Ayrton Senna da Silva (São Paulo, 21 de Março de 1960 — Bolonha, 1 de Maio de 1994)
20 ANOS DA MORTE DE AYRTON SENNA
Eu já via algumas corridas de Formula 1, transmitidas na TV. Mas quando se deu o fenómeno Ayrton Senna da Silva, de quem vi uma vez uma corrida ao vivo num Grande Prémio de Portugal no Autódromo do Estoril, passei a ver todos os Grandes Prémios na televisão.
E vi o último de Ayrton Senna, a terceira corrida dessa temporada, o Grande Prémio de San Marino, no circuito italiano de Imola a 1 de maio de 1994, fazem hoje 20 anos. O piloto brasileiro morreu nessa corrida, quando o seu Williams-Renault embateu violentamente contra os muros da curva Tamburello.
Senna tinha conquistado mais uma vez a pole position, mas o fim de semana não seria tão fácil. Ele estava particularmente preocupado com dois acontecimentos. Um deles, deu-se na sexta-feira, durante a sessão de qualificação da tarde, o piloto brasileiro Rubens Barrichello, envolveu-se num grave acidente perdendo o controle do seu Jordan nº14, passou por cima de uma zebra e voou da pista, chocando violentamente contra uma barreira de pneus.
Felizmente, Barrichello saiu desse acidente com pequenas escoriações e o nariz partido, ferimento suficiente para impedi-lo de correr no domingo. Senna visitou o seu amigo no hospital – ele saltou um muro depois de ter sido impedido pelos médicos de visitar Barrichello – e ficou convencido de que as normas de segurança do circuito deveriam ser revistas.
O segundo ocorreu no sábado, durante os treinos livres, quando o austríaco Roland Ratzenberger bateu violentamente, na curva Villeneuve, num acidente que começou a formar-se na fatídica curva Tamburello, quando a asa traseira de seu carro se soltou, fazendo-o perder o controle do veículo. Levado para o Hospital Maggiore de Bolonha, Ratzenberger morreu 8 minutos depois. Essa foi a primeira morte de um piloto em pista ao fim de dez anos – desde que a FIA tinha adoptado sérias medidas de segurança –. Senna convenceu os oficiais de pista a levá-lo ao local do acidente para ver ele mesmo o que poderia ter acontecido e isso custou-lhe mais uma advertência e algum desgaste na sua atribulada relação com a FIA.
Senna passou o final da manhã reunido com outros pilotos, determinado em recriar a antiga Comissão de Segurança dos Pilotos, a fim de melhorar a segurança na F1. Como um dos pilotos mais velhos, ofereceu-se para estar à frente desses esforços.
Apesar de tudo, Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas J.J. Lehto deixou ir abaixo o seu Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem-se dele. Porém o português Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de Lehto, o que levou o safety car à pista durante cinco voltas.
Depois da morte de Senna, mal sabia eu que iria desenhá-lo...
Um ano depois de eu ter parado de desenhar Os Maias de Eça de Queiroz, devido à Asa ter canelado o projecto por ter desistido de editar BD, fui de novo contactado pela editora. Queriam regressar à BD e, diziam, queriam compensar-me por terem desistido do projecto d'Os Maias. A proposta era agora a actualização do álbum História da Formula 1, com um caderno especial sobre Ayrton Sena que tinha morrido, como descrevi acima, nesse ano (1994) em plena corrida. Nunca na vida tinha desenhado carros de que espécie fosse. Mas aceitei – ia a todas! Recolhi quilos de material – incluindo os Anuários de Formula 1 e por via disso, o editor destes Anuários – o jornalista de automobilismo Franciso Santos –, encomendou-me uma ilustração de Ayrton Sena, para um livro que ia editar sobre o piloto brasileiro. Depois de realizar essa encomenda, passei ao desenho do caderno de BD sobre Senna, montes de esboços e quatro pranchas a preto, tendo colorido a primeira – só entreguei as pranchas a preto, que foram pagas, diga-se – quando a Asa voltou a cancelar o projecto, anunciando que renunciava de vez à publicação de BD (só voltaria a editar BD já em 2002, com a Maria José Pereira aos comandos). O original da prancha a cores foi-me comprado, mais tarde, por Geraldes Lino que... não sabe onde a coisa está guardada.
O que me restou desse trabalho foi um dos originais (de dois) que fiz para a capa do livro de Francisco Santos, que acabou por ir parar à contracapa e, para mais, como o meu nome adulterado para Jorge Machado Vaz...
Aqui fica esse trabalho como singela homenagem a Ayrton Senna da Silva, por quem todos os portugueses (penso eu) nutriram um especial carinho.
Contracapa e capa do livro de Francisco Santos...
O original com que fiquei
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