sexta-feira, 16 de julho de 2010

BDpress #144: NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 10 DE JULHO – AS LIVRARIAS ESPECIALIZADAS DE BD.

Diário de Notícias, 10 de Julho 2010

Banda desenhada

OS X-MEN E O PATO DONALD TAMBÉM MORAM EM LISBOA

Por Alexandre Elias


Em Lisboa, a BdMania, a Mongorhead e a Kingpin of Comics são alguns dos rostos de um mercado que ainda assenta nas lojas da especialidade.

Na década de 80, o escritor e autor de banda desenhada Alan Moore, uma das figuras mais importantes deste meio artístico nas últimas quatro décadas, declarou a uma revista britânica que um dos grandes trunfos dos comics (a definição marcadamente populista da BD "tradicional" norte-americana) era o facto de qualquer pessoa poder, com "meia dúzia de tostões", entrar numa livraria e sair de lá com um "pedaço legítimo de cultura".

Em Lisboa, a BdMania, a Mongorhead e a Kingpin of Comics oferecem uma ideia, complementar mas distinta nos pormenores, de como esta forma de cultura chega ao consumidor, quer falemos do leitor mais assíduo e regular ou de um outro público casual.
"A BD nunca esteve, pelo menos até muito recentemente, nos escaparates das livrarias", constata Paulo Costa, co-proprietário da BdMania, acerca da predominância das livrarias especializadas.

"Havia, sim, no final dos anos 80, uma livraria em Lisboa que vendia comics. Mas não era garantido que quem lá fosse todos os meses encontrava aquilo que queria. Tanto eu como o Pedro Silva [co-proprietário da BdMania], éramos clientes e apercebemo-nos de que uma livraria que vendesse só importações teria público", declara, a propósito do arranque da BdMania que, juntamente com a Mongorhead e a Mundo Fantasma (do Porto), é uma das primeiras lojas de importação dedicadas à banda desenhada norte-americana em Portugal.

Sendo um medium com mais de 60 anos de existência, na sua forma contemporânea, e que tem as suas raízes numa forma ancestral de arte (em Understanding Comics, de 1993, Scott McCloud cita a Tapeçaria de Bayeux, datada do séc. XV, como um exemplo primitivo de arte sequencial), a banda desenhada não se esgota nos familiares super-heróis. Figuras da cultura popular como Tarzan ou Conan, o Bárbaro têm as suas origens na BD, sendo consideradas actualmente clássicos do género.

"O Tarzan, os westerns, o Pato Donald, o The Spirit [de Will Eisner], isto está exposto na loja. São livros que têm uma procura contínua", adianta Paulo Costa, "Há é a particularidade de ser uma área em que, por razões óbvias, já não há novidades, em comparação com os periódicos, como os X-Men, que têm um público regular todos os meses".

Tiago Sério, da Mongorhead, reconhece que, principalmente quando comparado a outras formas de literatura, o consumidor de banda desenhada define-se pelo modelo de publicação que consome: "Podemos obter qualquer livro que esteja editado, em qualquer género, desde o Tio Patinhas ao Como Tratar do Jardim. Um cliente pode pedir um livro, nós tentamos saber se existe, saber os prazos para entrega (normalmente quatro ou cinco dias) e encomendá-lo", declara.

"Tentamos, dentro da própria especialização, aplicar as ferramentas que temos e ir além do óbvio, até porque a banda desenhada continua a ser vista como coisa de crianças e Portugal é um país sem hábitos de leitura. E já não falo aqui da BD em particular."

Foi a necessidade de agradar a todos os gostos que levou Mário Freitas, o proprietário da livraria Kingpin, a expandir-se para a BD japonesa. "Antes, não vendia manga, até porque não havia uma grande quantidade de traduções em inglês e o público em geral não lê japonês", explica.

"O japão é talvez o único sítio do mundo onde a BD é um mercado de grande consumo, onde as pessoas deixam os livros no metro para os outros lerem, como nós fazemos com os jornais", diz ainda Mário Freitas, enquanto sublinha a alta percentagem de leitores do sexo feminino que compram obras japonesas.

"É um espaço que os comics nunca tiveram, mas que a BD do Japão sempre soube cativar, por razões culturais", declara Mário Freitas, acerca de um segmento de vendas que considera estar "em expansão".

Desde os livros de super-heróis em continuidade até aos clássicos indiscutíveis do género, é um facto que o mercado de banda desenhada da especialidade continua, enquanto representante principal de um tipo de produção cultural, apostado em acompanhar as evoluções tecnológicas e do mercado.

Tiago Sério (Mongorhead Comics)
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Para actualizar a nossa listagem (já um bocado antiga) aqui no Kuentro, vejamos as lojas especializadas que ainda se mantêm:

Almada

Asa Negra Comics - Rua das Flores, 5B – Centro Comercial Sommer, Loja 3.07 (piso 3 loja 7)

Coimbra

Dr. Kartoon - Rua da Manutenção Militar, nº 15

Dr. Kartoon

Naraneko - C.C.Girassolum - 2º andar, loja 229

Naraneko

Faro

Ghoul Gear - Rua Dr. João Lúcio, nº 2-B

Ghoul Gear

Funchal

Sétima Dimensão - Galerias 5 de Outubro, Rua 5 de Outubro, Nº 58, Loja “P”

Leiria

Shop Suey Comics - Rua Barão de Viamonte, nº 50

Shop Suey Comics

Lisboa

BdMania - Rua das Flores, nº 7

Localização da BdMania

Casa da BD - Mercado de Santa Clara (vulgo Feira da Ladra)
Abre apenas às 3ªs e sábados, tal como a Feira da Ladra, onde se localiza.

Casa da BD

Jikai - C.C. Lumiar - Alameda das Linhas de Torres, nº 236 A - loja 71
Kingpin Books – Rua Quirino da Fonseca, 16 B

Kingpin Books (ex Kingpin of Comics)

Livraria do Duque - Calçada (escadinhas) do Duque

Mongorhead Comics - Rua da Alegria, nº 32-34

Mongorhead.Comics

Porto

Central Comics - Rua do Bonjardim, nº 594
(A Central Comics vai encerrar no dia 31 de Julho, mas reabrirá com outro nome… ler amanhã, o comunicado da CC aqui no Kuentro)
Comic Store - R. da Constituição, 707 - r/c H


Comics Store
Mundo Fantasma - Shopping Center Brasília - Rua Luís Veiga Leitão, 98-120
Mundo Fantasma

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