domingo, 19 de novembro de 2017

REPORTAGEM (tardia) DO 28º AMADORA BD (FIBDA) 2017


REPORTAGEM 
(tardia) 
DO 28º AMADORA BD (FIBDA) 2017 

Visitei, com alguma brevidade o 28º Amadora BD deste ano, no primeiro fim-de-semana. A brevidade deveu-se porque o FIBDA cada vez me interessa menos. Passei a preferir a autêntica festa da BD que é o Festival de Beja – apesar de não ter conseguido lá ir nos últimos dois Festivais, devido a problemas de saúde, como penso que todos os meus amigos sabem.

Iniciei o meu tirocínio no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – agora designado Amadora BD, designação que aplaudo – na 3ª edição do festival, em 1992, quando começou a ser realizado nas antigas instalações da Cometna, depois designadas Fábrica da Cultura. Estive em todos os Festivais até hoje. Foi também no Festival de 1995 que conheci o Fernando Relvas, quando, depois da montagem das exposições de ambos (ele com a Rainha Ginga, eu com o Paio Peres), começámos a ir para os “copos” numa taberna qualquer da Amadora. 

Tinha que relembrar aqui o Relvas devido ao gravíssimo estado de saúde em que se encontra (com Parkinson, penso eu, ainda sem confirmação), estando mesmo actualmente internado numa Unidade Hospitalar. Infelizmente não me foi possível visitar a exposição que lhe foi dedicada nesta edição do Amadora BD, penso que na Galeria Artur Bual.

Tive uma primeira banca de vendas na 8ª Edição do Festival, em 1997, em conjunto com Carlos Costa, das Edições Época de Ouro, banca que viria a retomar em 2005 (na terceira localização do evento, nas instalações do Metropolitano da Falagueira) quando iniciei a experiência mais persistente de ter uma banca de vendas, devido ao nascimento do BDjornal e nos anos seguintes, com o reativar da actividade da Pedranocharco Publicações, com vários livros de BD editados. Essa experiência terminou em 2013, com a edição do último número do BDjornal editado, o #30.

Stand da Pedranocharco no Festival de 1997

A experiência dessas oito presenças com bancas (2005-2013), quase por militância em todos os fins-de-semana e mesmo em alguns dias de semana, levou-me a tecer críticas à disposição física do Festival nas instalações do Fórum Luís de Camões na Brandoa. A minha opinião ficou expressa no BDjornaleco #2, de Novembro de 2011 – já agora esta publicação é um fanzine, que vai no #8, de Outubro de 2015, que versa sobre os vinte anos da morte de Hugo Pratt. E essa opinião era de que o espaço nobre de um Festival de BD não podem ser as exposições de originais, porque o mais importante na BD são os livros!!! As exposições de originais são, contudo, um importante complemento, onde se podem apreciar em tamanho natural a arte plástica dos autores-ilustradores. E é esta diversidade de olhares que é importante estruturar num festival em complemento com a venda dos livros respectivos.

Ora os stands de vendas de livros estavam nessa altura relegados para a cave (piso -1) do fórum da Brandoa, sendo o espaço nobre do piso superior (piso 0) ocupado com as exposições ditas “mais importantes”. Sempre pensei que a ordem devia ser invertida, com os livros no “piso nobre” e não o contrário. Mas só em 2015 essa minha proposta foi confirmada – penso que mais pelo senso comum do que pelos meus escritos críticos. Em 2016 a aposta confirmou-se, mantendo-se mesmo, como no ano anterior, a zona de autógrafos no centro da “praça dos livros”, o que me pareceu uma disposição excelente..

Devo dizer que este ano, no 28º Festival, aquilo a que chamei “praça dos livros”, me desiludiu completamente, devido à completa desorganização do espaço de autógrafos – fez-me lembrar uma “cacófonia”, com os autores a autografarem os livros, à mistura com zonas de convívio de visitantes e sem demarcação evidente. Isto apesar de, em planta (ver abaixo), a coisa parecer mais lógica. Contudo, em arquitectura nem tudo aquilo que se projecta e desenha, terá depois o melhor resultado na prática. E isso aconteceu este ano.

Também não compreendo mesmo, porque raio de razão o Festival da Amadora tem de mudar de visual “arquitectónico” todos os anos – para satisfazer clientelas de projectistas? Para sacar mais verbas à Câmara? Não faço ideia. A grande maioria dos Festivais Internacionais mantem a sua disposição no terreno praticamente inalterada ao fim de anos de edições.

Este ano, devo dizer, que as únicas exposições que me entusiasmaram foram mesmo a de Nuno Saraiva – Tudo isto é Fado, com um ambiente típico dos arraiais lisboetas muito bem conseguido (onde só faltava o cheiro da sardinha assada) – e Tecto de Biblioteca, de Rui Pimentel, que apesar de tudo pecou por não mostrar os desenhos do tecto em mais pormenor nas paredes - os que lá estavam eram demasiado reduzidos. O resto foi uma seca, pela dispersão de espaços, alguns interconectivos, onde não se percebia onde acabava uma exposição e começava outra. Foi uma lamentável organização espacial!!!

Mas também quero deixar claro, que as exposições de originais são um excelente modo para se perceber, não só como são executadas as obras, como também são uma leitura conveniente (e, com leitura, não estou a falar de legendas) para se apreciarem os resultados da sua reprodução em livro. Portanto, uma coisa não descura a outra, bem entendido. Sendo este tipo de exposições, o melhor que se pode fazer para levar o leitor a uma “visitação” das obras no original e depois em livro, se é que me faço entender.

Também quero referir o amadorismo (será por ser na Amadora?) dos organizadores do festival, que se viram em palpos de aranha para levantar o material dedicado à exposição O Espírito de Will Eisner, que esteve na alfândega até ao dia 2 de Novembro (salvo erro) e só pôde ser montada para o segundo fim-de-semana.

Mas aqui fica a respectiva reportagem fotográfica, não exaustiva, pelas razões que evoco acima. Recordo que em edições anteriores do FIBDA realizei centenas de fotografias de cada edição, o que não tem acontecido nos últimos Festivais... Coloco também algumas fotos cedidas pelo Álvaro para complemento do que não fotografei.

Deixo também algumas imagens do fanzine editado por Geraldes Lino, o nº11 de EROS, que o editor pretende que seja o último. Penso fazê-lo abrir uma excepção quando lhe apresentar a minha versão, (nem que seja daqui a um ano), intitulada a Dança de Salomé para Heródes – isto porque embora seja um desenhador persistente, sou também muuuuito lento!

Plantas do piso superior do Amadora BD - 2015, 2016 e 2017. Como se pode ver o espaço para autógrafos (1), foi uma "coisinha" sem qualquer relevância, em comparação com os festivais anteriores.


 Mário Marques e Carlos Moreira - do Clube Tex Portugal...




  












 José Ruy





  




Baptista Mendes e Luís Louro (de quem só se percebe a careca)

FOTOS DE ÁLVARO:



 


















































































Dada a extensão do post, o fanzine Eros fica para daqui a uns dias, sorry...

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