quinta-feira, 5 de junho de 2014

X FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE BEJA 2014 (4) – AS EXPOSIÇÕES (3): PEDRO LEITÃO E F. POCHET


X FESTIVAL INTERNACIONAL 
DE BD DE BEJA 2014 (4)

AS EXPOSIÇÕES (3)
FABIO POCHET e PEDRO LEITÃO 


CASA DA CULTURA | O UNIVERSO DISNEY 
DE FABIO POCHET | Itália


FABIO POCHET
Pedro Mota

Fabio Pochet, nascido em Treviglio, Itália, há 35 anos, é um caso raríssimo de alguém que chega à banda desenhada sem ser através do gosto pelo desenho. Quando se inscreveu no curso de banda desenhada da escola superior de arte aplicada de Milão, Pochet pensava ser argumentista: foi movido pelo gosto de contar histórias. Naturalmente, o desenho tinha um grande peso no curso, e Pochet começou a desenhar e a ganhar gosto pelo desenho. De tal modo que acabou por se candidatar – e ser aceite – numa formação complementar e especializada na Disney Itália. A Disney Itália é uma enorme indústria, que reflete a grandiosa popularidade dos formatinhos (e das séries da Disney em particular) naquele pais. Muito cedo a Itália deixou de se limitar à importação de material Disney norte-americano, para passar à produção. Há importantes autores italianos que deixaram marca na BD Disney desde os anos 50 do século passado. A evolução é muito curiosa, chegando a um ponto em que a Disney Itália revoluciona a BD Disney, garantindo-lhe outra dinâmica e uma identidade na planificação, composição, e até no trabalho de cor. Pela mesma altura, a Disney começa a creditar os autores responsáveis pelas histórias. Fabio Pochet beneficia de toda esta evolução, para se tornar um reconhecido ilustrador de capas (o seu primeiro grande trabalho para a Disney foram as capas de versões Disney de clássicos da literatura) e criador de histórias (destacando-se o projeto de fantasia Wizard of Mickey). Para além da Disney e da BD, Pochet tem trabalhado para os mercados dos videojogos e cardgames. Num momento em que as produções da Disney Itália voltam a estar em força nas bancas portuguesas, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja permite que os leitores possam contactar com um representativo autor, que tem experiência de formação e que se notabilizou também pelos conselhos que transmite aos jovens aspirantes a autores de BD.


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CASA DA CULTURA 
AS AVENTURAS DE ZÉ LEITÃO E MARIA CAVALINHO
de Pedro Leilão | Portugal


AS AVENTURAS DE ZÉ LEITÃO E MARIA CAVALINHO
Pedro Mota

As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho contrariam toda a tradição da atual banda desenhada portuguesa, que não se centra nas séries, nem nos heróis, nem no público infantil. Para mais, tem uma longevidade e um número de álbuns (7) que também não são muito comuns na BD nacional. A série comemora em 2014 um duplo aniversário: dez anos de publicação (regular) em álbum, e vinte anos de publicação original.

O autor Pedro Leitão nasceu em Luanda (Angola) em 1965, e assume-se, desde sempre, como um grande leitor de BD. A falta de oferta ao nível de uma formação especifica na banda desenhada levou-o para as Belas Artes.

Quando vivia nos Estados Unidos da América, começou a publicar algumas tiras num jornal escolar. Seguiu-se uma breve passagem pelos Açores, continuando a colaborar com publicações regionais. A Viagem no Carro Encarnado, a primeira aventura de Zé Leitão e Maria Cavalinho, foi realizada em 1994, entre Janeiro e Junho, como um puro divertimento pessoal e com um espírito espontâneo, sem preocupação de formato ou material. Resultou numa surpreendente história muda, com cerca de quarenta pranchas.

A partir de 1996 (e até 2000), Pedro Leitão colabora com a revista Rua Sésamo, publicando bandas desenhadas de duas pranchas. A Viagem no Carro Encarnado será publicada nessa revista, numa nova versão de dezoito pranchas, ao longo de nove meses. A história servia-lhe de apresentação do seu trabalho, num dossier que Pedro Leitão enviava a diversos editores. Foi assim que, a partir de 1997, o autor começou a sua carreira como ilustrador de livros infantis (sobretudo para a Terramar e em colaboração com Luísa Ducla Soares). Em 6 de Outubro de 2002, Pedro Leitão enviou o dossier à consideração da Gailivro, editora que se tinha afirmado nos livros escolares e nos livros infantis ilustrados. A aprovação veio dois dias depois: a Gailivro aceitava o desafio de experimentar a publicação de banda desenhada, e iria publicar As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho. Para o primeiro álbum, Pedro Leitão voltou a refazer A Viagem no Carro Encarnado, agora com uma ainda maior preocupação de eficácia na comunicação (considerando a presença do leitor). O autor participou ativamente na concepção do álbum: do tipo de letra das falas á imagem dos protagonistas na lombada, há toda uma série de opções que foram tomadas por Pedro Leitão. A partir desse primeiro álbum, a coleção cresceu, sempre com uma cor diferente a identificar cada novo título da coleção (O Leitão Azul, A Praia da Rocha Amarela, O Super Leitão Cor de Laranja, Os Artistas da Almofadinha Verde, O Regresso ao Castelo Violeta, O Capitão Barrigudo Castanho), e sempre com um evidente paralelo entre os protagonistas e o autor e o seu universo, incluindo o surfe a sua família. E falando da família de Pedro Leitão, deixem-me ser o primeiro a escrever isto: atenção ao Filipe Cavalinho Leitão da vida real, que vai dar que talar no futuro próximo da BD portuguesa.


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