O "Zé das Papas", de Raphael Bordallo Pinheiro
ZÉ DAS PAPAS (23)
ZÉ DAS PAPAS (23)
Gazeta das Caldas, 17 de Maio de 2013
DOÇARIA DA ESTREMADURA
Em questão de doçaria a zona das Caldas está bem representada, seja pelos pães de ló, seja pelas cavacas e afins.
Pão de ló
Cavacas das Caldas
Vendedoras de cavacas nas Caldas da Rainha - anos 40/50?
No resto da região de Lisboa e Vale do Tejo, o destaque vai para as Queijadas de Sintra, doce ancestral que vem, pelo menos, da Idade Média, os não menos famosos Travesseiros, os Fofos de Belas, os quase desconhecidos Agualvas, os Parrameiros e as Nozes Douradas.
Queijadas de Sintra
Travesseiros
De referência obrigatória são também os pastéis da Pena, os secretos e pouco conhecidos pastéis da Cruz Alta, os bolos da Festa da Nossa Senhora da Graça de Almoçageme, os bolos da Festa de São Mamede de Janas, os suspiros e os pastéis de nata da Pastelaria Gregório (que cada vez mais rivalizam com os famosos pastéis de Belém), e ainda diversas compotas tradicionais fabricadas segundo métodos muito antigos.
Esta minha ciência doceira fui "comendo-a" nos trabalhos finais, de formação profissional de padaria e pastelaria, provas que integrei como membro do júri, nos últimos dez anos em que se realizaram, até Outubro de 2011.
Deles me sirvo, referindo a qualidade de muitos e das suas autoras e autores!
Em próximo escrito detalharei sobre alguns dos doces referidos, mas e por agora, fico-me, talvez, pelos mais famosos de Lisboa e Vale do Tejo.
Todas as manhãs, o Mestre Henrique Almeida executa (não sei se ele continua em actividade...) na "Oficina do Segredo" da cozinha da Fábrica dos Pastéis de Belém uma receita única no mundo.
Mas vamos à história, socorrendo-nos dos dados "oficiais".
Como consequência da revolução liberal de 1820, foram encerrados todos (quase) os conventos de Portugal e expulsos o clero e trabalhadores respectivos.
No início do século XIX, em Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, laborava uma refinação de cana-de-açúcar associada a um pequeno local de comércio.
Mosteiro dos Jerónimos em 1675
Mosteiro dos Jerónimos em 1878, vendo-se as obras de "restauração" que o tornariam naquilo que hoje conhecemos...
Tentando a sobrevivência, alguém do Mosteiro põe à venda, nessa loja, uns doces pastéis, rapidamente designados por "Pastéis de Belém".
Pasteis de Belém - a pastelaria...
A Oficina do Segredo...
Em 1837, inicia-se o fabrico dos "Pastéis de Belém", em instalações anexas à refinação, segundo a antiga "receita secreta", oriunda do convento.
João Reboredo
joaoreboredo@gmail.com
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