DO PASSADO,
O FUTURO CHEGOU A PARIS
Público – Ípsilon, 11/12/2014
José Marmeleira
A exposição Revoir Paris parte do livro homónimo de Benoît Peeters e François Schuiten publicado este ano pela Casterman.
Benoît Peeters e François Schuiten continuam a expandir a sua banda desenhada muito para lá do suporte dos livros. Depois de Le Temp des Cités, realizada este ano em Bruxelas, os dois artistas inauguraram Revoir Paris na Cité de l’Architecture & du Patrimoine, em Paris. A nova exposição tem a sua origem no livro homónimo publicado este ano pela Casterman, no qual a dupla imaginou a capital francesa no ano de 2156. E como a imaginaram eles? Hierática e pouco acessível, distópica, envelhecida. É ela o palco das viagens da heroína Kârinh, que, apesar dos obstáculos, não desiste de visitar a cidade dos seus sonhos (a Torre Eiffel ainda resiste).
Revor Paris avança, assim, na direcção a um futuro que é tudo menos risonho (o planeta está a morrer), mas sem deixar de evocar o passado. Por isso, talvez, a exposição não se resume às pranchas originais e aos desenhos preparatórios de Schuiten. Inclui projectos arquitectónicos do século XIX que nunca se concretizaram, como o da muito comentada pirâmide do Louvre, da autoria de Louis Ernest (desaparecida num incêndio em 1871), ou a fonte em forma de elefante de Jean-Antoine Alavoine. E dedica uma secção às utopias de urbanistas e arquitectos, com ilustrações de Albert Robida, estudos de Paul Maymont (para a extensão de Paris) e de Guy Rotier, o guia psico-geográfico de Paris elaborado por Guy Debord, e desenhos do próprio Schuiten para Paris au XXe Siècle, de Júlio Verne. Embora centrada nas ficções da dupla de banda desenhada, Revoir Paris é uma exposição a que arquitectos, sociólogos e urbanistas não quererão faltar. Para verem como era o futuro.
Capa do livro
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