terça-feira, 29 de março de 2011

BDpress #248: “O BUDA AZUL”, DE COSEY - NOVO ÁLBUM DA COLECÇÃO OS INCONTORNÁVEIS DA BD – COM O JORNAL PÚBLICO

Público, 26 Março 2011

Uma aventura inédita de Cosey no quinto álbum da colecção Os Incontornáveis da BD

PELAS BRANCAS MONTANHAS DA AVENTURA HUMANA

Carlos Pessoa

A beleza dos grandes espaços e o espírito de aventura. A tradição da clareza e a arte do silêncio. Talento raro para pintar as montanhas e declinar as cores. Uma história de amor "demasiado perfeita" que emana deste conto de fadas tibetano.

Foi nestes termos que a crítica de lingua francesa acolheu a publicação de O Buda Azul, a última criação do autor das aventuras de Jonathan. Tendo como fundo a ocupação chinesa do Tibete, o espírito de aventura e a demanda que animam os protagonistas das suas bandas desenhadas, o criador suíço realizou uma história excepcional, simultaneamente contemplativa e animada por um agudo sentido da acção. É um díptico em que Cosey dá total liberdade ao seu propósito de experimentação formal permanente, sem nunca esquecer os leitores das suas histórias. Falando sobre esta banda desenhada ao site francês ActuaBD, o autor disse que "desejava escrever para prazer dos leitores, tentando nunca os perder de vista": "É um pouco como uma vereda na montanha, na qual tenho o meu objectivo na mira. O caminho é íngreme e a marcha dificil. Mudo de direcção continuando a subir para alcançar o meu objectivo. Para poder eventualmente dar prazer, é preciso que eu próprio o encontre."

Tal como o seu criador, também as personagens de Cosey são animadas por desejos, aspirações e desígnios que procuram realizar com tenacidade. Não surpreende, por isso, que a obra do artista seja atravessada permanentemente por uma tensão extrema entre pólos complementares de experiência - sonho e realidade, sofrimento e prazer, voz e silêncio, sombra e luz, morte e vida, inacção e acção -, numa procura intencional da unidade última de todas as coisas e seres que toma inteligível o mundo em volta e permite a plena auto-realização.

Entre a dor causada pela perda, nos primeiros passos do périplo de Jonathan, e o júbilo do reencontro do jovem Gifford com a sua musa Lhahl, em O Buda Azul, não há diferenças essenciais. Tudo faz parte da mesma aventura travada pelo homem em todos os tempos para se subtrair ao destino que a natureza teceu para ele.


O Buda Azul (Tomo 1 e 2)
Álbum 5
Quarta-feira – 30 de Março
Por + € 7,40




Bernard Cosandey, aliás Cosey, numa exposição em Basileia.
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Imagens da responsabilidade do Kuentro
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