ENTREVISTA
COM JOSÉ CARLOS FRANCISCO
NO BLOGUE QUADRINHOSFERA
José Carlos Francisco, é sobejamente conhecido no mundo da banda desenhada em Portugal, não só devido a ser um dos editores e administradores do blogue Tex Willer Blog (com Mario João Marques), mas também como representante da brasileira Mythos Editora em Portugal e, já agora, colaborador assíduo (desde o #4) do BDjornal, para o qual tem conseguido alguns "furos" editoriais relacionados com a personagem Tex Willer.
Por via de tudo isto – mas especialmente por ser um ferrenho coleccionador (e especialista) da personagem Tex Willer, o cawboy criado em 1948 por Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini – também no Brasil é muito conhecido, onde é tratado por "Zéca".
Daí que o blogue Quadrinhosfera.blogspot.com.br, por intermédio de Luan Carlos Zuchi tenha feito com ele uma entrevista, já republicada no Tex Willer Bolg e que aqui republicamos de novo como recorte (BDpress).
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Entrevista conduzida por: Luan Carlos Zanatta Zuchi.
A Quadrinhosfera tem o orgulho e a honra de estrear suas entrevistas com nada mais nada menos que um dos maiores colecionadores de Tex. O amigo José Carlos Pereira Francisco (Zéca) o timoneiro do blog do Tex, um dos maiores feitos no que diz respeito à informação e ligação entre fãs e a gigantesca editora Bonelli.
Nesta entrevista falamos sobre o colecionismo em geral, o mundo dos quadrinhos e todo o universo que o cerca, um pouco do presente e do futuro desta mídia.
Pra quem ainda não conhece o Zéca e o blog do Tex fica recomendado a leitura deste belo material on-line e para aqueles que já conhecem vamos mostrar um pouco deste grande fã dos quadrinhos.
José Carlos (à direita na imagem) em sua casa na ótima
companhia do desenhista aretino Fabio Civitelli (no centro)
e o editor brasileiro de Tex, Dorival Vitor Lopes (à esquerda).
José Carlos Pereira Francisco - Chamo-me José Carlos Pereira Francisco, mais conhecido por Zeca e nasci em Lourenço Marques, a antiga designação da atual cidade de Maputo, capital de Moçambique, em África, a 13 de Dezembro de 1967, tendo vindo para Portugal, na companhia dos meus pais, em 1977. Sou casado, pai de duas lindas filhas que são o meu orgulho, a Andreia Sofia de 18 anos e a Ana Beatriz de 6 e como bom chefe de família, sou adepto e simpatizante do glorioso Benfica. Habito atualmente na região centro/norte de Portugal, relativamente próximo ao litoral, entre as cidades de Coimbra e Aveiro, mais precisamente numa localidade chamada Malaposta, pertencente ao concelho de Anadia e profissionalmente sou diretor de produção numa indústria de mobiliário metálico na região de Águeda, uma empresa jovem e dinâmica fabricante de todo o tipo de expositores metálicos para o comércio e indústria, a Expoluso, sendo também no campo editorial o representante da Mythos Editora em Portugal.
Q - Como você se tornou um colecionador?
Zéca - Ao longo dos anos a banda desenhada esteve sempre presente na minha vida, quando nasci a minha mãe era proprietária de uma livraria e ela sempre me incentivou à leitura, aliás sempre me recordo com muito carinho das histórias que a minha mãe lia diariamente para eu adormecer, foi ela que me introduziu no mundo do colecionismo já que ela comprava e guardava esses mesmos livros, tais como os álbuns da Anita (que serviram mais tarde para adormecer a minha filha mais velha e que hoje leio para adormecer a minha filha mais nova com apenas 6 anos) ou do Astérix e desde então comecei a dar valor ao colecionismo, sendo sempre muito zeloso com os itens que ganhava de presente, ou que, mais tarde, comprava, tornando maravilhosa a "arte" de colecionar, cujo sentimento é sem dúvida nenhum indescritível, porque o valor sentimental daquilo que colecionamos com verdadeiro fervor acaba por não ter preço, como acontece por exemplo hoje com tudo que diga respeito à minha coleção de Tex Willer, o Ranger mais temido (mas também o mais amado) do velho Oeste!
Mas antes de colecionar Tex, colecionei inúmeras outras revistas e séries de banda desenhada tais como Lucky Luke, Michel Vaillant, Tintin, O Mundo de Aventuras, O Falcão, Condor, Tarzan, Tio Patinhas, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca e tantas outras, revistas essas que ainda hoje estão religiosamente guardadas em casa dos meus pais, já que o meu apartamento, infelizmente, não tem condições para eu ter ao pé de mim as milhares de revistas que fui lendo, colecionando e guardando ao longo de várias décadas, mas a minha faceta de colecionador não se restringiu apenas à banda desenhada, pois também fui um ávido colecionador, entre outras coisas, de cromos, selos, moedas e latas de Coca-Cola, mas hoje em dia no que ao colecionismo diz respeito apenas Tex Willer continua a manter a chama da paixão no seu apogeu e isso devo-o, como disse antes, à minha mãe e por isso estou-lhe eternamente grato devido ao seu empenho e infindável preocupação em que me tornasse alguém mais rico culturalmente falando, já que foi graças ao seu incentivo que me tornei uma pessoa bem informada, culta e com maior capacidade para aproveitar plenamente todas as possibilidades que a vida me foi oferecendo ao longo dos meus 44 anos, quase todos eles sempre passados com o colecionismo na mente...
Zéca - Ao longo dos anos a banda desenhada esteve sempre presente na minha vida, quando nasci a minha mãe era proprietária de uma livraria e ela sempre me incentivou à leitura, aliás sempre me recordo com muito carinho das histórias que a minha mãe lia diariamente para eu adormecer, foi ela que me introduziu no mundo do colecionismo já que ela comprava e guardava esses mesmos livros, tais como os álbuns da Anita (que serviram mais tarde para adormecer a minha filha mais velha e que hoje leio para adormecer a minha filha mais nova com apenas 6 anos) ou do Astérix e desde então comecei a dar valor ao colecionismo, sendo sempre muito zeloso com os itens que ganhava de presente, ou que, mais tarde, comprava, tornando maravilhosa a "arte" de colecionar, cujo sentimento é sem dúvida nenhum indescritível, porque o valor sentimental daquilo que colecionamos com verdadeiro fervor acaba por não ter preço, como acontece por exemplo hoje com tudo que diga respeito à minha coleção de Tex Willer, o Ranger mais temido (mas também o mais amado) do velho Oeste!
Mas antes de colecionar Tex, colecionei inúmeras outras revistas e séries de banda desenhada tais como Lucky Luke, Michel Vaillant, Tintin, O Mundo de Aventuras, O Falcão, Condor, Tarzan, Tio Patinhas, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca e tantas outras, revistas essas que ainda hoje estão religiosamente guardadas em casa dos meus pais, já que o meu apartamento, infelizmente, não tem condições para eu ter ao pé de mim as milhares de revistas que fui lendo, colecionando e guardando ao longo de várias décadas, mas a minha faceta de colecionador não se restringiu apenas à banda desenhada, pois também fui um ávido colecionador, entre outras coisas, de cromos, selos, moedas e latas de Coca-Cola, mas hoje em dia no que ao colecionismo diz respeito apenas Tex Willer continua a manter a chama da paixão no seu apogeu e isso devo-o, como disse antes, à minha mãe e por isso estou-lhe eternamente grato devido ao seu empenho e infindável preocupação em que me tornasse alguém mais rico culturalmente falando, já que foi graças ao seu incentivo que me tornei uma pessoa bem informada, culta e com maior capacidade para aproveitar plenamente todas as possibilidades que a vida me foi oferecendo ao longo dos meus 44 anos, quase todos eles sempre passados com o colecionismo na mente...
José Carlos (à direita) com o livro de ilustração Il Mio Tex,
com ilustrações de Fabio Civitelli (á esquerda). E no centro
a filha de José Carlos, Ana Beatriz de 6 anos.
Zéca - Creio que a junção de três factores: o universo das personagens, dos autores e das próprias revistas em si, isto porque as histórias aos quadradinhos, como as chamamos em Portugal, desenvolvem no colecionador uma profunda empatia tanto pelo apelo de determinadas personagens, como de certos autores assim como pelo aspecto gráfico das publicações em si, sempre ricamente ilustradas e cujo mundo de fantasia das histórias, nos podemos imaginar, mas há também quem coleccione tendo em conta apenas a vertente comercial já que cada vez mais a banda desenhada é um negócio rentável sobretudo no que a edições antigas e raras diz respeito.
Um pouco mais da coleção Texiana do Zeca, onde
encontram-se algumas raridades relativas à personagem.
Zéca - A internet está a converter-se na melhor ferramenta para os colecionadores de todo o mundo encontrarem "aquela" edição que andam à procura. As viagens que se faziam, ou as cartas que se enviavam em busca do último exemplar que faltava na coleção de cada um, são agora virtuais. Os sites de leilões na internet são os locais favoritos dos coleccionadores, ou seja, a web transformou-se hoje em dia numa plataforma imprescindível para os colecionadores de banda desenhada.
Alguns dos desenhos originais da "galeria particular"
de nosso entrevistado.
Zéca - Até ao dia 14 de julho, estava tudo programado para eu comparecer ao próximo Fest Comix de São Paulo, em Outubro próximo (19 a 21) mas um convite de casamento de um sobrinho meu, para esse mesmo fim de semana, inviabilizou a minha presença no evento ao qual compareci em 2010 acompanhando o consagrado desenhador de Tex, Fabio Civitelli, por isso ficou adiado o meu regresso ao Brasil, mas seguramente a minha presença num dos próximos eventos brasileiros relacionados à "Nona Arte" ficou somente adiado para um futuro breve pois tenciono voltar a terras tupiniquins assim que a ocasião se proporcionar.
No topo: edições de luxo da personagem Tex.
Zéca - No que diz respeito a Portugal, a BD popular, aquela onde se integra Tex, quase que não existe mais em Portugal, pois hoje em dia nos quiosques portugueses praticamente só temos as revistas oriundas do Brasil, as enviadas pela Mythos e pela Panini e certamente com resultados, a nível de vendas, muito modestos. Já quanto à banda desenhada mais luxuosa, aquela com venda em livrarias, essa continua presente em Portugal, sobretudo por intermédio da ASA que com a “aquisição” de Tintin, reforçou a liderança nacional no segmento da banda desenhada. Astérix, Gaston Lagaffe, Corto Maltese, Blake & Mortimer e Lucky Luke são alguns dos heróis presentes no catálogo da prestigiada editora portuguesa, mas o que tem valido aos apreciadores portugueses de banda desenhada tem sido a colaboração da ASA com o jornal “Público”, que tem permitido a publicação de inúmeros lançamentos (como actualmente acontece com Thorgal) a preços bastante atrativos.
Fora de Portugal, creio que sobretudo em Itália e França o cenário ainda continua bem forte e estou plenamente convencido que o futuro a breve e médio prazo no que diz respeito aos quadradinhos ainda é risonho, sobretudo no que diz respeito aos fumetti e às edições franco-belgas, aqueles com que mais lido habitualmente, mas certamente chegará o dia em que a banda desenhada será apenas para um restrito número de apreciadores, mas acredito que tal ainda demorará umas décadas a acontecer…
Zéca em companhia de Fabio Civitelli e uma bela ilustração deste
último - ampliada, recortada e montada em suporte próprio - no XVII SALÃO DE VISEU 2011.
Zéca - O Tex Willer Blog, o do Tex, é uma criação do meu grande amigo Mário João Marques. Ele, tal como eu, também um grande fã e coleccionador português do Tex. A ideia nasceu na mente dele em 2006 e foi posta em prática pelo próprio Mário em Setembro desse ano e como necessidade dele publicar muitos dos textos que escrevia sobre Tex e as suas histórias e desse modo dar a conhecer a outros leitores esses mesmos textos, divulgando assim também o herói criado por G. L.Bonelli e também para mostrar que mesmo não sendo Tex publicado em Portugal, havia muita paixão pelo Ranger neste pequeno, mas belo país à beira-mar plantado. Sendo o Mário um grande amigo e sabendo do meu conhecimento sobre Tex e das minhas amizades com editores e muitos dos autores de Tex, convidou-me a fazer parte deste seu projecto logo desde o início, ao que depronto aceitei com a condição de fazermos algo muito a sério, já que Tex para mim é algo de sagrado e ao entrar para o projecto era para fazermos algo de verdadeiramente grandioso, à altura do Tex e felizmente com o decorrer do tempo e com a ajuda e colaboração de muitos outros fãs e coleccionadores, tornamo-nos hoje em dia uma referência na Internet mundial, destacando-nos sobretudo pelas interessantes iniciativas que promovemos, como por exemplo as belíssimas entrevistas aos argumentistas e desenhadores, para além das inúmeras novidades que vamos dando em rigoroso exclusivo, sobretudo devido à forte amizade que me liga ao editor Dorival Vítor Lopes, assim como acontecia com Sergio Bonelli e hoje em dia acontece com Davide Bonelli, responsável maior da editora e com Mauro Boselli, o editor responsável por Tex na Itália. Hoje em dia creio que o blogue português do Tex se pode bem resumir em três adjetivos: informação, credibilidade e paixão. A nível das postagens, tudo passa somente por mim a nível de editoração, já que o Mário Marques infelizmente não tem tempo disponível para tal, mas a nível de conteúdo, conto com a colaboração de muita gente que me auxilia enviando textos, artigos, críticas, desenhos, fotos, traduções e novidades que eu depois só tenho o trabalho de editar e publicar. Ou seja, há uma grande equipa por trás e que torna possível que hoje em dia sejamos “grandes e influentes”, como você mesmo afirma!
Q - Se desejar acrescentar mais alguma coisa que não lhe foi questionada sinta-se à vontade!!!
Zéca - Apenas quero agradecer pelo convite, que me permitiu falar sobre esta minha paixão e agradecer também a quem dedicar-me-á atenção lendo esta entrevista que muito me honrou.
Olá pessoal do Kuentro!
ResponderEliminarValeu por repercutir a entrevista concedida pelo grande Zéca para a Quadrinhosfera.
Divulgando assim o meu humilde blog e o fantástico blog do Tex.
Forte abraço
Luan C.Z.Zuchi
Forte abraço pra você também, Luan!
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