O LISBONENSE
E O SERVIÇO À FRANCESA
Gazeta das Caldas, publicado a 7 de Dezembro de 2012
Confesso que tenho“andado às voltas” com o Lisbonense. Recorri aos dados que a nova unidade disponibiliza. Conheço-lhe a história mas não a ambiência.
O Lisbonense no princípio do século XX...
... e actualmente, depois de reconstruído, entre 2007 e 2011.
Com sazonalidade funcional imposta pelo funcionamento do Hospital Real, ao lado, entre Maio e Outubro de cada ano, era frequentado pela elite cultural do início do séc. XIX: escritores, artistas, membros da família real portuguesa, aristocratas, e muitos visitantes de Espanha.
As Caldas começaram a atrair a nata da sociedade ibérica devido às suas características termais, tão em voga na Europa de finais do séc. XIX e início do séc. XX.
Quando o comboio chegou a Caldas, em 1887, o número de banhistas com destino às termas aumentou consideravelmente e muitos deles visitantes da Fábrica de Faianças onde, frequentemente, era possível ver o seu fundador Rafael Bordalo Pinheiro em plena actividade.
Infelizmente, com o passar dos anos as termas caíram em desuso, assim como os hotéis que a elas se associavam, sendo trocados pelas praias.
Quando abriu portas, o serviço de mesa em voga era o serviço à francesa. E daí a minha primeira curiosidade sobre o Lisbonense.
A particularidade do serviço, na sua vertente particular, até o final do século XVIII, estava em os convidados se sentarem numa mesa ampla onde eram colocados todos os pratos, ficando melhores pratos diante dos convidados mais importantes.
A característica principal do serviço era a prodigalidade e fartura.
Os convidados ao entrarem no salão, encontravam a primeira mesa posta (a de entrada, “entrée”), com alimentos ditos leves com os quais se iniciava a refeição.
A "Sala de Mesa" original do Grand'Hotel Lisbonense
Aspectos da sala do actual restaurante Lisbonense...
O terceiro momento consistia em carnes mais suculentas, o prato principal de hoje, com vinhos mais fortes.
No intervalo (em que era reabastecida a mesa) os convidados comiam os entremets (entre pratos).
Por último era composta a mesa de doces e bolos, a sobremesa dos nossos dias.
O serviço francês, na sua vertente hoteleira, e que se mantém actual, caracteriza-se, pela sucessão de pratos, mas o modo de servir é outro: um único prato “representa” cada uma das antigas mesas, anterior e sucessivamente postas.
O empregado leva a bandeja com a iguaria, equipada com os talheres de servir cujos cabos vão voltados para o comensal, que se serve a si próprio da quantidade que desejar.
O empregado apresenta a bandeja a cada um pela esquerda, seguindo a devida ordem de precedência, e serve o vinho nos seus copos pela direita.
A operação é repetida para cada prato da sequência da refeição completa.
João Reboredo
O antigo Grand'Hotel Lisbonense...
... o abandono a que foi votado entre os anos setenta do século passado e 2007...
... e o Sana Silver Coast Hotel, tendo o nome Lisbonense sido
dado apenas ao Restaurante do piso térreo e à cafetaria da esplanada. O
novo hotel foi inaugurado no dia 1 de Julho de 2011.
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