quarta-feira, 5 de junho de 2013

IX FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DE BEJA — CHORUS (1) – HERÓIS DE BANDA DESENHADA NO SÉCULO XXI — A SOLO (3) – JOÃO AMARAL


IX FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DE BEJA

CHORUS (1)
HERÓIS DE BANDA DESENHADA NO SÉCULO XXI

A SOLO (3)
JOÃO AMARAL


Depois de visitar e fotografar a exposição de Zamith, seguimos para o Castelo, pela Praça da República. Depois de uma pequena pausa para um café, numa pequena esplanada mesmo ao lado do Pelourinho, continuámos, registando aspectos interessantes daquela Praça – denominada Praça D.Manuel I antes da implantação da República –, até ao Posto de Turismo, no Castelo de Beja (antiga residência do Governador), onde está instalada a exposição colectiva Heróis de Banda Desenhada no Século XXI.

INTERMEZZO

 A Praça da República - antiga Praça D. Manuel I antes da implantação da República...

Uma bica na Praça da República...
 
 O pelourinho reerguido por ordem de D.Manuel I

Arcada manuelina...

 Planta de reconstituição da Pax Julia romana – o antigo forum romano da cidade localizava-se muito perto da actual Praça da República...

Igreja da Misericórdia

“(...) Assiste-se à reabertura de um novo espaço, a Praça D. Manuel I, para onde se deslocam os Paços do Concelho, que haviam funcionado junto à Igreja de Santa Maria e promove-se também a construção do primeiro Convento-Hospital de Nossa Senhora da Piedade ou da Misericórdia no lugar da antiga Gafaria. Este trabalho de recuperação teria continuidade com o Infante D. Luís III, Duque de Beja, que foi o patrono da construção da Igreja da Misericórdia, cuja loggia constitui um dos expoentes máximos da arquitectura do Renascimento em Portugal (...)” in História de Beja.



Este ano resolvemos incluir os textos do Splaft! respeitantes a cada exposição, para acompanhar as fotos.

Do Splaft!

HERÓIS DE BANDA DESENHADA
NO SÉCULO XXI
HERÓIS DE BD DE SEMPRE,
VISTOS POR AUTORES PORTUGUESES

Geraldes Lino

Criar uma galeria, abrangente e representativa, de heróis de BD de todos os tempos, recriados por autores portugueses, foi a ideia-base para a edição, muito provavelmente derradeira, do fanzine Efeméride, dedicado ao tema "Heróis de BD no Século XXI".

Ao começar a assentar ideias sobre a concretização do projecto, ocorreram duas hipóteses ao editor: a primeira, ser ele próprio a seleccionar uns tantos heróis que abarcassem épocas, géneros e origens geográficas diversificadas, convidando em seguida autores de BD a escolherem eles os da sua predilecção; a segunda seria a de se sujeitar à preferência pessoal de cada um dos convidados.

Acabou por ser esta a opção prevalecente. E, como sempre acontece em qualquer decisão que obrigue a descartar uma de duas hipóteses, houve dois aspectos a considerar na decisão, um positivo, outro negativo.

O positivo teve a ver com a imprevisível inclusão de heróis de papel que não estariam nas conjecturas do editor, casos flagrantes, por exemplo, de Zil Zelub, criado pelo italiano Guido Buzzelli; do Jeune Albert, do francês Yves Chaland, de Cevadilha Speed e Espião Acácio, ambos do português Fernando Relvas, e de Pitanga, Barbeiro a Domicílio, do também nosso compatriota Arlindo Fagundes.

O negativo reflectiu-se numa inevitável repetição na escolha de alguns dos mais populares, entre os quais surgem Astérix — com cinco versões —, Corto Maltese — brindado com quatro homenagens —, Blueberry e Tintin observados por três ângulos cada um deles, seguidos por Batman, Estrumpfes, Fantasma, Hellboy e Valérian, todos os deste quinteto sujeitos a duas abordagens.

Em todo o caso, o saldo final do projecto representa o plasmar de um panorama assaz abrangente do universo variado e imaginativo da figuração narrativa, com especial incidência nas componentes americana e europeia, esta última essencialmente representada pela corrente classificada de franco-belga, mas também pelas produções espanhola e italiana — Cuto e Torpedo, Tex e Zil Zelub, dois heróis de cada uma destas últimas nacionalidades citadas —, além da surpreendente intromissão da BD portuguesa, dignamente representada pelos já citados heróis de criação lusitana.

Ao nomear a importante dupla de autores nacionais, cujas personagens aparecem em versões de admiradores, mas apenas Relvas aparece ele próprio a colaborar, ocorre dizer que só não estão também presentes no nº 6 do Efeméride alguns, já participantes em edições anteriores deste fanzine, porque, embora convidados pelo editor, não puderam participar devido a sobrecarga de compromissos profissionais — casos de Alice Geirinhas, Arlindo Fagundes, António Pilar, Paulo Monteiro, Pedro Nogueira, Nazaré Álvares e Regina Pessoa —, ou por problemas de visão — José Garces —, ou por entretanto ter falecido, o talentoso e imaginativo Zé Paulo —, ou devido a inabalável e definitiva decisão de abandonar a BD — José Carlos Fernandes.

Cito ainda, "the last but not the least", Abi Feijó — realizador de filmes de animação, professor nessa área, mas também apreciador da arte sequencial, na qual é profundo admirador do banda-desenhista Franquin — esteve prestes a conseguir brincar com a sua obra preferida, as "Idées Noires", o que lhe foi impossível concretizar.


 
 
 
A torre de menagem do Castelo de Beja - com 40 metros de altura -, mandada erguer por D.Dinis é a mais alta do país e uma das mais altas da Península Ibérica...

 
A antiga Casa do Governador...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Afinal a exposição de João Amaral, no Espaço Expositivo da Rua dos Infantes (dependência do Museu Regional de Beja) abriu mais tarde e, como não a visitámos, Cristina Amaral enviou-nos gentilmente algumas fotos, as quai agradecemos encarecidamente – aqui ficam.

Do Splaft!

JOÃO AMARAL

Nuno Neves

Tudo começa em 1994. A ASA edita A Voz dos Deuses, uma adaptação em banda desenhada do romance homónimo do escritor João Aguiar. A vida do lusitano Viriato contada sob a forma de memórias de um dos seus companheiros revelava-se, para um então autor amador cujo sonho era conseguir publicar um álbum de BD, um desafio ambicioso. A riqueza da narrativa, gosto pela História antiga e o entusiasmo de João Amaral pelo seu primeiro trabalho como autor, resulta em 90 páginas desenhadas. Observa-se desde logo na planificação e composição das pranchas as regras que estarão na base do seu método de trabalho. A utilização de fotografia como fonte de documentação e a dinâmica de um desenho que por vezes não respeita os limites da vinheta.

Natural de Lisboa (1966), João Carlos Saraiva Amaral, conhecido no meio bedéfilo por João Amaral, apesar de também assinar as suas obras como Jhion ou Joca, desde de muito novo que desenvolve o gosto por desenhar e a vontade de contar histórias. Muito naturalmente o cinema é outra das suas paixões. Um curso de desenho assistido por computador e o contacto com José Pires, que conhece durante o Festival de BD na Amadora, e que assume ser um dos autores que mais o influenciou, são determinantes uma vez que se especializa no desenho e trabalho de cor em suporte digital que será a sua ferramenta de trabalho como autor.

Profissionalmente trabalha em publicidade que reparte com trabalhos de ilustração. Estes estímulos ao nível da criatividade e técnica consolidam o seu sonho de ser autor de BD. Cinco anos depois do seu primeiro trabalho, o seu percurso nesta fase reflecte muito dos seus gostos e influências. Apresenta à revista Selecções BD, a obra Quid Novi in Imperium?O Que Há de Novo no Império? que mergulha na história antiga. Serão publicados apenas dois episódios, O Fim Coroa a Obra e Dias de Cólera, em Agosto de 1999 e Junho de 2000, respectivamente. Um terceiro episódio, Acabou a apresentação, fica na gaveta devido ao fecho da revista.

Em 2001, a influência do cinema. A história O Fim da Unha publicada igualmente nas Selecções BD é uma homenagem aos westerns, um dos seus temas de eleição. Baseia-se num dos seus filmes preferidos, O Comboio Apitou Três Vezes, de 1952, que conta com a participação de Gary Cooper e Grace Kelly, mas dá-lhe uma interpretação muito pessoal, situando a acção numa aldeia portuguesa do interior e projectando um final mais a seu gosto. O trabalho de desenho e cor digital tem aqui o seu início.

A convite da Região de Turismo da Serra da Estrela e da editora Âncora, no âmbito de um projeto para ilustrar em banda desenhada a riqueza histórica dos concelhos dessa região, regressa aos álbuns. Publica História de Manteigas no Coração da Estrela, (Âncora Editora, 2004) com o qual ganha (ex-aequo) o prémio de melhor álbum do ano no Festival da Sobreda, atribuído pelo Grupo Bedéfilo Sobrédense, e retrata o património histórico da vila de Fornos de Algodres no álbum História de Fornos de Algodres, Da Memória das Pedras ao Coração dos Homens (Ancora Editora, 2008). A história de Manteigas em banda desenhada é um trabalho que lhe é particularmente gratificante uma vez que desenvolve o argumento quase em forma de guião cinematográfico, retratando a serra em todo o seu esplendor histórico, e muitas das referências utilizadas tem origem em memórias familiares de infância. No seu mais recente trabalho, publicado (com Miguel Peres), Cinzas da Revolta (ASA, 2012), onde assina como Jhion, explora uma nova temática, a Guerra Colonial portuguesa. Foge ao registo normal que tinha vindo a prosseguir, trocando o computador pelo desenho a tinta-da-china. Mas o modo como o texto e a imagem se relacionam segue ao nível da planificação a estrutura a que nos tinha habituado. O seu trabalho de cores neste álbum leva-o à condição de finalista nos Prémios Profissionais de Banda Desenhada, relativos a 2012, na categoria de Colorista do Ano.

Argumentista, desenhador e colorista e com cinco álbuns publicados, João Amaral realizou o seu sonho. Versátil e prolífico, é hoje um contador de histórias. Recebeu ao longo da sua carreira diversos prémios e reconhecimentos pelo seu contributo enquanto autor de banda desenhada. E é para conhecer a arte do João Amaral, do Jhion, do Joca, apresentada em exposição individual no IX Festival Internacional de BD de Beja que aqui fica feito o convite!
(Por opção o autor deste texto escreve-se na língua de Camões ao arrepio de quaisquer acordos ortográficos).

 
 
 
 
 

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