COLECÇÃO BLUEBERRY #9
PÚBLICO/ASA
OK CORRAL
BLUEBERRY SAI DA CAMA
PARA PROCURAR DORÉE
E ESCAPA À MORTE
Álbum 9
OK CORRAL
Colecção Blueberry
Quinta-feira, 23 de Janeiro
Por+7,90€
BDpress #530 Recorte do artigo publicado no Público de 18/1/2020
Texto de Carlos Pessoa
Texto de Carlos Pessoa
Clum surpreende Strawfield, Johnny Ringo e três novos assassinos contratados pelo banqueiro a falar de uma emboscada em OK Corral. Ferido, consegue fugir até Tombstone e avisar Dorée Malone. É morto por Ringo, que também rapta Dorée. Este desaparecimento faz Blueberry levantar-se da cama para investigar, acompanhado por Billy e Gertrud, uma jovem prostituta por quem este último se apaixonou. Durante as investigações, Blueberry descobre os planos de Strawfield.
O álbum termina quando o célebre tiroteio está prestes a iniciar-se em OK Corral, e Blueberry encontra sinais da cantora e de Billy. Esta é, resumidamente, a história contada em OK Corral (texto e desenho de Jean Giraud), nono álbum da colecção Blueberry, que será distribuído com o Público no dia 23.
Depois da tensão acumulada em Tombstone ao longo dos álbuns anteriores, o enredo avança, os acontecimentos precipitam-se em direcção ao momento culminante (o famoso duelo imortalizado pela literatura, pelo cinema e, agora, também pela BD), e Blueberry abandona o seu estado de aparente imobilidade e sai da cama.
Se o regresso à vida do ferido – apesar de tudo, a um ritmo bem mais lento do que os códigos do género exigiriam – relança de forma muito dinâmica a narrativa, é também verdade que alguma coisa se perderá: não ficaremos a saber mais nada do que se passou durante o primeiro encontro de Blueberry com Gerónimo. Não se pode ter tudo e ver o herói agir de novo é aquilo a que os leitores e admiradores desta série western mais poderiam aspirar. Blueberry reflecte, associa factos, decide, dispara depressa e bem, numa palavra, age.
Um aspecto particular deste episódio vale a pena ser destacado. Tudo se passa na noite que precede a madrugada do ajuste de contas em OK Corral. Jean Giraud utiliza com mestria este jogo de sombras e contra-luzes, com pormenores iluminados por uma vela ou pela luz proveniente de uma janela aberta, por exemplo. Graças a estas opções, o traço do desenhador perde riqueza nas sequências de acção, e essa simplificação tem como consequência quase não se conseguir reconhecer bem as personagens (vale, nesse processo, a continuidade da história para "ajudar" o leitor). Em contrapartida, nos momentos de suspense, o desenho é extraordinariamente bem trabalhado, com os detalhes e os grandes planos a conjugarem-se para reforçar a tensão. O efeito pretendido é simples: ler rapidamente as cenas de acção e mais devagar as outras.
Na qualidade de argumentista e desenhador, Giraud pensou e desenhou a totalidade da história. O seu modus operandi traduz-se, nomeadamente, na construção de quadradinhos iluminados pela quase ausência de cores. É isso que explica o efeito paradoxal atrás referido; por vezes, um vislumbre de um rosto, assim como um gesto ou uma situação parecem fundir-se na luz e essa ambiência, assim criada, eleva a qualidade estética da história e dá grande ênfase ao estado de espírito dos se das personagens envolvidas.
Para concluir, uma surpresa bem ao género do criador: a história termina exactamente no momento que antecede o mítico duelo que empresta o seu nome ao titulo desta aventura.
Está servido o irresistível "aperitivo" para uma melhor "degustação" do próximo episódio, que fecha com chave de ouro esta colecção Blueberry.
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