QUINO, O CRIADOR DE MAFALDA, VENCE O
PRÉMIO PRÍNCIPE DAS ASTÚRIAS
2014
Público, 21/05/2014
Mafalda foi criada em 1962 para uma campanha publicitária de electrodomésticos.
Mafalda nasceu por duas vezes – a primeira a 15 de Março de 1962 para uma campanha publicitária que acabou por não sair à rua, a segunda (a oficial) dois anos depois, a 29 de Setembro de 1964, quando foi publicada a sua primeira tira no semanário Primera Plana, em Buenos Aires. Desde então, Quino, o autor, abandonou a sua mais conhecida personagem – deixou-a passados dez anos, em 1973. Já a personagem, como sabemos todos, é tenaz, e insiste em não o abandonar a ele: tornou-o esta quarta-feira vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias na categoria de Comunicação e Humanidades.
O prémio de 50 mil euros – e que teve ao lado de Quino, como finalistas, o jornalista mexicano Jacobo Zabludovsky e o filósofo Emilio Lledó – coincide com o cinquentenário da criação menina filósofa de seis anos.
Quino, de verdadeiro nome Joaquín Salvador Lavado, filho de imigrantes andaluzes, nasceu em 1932, em Mendoza, na Argentina. Descobriu o desenho com um tio, Joaquín Tejón, pintor e artista gráfico, e publicou a sua primeira tira em 1954, tinha 22 anos. Hoje, aos 81 anos, já não desenha.
Se desenhasse, no entanto, faria uma Mafalda diferente, explicou no ano passado numa entrevista citada pelo El País, que avançou a notícia do prémio. Segundo o diário espanhol, Mafalda teria hoje uma nova família – a mãe, por exemplo, que se apresenta como uma cozinheira de sopa, teria hoje um perfil diferente, acompanhando o percurso traçado pelas mulheres na sociedade. Mafalda, porém, na sua demanda por uma sociedade mais justa e digna, continuaria provavelmente a dizer exactamente as mesmas coisas. Por exemplo: “Parem o mundo, quero sair!”
A viver entre Madrid e Buenos Aires desde que adoptou nacionalidade espanhola em 1990, depois de se exilar em Milão em 1976, após o golpe militar no seu país, Quino tem um trabalho de “enorme valor educacional”, escreveu em acta o júri do prémio, sublinhando a “universalidade” de uma obra traduzida em todo o mundo e “transcendendo todos os contextos geográficos, idades e condições sociais”.
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