivesse de escolher só um?
Isso é difícil. Adoro o Tracy, adoro o Batman mas acho que se tivesse de escolher, seria Helena Wayne, a Caçadora; tenho uma ligação muito forte a ela. Sim, ela é a minha favorita
É muito divertido porque geralmente encontras algum ponto da história em que podes usar uma nova personagem. Com Helena Wayne, a Caçadora, estávamos a fazer Sociedade de Justiça [Justice Society no original, grupo de heróis da editora DC] e tínhamos a Power Girl. Achámos que ela precisava de outra mulher para falar. Houve então um processo em que todos contribuíram e decidimos que a Caçadora ia ser a filha de Batman e da Catwoman.
Não há na BD muitas super-heroínas. É um mundo de homens…
A BD é um clube de rapazes. Mesmo nos criadores só recentemente chegaram as mulheres. Uma personagem da Marvel é a Capitã Marvel, cujo primeiro nome é Carol, que tem uma enorme legião de fãs. Por alguma razão, de repente ela tornou-se muito popular. A Marvel tem também a Rapariga Esquilo [Squirrel Girl] que tem todos os poderes de um esquilo.
Mas a DC Comics não...
A DC tem a Supermulher e nos Teen Titans, um grupo de teenagers, a equipa desenvolveu várias personagens femininas, como a Starfire e a Raven.
Há uma "guerra" entre as duas grandes editoras, a Marvel e a DC?
[risos] Bem, isso não me afeta agora porque não estou a trabalhar para nenhuma delas, estou com o Chicago Tribune. Mas, sim, trabalhei para ambas. É comum os criadores saltarem entre as duas e lá fora há sempre a tentação de ver qual é a série mais bem sucedida, a personagem mais popular, o filme que vende mais, Batman é sempre um dos mais populares.
Como é estar com o Dick Tracy no jornal depois de anos com os livros de super-heróis?
Acompanha a atualidade?
Sai uma tira por dia todos os dias e está sindicated em vários jornais internacionais, não sei se em Portugal... O meu guionista Mike Curtis está muitos meses à frente na história mas há coisas das notícias que acabam por entrar, fazemos ajustes nas personagens. Eu desenho várias tiras por dia, elas vão saindo e no fim há uma história... se tivermos sorte!
Os humanos influenciam os super-heróis? Está sempre à procura de novos super-heróis na rua?
Claro! Sim, tem de haver muita caricatura, muito retrato. Temos de ver como é que as pessoas agem para os super-heróis estarem relacionados com as pessoas normais. Caso contrário não há ninguém para salvar...
E os políticos?
Temos bons políticos, por vezes políticos corruptos, homens de negócios por detrás desses políticos corruptos, Bruce Wayne [alter ego de Batman] foi senador, teve o seu quê de político. O Dick Tracy tem relações com políticos e juízes.
Os super-heróis estão sempre à frente do tempo?
Os super-heróis refletem o seu tempo mas há alguns mecanismos de narrativa. O Batman e o Dick Tracy tentam sempre estar à frente do tempo, de facto. Estamos a celebrar os 75 anos do Batman e nunca sabemos o que vai sair dali.
Quando desenhava o Batman alguma vez desejou que ele tivesse superpoderes em vez de ideias e esquemas?
[risos] A atração do Batman é ele não ser superpoderoso, ele é um tipo bem treinado e focado, treinou o corpo, treinou a mente. Acho que qualquer pessoa que se concentre e esteja em boa forma física pode fazer o que o Batman faz. Não podemos aspirar a ser o Super-Homem, não podemos aspirar a ser o Homem-Aranha mas podemos aspirar a ser o Batman.
Foi também um dos desenhadores de outros heróis como o Super-Homem, do Surfista Prateado...
...sim faço isto há mais de 40 anos...
É fácil mudar de heróis no caderno?
É muito complicado porque fazemos aproximações diferentes. Fiz muitos livros de grupo, como a Sociedade de Justiça, é uma legião de super-heróis todos juntos. É divertido tentar descobrir como fazer quando eles são muito diferentes. Chamo-lhe changing brain [mudar o cérebro].
Como chegou ao mundo da BD?
Bem vistas as coisas, sempre fiz isto. Estudei mas tudo começou quando era muito pequeno e descobri o [Dick] Tracy nas tiras dos jornais. Aprendi a ler com a revista Superboy Comics. Seguia os comics e ao lê-los ainda não pensava nas pessoas que faziam os desenhos. Quando percebi isso foquei-me e comecei a trabalhar nesse sentido.
Quando nasceu o Batman, o Joe já tinha nove anos…
Tinha? Deixe- me fazer as contas. Sim, o Batman apareceu em 39, eu nasci em 1948, exato, nove anos. Claro que o Dick Tracy já andava por aí há pelo menos 20... [risos]
Cresceu com eles e agora está de volta ao início, o DickTracy. Entretanto fez o Scooby Doo...
Ele foi criado nos anos 60 por Hanna-Barbera mas cheguei ao Scooby nos anos 90 e fiz dez anos de Scobby. Também podemos sempre aspirar a ser o Scooby. Ele sabe que as coisas importantes da vida são estar com os amigos e comer snacks Scooby [risos].
E se tivesse de escolher só um?
Isso é difícil. Adoro o Tracy, adoro o Batman mas acho que se tivesse de escolher, seria Helena Wayne, a Caçadora; tenho uma ligação muito forte a ela. Sim, ela é a minha favorita
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