Gazeta das Caldas, 20 de Junho de 2014
GAZETA DA BD (27) NA GAZETA DAS CALDAS
NOVIDADES EDITORIAIS
LANÇADAS NO FESTIVAL DE BEJA
J.Machado-Dias
7 VIDAS – DIÁRIO DE VIDAS PASSADAS, dos brasileiros André Diniz (argumento) e Antonio Eder (desenhos) – Polvo
AS SERPENTES DA ÁGUA, do mexicano Tony Sandoval – Kingpin Books
TIRAS DO BARALHO, André Oliveira (argumento) e Pedro Carvalho (desenhos) – El Pep
TERMINAL TOWER, Manuel Neto (argumento) e André Coelho (desenhos) – Chili com Carne
YESHUAH Vol. 3 – ONDE TUDO ESTÁ, dos brasileiros Laudo Ferreira Jr. (argumento e desenhos) e Omar Viñole (arte final) – Devir/Portugal
LIVING WILL #2, André Oliveira (argumento) e Joana Afonso (desenhos) – Ave Rara
OBSCURUM NOCTURNUS, Diogo Carvalho – edição de autor
HÁ PIORES #3, Geral (argumento) e Derradé (desenhos) – Polvo
SAFE PLACE, André Pereira – Kingpin Books
THE MIGTH ENLIL, Pedro Cruz – El Pep
Fanzine EFEMÉRIDE #6 (parte 2 de 4) – Vários Autores – edição de Geraldes Lino
F(R)ICÇÕES, Nuno Duarte (argumento) e João Sequeira (desenhos) – El Pep
CIDADE SUSPENSA, Penim Loureiro - Polvo
E também, já agora, A PIOR BANDA DO MUNDO #1 e #2, de José Carlos Fernandes – Devir/Portugal. Edição em capa dura da compilação dos seis livros de José Carlos Fernandes com o mesmo título genérico, editados entre 2002 e 2007. Estes dois livros não foram propriamente lançados no Festival de Beja, tendo o primeiro volume, reunindo as histórias O Quiosque da Utopia, Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante e As Ruínas de Babel, saído a 24 de Maio, mas aparecendo à venda no Festival já com o segundo volume, que reúne A Grande Enciclopédia do Conhecimento Obsoleto, O Depósito de Refugos Postais e Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal. Assim podemos ter novo acesso à obra mais premiada da BD portuguesa (completamente esgotada há vários anos), que nos oferece “uma visão de conjunto de uma cidade sem nome, uma mistura da Praga de Kafka, a Nova Iorque de Ben Katchor e a Buenos Aires de Borges, em que uma desastrada e inepta banda de músicos, de intenções vagamente jazzísticas e resultados puramente caóticos, ensaia regularmente na cave de uma alfaiataria. Os seus membros são Sebastian Zorn (saxofone tenor), Idálio Alzheimer (piano), Ignacio Kagel (contrabaixo) e Anatole Kopek (bateria). Apesar de ensaiarem há três décadas, nunca conseguiram actuar ao vivo.
As aventuras destes músicos desprovidos de talento servem ao autor de pretexto para nos introduzir num mundo repleto de personagens entregues a ocupações improváveis e preocupações inverosímeis, formando um puzzle repleto de humor e melancolia que põe em evidência a notável capacidade de José Carlos Fernandes para retratar o quotidiano.”
Como toda a gente ligada à banda desenhada saberá, José Carlos Fernandes, depois de quase vinte anos de actividade na área, tendo algumas das suas obras editadas em várias línguas, deixou de fazer BD há cerca de cinco anos, irredutivelmente desiludido com o mercado editorial português.
E, já que falamos de José Carlos Fernandes, do regresso desta sua obra ao mercado e do seu abandono da actividade, falemos do percurso inverso de Penim Loureiro, que regressou às lides da narrativa desenhada.
Assim, de todos os títulos listados acima, destaco Cidade Suspensa, de Penim Loureiro, para já (sem ter ainda lido o livro) pelo facto de o seu autor ter regressado à banda desenhada após trinta anos de ausência nesta área. Penim Loureiro nasceu em 1963, em Lisboa, tendo-se dedicado à banda desenhada durante um curto período de tempo, de 1979 a 1984. Apesar da exiguidade deste percurso, destacou-se como um mais produtivos autores portugueses, com bandas desenhadas publicadas em fanzines como o Ritmo, Ruptura ou Amargem, bem como em variados periódicos dos quais o Sete, Tintin, Jornal da BD, Boletim do CPBD e a revista espanhola Un Fanzine Llamado Camello.
Após ter concluído os estudos na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, decidiu dedicar-se exclusivamente à reabilitação arquitectónica tendo realizado várias incursões no campo da arqueologia e, mais tarde, na arquitectura paisagística. Actualmente é professor no Instituto Politécnico de Lisboa.
Diogo Campos, no texto de apresentação de Penim Loureiro, na revista “Splaf!” (o caderno/programa do Festival de Beja), refere que “o autor de A Cidade Suspensa, neste seu regresso às lides bedéfilas não tem pejo em admitir que o projecto é ‘mais um para adicionar às múltiplas obras de catarse produzidas na actualidade’, contudo existem obras de ficção que vão para além da mera masturbação artística e permitem a catarse colectiva dos leitores que se deixam imergir nesse mundo, justificando o porquê da BD ser considerada uma arte."
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