ANDRÉ CARRILHO ILUSTRA PAINEL MÍTICO DA REVISTA AMERICANA 'VANITY FAIR'
Orgulho. O desenhador, que em Portugal trabalha em exclusivo para o DN, foi escolhido pela revista norte-americana. "Um dos trabalhos mais importantes da minha carreira", diz Carrilho
Joana Emídio Marques
É um dos ilustradores portugueses de maior projeção Internacional. Trabalha, desde há quatro anos, para a Vanity Fair, a New Yorker, a Los Angeles Magazine e em novembro passado foi escolhido pela Vanity Fair para recriar o mítico painel de personalidades que representam o espírito do momento americano. A revista só estará à venda em março, mas o resultado já pode ser visto no site, num vídeo feito pelo próprio Carrilho que diz: "Gosto de pensar à frente dos acontecimentos."
A ilustração agora recriada por André Carrilho, 38 anos, foi concebida originalmente pelo ilustrador Miguel Covarrubias, em 1933, e foi atualizada por Robert Risko em 1995, com as personalidades da altura. A Vanity Fair queria agora um ilustrador que introduzisse este painel no novo milénio, mas sem perder de vista o enquadramento das duas ilustrações anteriores.
Em entrevista ao DN (a publicação portuguesa para a qual o ilustrador trabalha em exclusivo), Carrilho contou que a revista americana abriu um concurso para escolher alguém para fazer o painel e esse "alguém" acabou por ser ele, conta com a mesma simplicidade com que explica que o que caracteriza o seu trabalho é a "intuição" e o "pragmatismo" que ganhou nos muito anos a trabalhar em jornais diários (começou num jornal de Macau, com 17anos). E hoje conta com um longo currículo de prémios nacionais e internacionais, entre eles o globo de ouro da americana Society for News, em 2002, e o World Press Cartoon, em 2009.
O rapper J-Z, a cantora Beyoncé, os atores Angelina Jolie, Brad Pitt, Leonardo DiCaprio ou Johnny Depp são alguns dos que figuram no trabalho de Carrilho. Todas as personalidades foram escolhidas pela revista e Carrilho confessa não ser fácil caricaturar rostos dos quais temos tão pouco distanciamento.
Talvez por ter logo percebido que "este seria um dos trabalhos mais importantes" da sua carreira, decidiu registar o processo de conceção da ilustração num vídeo que depois enviou como "surpresa" para a Vanity Fair. O vídeo, esse, impressionou de tal forma a direção da revista, que decidiu publicá-lo nas suas edições online e iPad com algumas adaptações. O vídeo é mesmo o grande destaque no site.
"Podia não ter feito o vídeo", conta. "Ou podia ter-lhes pedido dinheiro para o fazer e depois ficar semanas à espera de resposta. Mas acho que quando queremos que as pessoas viajem na nossa carruagem temos de ser nós a construir a locomotiva", conta. Esta metáfora explica em parte a carreira fulgurante de Carrilho. A outra parte poder-se-á explicar porque nasceu português. Nesta condição que tantos reclamam como "trágica", Carrilho encontra coisas fundamentais: "Temos uma herança de ilustradores incríveis, como Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais ou João Abel Manta.
Robert Risko’s 1995
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