ZÉ DAS PAPAS
(7 e 8)
DOU-LHE O ARROZ
Publicado a 28 de Setembro de 2012
Os seus grãos são utilizados, sempre cozidos, quentes ou frios, como prato salgado ou doce.
Os maiores consumidores são a China, a India, a Indonésia, o Japão e o Bangladesh; mas o arroz é, também, largamente consumido na América Latina e no Continente Africano… e, embora em menor quantidade, na Europa.
Crescendo em seco, em terrenos inundados ou irrigados, o arroz era conhecido e cultivado na China há mais de 3.000 anos, antes da nossa era.
Arrozais
O arroz espalhou-se, em seguida, pela Coreia, pelas Filipinas ( cerca de 2.000 anos A.C.) pelo Japão e pela Indonésia (antes de 1.000 A.C.). Mais tarde os Persas levaram-no para a Mesopotâmia e Turquistão. Alexandre “o Grande”, que invadiu a India em 320 A.C., levou-o para Grécia.
Os viajantes árabes ajudaram na expansão do arroz pelo Egipto, por Marrocos, por Espanha onde ocupa hoje posição importante.
Portugueses e Holandeses introduziram o arroz na África ocidental a partir do se. XV e, depois, na América no fim do sec. XVII.
Ainda antes de Cristo (cerca de 1500) cultivou-se no oeste africano,do Senegal aos rios da Nigéria, uma espécie de arroz (oryza glaberrina) mas perdeu importância com o aparecimento da variante asiática.
Normalmente distinguem-se dois tipos de arroz: o indica, de grãos longos que se separam facilmente, e o japonica, de grãos redondos que quando cozidos mais fácilmente empapam.
Distingue-se o arroz em função dos tratamentos a que é submetido após a colheita e há uma enorme gama de nomes, muitos do conhecimento geral.
A título, meramente exemplificativo, refiro algumas curiosidades, a saber:
– arroz cargo, também dito castanho ou completo; tem côr beige e deve o nome ao facto de vir do Extremo Oriente para a Europa em navios de carga;
Na cozinha tradicional portuguesa o rei é o carolino. Vem-lhe o nome de ser uma variedade importada dos Estados Unidos. Hoje é sinónimo de qualidade superior.
Pexinhos da horta...
João Reboredo
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AS AMEIJOAS À BULHÃO PATO
O título destas linhas deve-se, à passagem, recente, do centenário da morte de Raimundo António Bulhão Pato, natural de Bilbau, no país Basco “espanhol”, onde nasceu a 3 de Março de 1828 e cuja morte ocorreu na Torre, freguesia de Caparica, em 24 de Agosto de 1912.
Mas não foi por não ser criador das ditas ameijoas que o poeta deixou de criar outras de igual valia.
Já referi Paul Plantier, que editou o Cozinheiro dos Cozinheiros, a quem Bulhão Pato enviou, a pedido do citado, quatro receitas que constam daquele livro: Açorda à Andaluza, Perdizes à Castelhana, Arroz opulento e Lebre à Bulhão Pato. Hoje, com a dificuldade de obter a matéria prima a execução fica … para os caçadores e priveligiados.
Não resisto a deixar, aqui, a magistral caricatura que do poeta da Paquita fez o “vosso” Rafael Bordalo Pinheiro:
“Nenhuma figura de homem reveste em Portugal mais amplamente o tipo da sua nacionalidade e da sua raça. A afirmação dum carácter, vestissem-lhe o gibão de veludo preto dos velhos holandeses e teriam um dos síndicos de Rembrandt. Pusessem-lhe uma armadura e surgiria Nun'Álvares. O seu gesto é largo, em curva, ampliado, castelhano, excessivo, como o dos tipos das comédias de Moreto; a palavra escandida, batida às vezes numa secura de matraca, outras vezes plástica, redonda, cheia, num jeito de declamação cantada onde se apercebe o exagero simpático dum herói de Cervantes. Depois da caça, a sua paixão é a cozinha, uma cozinha toda de emoções e de colorau picante, uma cozinha declamatória e grandiosa, cortada de especiarias e drogas como um colóquio de Garcia de Horta e puxando a lágrima à força de pimentão como um sermão do padre Lagosta. Todo o bom português leu um dia a Paquita ou comeu ao menos uma vez na vida lebre à Bulhão Pato”.
E deixo, também registada, a receita das ameijoas: é, a mais simples, a que prefiro e executo, mas o bom resultado depende da qualidade das “ditas”. Por isso deverá escolher as de conchas escuras, conhecidas por cristãs.
Para quatro pessoas proponho 1 kg de ameijoas, que estiveram de molho em água e bastante sal (melhor se for água do mar), para perder a areia. Ainda assim lavá-las por várias águas.
Levam-se ao lume duas colheres de sopa de azeite. Uma vez quente deitam-se dois dentes de alho que devem alourar.Em seguida junte as ameijoas e um molho de coentros picados finamente e tempere de sal e pimenta. Vá mexendo o recipiente. Quando abertas regue com o sumo de meio limão e sirva com o restante cortado em meio gomos. Bom apetite!
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