sexta-feira, 26 de julho de 2019

NOVELA GRÁFICA 5 (2019) – O RASTO DE GARCÍA LORCA – com o jornal Público

NOVELA GRÁFICA 5 (2019)
com o jornal Público 
O RASTO DE GARCÍA LORCA 
Argumento de Carlos Hernàndez e El Torres 
Ilustrações de Carlos Hernàndez 

BDpress #505 - Recorte de imprensa sobre BD - no jornal Público



RECORDANDO GARCÍA LORCA

Novela gráfica
Novela Gráfica V – Vol. 4
O Rasto de Garcia Lorca
Argumento – Carlos Hernández e EI Torres
Desenhos – Carlos Hernández
Quinta-feira, 25 de Julho
Por+10,90€

Nome maior da poesia e do teatro espanhol e figura incontornável da cultura mundial, a quem a morte trágica deu uma dimensão mítica, Federico Garcia Lorca é o protagonista do quarto volume da colecção Novela Gráfica, que chega aos quiosques de todo o país no dia 25 de julho, mas que dois dias antes será objecto de uma apresentação e lançamento na Fundação José Saramago, com apresença de Pilar del Rio, uma das autoras do prefácio.

Se as biografias de escritores ou poetas são um tema bastante presente na novela gráfica espanhola contemporânea – basta pensar em Gente de Dublin, a biografia que Alfonso Zapico fez de James Joyce, publicada na colecção de 2018 – este O Rasto de García Lorca, para além de ser o primeiro, é diferente. Uma diferença que passa por traçar o retrato do poeta através da marca deixada por Garcia Lorca em todos os que com ele conviveram – desde figuras célebres como Buñuel e Dali, que não sai nada bem-visto, até personagens bem mais anónimas, como Eládio, o criado anão do Hotel em Havana, onde Lorca se hospedou – nos locais por onde passou: pessoas que partilharam a vida e a morte do poeta, em cidades como Granada, Madrid, Havana ou Nova Iorque.

O ilustrador Carlos Hernández, que tem aqui o seu primeiro trabalho de grande fôlego, aliou-se a El Torres, o premiado argumentista de O Fantasma de Gaudí, para traçar 12 momentos da vida de García Lorca. Doze peças de um puzzle que, uma vez juntas, apresentam ao leitor um retrato bastante nítido do fundador da Barraca.

Embora o nome dos dois autores apareça em pé de igualdade na capa, a verdade é que, como refere modestamente El Torres, foi Carlos "quem comandou o barco" enquanto ele, como vem na ficha técnica, se limítou a "limpar e dar brilho e esplendor" às suas ideias. Algo natural, pois Carlos Hernández é natural de Granada, como refere numa entrevista:

"Como granadino, Federico Garcia Lorca está no meu subconsciente e tem sido, desde que me lembro, o referente cultural da minha cidade, apesar das cinzas do passado e de um controverso silêncio de que a cidade ainda não se conseguiu de todo libertar. Lorca significa muito para qualquer um que tenha sensibilidade para sentir os seus passos naqueles recantos da cidade que ainda conservam o seu rasto."

Por isso, a história abre e fecha com as memórias de Alfonsito, um vizinho de Lorca, personagem inspirada no pai do próprio Carlos Hernández, que foi contemporâneo do poeta.

Dando mais uma vez a palavra a Carlos Hernández: "A premíssa inicial foi de não contar a sua vida como mais uma biografia, mas antes construir diferentes relatos biográficos com uma certa independência, de que Lorca é o protagonista elíptico, muitas vezes ausente e outras não, mas sempre reflectindo, através do olhar dos seus amigos ou conhecidos, esse magnetismo, vitalidade e carismática presença que encontramos nas descrições de todos aqueles que o conheceram em vida. Por isso, escolhemos os temas em função de diversas prioridades. Por exemplo, contar algo da sua viagem a Nova Iorque, a sua estadia em La Habana, falar de sua relação com Dali e Buñuel, a Residência de estudantes, relatar o seu dia-a-dia com a Barraca, e também mostrar a face sinistra de Granada, através do antigo soldado que se gabava de ter morto Lorca, uma história autêntica que as pessoas mais velhas da minha cidade ainda recordam."

Graficamente, Hernández, que fez um sólido trabalho de pesquisa, que dá grande veracidade à sua reconstituição de época, optou por um registo a sépia, que nos remete para as fotografias antigas, com resultados extremamente evocativos e poéticos.

Mas onde o seu trabalho brilha mais é em termos narrativos, em momentos como a (surreal, mas verídica) entrevista a Salvador Dalí, ou as memórias de Luís Buñuel, em 1928, em que as palavras dos dois são acompanhadas por imagens que remetem para o filme Un Chien Andalou, que Dalí e Buñuel realizaram.

João Miguel Lameiras




  



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