terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

BDpress #345: AMANHÃ – A BD DE NOVO COM O JORNAL PÚBLICO: LUCKY LUKE



Todas as quartas-feiras com o PÚBLICO, a partir de 6 de Fevereiro. 

O MELHOR DE LUCKY LUKE
ESTÁ DE REGRESSO 



COLECÇÃO LUCKY LUKE 

O cowboy solitário que consegue disparar mais depressa do que a sua própria sombra está de regresso. Lucky Luke e o seu inseparável cavalo Jolly Jumper animam uma sequência de aventuras, nunca antes distribuídas pelo Público, por onde desfilam outras personagens geniais – dos impagáveis irmãos Dalton ao inclassificável Rantanplan, passando por figuras lendárias como Calamity Jane ou Billy the Kid –, que contribuíram para a enorme popularidade da série. São 15 álbuns que incluem algumas das primeiras aventuras da série, a par de outras que resultaram da longa e frutuosa colaboração entre Morris e Goscinny.

Há acontecimentos históricos, como a corrida para o Oklahoma, e figuras míticas da história do Oeste, como Billy the Kid ou Calamity Jane. E há os irmãos Dalton ou Rantanplan, magníficas personagens de ficção. Atravessam as aventuras de Lucky Luke, como sempre acompanhado pelo impagável Jolly Jumper.

O mais popular e divertido herói de BD do género western está de volta. É uma selecção de 15 álbuns que dão a conhecer histórias excelentes dos primórdios da série, quando era integralmente assegurada por Morris, a par de algumas das mais bem con­seguidas aventuras assinadas por Goscinny (textos) e Morris (desenho), responsáveis pelo período de ouro desta criação franco-belga.

O cowboy das histórias dos pri­meiros quatro álbuns – Lucky Luke contra Pat Poker, Fora-da-Lei, O Elixir do Doutor Doxey e Lucky Luke e Phil Defer – não tem muito a ver, gráfica e narrativamente, com o herói que hoje toda gente conhece, embora já lá es­tejam muitas referências, como o seu inseparável cavalo Jolly Jumper. Nessa altura, pelos anos finais da década de 1940, era uma figura redonda e "tos­ca", concebida um pouco à moda dos personagens do cinema de animação, onde Morris deu os primeiros passos da sua carreira artística.

O criador belga contínua a dar vi­da sozinho às aventuras do herói até 1955, data em que entra em cena René Goscinny como argumentista da série – assinam os restantes 11 álbuns que integram esta colecção PÚBLICO/Asa.

Os dois autores tinham-se conhe­cido nos Estados Unidos, para onde Morris partira em 1948 com Jijé e Franquin, outros "monstros sagra­dos" da BD europeia. Nos seis anos seguintes, Morris percorre o con­tinente, descobrindo os cenários e paisagens onde situará o seu herói, cujas aventuras continua a desenhar e a enviar para a Europa. Volta ao Velho Continente em 1955 e em 25 de Agosto desse ano começa a ser publicada Carris na Pradaria, a primeira histó­ria com argumento de Goscinny. Até à morte deste último, em Novembro de 1977, a dupla proporciona aos leitores as mais imaginativas, bem-humoradas e divertidas aventuras de Lucky Luke.

Passadas décadas, o cowboy que dispara mais depressa do que a pró­pria sombra é a imagem perfeita do êxito: milhões de álbuns vendidos em todo o mundo fazem deste herói um best-seller incontornável da BD europeia.

A criatura mais truculenta dos pri­meiros tempos - que não hesitava em mandar desta para melhor os fora-da-lei que se cruzavam no seu caminho - deu lugar a um herói mais "macio" e positivo. Algo a que não é alheia a va­lorização da vertente humorística da série por parte de Goscinny, que tem a sua correspondência no "grafismo simples, expressivo e terrivelmente eficaz" de Morris, como realça o crí­tico francês Patrick Gaumer.

Apesar de algumas alterações me­nos pacíficas - muitos leitores não apreciaram a substituição do cigar­ro por uma palhinha insípida para o tornar mais "politicamente correcto", por exemplo -, não há dúvidas que Lucky Luke é uma excelente série que tem o seu segredo no hábil equilíbrio entre a paródia e a revelação de um Oeste credível. Por ali passam algu­mas das grandes figuras e situações míticas - bandidos famosos, revoltas índias, construção dos caminhos-de-ferro, etc. -, que fazem parte da construção dos Estados Unidos. É uma saga onde até cabem criaturas como Rantanplan, o cão mais estú­pido do Oeste... e do Leste.

"Que um álbum continue a ter hoje tanta procura como no primeiro dia, isso, sim, parece-me uma coisa formidável e espantosa!" Morris

Estrelas da companhia


Lucky Luke e Jolly Jumper são as estrelas da série, mas seria injusto omitir Rantanplan ou os irmãos Dalton. Nesta nova colecção merecem ainda destaque Calamity Jane e Billy the Kid, pois sem as personagens secundárias a série não teria o brilho e a genialidade que fazem dela uma referência da BD.

Lucky Luke

Humor e sangue-frio, a par de uma coragem a toda a prova , a que se junta uma velocidade fulgurante a "sacar" as suas pistolas, são os atributos deste herói do Oeste que consegue cometer a proeza de disparar mais rápido do que a própria sombra. Sabe-se como acabam todas as aventuras deste cowboy solitário - rumo ao sol poente enquanto trauteia uma canção melancólica -, mas já é mais difícil dizer como começam e, sobretudo, como se desenrolam. Do que podem estar certos é que os temíveis malfeitores ou aguerridos índios que povoam as pradarias irão ficar pelo caminho.


Jolly Jumper

É o fiel companheiro do herói desde a primeira hora. Mas é muito mais do que um simples cavalo, como não podia deixar de ser. Com efeito, ele tem o dom de falar e não se limita a transportar o seu dono para todo o lado. É inteligente e ajuda-o nos momentos difíceis - que o digam os malfeitores que enfrentam Lucky Luke -, sabe ler o jornal e até joga xadrez, entre outros talentos e qualidades que os leitores terão oportunidade de descobrir.



Rantanplan

É um caso de estupidez absoluta (mas simpática), ao ponto de conseguir ser duas vezes mais estúpido do que a própria sombra... E que raio de animal é este que quase consegue morrer de sede a dois passos de um rio ou confundir um esquilo com um gato? Foi criado por Morris para ser um Rintintin às avessas (o cão super-inteligente de uma velha série juvenil de televisão) e a verdade é que o conseguiu, ao ponto de ser actualmente protagonista de uma série com o seu nome.

Irmãos Dalton

Os quatro irmãos são genialmente estúpidos e maus, compondo uma quadrilha que apareceu em 1951 e nunca mais saiu. De facto, os Dalton não são os Dalton mas os primos dos Dalton. Parece complicado mas não é: os Dalton (irmãos) surgiram em Fora da Lei, onde são combatidos por Lucky Luke e morrem. Mas ao constatar uma surpreendente afeição dos leitores por estes personagens imbecis, Morris ressuscitou-os sob a forma dos primos Dalton...

Billy the Kid

Nas histórias de Lucky Luke, este mítico pistoleiro do Oeste é um miúdo mimado que se diverte a espalhar o terror à sua volta. Como os restantes malfeitores da série - de Pat Poker a Doxey, de Joss Jamon a Phil Defer e tantos outros - nunca é cruel. Todos os bandidos da série são tão vincadamente ridicularizados que acabam por se tornar simpáticos. Quem adormece a chuchar no cano da pistola, como faz Billy, não pode ser assim tão mau como o pintam.




Calamity Jane

O encontro entre Calamity Jane e Lucky Luke é memorável: o cowboy banha-se nas águas de um rio quando é atacado por um bando de índios apaches. Inspirado numa personagem histórica (1850-1903), Goscinny introduz na série a primeira heroína de uma aventura de Lucky Luke caracterizada por um feitio temperamental e linguagem um pouco... solta. Entre os seus traços particulares destaca-se uma força física espantosa.




Lucky Luke em Portugal, uma longa carreira

A estreia de Lucky Luke em Portugal aconteceu nas páginas do Cavaleiro Andante. A primeira história apresentada foi O Elixir do Dr. Doxey, que começou a sair em 5 de Julho de 1958, no número 340 daquela revista. Até ao final da publicação, em 21 de Outubro de 1961, ainda foram publicadas outras aventuras do famoso cowboy, entre as quais Carris na Pradaria, a primeira história com argumento de René Goscinny.

Lucky Luke não ficaria muito tempo afastado dos seus muitos admiradores portugueses, pois a revista Zorro, que surgiu em 13 de Outubro do ano seguinte, daria à estampa dois episódios da série.

Encerrado este ciclo em 1966, com o desaparecimento da publicação, Lucky Luke só voltaria a dar notícias em 1968, quando apareceu a edição portuguesa da revista Tintin (1 de Junho). Por ali passaram praticamente todas as aventuras, a cores e com qualidade de reprodução muito elevada, até ao fim da revista, no início dos anos 1980.

Outras revistas e suplementos de jornais publicaram entretanto aventuras da série, como foi o caso da Nau Catrineta (suplemento do Diário de Notícias) e do Foguetão.

O primeiro álbum, saído em 1967, foi Fora-da-Lei (Editorial íbis), a que se seguiram outros. Em 1974, Lucky Luke regressa ao mercado editorial através de uma nova série de 12 álbuns editados pela Bertrand.

Em 1978 o herói surge na revista Flecha 2000, editada pela Meribérica-Liber, que teve os direitos da série até 2003. Neste último ano Lucky Luke e Rantanplan passaram para as Edições ASA, actuais editores das duas séries.

Morris (1923-2001)
Desenhador e argumentista


Morris, nome artístico de Maurice de Bévère, nasceu em Courtrai (Bélgica). Tirou um curso de animação por correspondência e começou a trabalhar, aos 20 anos, na Compagnie Belge d'Actualités, um estúdio belga de desenhos animados. Depois do encerramento do estúdio, colabora com Franquin, Will e Jijé, tendo ficado conhecidos como o Bando dos Quatro. Em 1945 realiza ilustrações para diversas publicações e no ano seguinte cria Lucky Luke, que aparece pela primeira vez na aventura Arizona 1880 (desenho e textos de Morris), publicada no Almanach Spirou 1947, distribuído no Natal de 1946. Enquanto continua a dar vida às aventuras do herói, Morris viaja em 1949 para os Estados Unidos, onde vive nos seis anos seguintes. É ali que conhece René Goscinny, com quem inicia, a partir de 1955, uma colaboração duradoura - como argumentista de Lucky Luke - que apenas será interrompida pela morte do criador francês, em 1977. A partir dessa data, o criador de Lucky Luke trabalha com diversos argumentistas, entre os quais Patrick Nordmann, Bob De Groot, Xavier Fauche e Jean Léturgie. Em 1987 Morris autonomiza numa série própria Rantanplan, o cão que durante anos animou alguns dos mais divertidos episódios das aventuras de Lucky Luke. Em 1992 recebe o Grande Prémio Especial do Salão Internacional de Banda Desenhada de Angoulême (França) em reconhecimento do seu contributo para a história da banda desenhada mundial.

René Goscinny (1926-1977)
Argumentista


Argumentista, desenhador e editor, René Goscinny nasceu em Paris. Parte dois anos depois com os pais para a Argentina onde inicia, em 1943, a sua carreira artística numa agência de publicidade. Viaja pela primeira vez para os Estados Unidos em 1945, onde regressa um ano depois. Em 1949 conhece Harvey Kurtzman, Willy Élder e Jack Davis, fundadores da mítica revista Mad (1952). É nos Estados Unidos que trava conhecimento, em 1950, com Jijé e Morris, criadores europeus que também trabalhavam na América. No ano seguinte, já na Europa, inicia uma longa colaboração com Albert Uderzo (Astérix) e, em 1955, com Morris, abandonando definitivamente o desenho para se consagrar à criação de séries de aventuras, como Jehan Pistolet, Luc Junior, Oumpah-Pah (Humpá-pá, em português) e outras. É um dos fundadores da revista Pilote, em 1959, onde surge pela primeira vez Astérix (criação de Uderzo e Goscinny). Na sua prolífica actividade, destaca-se, em 1962, a colaboração na revista Record, para a qual concebe com Jean Tabary a série Iznogoud. René Goscinny desempenha nos anos 60 e 70 do século passado um papel determinante na descoberta de muitos dos talentos que irão afirmar-se nas décadas seguintes, como Fred, Claire Bretécher, Philippe Druillet, Jean-Claude Mézières, Pierre Christin, Nikita Mandryka ou Jean-Marc Reiser.

AMANHÃ, 6 de Fevereiro 
LUCKY LUKE CONTRA PAT POKER 
Argumento e desenhos de Morris




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