segunda-feira, 20 de agosto de 2012

JOE KUBERT (1926-2012) – UMA BIOGRAFIA




JOE KUBERT
(1926-2012)
UMA BIOGRAFIA

Joseph Kubert nasceu a 18 de Setembro de 1926, no shtetl Yzeran (Jezierzany) – chamavam-se "shtetl" às povoações ou bairros de cidades com uma população predominantemente judaica, principalmente na Europa oriental, como na Polónia, Rússia ou Bielorrússia, antes da Segunda Guerra Mundial – no sudoeste da Polónia (actualmente na Ucrânia), filho de Etta Kubert (Reisenberg em solteira) e de Jacob Kubert. A família, de que também fazia parte a filha Ida, de dois anos e meio, emigrou para Brooklyn, Nova Iorque, quando Joseph tinha dois meses.

Jacob Kubert estabeleceu-se como açougueiro kosher (termo que significa “próprio” – neste caso, próprio para consumo pelos judeus, de acordo com a lei judaica e aprovação pelo rabi) e Joseph começou muito cedo a desenhar, no papel com que o pai embrulhava a carne que vendia.

Na introdução à sua novela gráfica  Yossef: April 19, 1943, Kubert escreveu: “ tive o meu primeiro trabalho pago como desenhador para comic books, quando tinha onze ou doze anos, era pago a cinco dólares a página. Em 1938 isto era um monte de dinheiro”. Outra fonte, citando o próprio Kubert, afirma que em 1938, foi um colega de escola, parente de Louis Silberkleit – um dos directores do MLJ Studios (os futuros Archie Comics) – que insistiu para que Kubert visitasse os estúdios, tendo este ficado logo, aos 12 anos, como aprendiz/assistente de Bob Montana.

Joseph Kubert frequentou a Manhattan’s High School of Music and Art. Durante esse tempo, ele e o colega Norman Mauer (um futuro colaborador) faltavam de vez em quando à escola para visitarem editores, começando Kubert depois, a aperfeiçoar a sua técnica no estúdio Chesler, que fornecia pacotes de trabalhos de principiantes às editoras.

O primeiro trabalho profissional conhecido de Kubert foi o desenho (lápis e tinta-da-china) da história em seis páginas intitulada Black-Out, com a personagem Volton, na Catman Comics #8, da Holyoke Publishing’s (Março de 1942). Continuou a trabalhar para os três números seguintes da revista e realizou, de seguida, um trabalho semelhante para a revista Blue Beetle, da Fox Comics. Logo depois irá abrir o leque das suas capacidades técnicas, dando a cor às reimpressões de The Spirit, de Will Eisner, para a rúbrica Quality Comics do suplemento do jornal Sunday.



O primeiro trabalho de Kubert para a DC Comics foi Seven Soldiers of Victory, história publicada na Leading Comics #8 (1943), pela All-American Comics, predecessora da DC. Na década seguinte, o trabalho de Kubert só aparece nas revistas da Fiction House, Avon e Harvey Comics, mas o autor foi também trabalhando para a All-American e depois para a DC Comics. A longa associação de Kubert com a personagem Hawkman, começou com a história The Painter and the $100,000, publicada na Flash Comics #62 (Fevereiro de 1945).

Seven Soldiers of Victory

Nos anos 1950, tornou-se editor-administrador da St. John Publications, em que ele, o seu antigo colega Norman Mauer e o irmão deste, Leonard Mauer produziram os primeiros comics em 3-D, iniciando a revista Three Dimension Comics #1 (Setembro de 1953, reimpressa em Outubro do mesmo ano em formato maior), utilizando a personagem Mighty Mouse – uma popular paródia ao Superman criada por Paul Terry em 1942 como personagem de desenhos animados.


Ainda em 1953, com o seu antigo colega e agora escritor Norman Mauer, Kubert cria a personagem Tor (não confundir com Thor, criado por Stan Lee e Jack Kirby para a Marvel em 1962), um homem pré-histórico, que aparece pela primeira vez em 1.000.000 Years Ago (Setembro de 1953). Esta personagem chegou a ser também desenhada em 3-D e utilizada como “estrela convidada” na 3-D Comics #2 e 3 (Outubro/Novembro de 1953). Tor aparecerá em séries da Eclipse Comics, Marvel Cmics’Epic – e na DC Comics pelo menos durante os anos 1990. Mas Joe Kubert tentou durante os anos 50, publicar Tor como tira diária em jornais, em vão. Contribuiu também com uma série de histórias de ficção-científica para a Srtange Worlds e outros títulos da Avon Periodicals.





Para a Eclipse Comics desenhou algumas histórias para Two-Fisted Tales, de Harvey Kurtzman, em parceria com Wally Wood, Jack Davis e John Severin.


Começando com Our Army at War #32 (Março de 1955), Joe Kubert tornou-se freelancer para a DC Comics, mas trabalhando também para a Lev Gleason Publications e a Atlas Comics (uma associada da Marvel Comics). Mas a partir do final desse ano desenhou em exclusivo para a DC, trabalhando na personagem do aventureiro medieval Viking Prince, no super-herói Hawkman (que se tornaria numa das suas “imagens de marca” como autor) e também na revista de histórias de guerra GI Combat, realizando Sgt. Rock e The Haunted Tank – outras duas imagens de marca como autor.








Entre 1965 e 67 colaborou com o escritor Robin Moore na história Tales of the Green Beret, publicada em tiras no Chicago Tribune. De 1967 a 1976, Kubert foi director de publicações da DC Comics e durante este período desenhou histórias baseadas na obra de Edgar Rice Burroughs, como Tarzan e Korak. Também supervisionou a produção das revistas Sgt. Rock, Ragman e Weird Worlds. Durante esse trabalho de supervisão, continuou a desenhar alguns livros, especialmente Tarzan, entre 1972 e 1975. Realizou as capas para Rima the Jungle Girl entre 1972 e 1975 e criou Ragman, com o escritor Robert Kanigher para a primeira revista da personagem, em Agosto/Setembro de 1976.




Neal Adams, Moebius, e Joe Kubert em Nova Iorque, durante a gravação para o programa de televisão francês TicTac em 1972



Em 1976, Kubert mudou-se para Dover, New Jersey, onde ele e sua mulher Muriel fundaram a Joe Kubert School of Cartoon and Graphic Art, mais conhecida como Joe Kubert School, levando para a frequentarem, os seus cinco filhos, David, o mais velho, Danny, Lisa, Adam e Andy (Andrew) – sendo que estes dois últimos se viriam a tornar desenhadores profissionais de comics. Adam Kubert realizou trabalhos para a Marvel Comics, Dark Horse Comics e a DC Comics, entre outros. Andrew Kubert trabalhou para as mesmas editoras (mais a Image Comics), sendo actualmente professor na escola fundada pelo pai.


Joe Kubert escreveu e desenhou, no início dos anos 1980, The Adventures of Yaakov and Yosef, baseado em referências bíblicas ( embora não fossem histórias bíblicas), para a Tzivos Hashem, a organização Lubavitch para crianças e para o magazine Moshiach Times.

Voltou a escrever e a desenhar em 1991, para a revista Abraham Stone, a novela gráfica Country Mouse, City Rat para a Malibu Comics, que seria comprada pela Marvel em meados dos anos 1990. Voltaria a pegar nas personagens para mais duas histórias: Radix Malorum e The Revolution, publicadas pela Epic Comics em 1995. Em 1993, também para a Epic Comics, realizara os quatro números de uma minissérie de Tor.

Em 1996 realizaria a novela gráfica Fax from Sarajevo, inicialmente publicada com 207 páginas e mais tarde reeditada com 224. Este livro de “não-ficção” foi originado por uma série de faxes do agente de comics Ervin Rustemagic, durante o cerco sérvio de Sarajevo, na Guerra da Bósnia, que durou de 5 de Abril de 1992 a 29 de Fevereiro de 1996. Rustemagic e a sua família, cuja casa em Dobrinja, localidade suburbana de Sarajevo, havia sido destruída, viveram dois anos e meio num edifício em ruínas, comunicando com o mundo exterior por fax, quando podiam. Amigo e cliente de Kubert, este era um dos destinatários dos seus faxes. Como “colaborador de longa distância” e perante o dramatismo da situação, Joe Kubert coligiu todos os faxes recebidos de Rustemagic e, findo o cerco, com o editor Bob Cooper, transformou-os numa dramática e sombria novela gráfica.




Em 2001 é publicado em Itália pela Sergio Bonelli Editore o Tex Especial #15: Tex, The Lonesome Rider (Tex, Il Cavaliere Solitario), que Kubert vinha desenhando desde 1996, escrito por Claudio Nizzi.



Em 2003 e 2005, Kubert realiza as novelas gráficas Yossef: April 19, 1943 e Jew Gangster para iBooks. Ainda em 2003 retorna a Sgt. Rock, desenhando Sgt. Rock: Between Hell and a Hard Place, uma minissérie de seis números, escrita por Brian Azarello e escreveu e desenhou em 2006, Sgt. Rock, The Prophecy, também uma minissérie de seis números.

Em 2008, Kubert voltou ao seu Tor, com uma série limitada de seis números, publicada pela DC Comics, intitulada Tor: A prehistoric Odyssey. Em 2009 contribuiu para uma nova história de Sgt. Rock, para a Wednesday Comics, da DC – a história fora escrita pelo seu filho Adam Kubert. Em 2011 realizou a capa para a Amazing 3-D Comics, do editor Craig Yoe.


Joe Kubert faleceu em 12 de Agosto de 2012, de cancro hematológico - um mieloma múltiplo, a pouco mais de um mês de perfazer os 86 anos.




Joe Kubert no seu estúdio com os filhos Adam e Andy

ALGUNS ORIGINAIS DE JOE KUBERT

O "Batman" de Andy Kubert e o "Hawkman" de Joe Kubert

 Nota (21/Ago/12): Por lapso coloquei aqui esta capa, que é de Joe Jusko e Andy Kubert - como muito bem chama a atenção o André Azevedo, no comentário que fez. O desenho que estava previsto, coloco-o agora aqui em baixo:






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5 comentários:

  1. A capa do Conan the King nº 54 foi desenhada por Joe Jusko e Andy Kubert, conforme se vê pelas assinaturas.

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  2. Obrigado pelo reparo, caríssimo André. Já está corrigido, mas optei por deixar o desenho do Kusko e do Andy, acrescentando a capa que queria colocar - com o devido reparo!

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    1. Caro Jorge Machado-Dias,
      Por acaso tinha lido este comic à pouco tempo e chamou-me a atenção o facto da capa ser do Joe Jusko mas realizada a tinta-da-china e não pintada como é comum nas suas capas. E nota-se perfeitamente a influência do pai Kubert no traço de Andy, mais do que no seu irmão Adam, sendo esta capa um bom exemplo disso mesmo.
      Foram os desenhos de Joe Kubert, bem mais que os de Manning, que me fizeram admirar o Tarzan no "velho" Mundo de Aventuras e chegar à versão de Hal Foster.

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  3. Parabéns, grande trabalho. Joe Kubert merece e nós amantes da BD também. Boas continuações.

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  4. Jorge!
    Mas que excelente blog você criou e saiba que gostei muito, principalmente quando encontro um material estupendo como esse do Kubert, o qual sou fã desde muitas décadas. Continue sempre assim que irá bem mais longe.
    Por um acaso, você sabe onde posso baixar algum podcast onde o próprio Kubert fala do seu trabalho e também dos seus filhos? Enquanto espero sua resposta, vou procurando na internet pra ver se encontro algo.

    Um grande abraço do amigo brasileiro e fã de quadrinhos, pintura e muitas coisas nesse campo.
    João
    P.S.: Você tem algum e-mail para contato?

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