NONA ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA
(LXXVI – LXXVII)
O Louletano 17 Outubro 2005
BIOGRAFIA EDUARDO TEIXEIRA COELHO (3)
Por Leonardo De Sá e António Dias de Deus
Em Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal
Acrescentaremos, além das que a semana passada indicámos, ilustrações em Diabrete (1950), Cavaleiro Andante (1953), Cavaleiro Andante - Número Especial (1953), Gente Moça (1953). Com um traço fino e sinuoso, descrevendo longas figuras dinâmicas que se entrelaçam numa composição em espiral, o estilo de E.T. Coelho foi lapidarmente definido pelo mestre espanhol Emilio Freixas, nas suas Lecciones de Dibujo Artistico, quando classificou o artista português como "verdadeiro poeta de la línea".
No Cortejo Histórico, realizado em 1947 por Leitão de Barros, para comemorar o 8º centenário da tomada de Lisboa aos Mouros, participou, em grande parte, com os figurinos, as maquetas e as iluminuras alegóricas – de que praticamente só persistem os catálogos. Considerando as limitações que a imprensa portuguesa impunha à expansão da sua arte, o desenhador emigrou, a partir de finais de 1954, tendo trabalhado desde essa altura para editores espanhóis, ingleses (nomeadamente para a Playhour, da Amalgamated Press), franceses e outros. No Brasil, por intervenção de Jayme Cortez, várias das suas histórias foram reimpressas ainda nos anos 50. Em Portugal foram também editados quatro álbuns de Colecção Capuchinho Vermelho mais O Rei Triste (1955), com HQ infantis, na Fomento de Publicações. Para França (Vaillant, Pif, Éditions Aventures et Voyage e Jeunesse et Vacances) localizados no mundo viking (Ragnar, Biorn, Eric le Rouge), noutras épocas (Robin des Bois, Le Furet, Yves de Loup, Till Ulenspiegel, Cartouche, Wango) ou no mundo animal (Ayak). Alguns dos seus trabalhos para esse país foram realizados sob o pseudónimo "'Martin Sièvre". Teve como seu principal argumentista Jean Ollivier. Em O Pardal, de 1961, seria publicado entre nós o princípio de "Yves de Loup", fornecido pelo Vailiant, recebendo aqui o rótulo "Yvo, o Cavaleiro do Destino". Para o Yps alemão criou a série "Gerfried" (1977). Entre as suas produções desde os anos 1970, convém referir alguns episódios da Histoire de France en Bandes Dessinées e de La Découverte du Monde en Bandes Dessinées (esta com edição portuguesa), ou ainda o mais recente Marino, il Santo dei Titano (1996), publicado em San Marino, para além de artigos ou livros documentais sobre armaria italiana (um dos quais, com ilustrações suas, foi editado pela revista História).
Capa de Jayme Cortez
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O Louletano, 25 Outubro 2005
BIOGRAFIA EDUARDO TEIXEIRA COELHO (4)
Por Leonardo De Sá e António Dias de Deus
Em Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal
Portugal tem mantido o interesse pela sua obra, principalmente a partir dos anos setenta, com a reimpressão de trabalhos antigos no Jornal do Cuto e a tradução de histórias francesas no Mundo de Aventuras. Na década seguinte, foi sobretudo a Editorial Futura que manteve o seu trabalho em impressão, através da última reencarnação de O Mosquito (na 5ª série) e da reedição de vários trabalhos pela primeira vez postos em álbum, nomeadamente o épico O Caminho do Oriente em seis volumes (por muitos considerado o expoente máximo da banda desenhada portuguesa), assim como primeiras publicações de Decameron e de Fátima. Mais recentemente, a Vega (em edição pirata), as Edições Emecê e as Edições de Ouro renovaram o apego ao estudo da sua obra e à parcial reimpressão. Novas histórias suas também foram apresentadas no fanzine Preciosidades da BD e em Selecções BD (2a Série), a partir de 1998. O estilo de Eduardo Teixeira Coelho (que desenha com a mão esquerda), inicialmente límpido e fluente, tem evoluído gradualmente para uma forma mais estática e carregada de detalhes, que se encontra nas suas últimas obras, depois que abandonou Portugal. Do mesmo modo, passou a utilizar quase permanentemente balões, cuja presença era rara nas histórias do seu período português. O artista reside em Florença há várias décadas.
Em Itália, no ano 1973, foi galardoado no Festival de Lucca, como "o melhor desenhador estrangeiro".
Portugal atribuiu-lhe o troféu "O Mosquito Especial", em 1986, e homenageou-o com o troféu de honra no 8º Festival Internacional de BD da Amadora, em 1997, seguido por uma grande exposição retrospectiva e a monografia E. T. Coelho: a Arte e a Vida - a primeira publicada em Portugal sobre um autor de BD.
Faleceu em Florença, em 1 de Junho do presente ano. ■
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