segunda-feira, 9 de março de 2020

UMA NOVA VIDA PARA OS “VELHOS” CINCO

UMA NOVA VIDA 
PARA 
OS “VELHOS” CINCO 



Texto de Nuno Galopim

BDpress #538 – Recorte do artigo de Nuno Galopim publicado na revista do Expresso e 29/02/2020

Nasceram em 1942 entre as palavras escritas por Enid Blyton. E até 1963, ao longo de 21 volumes, os destemidos Cinco – ou seja, a Ana, a Zé, o David, o Júlio e o cão Tim – tornaram-se protagonistas de uma das séries de literatura infanto juvenil de maior sucesso de todos os tempos. De origem londrina, Enid Blyton (1897-1968) conquistou um lugar na história da literatura para um público infantil e juvenil através do impacto de narrativas que tornaram célebres figuras como Noddy ou o Clube dos Sete, estes últimos tendo por base um ‘clube’ de pequenos detetives que, estreados entre contos de 1947, ganharam vida própria em 15 volumes publicados até 1963 com claras afinidades para com um registo de aventuras que teve como paradigma os livros dos Cinco. Apesar de quase octogenários, os eternamente jovens Cinco começaram recentemente a dar passos de uma nova vida entre as páginas de livros de banda desenhada de origem francesa, numa série cujos dois primeiros volumes chegam agora a Portugal através da Oficina do Livro.

Assinados pela dupla Béja e Nataël, “Os Cinco e a Ilha do Tesouro” e “Os Cinco e a Passagem Secreta” assinalam os primeiros passos, agora numa tradução de Ana Lourenço, para uma série que, nos livros de texto originais surgiu já em mais de 90 línguas e assegurou parte significativa dos 600 milhões de títulos de Enid Blyton que chegaram às mãos de jovens leitores de todo o mundo ao longo dos anos. Os álbuns, de 32 páginas cada (em capa dura), procuram condensar, sem escapar à fidelidade da narrativa, as tramas de aventura que Enid Blyton traçou entre os anos 40 e 60, fixando ali retratos de contextos daqueles tempos. Béja, desenhador que vive em Toulouse (e que é autor de séries como “Fantic” ou “Les Griffes du Hassard”) e o seu pai, Nataël, com quem partilhou esses trabalhos, fizeram já questão de sublinhar que entre a escrita de Enid Blyton encontraram valores com que se identificaram, nomeadamente ecos de uma “luta contra o individualismo e egoísmo da sociedade”, como descreveram em palavras à NPA.

Apesar das diferenças com outras experiências mais recentes no espaço infanto juvenil – J.K. Rowling, por exemplo, levou as personagens de Harry Potter até à adolescência, ao invés dos Cinco, onde o tempo nunca parece mudar (nem as personagens) –, o sucesso desta série de Enid Blyton cruzou gerações, chegou à televisão, ao cinema e aos videojogos. Na banda desenhada, Os Cinco tiveram uma abordagem histórica através do português Fernando Bento, que publicou uma adaptação do primeiro volume da série no “Cavaleiro Andante” em 1960. Várias séries de BD começaram a surgir nos anos 70, uma delas (centrada nos episódios da adaptação televisiva pela ITV de 1978 e 1979), tendo sido distribuída entre nós. Em França, onde as aventuras dos Cinco continuaram a conhecer novas vidas em livro (com outros autores) depois da morte de Enid Blyton, fez história uma adaptação em BD que a Hachette publicou nos anos 80 com texto de Serge Rosenweig e desenhos de Berbard Dufossé e Carlo Marcello. A nova série, assinada por Nataël e Béja surgiu em 2017 sob o título original “Le Club des Cinq”, tendo já apresentado quatro álbuns. Aos dois volumes agora publicados em Portugal a série envolveu já os lançamentos de “Le Club des Cinq Contre-Attaque” e “Le Club des Cinq em Vacances”, ambos publicados em 2019.

OS CINCO E A ILHA DO TESOURO (Vol. 1)
de Enid Blyton, Nataël & Béja
Editor: Oficina do Livro
Dimensões: 125 x 190 x 21 mm
Encadernação: Capa dura
ISBN: 9789896607562
Páginas: 32
PVP: 10.90€

OS CINCO E A PASSAGEM SECRETA (Vol. 2)
de Enid Blyton, Nataël & Béja
Editor: Oficina do Livro
Dimensões: 125 x 190 x 21 mm
Encadernação: Capa dura
ISBN: 9789896607562
Páginas: 32
PVP: 10.90€





Os autores em sessão de autógrafos


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