domingo, 19 de setembro de 2010

BDpress #178: HQ BRASIL – EPIC CON REALIZOU-SE ESTE FIM-DE-SEMANA EM BRASÍLIA + PEQUENA ENTREVISTA COM MIKE DEODATO JR.

Tal como ficou ontem prometido, aqui fica o texto de apresentação da Epic Con Brasilia, que se realizou este fim-de-semana.
A Bat-Girl de Mike Deodato


Correio Braziliense – Brasília, 19 Setembro 2010-09-19
Pedro Brandt

Epic Con, evento de HQs, traz convidados de renome internacional
 em quadrinhos, as HQs, mas neste fim de semana a cidade recebe a sua primeira convenção de quadrinhos. A Epic Con reunirá durante dois dias, amanhã e domingo, uma série de atividades, como palestras, oficinas e avaliação de portfólio de desenhistas, workshop de dublagem, concursos de ilustrações, quadrinhos e cosplay (este, com premiação de R$ 3 mil), arena para partidas de RPG, paintball, videogame e shows de rock. Entre os convidados estão desenhistas, dubladores, agentes de talentos, o escritor André Vianco e o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Os responsáveis pela iniciativa são os amigos e produtores Marco Aurélio Nogueira da Silva, 26 anos, Paulo Jardim, 26, e Diorggi Lenes, 22. “Queríamos fazer um evento diferente porque em Brasília só rola encontros voltados para mangás, animes e cultura pop japonesa em geral. Percebemos que havia uma demanda para eventos de quadrinhos, tanto por parte de leitores jovens quanto dos mais velhos — que não se sentem muito à vontade nos eventos japoneses, cujo público é bem mais novo”, conta Marco Aurélio.

O produtor, que começou a atuar na área de eventos de cultura pop em 1999 (quando realizou encontros de fãs de Arquivo X) diz que a principal referência para a Epic Con é a americana Comic Con, convenção anual que reúne milhares de pessoas em San Diego (EUA) e virou uma referência mundial do gênero. “Ainda não consegui ir à Comic Con, pretendo visitá-la no ano que vem. Mas em 2009 fomos a todos os eventos brasileiros de quadrinhos que pudemos para aprender e conhecer as novidades. Acho que, no formato da Epic, não tem outro no Brasil atualmente”, diz Marco. A expectativa da produção é receber cerca de 3 mil pessoas por dia.


Artistas

Na lista de desenhistas convidados estão os brasileiros Fábio Laguna, Mike Deodato Jr., Will Conrad, Cliff Richards, PC Siqueira, Érica Awano e Leonardo MLK. Este último também trabalha como agente da Glass House Graphics, empresa que faz o meio de campo entre artistas brasileiros e editoras estrangeiras. MLK é colega do americano David Campiti, também convidado da Epic.

Dos ilustradores, os mais conhecidos são Awano e Deodato. A paulista é responsável pelos desenhos de Holy Avengers, popular mangá feito no Brasil, e uma recente adaptação para quadrinhos de Alice no país das maravilhas — colorida pelo também paulista PC Siqueira, ilustrador que tem conquistado fãs por conta de seus vídeos no YouTube.

Com mais de três décadas de atuação nos quadrinhos e 20 anos trabalhando para o mercado americano, o paraibano Deodato Taumaturgo Borges Filho já foi o desenhista titular de diversos títulos da Marvel (Vingadores, Thor, Hulk, Homem-Aranha…) e DC Comics (Mulher Maravilha). Will Conrad trabalhou recentemente nas revista Wolverine origins e Black Panther.

O paulista Fábio Laguna tem levado para os quadrinhos personagens de desenhos animados como Scooby Doo, Shrek, Kung fu Panda e vários outros. O mineiro Cliff Richards já passou por Angel, Buffy — The Vampire Slayer, Birds of Prey e Vampirella.

André Vianco é autor de uma bem-sucedida série de livros com temática de vampiros. Criador do personagem Zé do Caixão, diretor de mais de 30 filmes, Mojica dispensa maiores apresentações.

Erika Awano (Holy Avenger)



ENREVISTA COM O DESENHISTA DE QUADRINHOS MIKE DEODATO JR.

Você trabalha para o mercado americano há 20 anos. O que mudou de lá pra cá para os desenhistas brasileiros que trabalham para as editoras americanas?
Acho que agora os editores confiam mais em nosso profissionalismo. Eles tiveram algumas experiências ruins nos anos 1970 com desenhistas filipinos e espanhóis e a gente terminou pagando por isso. Acredito que desenhista brasileiro é agora sinônimo não só de qualidade, mas também de profissionalismo.

O Brasil não tem ainda muita tradição de convenções de quadrinhos (apesar de algumas convenções de animes e mangás reunirem milhares de pessoas). Para você, qual a importância desse tipo de evento?
A profissão de quadrinhista, em geral, é um pouco solitária, longas horas só você e a prancheta. Então, quando surge uma oportunidade de encontrar os fãs, bem como outros autores, é sempre muito bom. Me sinto muito à vontade em convenções, é meu mundo. Comprar gibis, conversar com desenhistas, editores e fãs me faz muito bem. Elas são importante também para a divulgação de nosso trabalho.

Você tem tempo de ler quadrinhos? Quais HQs tem lido ultimamente?
Criminal, de Ed Brubaker, e Fábulas, do selo Vertigo.

O seu estilo de desenho mudou bastante ao longo da carreira. Acredita que já chegou em seu estilo definitivo?
Ainda não. Quero continuar experimentando e melhorando.

Atualmente, em quais títulos você está trabalhando? Por quanto tempo continuará neles? E para o futuro, já tem algum projeto engatilhado?
Secret Avengers. Não sei por quanto tempo, mas pelo menos por um ano e meio. Tenho vontade de voltar à Wolverine no futuro, mas vai depender da Marvel.

Por falar nisso, você tem algum projeto pessoal que gostaria de publicar? O que pode comentar sobre ele?
Estou, junto com Rodrigo Salem, preparando uma revitalização de O Flama, que é um personagem criado por meu pai — Deodato Borges —, nos anos 1960. É uma releitura moderna, um cruzamento de Rising Stars com Tropa de Elite.

Qual o conselho para quem quer viver de quadrinhos?
Nunca parar de estudar a sua arte. Tem sempre como melhorar.

Mike Deodato Jr.


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