Gazeta da BD #30, na Gazeta das Caldas, 22 de Agosto de 2014
TEX WILLER – O RANGER DO TEXAS
O “western” mais antigo em publicação
Jorge Machado-Dias
Vejamos então um pouco da vida de Bonelli e como começou Tex: Com o fim do Estado Fascista e da II Grande Guerra Mundial em 1945, assistiu-se a uma frenética actividade nas editoras italianas de BD: um grupo de pequenas casas editoras, de características e estrutura artesanal, deu vida a uma grande produção de bandas desenhadas originais italianas, tornando quase irrelevante a importação dos comics americanos, que foi regra durante a guerra. A grande mudança dá-se com a adopção de um espírito filo-americano – em voga em Itália depois da libertação – pelos velhos heróis “italocentricos”. Em 1946 Bonelli, baseado no êxito de Mandrake, cria Ipnos e pouco depois, com a Serie d’oro Audace (1948), começa a sua colaboração com Aurelio Galleppini, produzindo Occio Cupo, um “fumetto” inspirado nos romances de Dumas, que não teve grande sucesso dada a fraca aceitação dos temas de capa e espada.
Mas o ano de 1948 marcaria para sempre a vida de Gian Luigi Bonelli. Por ser um grande admirador das histórias do velho oeste americano, Bonelli cria, em parceria com o desenhador Aurelio Gallepini, a personagem Tex Willer – inicialmente Tex Killer. As histórias desta personagem eram editadas numa revistinha semanal de formato peculiar, designado por striscia – tira em italiano – com 17 x 8 cm (parecendo uma caderneta de cheques) fino e pequeno, com apenas 32 páginas e uma tira por página, que despertou um grande interesse dos leitores italianos, projectando G. L. Bonelli nacional e internacionalmente. A primeira história de Tex intitulava-se Il Totem Misterioso.
Quando Tea Bonelli, a mulher de Gian Luigi, tomou em mãos a direcção e administração da casa editorial (que mudaria de nome várias vezes) começaram a ser tentados outros formatos, agrupando as histórias publicadas em tiras, que foram sendo reeditadas, num formato mais parecido com o que são hoje as revistas mensais de Tex, com 13,5 x 17,5 cm (mais pequeno que um A5) e três tiras por página.
Mais tarde, quando o filho de Gian Luigi e Tea, Sergio, passou a dirigir a editora, dando-lhe mesmo seu nome actual (Sergio Bonelli Editore), os formatos foram sendo mantidos, embora novas revistas se tenham iniciado, como o Texone – ou Tex Gigante, que referimos no início, com um formato 18,5 x 27,5 cm (próximo do A4) e cerca de 242 páginas. Esta série tem a particularidade de ser anual e ter como convidados para o desenho das histórias, grandes nomes da banda desenhada mundial, como Guido Buzzelli, Victor De La Fuente, José Ortiz, Joe Kubert, Manfred Sommer, etc...
Voltando ao início deste texto – falemos um pouco de A Cavalgada do Morto, publicado em Itália em Junho de 2012, pela Sergio Bonelli Editore, no Brasil, em Outubro de 2012, pela Mythos Editora e distribuído em Portugal (obviamente a edição brasileira) em Janeiro de 2013. A revista tem 242 páginas, sendo que as primeiras 18 são preenchidas por textos de Graziano Frediani (O Pincel Fez Clic!) – sobre Fabio Civitelli –, outro de Gianmaria Contro (Fabio Civitelli: Um Fotógrafo no Oeste) – uma entrevista com o desenhador –, finalizando esta introdução um texto de Graziano Frediani (A Terra dos Pesadelos Adormecidos) – sobre a lenda que deu origem a esta história - e ainda as biografias condensadas de Giovanni Luigi Bonelli, Aurelio Gallepinni, Mauro Boseli (o argumentista de A Cavalgada do Morto) e de Fabio Civitelli.
A tradução de todos os textos para a edição brasileira (incluindo o da história) são de Júlio Schneider, adaptados por Dorival Vitor Lopes e a letragem esteve a cargo de Marcos Valério.
Tendo como principal fonte de inspiração a lenda de “El Hombre Muerto”, em que o fantasma de um vaqueiro mexicano assassinado e decapitado, cavalgava de noite nas terras entre o sul do Texas e o norte do México, transportando a sua própria cabeça presa à sela do cavalo e aterrorizando quem se aventurava por aquelas paragens. Alguns pormenores desta história de Tex Willer, levam-nos a pensar que haja também alguma influência, no texto de Boselli, do conto clássico de Washington Irving, publicado em Portugal com o título A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, embora a base seja, seguramente, a lenda mexicano-texana.
Nesta edição #27 do Tex Gigante, destacamos a excelência do desenho de Fabio Civitelli que, apesar do clacissismo do traço – especialmente nas figuras de Tex (que tem que ser sempre parecido com o protótipo desenhado inicialmente por Aurelio Gallepini em 1948) e dos seus parceiros – desenvolveu uma moderna versão do clássico “pontilhismo” da BD italiana, combinado com o “claro-escuro”, que dão a esta história um ambiente quase surreal. De referir que Civitelli já esteve por quatro vezes em Portugal, como convidado, nos Festivais de Beja e da Amadora e nos Salões de Moura e de Viseu.
Nesta edição #27 do Tex Gigante, destacamos a excelência do desenho de Fabio Civitelli que, apesar do clacissismo do traço – especialmente nas figuras de Tex (que tem que ser sempre parecido com o protótipo desenhado inicialmente por Aurelio Gallepini em 1948) e dos seus parceiros – desenvolveu uma moderna versão do clássico “pontilhismo” da BD italiana, combinado com o “claro-escuro”, que dão a esta história um ambiente quase surreal. De referir que Civitelli já esteve por quatro vezes em Portugal, como convidado, nos Festivais de Beja e da Amadora e nos Salões de Moura e de Viseu.
O Tex #1 – tipo “caderneta de cheques”, publicado em 30 de Setembro de 1948
Nota do Kuentro: o texto publicado na Gazeta das Caldas teve de ser ligeiramente cortado devido ao condicionalismo do espaço disponível.
SEQUÊNCIA DE QUATRO PRANCHAS DE
A CAVALGADA DO MORTO
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A revista TEX MENSAL de Agosto 2014
DADOS ACTUAIS NO SITE DA SERGIO BONELLI EDITORE:
TEX nº 646
Periodicità: Mensile (Periodicidade: Mensal)
IL GUERRIERO IMMORTALE (O Guerreiro Imortal)
Uscita (saída): 07/08/2014
Sceneggiatura (Argumento): Pasquale Ruju
Disegni (Desenho): Ernesto Garcìa Seijas
Copertina (Capa): Claudio Villa
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