Mônica Moderna na chegada aos 55
BD da menina rabugenta viu as suas personagens crescer e apostou mais na net e nos jogos
Jornal de Noticias, 15 Julho 2014
F. Cleto e Pina
Há 55 anos, o jornal de São Paulo "Folha da Manhã" apresentava uma nova personagem: Bidú, um cãozinho azul. Era o princípio de uma das mais bem sucedidas criações da história da BD, a Turma da Mônica.
O universo de Bidú e do seu dono Franjinha tinha muito em comum com o quotidiano dos leitores, o que ajuda a explicar o sucesso atingido, a par do humor posto em prática por Maurício de Sousa, baseado em trocadilhos, nonsense e até na subversão dos próprios códigos da BD.
Aos heróis iniciais, em 1961 juntaram-se Cebolinha e Cascão, o primeiro com dificuldade em dizer os erres e o segundo absolutamente alérgico a água. Só depois surgiu na tira uma certa Mônica, baseada numa filha, mal disposta e com um coelhinho de peluche na mão.
Nascida para suprir a falta de personagens femininas, Mônica impôs-se rapidamente e tornou -se a protagonista. Por isso, não surpreendeu que, em 1970, quando aquelas crianças deram o salto dos jornais para uma revista a cores, esta tivesse assumido o título de Mônica.
Ao longo dos anos, a entrada em cena de Magali, Anjinho, Denise, Marina, Louco, Capitão Feio, Antônio Alfacinha (o miúdo português) e outros contribuiu para diversificar as narrativas, sempre norteadas pela apresentação das crianças como tal e pela defesa de valores como a amizade, a verdade e a solidariedade.
Embaixadora da UNICEF
Veículo educativo num país com muitas carências, a Turma da Mônica tem ajudado a promover campanhas institucionais de alfabetização e vacinação e a mostrar o respeito pela diferença, através de personagens como o paraplégico Luca ou a cega Dorinha, o que levou a UNICEF a nomear a Mônica sua embaixadora no Brasil em 2007.
A popularidade crescente, incluindo em Portugal, levaria à multiplicação de títulos e personagens e à aposta noutros suportes, como o cinema. Nos últimos anos, a Turma da Mônica tem vindo a diversificar-se: alguns dos seus elementos cresceram (ver caixa) e tem sido dada oportunidade a autores brasileiros de BD para criar obras com personagens de Maurício de Sousa, completamente livres em termos gráficos e temáticos, o que deu origem a livros bem interessantes, como "Magnetar" ou "Laços". Houve também um reforço da presença em sites, blogues e Facebook e de animações como Mônica Toy, além da criação de videojogos.
No campo dos desenhos animados, o Cartoon Networtk estreou em 2012 uma série com as personagens tradicionais, no final de Junho foi a vez dos episódios animados de Neymar Jr. (a versão adolescente do craque brasileiro) e está em preparação uma série baseada na Turma da Mônica Jovem.
E ELES CRESCERAM...
Em 2009, chegava às bancas a Turma da Mônica Jovem, versão adolescente dos heróis de Maurício de Sousa. Entre aventuras quotidianas centradas nos problemas que preocupam os adolescentes – primeiro beijo, namoro, estudos, bullying, amizade, futuro e a emulação das séries que eles preferem, a revista mensal bateu todos os recordes de vendas e continua a ser um dos títulos mais populares do estúdio. Na mesma linha, mas abordando temáticas mais adultas, já no decurso deste ano (re)nasceram Chico Bento Moço, que aborda as mudanças provocadas pela entrada na idade adulta (como o Ensino Superior e a eventual mudança de cidade e de amigos, a gravidez indesejada, a ecologia, etc.), e a Revista da Tina, centrada já, nas questões do mundo do trabalho, da moda e do relacionamento com os outros. As duas primeiras – bem como as revistas tradicionais da Turma - são distribuídas mensalmente em Portugal.
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