Bruxelas, Bélgica 04/02/2011 (LUSA)
Numa galeria estrategicamente localizada ao lado da bilheteira do Centro Belga de Banda Desenhada (CBBD), é dado a conhecer aos visitantes o trabalho do desenhador português, que, “tal como os seus célebres compatriotas Vasco da Gama e (Fernão de) Magalhães”, partiu à conquista do mundo, “não por via marítima e com bússola, mas com lápis e papel”, como se pode ler no cartaz de apresentação à entrada da sala.
“As suas numerosas referências ao mundo do jazz vão ficar muito tempo gravadas na memória dos seus leitores”, é a promessa deixada no texto de apresentação, assinado pelo diretor adjunto do Centro, Willem De Graeve, que, em entrevista à Agência Lusa, não poupou elogios a José Carlos Fernandes, considerando que se trata de um autor com tudo para vingar no muito exigente mercado belga.
O responsável da organização explicou que lhe chegou, da embaixada portuguesa em Bruxelas e do Instituto Camões, a sugestão para uma exposição do trabalho de José Carlos Fernandes, numa galeria que o CBBD dedica a novas obras (sete por ano), sendo que neste caso a “novidade” foi a publicação em França, pelas edições Cambourakis, da saga “Le Plus Mauvais Groupe du Monde”, em três álbuns de dois volumes cada (enquanto em Portugal está publicada em seis volumes, pela Devir).
“Conhecia José Carlos Fernandes de nome, mas nunca tinha lido a sua obra. Quando a embaixada de Portugal nos fez a proposta, li o seu ciclo e desde logo fiquei encantado e convencido de que esta era a exposição certa para fazermos aqui”, disse.
A resposta do CBBD foi por isso “imediata”, disse. “Considerámos que José Carlos Fernandes é um grande autor, que trabalha de forma muito original. O seu ciclo “A Pior Banda do Mundo” é uma verdadeira pérola da nona arte”, afirmou De Graeve, categórico em estender a boa impressão ao público que tem passado pela galeria.
“Penso que a reação do público é muito semelhante à minha: a maior parte das pessoas não conhece, mas descobre aqui, e ficam maravilhados, encantados”, garantiu, acrescentando que também a imprensa belga se rendeu a esta “descoberta”.
O diretor adjunto do centro apontou que “alguns jornais escreveram sobre a exposição e, por exemplo, o jornal belga De Standaard deu cinco estrelas, a pontuação máxima para uma BD, o que mostra que todo o público mas também os órgãos de comunicação social são muito entusiásticos em relação a este autor”.
A banda desenhada portuguesa continua no entanto a ter pouco espaço na “montra” de Bruxelas, e esta é a primeira exposição de um autor português no CBBD, depois de uma anterior, “mais geral, com uma retrospetiva da BD portuguesa, em colaboração com o Centro de Banda Desenhada da Amadora”, indicou Willem De Graeve, que justifica a dificuldade de os autores portugueses entrarem no mercado belga com a “muita concorrência” existente.
“Não é fácil, mas tenho a certeza que José Carlos Fernandes é uma exceção, porque tem realmente uma grande qualidade e tem todas as condições para ter sucesso também aqui na Bélgica”, vaticinou.
Até ao final de fevereiro, muitos mais amantes dos quadradinhos irão ter ainda oportunidade de “descobrir” este autor português, cujas pranchas estão expostas no primeiro andar do edifício “art nouveau” concebido por Victor Horta (1906), sede do CBBD, perto de figuras tão conhecidas como Tintin e Lucky Luke.
ACC
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Do site do CBBD, recolhemos o texto abaixo:
EXPOSITION À LA GALLERY
José Carlos Fernandes
18/01/2011 – 27/02/2011
A Pior Banda do Mundo (Le plus mauvais groupe du monde)
Tout comme ses célèbres compatriotes Vasco de Gama et Magellan, le dessinateur portugais José Carlos Fernandes a entrepris de conquérir le monde.
Pas par voie maritime ni en se servant d’une boussole, mais avec un crayon et du papier. Avec sa série « A pior banda do mundo » (Le plus mauvais groupe du monde), Fernandes a réussi à faire rêver les lecteurs du monde entier. Grâce à ses clins d’œil rappelant de grands auteurs comme Borgès, Melville ou Pessoa, il fait même l’admiration des critiques littéraires. En outre, ses très nombreuses références au monde du jazz resteront longtemps gravées dans la mémoire de ses lecteurs. Pour toutes ces raisons, le CBBD est très heureux d’accueillir l’excellent José Carlos Fernandes dans sa Gallery.
Willem De Graeve, CBBD
Né en 1964 à Loulé, José Carlos Fernandes se consacre à la bande dessinée depuis 1989 et s’est définitivement imposé grâce à ce qui constitue jusqu’à aujourd’hui son chef-d’œuvre : A Pior Banda do Mundo (Le plus mauvais groupe du monde).
Dès les premières pages, le lecteur découvre la vie des habitants d’une cité dont il ignore presque tout : nul nom mentionné et une situation géographique floue. C’est une ville sans âge, jaunie par l’auteur, comme une vieille coupure de presse. Au sein de ce cadre résolument noir et urbain, évolue le plus mauvais groupe du monde, résultat d’un mélange inouï d’ineptie et d’absence totale de sens musical. José Carlos Fernandes dépeint un monde qui ressemble fort au nôtre, avec un art de la narration parfaitement maîtrisé et les histoires, indépendantes les unes des autres, racontent des destins qui se frôlent, s’entrechoquent, sans jamais vraiment se croiser.
Dans le deuxième tome, les membres du plus mauvais groupe du monde errent dans cette ville étrange, au gré de leurs minables engagements. Comme dans le tome précédent, l’auteur donne libre cours à son imagination débridée, suivant cependant un fil conducteur dans chaque partie : Les Ruines de Babel met l’accent sur les questions liées au langage et à la littérature et La Grande Encyclopédie des connaissances obsolètes, sur le caractère poétique de l’imaginaire lié aux sciences.
Un univers d’une drôlerie douce amère, qui s’enrichit à chaque volume de surprenantes fantaisie.
Les éditions Cambourakis
En collaboration avec l'Ambassade du Portugal en Belgique et avec le soutien de l'Instituto Camões, la Banque BCP et les éditions Cambourakis
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AMANHÃ: PROGRAMAÇÃO DE FEVEREIRO DA BEDETECA DE BEJA
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