Damos hoje a conhecer as revistas ZONA aos distraídos, através de um texto de JMLameiras no Diário “As Beiras” e voltamos de novo a atenção para o Festival “Viñetas desde o Atlántico”, na Corunha, pescando na edição on line do diário El Mundo.
Diário As Beiras, 7 de Agosto de 2010
PROJECTO "ZONA" REGRESSA EM DOSE DUPLA
João Miguel Lameiras
Face à dificuldade das editoras em apostar em novos autores, dificuldade que a actual crise só veio agravar, cabe aos jovens autores associarem-se, de modo a dar a conhecer o seu trabalho aos potenciais leitores. Foi o que fizeram os autores reunidos em torno do projecto Zona, que acabam de lançar mais uma revista, desta vez em dois volumes. Depois de “Zona Zero”, “Zona Negra” (o menos consistente dos títulos) e “Zona Fantástica”, o projecto Zona aproveitou o último Festival de Beja para um regresso em dose dupla, com “Zona Gráfica”, uma nova revista em dois volumes (um para as histórias a preto e branco e outro para as histórias a cores), publicada com o apoio do autor (e livreiro) Hugo Teixeira.
Com capas de Manuel Alves e José Pinto Coelho, estes dois volumes recolhem trabalhos de mais de uma trintena de autores, entre colaboradores habituais e aqueles que publicam pela primeira vez na revista “Zona”. No primeiro grupo, destaque para a produtiva dupla brasileira, Bruno Bispo e Victor Freundt que assina três histórias, e para o regresso de Catacumba, o herói criado por António Valjean, para além do traço deliciosamente “fofo” de Ana Duarte Oliveira que, embora destoe bastante, tanto em termos de temática como estética, do resto da revista, é um dos meus favoritos.
Quanto aos novos autores, para além de um projecto em ante-estreia de Filipe (BRK) Andrade e de André Oliveira, que promete, impressionaram-me favoravelmente os desenhos de Ricardo Reis, André Caetano e Joana Afonso, mesmo que a maioria das histórias não passassem de meros apontamentos.
Para além de melhores argumentos, o que não é assim tão fácil de encontrar em Portugal (não é por acaso que uma das histórias ilustradas por Fil é escrita por dois americanos) falta mais coerência editorial a este projecto “Zero” que, aparentemente faz ponto de honra em aceitar todas as colaborações. Só assim se compreende que, apesar do Fantástico ser a temática dominante, caberem neste nº duplo coisas completamente diferentes, como os trabalhos de Ana Duarte Oliveira e Richard Câmara e histórias não inéditas, como “O Grande Vixésimo”, uma paródia aos X-Men feita para o concurso de BD do Festival da Amadora.
Zona Gráfica Vol I, Vários Autores, Editores – Fil e André Oliveira, 106 pags, p/b, 13,00 €
Zona Gráfica Vol II, Vários Autores, Editores – Fil e André Oliveira, 52 pags, cor, 10,00 €.
Ver o site e o blogue da ZonaBD - o blogue pode ser seguido aqui na nossa coluna da direita.
Imagens da responsabilidade do Kuentro.
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Aconselho a visita a El Mundo.es, onde na secção cultura, podem ler muito noticiário sobre BD. Aliás já ontem indiquei uma ligação a este periódico online (na página do Fecebook do BDjornal), para a notícia de morte do desenhador de Banda Desenhada catalão Fernando Fernandez.
El Mundo, 12 Agosto 2010
Colóquio no Salão “Viñetas desde o Atlántico”
ROGER E RAULE, O DUO CATALÃO QUE TEM CONSEGUIDO ÊXITO NA BD FRANCO-BELGA
Renovaram a BD policial francesa, diz-se em França! A sua personagem Jazz Maynard já vai no quarto álbum, obtendo êxito e reconhecimento, como se viu no Saló del Comic de Barcelona em 2008. Roger Ibáñez e Raule estiveram num colóquio no Festival “Viñetas desde o Atlántico” para dar a conhecer melhor a sua obra e tentar explicar a chave do seu sucesso no mercado franco-belga.Mas Roger preferiu falar sobre os problemas económicos com que se debate um autor de BD (desenhador ou argumentista) em Espanha: “No mercado espanhol, os editores não pagavam, durante os anos 90, para publicar material próprio, agora paga-se, mas quantias insuficientes para um desenhador se manter à tona da água”, assegura.
“Os autores vêem-se forçados a investir mais no guião do que na parte gráfica, já que esta requer mais investimento e por isso os desenhadores mais detalhistas no seu trabalho, deixam de ser rentáveis neste país. Daqui surge a necessidade de procurar a sorte em mercados onde são bem pagos, como o americano ou o francês”. Deve dizer-se que os primeiros passos de Roger a nível profissional, foram dados na BD pornográfica, realizando várias histórias com argumentos de Raule, para a “Penthouse Comix” e outras como autor completo.
Ao mesmo tempo Roger ia construindo o seu portfólio, que lhe daria a oportunidade para se ir introduzindo no mercado franco-belga, com o seu companheiro argumentista – aliás, um mercado que dá mais valor aos argumentistas do que o americano. “No mercado dos comics não há problema em dar-se trabalho a desenhadores de outros países, mas quanto a argumentistas, as coisas são mais difíceis, excepto aos oriundos do Reino Unido”, confessa o autor catalão.
Roger mostra-se pessimista ante a possibilidade de alguns desenhadores conseguirem publicar em Espanha: “Há estilos inviáveis para publicar aqui. Para alguns autores, esses mercados, são a única saída”, comenta.
Trajectória conjunta
Começaram a trabalhar juntos no final dos anos 90 e desde então, têm-se consolidado como parceiros, argumentista e desenhador num trabalho comum. Já em 1996 haviam começado a colaborar em exclusivo, para a revista sobre manga, “Otaku”, a partir do nº 9.
Depois da publicação, para as edições Amaníaco de “Hole’n’Virgin”, “Amores Muertos” e “Cabos Sueltos”, foi no Saló del Comic de Barcelona de 2003 que chegou a grande oportunidade.
Roger e Raule são apresentados às edições Dargaud e mostram os primeiros esboços de uma personagem chamada Jazz Maynard, que poucos anos depois se converteria numa série de sucesso, que, como já se disse, vai no quarto álbum.
Trabalhos Individuais
Caberá destacar que Roger colaborou em vários fanzines e desenhou histórias curtas para as revistas Cavall Fort e Lovexpress, entre outras. No campo da ilustração realizou trabalhos para o periódico Avui e ilustrou livros de Oscar Wilde e de Cervantes para as edições Bambu. Em breve sairá uma história sua na legendária Spirou.
No que toca a Raule, publicou “La Conjectura de Poincaré”, desenhado por Joseph Mª Martin Saurí e editada pela Diábolo em 2008. Também publicou desenhos e textos em muitos fanzines e escrito histórias para a Cavall Fort, Dos Veces Breve e Cthulhu, entre outras.
Raule e Roger
Roger, realizando o autógrafo que se mostra abaixo.
Autógrafo para os leitores de El Mundo.
O site do detective trompetista Jazz Maynard
A tradução do texto (original em castelhano) e recolha de imagens de Jazz Maynard, são da responsabilidade do Kuentro. As fotos dos autores e o autógrafo de Roger, são os que acompanham a edição do texto no El Mundo.
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