Mas antes do material relacionado com este evento, fiquemos com algumas fotos da exposição que o 21º Amadora BD 2010 dedicou a este autor, nascido no mesmo ano e no mesmo mês (só que no dia 26) em que se deu a implantação da República.
E TUDO FERNANDO BENTO SONHOU
Investigação e pesquisa documental: João Paulo de Paiva Boléo
Comissários: João Paulo de Paiva Boléo e Nelson Dona
Apoio de Produção: Mariana Caetano
Projecto e execução de Cenografia: Maria do Carmo Rolo e Nuno Fonseca
Atenção o efeito "zigue-zague" na foto de cima, deve-se à montagem fotográfica: na verdade a esquina que se vê ao centro, não existia...
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CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE FERNANDO BENTO NA BEDETECA DE BEJA
BAILADOS DE PAPEL
1910 - 2010
Exposição de Banda Desenhada e Ilustração De 19 de Novembro a 31 de Dezembro Galeria de Exposições Temporárias da Bedeteca de Beja (1º andar da Casa da Cultura) De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 23h00 / Sábados das 14h00 às 20h00 Quando Fernando Bento desenhou o cabeçalho de um prospecto do Coliseu dos Recreios, em 1931, não adivinhava certamente que viria a ser um dos artistas mais significativos no contexto da banda desenhada portuguesa dos anos 40 e 50. Bento nasceu em Lisboa, em 1910. Desde muito pequeno que começou a contactar de perto com a magia contagiante do espectáculo, quer se tratasse do circo, da ópera, do musical ou do teatro. O pai trabalhava com o artista Ricardo Covões, o que permitiu ao jovem Fernando Bento o acesso aos bastidores do Coliseu e aos seus segredos. Aos poucos, naturalmente, Bento foi desenhando cenários, figurinos e cartazes, chegando a atingir grande sucesso em meados da década de 30. A crítica, através do Diário de Lisboa, do Diário de Notícias e d’O Século, entre outros periódicos, teceu enormes elogios ao seu trabalho de cenógrafo e figurinista. Parecia natural que Bento seguisse este percurso… Tinha então 25 anos e o mundo à espera. E na verdade foi o mundo que encontrou, mas o mundo das histórias aos quadradinhos, como então se chamava à banda desenhada… Fernando Bento começou então a fazer banda desenhada para o jornal República, em 1938. A princípio as suas histórias não excediam algumas vinhetas, mas à medida que a linguagem dos quadradinhos se lhe tornava mais próxima foi enveredando por narrativas mais longas, dando-lhes maior consistência. Desenhou depois no Pim Pam Pum, no Diabrete, no Cavaleiro Andante e noutras publicações, deslumbrando centenas de jovens com as suas esguias figuras. O traço de Bento é estilizado, a fazer lembrar, por vezes, o desenho de figurinista. Não é de estranhar por isso que os seus desenhos atinjam uma elegância que o torna, talvez, o desenhador mais original da sua geração… Algumas das sequências que desenhou lembram verdadeiros bailados de papel. Bento, à semelhança da enorme maioria dos autores portugueses de banda desenhada, nunca criou uma personagem central para as suas histórias, como é costume entre muitos artistas do resto da Europa ou dos Estados Unidos. Preferiu perder-se pelos caminhos aventurosos do mundo seguindo a pena de Verne, Melville, Stevenson, Walter Scott ou, claro, Adolfo Simões Muller… A exposição que agora se mostra, organizada pela Câmara Municipal de Moura, pelo Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, e pelo Grupo Bedéfilo Sobredense, assinala o centenário do nascimento de Fernando Bento, deixando descobrir o percurso ímpar de um artista incontornável para a história da banda desenhada portuguesa. Sem querer deixar de contribuir para a exposição, a Bedeteca de Beja juntou-lhe várias publicações (algumas de grande raridade) onde se pode apreciar o traço do Mestre… Imagem: Sequência tempestuosa de Fernando Bento em Beau Geste, de Percival C. Wren, história publicada em 1952 no Cavaleiro Andante, e em 1982 na colecção Antologia da Banda Desenhada Portuguesa, da Editorial Futura. Câmara Municipal de Moura Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu Grupo Bedéfilo Sobredense Apoio: Câmara Municipal de Beja - Bedeteca de Beja Contactos: bedetecadebeja@yahoo.com |
Cadernos editados com as exposições realizadas em Moura, Sobreda e Viseu (não teria sido mau de todo, se os formatos tivessem sido homogeneizados)
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Caro Jorge:
ResponderEliminarEm relação aos formatos dos fanzines publicados por ocasião da exposição de Fernando Bento, tenho a dizer o seguinte:
Quanto ao Caderno de Moura, o formato escolhido foi o A4 uma vez que a colecção "Cadernos Moura BD" tem esse formato desde o primeiro número. Não seguimos a numeração normal (seria o oitavo número) e chamámos-lhe um "número especial" porque foi o primeiro número da colecção que foi editado fora do salão Moura BD.
Quanto ao fanzine da Sobreda terás que perguntar ao António Valjean as razões da escolha daquele formato.
Quanto ao fanzine de Viseu, inicialmente pensei em paginar no habitual A4 mas o Leonardo De Sá chamou-me a atenção para o facto de esta história do Agostinho ter sido desenhada propositadamente para ser publicada num jornal (com um formato bem diferente dum álbum). Percebi que, realmente, não fazia sentido estar a reduzir as pranchas para o A4 quando estas mereciam ser apreciadas num tamanho mais próximo daquele em que forma publicadas no Jornal da Volta, em 1973.
Abraço
Carlos Rico