APRESENTAÇÃO
DA COLECÇÃO XIII NA FÁBRICA 22
COM DIREITO A UM LASER TAG
A PENSAR EM JASON FLY-STEVE ROWLAND
PÚBLICO, 5 Dezembro, 2014
Da esquerda para a direita: Carlos Pessoa, Vítor Mota (Edições ASA) e Nuno Pacheco (PÚBLICO)
O herói sem identidade pessoal nem memória começou esta semana a sua aventura com o PÚBLICO. São 11 álbuns duplos com 22 episódios, na sua maioria inéditos em Portugal
Quem esteve na segunda-feira à tarde na Fábrica 22 (em Alvalade, Lisboa) para assistir ao lançamento da nova colecção de banda desenhada do PÚBLICO, recebeu o primeiro álbum da colecção XIII, com as duas últimas aventuras da série (Regresso a Greenfalls e A Mensagem do Mártir, esta última lançada mundialmente na semana passada). Mas havia outra prenda associada e essa, sim, inesperada: um par de algemas.
É uma imagem forte para promover a colecção e faz sentido. A própria série, por seu lado, dá uma forte ajuda nesse sentido, pois tem todos os ingredientes para assegurar essa ligação duradoura. As incertezas, enigmas e mistérios em torno da identidade do herói e da sua demanda para compreender quem é e, sobretudo, o que fez no passado, dão forma ao corpo narrativo essencial dos diversos episódios. Como cada resposta a essas questões é sempre provisória e deixa a narrativa em aberto, compreende-se facilmente por que razão a série, criada em 1984 por Jean Van Hamme (argumento) e William Vanee (desenho), é um dos ícones da banda desenhada franco-belga contemporânea, batendo a cada novo álbum todos os recordes de vendas, que actualmente é da ordem das centenas de milhares de cópias.
Há um terceiro factor que joga a favor desta colecção: é a primeira vez que ela se publica na íntegra em Portugal, o que significa que mais de metade dos 22 episódios que a compõem são inéditos.
Esta iniciativa do PÚBLICO e das Edições ASA vem na linha do que as duas empresas fazem há uma década ao publicarem banda desenhada de qualidade.
Nuno Pacheco, director adjunto do PÚBLICO, evocou os êxitos passados, de Corto Maltese a Astérix, passando por Lucky Luke, Spirou, Blueberry, Blake e Mortimer, Alix, Gaston, Thorgal, Michel Vaillant e outros, que já venderam um acumulado de mais de dois milhões de álbuns. Com esta colecção, acrescentou, "é mais um passo que se dá na edição de BD em Portugal". Reafirmou o empenho do PÚBLICO em continuar a divulgar boa banda desenhada, garantindo que se quer continuar a "apostar em ideias novas", pois este é "um nicho com gente muito exigente e interessada".
Vítor Silva Mota, editor da ASA, disse estar muito orgulhoso da parceria mantida com o PÚBLICO para a edição de banda desenhada em Portugal, revelando que há novos projectos em marcha, os quais serão oportunamente revelados.
Referiu-se depois à construção desta colecção, que enfrentou inicialmente alguma reserva dos detentores dos direitos internacionais, por "desconfiarem da nossa capacidade de a produzir". A verdade é que, uma vez concretizada, eles foram os primeiros a manifestarem-se muito satisfeitos com o resultado: "Deram-nos os parabéns pelo produto final, tanto em termos estéticos como de colecção."
O jornalista e crítico de BD Carlos Pessoa [ex-colaborador do PÚBLICO] fez a apresentação da série XIII, surgida há um pouco mais de três décadas nas páginas da revista Spirou. Lembrou que o seu êxito no mercado franco-belga contrasta com a até agora pobre carreira da série em Portugal, onde foi publicada de forma muito parcial e errática. Para isso contribui em grande medida, na opinião do crítico, o grande talento de Van Hamme, uma espécie de "rei Midas" do argumento, responsável pelo sucesso de séries tão distintas como Thorgal, Largo Winch ou XIII.
Inicialmente inspirada num romance de Robert Ludlum, escritor norte-americano de thrillers de grande sucesso (o ciclo Jason Bourne, levado ao cinema, é um dos mais conhecidos), XIII descreve a longa, complexa e perigosa saga de um homem que perdeu a memória e a identidade pessoais.
Ao correr atrás da sua própria memória perdida, o herói mergulha na zona sombria e muito perigosa da história contemporânea dos Estados Unidos. Essa é, porventura, uma das chaves para a compreensão do sucesso de XIII, que Vance tão bem soube traduzir em imagens.
A escolha do espaço da Fábrica 22 para apresentar a colecção XIII não foi fruto do acaso, como se constatou no final do lançamento. Os 500 metros quadrados da área de laser tag indoor de que dispõe (um cenário real de guerra com áreas distintas de labirinto urbano e floresta) permitiram aos presentes no lançamento impregnar-se um pouco, em tempo real, da atmosfera de acção, aventura, mistério e perigo (este, aqui apenas de forma simbólica) que caracteriza as aventuras de XIII.
Com menos acção, mas com a mesma "adrenalina", os apreciadores de boa banda desenhada podem a partir de agora mergulhar no complexo e extraordinário universo de XIII, um herói sem nome, identidade e memória. São 22 aventuras em 11 álbuns duplos.
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QUARTA-FEIRA DIA 10 DE DEZEMBRO
LANÇAMENTO COM O JORNAL PÚBLICO
O Dia do Sol Negro - Para onde Val o índio...
Jean Van-Hamme (argumento) e William Vance (desenho)
Álbum 1 da colecção XIII Quarta-feira,
10 de Dezembro Por+ C 7,90
Assim começa O Dia do Sol Negro, primeiro episódio da colecção XIII (argumento de Jean Van-Hamme e desenhos de William Vance).
O mesmo álbum, que será distribuído esta semana com o PÚBLICO, inclui Para onde Vai o índio, segundo capítulo da série, assinado pelos mesmos autores. XIII vai visitar a família do capitão Steve Roland, o homem que supostamente ele terá sido, pois tem o seu aspecto físico e as suas impressões digitais. Mas o pai de Steve, um abastado proprietário agrícola, é assassinado pela mulher, que cobiça a vasta herança e não hesita em acusar o herói daquele crime.
Detido e condenado, é levado para um estabelecimento prisional de alta segurança.
Vistos à distância de três décadas - a série surgiu pela primeira vez nas páginas da revista de BD Spirou, em Junho de 1984 -, estes primeiros passos já contêm tudo o que fez de XIII um caso muito sério de popularidade e mesmo de culto.
O argumento é, desde as primeiras imagens, muito envolvente, lançando o leitor num turbilhão de peripécias e situações. Alan-XIII-Jake Shelton é, de certa forma, um anti-herói rodeado por uma nuvem de mistério; tudo convida a segui-lo no labirinto em que procura referências biográficas, memórias e pessoas que ajudem a responder à questão fulcral: quem sou eu?
William Vance conta no seu palmarés uma mão-cheia de obras de grande qualidade (de Howard Flynn a Bruno Brazil, de Ramiro a Bob Morane e Marshal Blueberry) e mostra em XIII todos os seus atributos gráficos. O desenho realista da série é muito preciso e detalhado, sem erros ou incongruências a assinalar.
Em suma, os dois episódios constituem uma excelente introdução ao universo deste thriler, que combina mistério e acção. Recomenda-se aos leitores que prendam os cintos de segurança...
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