(imagem de Universo HQ)
ENTREVISTA COM JOE KUBERT
NO SITE UNIVERSO HQ (em 2001)
Joseph Kubert faleceu no passado dia 12, com quase 86 anos, como toda a blogosfera noticiou. Não querendo postar uma simples nota referente à morte do autor, elaborámos uma biografia, que está ainda a ser “afinada” e será publicada aqui amanhã, em conjunto com uma série de originais. Na série de pesquisas que efectuámos para a biografia demos com uma entrevista com Joe Kubert, no site brasileiro Universo HQ, realizada e publicada por Sérgio Cariello em 2001, quando o autor tinha 75 anos.
Pelo interesse que nos parece ter esta entrevista (que pode ser vista AQUI no original), não quisemos deixar de a republicar como recorte de imprensa, enquanto esperamos pela referida biografia.
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JOE KUBERT
UM MITO DO MUNDO DOS QUADRINHOS
Aos 75
anos, Joe Kubert é um dos mais cultuados desenhistas do mundo. Depois de tanto
encantar seus leitores, hoje ele divide seu tempo entre as pranchetas e sua
escola, onde vários alunos descobrem os segredos da 9ª arte
Por
Sérgio Cariello e Equipe UHQ
Atualmente,
pouquíssimos desenhistas de super-heróis "da antiga" (leia-se entre
60 e 80 anos) conseguem despertar a admiração dos leitores mais jovens. A
maioria desses artistas, lamentavelmente, é pouco lembrada. Mas, ainda bem, há
exceções. E uma delas é Joe Kubert.
Aos 75
anos, esse fantástico desenhista (cujo nome verdadeiro é Joseph Kubert), que
fez gerações e mais gerações de fãs vibrarem com as aventuras de Tarzan, Gavião
Negro, Ás Inimigo, Sargento Rock, Sr. Destino, Joel Ciclone e muitos outros,
ainda hoje é destaque em toda convenção de quadrinhos onde aparece.
Dono de
um grande talento, Joe Kubert já mostrou toda sua versatilidade em obras
como Fax from Sarajevo, a revista que desenha para o exército americano, o
Imagine Batman de Stan Lee (lançado pela Editora Abril, em 2001) ou o Tex
Gigante que realizou para a Sergio Bonelli Editore (e que sairá ainda este ano
no Brasil, pela Mythos Editora).
Durante
meses, o Universo HQ tentou viabilizar essa entrevista (uma vez que Kubert não
usa internet). Para nossa alegria, o amigo e ótimo desenhista Sérgio Cariello
(que é professor da Joe Kubert School) se prontificou para ser o nosso
"porta-voz", o que nos honrou demais.
Nas
próximas linhas, você descobrirá coisas incríveis sobre este mestre das HQs.
Desde seus ídolos até os projetos atuais, passando, inclusive, por algumas
curiosidades, como o fato de Joe Kubert ter sido o autor da primeira HQ
americana em 3D e ter trabalhado no estúdio de Will Eisner, com apenas 12 anos
de idade!
Boa leitura!
Boa leitura!
Universo
HQ: Com quantos anos você começou a trabalhar com quadrinhos?
Joe
Kubert: Sempre adorei os quadrinhos. Meu primeiro trabalho foi publicado quando
eu tinha 11 anos e meio. Foi o primeiro trabalho pago que tive.
UHQ:
Qual era esse trabalho? O senhor se lembra?
Kubert:
Foi algo chamado Volton. Recebi 5 dólares por página. Foi o primeiro trabalho
que fiz. E foi publicado.
UHQ:
Quais são seus ídolos? Atualmente, o senhor acompanha algum artista em
especial?
Kubert:
Tenho muitos. Os três mais importantes são: Hal Foster, que fez Príncipe
Valente; Alex Raymond, de Flash Gordon; e Milton Canniff, autor de Terry e os
Piratas. Quando eu era jovem e comecei a me interessar por quadrinhos, eles
eram os melhores. Todos os conheciam, e continuam sendo meus favoritos, mesmo
hoje em dia.
UHQ:
Quando o senhor assumiu Tarzan, o título vinha de uma linhagem de artistas de
renome (Hal Foster, Burne Hogarth, Russ Maning). O que representou dar
seqüência a essa missão?
Kubert:
Foi muito emocionante, estimulante e recompensador, porque quando a DC e os
Burroughs se juntaram, eu fui convidado para fazer Tarzan. Esse foi um dos
trabalhos que Foster fez antes de Príncipe Valente. Foi publicado no começo da
década de 1930. Eu era menino e essa obra foi um dos principais motivos que me
fez sentir que era isso que eu queria fazer... Anos depois, tive a oportunidade
de fazer algo que amava quando criança, e foi muito recompensador pra mim.
Adorei a oportunidade.
UHQ:
Falando em Tarzan, o senhor desenhava os animais do título (leões, gorilas etc)
de maneira surpreendentemente dinâmica. Isso foi sempre talento puro, ou exigiu
muita pesquisa?
Kubert:
(Risos) Obrigado pelo elogio. Tento pesquisar tudo que faço, o quanto puder.
Muitas fotos, visitas ao zoológico e ao Museu de História Natural. Colecionei
fotos de diferentes animais, leões, gorilas, chimpanzés, árvores, tudo que
tinha que desenhar, eu precisava ver primeiro. É vital para qualquer artista desenhar
estas coisas com credibilidade e veracidade. As histórias são tão incrivelmente
imaginativas, que, se os desenhos não forem reconhecíveis, não haverá nada de
acreditável na historia. Será uma perda de tempo. Portanto, a pesquisa é muito
importante!
UHQ: O
senhor já respondeu a próxima pergunta!
Kubert:
Ótimo! (risos)
UHQ: O
primeiro quadrinho em 3D (Might Mouse) publicado nos EUA foi realmente idéia
sua?
Kubert:
Sim! (rindo)
UHQ:
Como isso ocorreu? Qual foi a repercussão na época? A tiragem foi expressiva?
Kubert:
Bem, me possibilitou construir minha primeira casa! Vendeu muito! (risos) Foi
quando voltei do exército, em 1952. Muitas revistas estavam sendo publicadas.
Muita competição... Então, eu e Norman Maurer (ótimo artista e um maravilhoso
talento criativo) decidimos fazer algo diferente de tudo que estava saindo.
Quando
estive na Alemanha, servindo no exército, vi revistas com fotos 3D, que eram
vistas com óculos especiais. Falei pro meu amigo Norman: "Seria ótimo
fazermos o mesmo, com personagens de quadrinhos que 'pulassem' do papel!".
Daí,
começamos a trabalhar nisso e desenvolvemos o primeiro Might Mouse. Essa
primeira revista foi difícil, não só por causa do trabalho ser em 3D, mas
porque tínhamos que bolar algo que valesse a pena cobrar barato o suficiente.
Os
quadrinhos da época custavam 10 centavos. Sabíamos que se fizéssemos mais caro
que 25 centavos, ninguém compraria. E conseguimos montar tudo, com óculos, por
25 centavos. O primeiro exemplar vendeu mais um milhão e duzentas mil cópias!
Might Mouse em 3-D. Tinha que se usar uns óculos, muito semelhantes aos que actualmente se usam para ver os filmes em 3-D, embora nessa altura fossem em cartolina, com as "lentes" em acetato colorido, uma vermelha e a outra verde ou azul.
UHQ: De
tantos e tantos trabalhos que o senhor fez, qual o seu favorito em especial?
Tem algum personagem predileto?
Kubert:
Tor é o meu favorito! Um homem das cavernas, parecido com o Tarzan... Por isso,
é o meu predileto!
UHQ:
Nas suas mãos, o Gavião Negro, Enemy Ace e o Sargento Rock viveram grandes
momentos e tornaram-se marcos nos quadrinhos de super-heróis e de guerra,
respectivamente. Por que o senhor acha que esses personagens passaram tanto
tempo sumidos, quase sempre esquecidos pelos leitores e editores?
Kubert:
Não tenho a mínima idéia, mas eles estão sendo publicados hoje! Lieber acabou
de fazer Gavião Negro, e fez um excelente trabalho! Rags Morales, um ex-aluno
nosso, fez o lápis. Tenho uma cópia aqui. Fico muito feliz, porque ele é
formado na escola. O letrista também saiu daqui. Para mim, é emocionante ver
pessoas que cursaram esta escola, como você (nota do UHQ: Sérgio Cariello foi
aluno da Joe Kubert School e hoje leciona no local), se saírem bem no mercado.
Fico tão feliz de ver isso, quanto se eu tivesse fazendo!
UHQ: O
senhor está fazendo Sargento Rock, certo?
Kubert:
Sim, eu estou fazendo Sargento Rock, escrito por Brian Azzarello. Terá entre
120 e 130 páginas. Farei a arte e a capa.
UHQ:
Então, afinal de contas, os editores não perderam o interesse no personagem?
Kubert:
Não, não. Estão publicando também histórias antigas do Sargento Rock, e Tor, em
formato de luxo.Os quadrinhos nunca morrem! Sempre são publicados de novo!
(risos).
UHQ: O
senhor tem alguma idéia de quantas capas de quadrinhos já desenhou?
Kubert:
Não sei! Milhares, milhares! Teve uma época que eu fazia 6 a 7 capas por
semana!
UHQ:
Quando era editor da DC?
Kubert:
Exato.
UHQ:
Qual foi o maior desafio que já enfrentou, em relação aos quadrinhos?
Kubert:
(Longa pausa) Nunca pensei dessa maneira! Amo o que faço! É um prazer, e não um
desafio! Talvez o desafio seja tentar fazer cada trabalho melhor do que o
anterior! Mas, mesmo assim, acho divertido e não desafiante!
UHQ: O
senhor já trabalhou com uma grande diversidade de gêneros (guerra,
super-heróis, aventura etc). Qual o seu favorito?
Kubert:
Meu favorito é sempre aquele que estou fazendo no momento.
UHQ:
Qual a melhor história em quadrinhos que o senhor já leu?
Kubert:
Tem uma que realmente gostei e leria várias vezes: Scribbly, por Sheldon Meyer.
Ele era editor quando eu fazia o Gavião Negro. Temos até uma bolsa de estudo
com o nome dele! Também era quadrinhista. Scribbly foi como que autobiográfico,
a história de um menino que sonhava ser cartunista. Gostei tanto... era tão
agradável de se ler! Provavelmente, foi o meu favorito!
UHQ:
Como foi fazer Fax From Sarajevo? O senhor esperava a repercussão que a obra
teve?
Kubert:
Muito recompensador! Algo que aconteceu com um amigo muito querido meu e que me
manteve informado, durante os dois anos que ficou retido em Sarajevo durante a
guerra, entre 1992 a 1995. Quando ele saiu, achei que aquela era uma história
que outros deveriam conhecer, e fiz isso da maneira que sei melhor: na forma de
quadrinhos. Não esperava nenhuma repercussão! Nem pensava que realmente seria
publicado por alguma editora. Fiz porque quis!
UHQ:
Não era o seu objetivo?
Kubert:
Não! Eu queria apenas fazer. E, graças a Deus, estava numa posição em que eu
podia fazê-lo no meu tempo livre de trabalho. Fiquei surpreso pela resposta dos
que leram e das editoras. Elas começaram a querer lançar.
UHQ: Em
1993, quando o senhor esteve no Brasil (nota do UHQ: na segunda Bienal de
Quadrinhos do Brasil), recebeu o convite de Sergio Bonelli para desenhar um Tex
Gigante, que foi publicado em 2001. Por que a obra demorou tanto tempo? Como
foi desenhar o cowboy dos quadrinhos italianos?
Kubert:
Estava muito ocupado com 7 ou 8 outros projetos. Quando aceitei a proposta de
Sergio Bonelli, falei que levaria pelo menos 3 anos. Ele concordou. Não
interessava a ele quanto tempo levaria, contanto que eu fizesse.
Quando
vi que passou dos combinado, chegando a 6, 7 anos, até ofereci devolver o
dinheiro que já havia recebido. Falei: "Não posso manter esse trabalho por
tanto tempo, mesmo tendo falado que ia demorar. Se quiser, eu paro agora!"
Ele disse: "Não!". Adorei ter feito o Tex, foi divertido.
UHQ:
Essa história de Tex será publicada nos Estados Unidos colorida. Qual a sua
expectativa? Que editora a publicará?
Kubert:
Não tenho controle nenhum sobre isso. Sei que há pessoas que querem publicar
aqui nos Estados Unidos, colorido e em capa dura. Em alguns lugares da Europa
também está sendo lançado. Erwin Rustamagic (nota do UHQ: o amigo de Fax from Saravejo)
está atuando como agente entre Sergio Bonelli e as demais editoras
interessadas.
UHQ: O
senhor gosta dos quadrinhos europeus? De que autores?
Kubert:
Amo! Gosto da maioria dos materiais que saem na Metal Hurlant... os artistas da
França, Itália, Inglaterra... um pessoal muito talentoso.
UHQ:
Poderia nos falar um pouco mais sobre Abraham Stone (nota do UHQ: publicado nos
Estados Unidos pelo selo Epic, da Marvel, e pela editora Platinum)? Como foi a
aceitação desse material?
Kubert:
Bem, eu fiz três livros do Abraham Stone, acho. Eles foram distribuídos na
Europa e publicados também aqui nos Estados Unidos. A aceitação foi muito boa.
A única razão para eu não ter continuado é que tenho sido muito sortudo. Tenho
estado envolvido em muitos projetos, e é muito difícil colocar um trabalho de
lado quando estou trabalhando em outro.
UHQ:
Como tem sido a experiência de ilustrar a revista do exército americano? Por
que aceitou esse desafio?
Kubert:
Temos um contrato de 5 anos. Tive sorte em pegar isso. É irônico porque, quando
eu tinha 12 anos, trabalhei para Will Eisner, no seu estúdio. Meu trabalho era
varrer o local, apagar o lápis dos trabalhos arte-finalizados. E foi Will quem
criou este projeto, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
Essa
publicação já tem 50 anos. A cada 5 ou 10 anos, eles contratam novos artistas.
Neal Adams me ligou e falou que eles estavam procurando um artista. Eu nem
sabia de nada. Ele disse: "Joe, isso seria bom pra você. Você tem
estudantes e formandos que poderiam lhe ajudar. Seria perfeito pra você".
Eu agradeci e aceitei!
UHQ: E
como se sentiu ao desenhar, nessa publicação, pela primeira vez uma história do
Homem-Aranha?
Kubert:
(rindo) Já fiz algumas capas do Homem-Aranha!
UHQ:
Sua carreira sempre gerou muito interesse em jornalistas e autores de livros,
que já o entrevistaram inúmeras vezes para falar sobre a sua carreira...
Kubert:
Eles tiveram muitos espaços vazios que precisavam ser preenchidos. (risos)
UHQ: O
que o senhor acha da crise nos quadrinhos, com revistas de tiragens cada vez
menores?
Kubert:
Os quadrinhos já tiveram suas crises difíceis. Mas o que tenho percebido, pela
Marvel e DC, é que as tiragens têm começado a crescer e se solidificado mais. A
vendagem está mais alta. Tudo está bem melhor do que antes.
UHQ:
Qual sua opinião sobre a invasão mundial dos mangás, como Pokémon, Dragon Ball
etc? O que pensa desse tipo de quadrinho?
Kubert:
Ótimo, maravilhoso! Qualquer coisa que acrescenta aos quadrinhos, que amplie
mais o ramo, promovendo novas oportunidades para outros entrarem, acho
fantástica. Não vejo como competição. A maioria dos artistas que conheço gosta
da atmosfera de um estúdio, não porque competem uns com os outros, mas porque
eles adquirem melhor percepção e ímpeto, sobre o que dizer sobre o trabalho dos
outros, sobre idéias novas. Portanto, quanto mais coisas expandirem o mercado,
será melhor para todos.
UHQ:
Essa pergunta me coloca numa situação engraçada... O senhor conhece algum
artista brasileiro?
Kubert:
Não! (risos)
UHQ: Se
sim, o que acha deles?
Kubert:
Terríveis... (mais risos). Falando sério, claro! Conheço seu irmão, o Octavio
Cariello, Mauricio de Sousa. Acho interessante que, em muitos lugares onde as
condições financeiras não são muito boas, parece que surgem os mais talentosos
artistas do ramo. Fico surpreso quando vejo o trabalho de jovens talentos
desses locais.
Para
mim, é difícil lembrar de mais nomes. Por isso, acho importantíssimo que o
artista arte-finalize seu próprio lápis. Não porque os arte-finalistas não
façam um bom trabalho, mas eles removem a individualidade do desenhista.
Meus
filhos, Adam e Andy, por exemplo. Vejo os maravilhosos trabalhos que fazem no
estágio do lápis. Depois, quando são arte-finalizados e coloridos por outros,
ficam modificados.
Joe Kubert no seu estúdio com os filhos Adam e Andrew (Andy) em 2006.
UHQ:
John Buscema não considerava seus desenhos como um trabalho dele se outra pessoa
finalizasse...
Kubert:
Isso, exatamente!
UHQ:
Quando seus filhos resolveram seguir seus passos, o senhor os incentivou? O que
acha do trabalho deles?
Kubert:
Quis quebrar os braços deles, primeiro (risos). Não, o fato é que nunca pensei
em motivá-los, porque não acho que podemos motivar ninguém. Ou você tem dentro
de si o que é necessário para fazer esse tipo de trabalho, ou não tem. Acho que
foi um milagre vê-los decidir fazer o que faço; e o fato de reconhecer que eles
gostam de fazer quadrinhos tanto quanto eu, é incrível.
Acho
que, o que Adam e Andy estão fazendo, o tipo de trabalho que estão produzindo,
é estupendo.
Absolutamente estupendo!
Absolutamente estupendo!
Já agora: o Batman de Adam Kubert...
... o de Andrew Kubert...
... e o de Joe Kubert.
UHQ: O
senhor esperava que a Joe Kubert School se tornasse uma referência, como uma
das melhores do mundo neste segmento?
Kubert:
Não esperava que esta escola durasse dois anos. Foi uma idéia que achei que não
funcionaria. E já estamos entrando no 26º ano. Fico perplexo. Absolutamente
perplexo.
UHQ: O
senhor poderia citar alguns artistas de renome que iniciaram a carreira na Joe
Kubert School?
Kubert:
Claro! Do primeiro ano, Rick Veitch - que tem feito grandes trabalhos -, Steve
Bissette, Tim Truman, Tom Mandrake, Jan Duursema, e outros mais que não consigo
lembrar nesses anos todos. Toda vez que alguém da Marvel e DC fala: "Temos
10 pessoas que vieram da sua escola e trabalham aqui", é maravilhoso. Acho
que eles não estariam trabalhando no ramo se não tivessem vindo para a escola.
UHQ: Eu
que o diga!
Kubert:
Sim, entre esses nomes está Sérgio Cariello, claro!! (risos)
UHQ:
Qual o panorama atual da escola? Número de alunos, aulas por semana, nomes dos
professores, endereço etc?
Kubert:
Temos 150 alunos em 10 classes. Como instrutores, atualmente, temos Irwin
Hasen. Hy Eisman, Sérgio Cariello, Adam e Andy (meus filhos). No passado,
tivemos Dick Giordano, Lee Elias, Bill Sienkiewicz, The Hildebrand brothers,
Milt Neil. A escola fica em Dover, Nova Jersey, parte norte, entre Nova York e
Pensilvânia.
Na Joe Kubert School...
UHQ: O
que é mais satisfatório: desenhar, ou ensinar a desenhar?
Kubert:
Desenhar, absolutamente!! Se tivesse que escolher entre os dois, a escola já
estaria fechada, apesar de ser gratificante. É um grande prazer ver pessoas
como você, Sérgio, saírem daqui e fazerem grandes coisas, mas a satisfação
maior é a de poder desenhar. (Nota do UHQ: Joe Kubert tem seu estúdio dentro da
escola, onde, quando não está ensinando, está desenhando!)
UHQ: Na
sua opinião, qual a tarefa mais difícil, roteirizar ou desenhar?
Kubert:
Pra mim, é mais fácil desenhar. (risos) Escrever e desenhar quadrinhos não é um
trabalho fácil.
UHQ:
Quais seus trabalhos atuais e os planos para o futuro?
Kubert:
Sargento Rock, que está quase saindo; a revista militar; um projeto com uma editora
que será sobre como desenvolver quadrinhos; um curso por correspondência (que
está para vir, em breve); propagandas pelo telegraphics... Ou seja, estou bem
ocupado.
UHQ: O
que teve mais importância: Joe Kubert para os quadrinhos, ou os quadrinhos para
Joe Kubert? O que os quadrinhos representam para o senhor?
Kubert:
Os quadrinhos para mim foram mais importantes! Ser capaz de viver disso,
fazendo o que gosto... Se não fossem os quadrinhos, talvez eu fosse um coveiro!
(risos) Muitos que vieram antes de mim fizeram trabalhos incríveis, e
possibilitaram a pessoas como você, Sérgio, e eu a chance de fazer o que
fazemos.
UHQ:
Outro mestre dos quadrinhos, Will Eisner, esteve recentemente no Brasil (e deu
uma entrevista exclusiva para o Universo HQ). O senhor não acha que está nos
"devendo" uma visita? (risos) Seria uma honra para os fãs
brasileiros.
Kubert:
(risos) Se eu tiver um convite... Vamos ver!
UHQ:
Joe, muito obrigado pela atenção e um abraço do pessoal do Universo HQ.
Kubert:
É sempre um prazer receber você em meu estúdio, Sérgio.
Joe Kubert como Tor, em caricatura de Sérgio Cariello (imagem de Universo HQ)
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Imagens da responsabilidade do Kuentro, excepto as assinaladas como (imagem de Universo HQ)
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