quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

BDPRESS - RECORTES DE IMPRENSA #100

João Miguel Lameiras no Diário “As Beiras”, Pedro Cleto no Jornal de Notícias e Eurico de Barros no Diário de Notícias.

Com este “post” completam-se os 100 Recortes de Imprensa (BDpress). Temos J.M.Lameiras com um texto sobre o livro mais recente de Rui Lacas, lançado neste último Festival da Amadora, Pedro Cleto com textos sobre a exposição de Regina Pessoa na Mundo Fantasma e Eurico de Barros sobre a venda de originais de Tintin.

A saga da reconstrução da “tripalhada” do Kuentro original (por um leigo na matéria), prossegue sem grandes resultados práticos, daí que o blogue apresente um visual pouco característico – quem quiser ver os arquivos e o resto da coluna da direita, terá que ir para o fundo da página, por exemplo – mas enfim, vou tentando. O novo Kuentro 2, apresenta-se mais “limpo” e, se calhar, com melhor futuro.

Aqui ficam então os textos e as imagens:

Texto publicado originalmente no Diário As Beiras de 12/12/2009

João Miguel Lameiras

Num mercado como o nacional onde, face à ausência de uma indústria de Banda Desenhada em Portugal, abundam as propostas de carácter autoral, não se pode falar propriamente em Banda Desenhada alternativa. Ao ser mais a regra do que a excepção, a BD alternativa deixa por não poder ser vista como tal, pois quase não há um “mainstream” em relação ao qual se possam apresentar alternativas.

Nos últimos tempos, tem-se notado por parte de alguns autores nacionais uma preocupação em alterar esse “status quo”, produzindo histórias de acção, deliberadamente comerciais e que vão buscar inspiração ao que se vai fazendo lá fora, no mundo dos comics americanos e do mangá japonês. Lançadas no último Festival da Amadora, edições como “Bang Bang Ultimate”, de Hugo Teixeira, “BRK” de Filipe Andrade e Filipe Pina e “Asteroid Fighters”, de Rui Lacas, são um reflexo evidente desta tendência.

E é precisamente o último destes títulos, “ Asteroid Fighters”, que motiva este artigo. Trabalho com que Rui Lacas regressa à BD depois do sucesso do álbum anterior, “Obrigada, Patrão”, editado em França e premiado como Melhor Álbum Português no Festival da Amadora de 2008, “Asteroid Fighters” troca o registo neo-realista de “Obrigada, Patrão” e dos álbuns anteriores de Lacas, pela acção e aventura, na melhor tradição dos comics americanos de super-heróis, ou do mangá japonês, com a série “Akira” à cabeça, com mutantes super-poderosos, ameaças globais e vilões maléficos e misteriosos.

Passada num futuro próximo, em que o maior perigo que a humanidade, finalmente unida, enfrenta é a constante chuva de asteróides que se abate sobre a Terra, o que levou à criação de uma força especial para os destruir, os Asteroid Fighters, a história criada por Lacas remete-nos para séries televisivas como “Heroes”, ou filmes como “Armagedon”, tudo revisto pelo humor de Lacas, que transformou alguns dos seus colegas do Lisbon Studio em personagens de BD.

Primeiro de uma série prevista para seis volumes, “O Início” apresenta uma grande diferença em relação ao 1º volume de “BRK”. É que aqui acontecem montes de coisas, numa narrativa “sempre a abrir”, que consegue transmitir bastante informação de forma eficaz. A outra grande diferença é que Lacas (felizmente) não se leva tão a sério como Andrade e Pina em “BRK”.

“Asteroid Fighters” é um divertimento inconsequente, mas também não pretende ser muito mais do que isso. E a conseguida história, que revisita vários clichés do género, está muito bem contada, graças ao traço personalizado de Lacas, tão à vontade nas cenas mais espectaculares, como no tratamento das expressões faciais das personagens. E há ainda o modo peculiar (e divertido) como Lacas usa as onomatopeias, bem patente na explosão que vitima Pepito.

Parabéns à Asa, que desta vez decidiu não esperar pela edição francesa para publicar este trabalho de Rui Lacas, e nós cá ficamos à espera do 2º volume, para saber se Takeshi vai conseguir salvar a Terra e os Asteroid Fighters conseguem descobrir algo mais sobre o misterioso inimigo que os está a tentar aniquilar.

(“Asteroid Fighters: Tomo 1 – O Início”, de Rui Lacas, Edições Asa, 78 pags, 15,0 €)



PUBLICADO TAMBÉM NO BLOG “POR UM PUNHADO DE IMAGENS

Jornal de Notícias - secção Cultura de 22 de Dezembro

REGINA PESSOA: “O DOURO É O PAÍS DAS MARAVILHAS!”


F. Cleto e Pina

Autora da premiada animação História Trágica com Final Feliz, Regina Pessoa acaba de fazer uma incursão pela BD em que associa a origem do Vinho do Porto à história de Alice no país das Maravilhas.

No passado sábado, esteve na Galeria Mundo Fantasma, no Shopping Brasília, para inaugurar uma mostra (patente até 24 de Janeiro) de originais do livro “RubyDum e TawnyDee in NiePOoRTland”, que nasceu “na sequência dum convite da Niepoort”, para contar em banda desenhada “o processo do Vinho do Porto e a diferença entre os vinhos Ruby e o Tawny, que quase ninguém conhece”.
Após visitas “às caves, ao Douro e às vinhas, associei o que me contaram à Alice no País das Maravilhas, de que sou fã” e claro que “o Douro é o País das Maravilhas!” Daí resultou uma história muda, fantástica e onírica, vendida num estojo com duas garrafas com as personagens que criou, pois a companhia “em cada país convida um desenhador para ilustrar o rótulo do vinho de mesa; nos EUA, por exemplo, foi Bill Plympton”, mestre da animação.
Embora goste bastante de BD, especialmente alternativa, como Mattotti, Stefano Ricci ou Eric Lambert ou “a editada pela Frémok, a minha editora de eleição”, nunca tinha experimentado esta arte. Por isso os originais expostos surpreendem pela pequena dimensão e por as vinhetas serem todas independentes, uma vez que trabalhou “como nos filmes”.
Virada a página, está de regresso às imagens animadas com “Kali, o pequeno vampiro”, que “com os dois filmes anteriores irá formar uma trilogia dedicada à infância, aos medos, ao escuro”. Novamente uma co-produção entre Portugal, Canadá e França, deverá “estar pronta no final de 2010”.









Diário de Notícias - 26DEZ2009

O HERÓI DE BD MAIS CARO DO MUNDO



por EURICO DE BARROS

Tudo o que é raro e original e diz respeito a Tintim é disputado pelos coleccionadores, modestos ou endinheirados. Uma febre que se estende cada vez mais aos álbuns, negociados ou leiloados a preços que podem "roçar o irracional", diz um especialista .
No ano passado, o guache original da capa de Tintim na América, foi vendido em leilão em Paris, a um coleccionador, por 764 200 euros, soma recorde para um herói de banda desenhada (BD) e para um artigo relacionado com a personagem criada por Hergé. Em Março passado o desenho da capa de O Caranguejo das Tenazes de Ouro foi adjudicado por 372 mil euros. Na mesma altura, uma edição muito rara de A Estrela Misteriosa, devido ao papel de má qualidade utilizado na sua impressão, durante a II Guerra Mundial, foi por 103 mil euros.
São valores únicos por uma figura da BD, que segundo a revista especial do Le Monde dedicada a Tintim, fazem dele o herói do género "mais caro do mundo".
Se os desenhos, pranchas originais e artigos de merchandising são comerciados a preços invulgares no mundo da banda desenhada, sobretudo se forem raros, antigos e estiverem em bom estado, os álbuns podem também atingir somas ao alcance apenas das carteiras dos mais prósperos.
A cotação de mercado, sobretudo para os álbuns mais raros, varia segundo a oferta e a procura do momento, mas há factores que influem nos preços e os inflacionam.
Por esta altura, os 80 anos da publicação de Tintim no País dos Sovietes no suplemento Le Petit Vingtième do diário belga Le Vingtième Siècle, celebrados em 2009, a expectativa que rodeia a adaptação ao cinema das aventuras de Tintim em 3D por Steven Spielberg e Peter Jackson, e a onda de nostalgia na moda, vieram fazer com que os preços dos álbuns disparassem.
Falando à revista especializada Collectioneur et Chineur, o livreiro e tintinófilo Roland Buret disse que há hoje "mais coleccionadores de álbuns raros" de Tintim "do que há 10 anos", mas a clientela é mais "topo de gama, com mais meios económicos".
Uns, com menor poder de compra, frequentam livrarias e alfarrabistas, na esperança de fazerem uma descoberta a preços acessíveis. Os outros, vão quase exclusivamente aos leilões de banda desenhada e podem pagar preços que "roçam o irracional".
Por exemplo, entre 30 e 50 mil euros por um dos 500 exemplares de Tintim no País dos Sovietes oferecidos por Hergé em 1930 aos seus amigos, que o autor assinou como "Tintim" e a primeira mulher, Germaine, como "Milou". A edição original desta mesma aventura, em estado apreciável, pode atingir os 15 mil euros, revela ainda Roland Buret.
O bom estado do álbum é essencial. Mesmo que seja uma edição original, rara,ou especial por qualquer particularidade (papel usado, tipo de encadernação, dedicatórias, etc.), se tiver manchas, rasgões, escritos, falta de páginas ou outras marcas, perderá logo valor.
Há quem não olhe ao preço para conseguir o álbum de Tintim que cobiça. Recentemente, um coleccionador ofereceu a outro 145 mil euros por um exemplar em estado impecável de Tintim no País dos Sovietes, pelo qual o seu possuidor havia desembolsado 15 mil euros. E este recusou, porque o dinheiro não é tudo. E ter um álbum raríssimo de Tintim é pertencer ao clube mais exclusivo dos coleccionadores de BD.

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