sexta-feira, 1 de março de 2013

BDpress #352: A PRIMEIRA FASE D’O MOSQUITO TERMINOU HÁ 60 ANOS + AS 5 SÉRIES D'O MOSQUITO



“O MOSQUITO”
FECHOU ASAS HÁ 60 ANOS 


Jornal de Notícias, 24 de Fevereiro de 2013 

Pedro Cleto

A 24 de Fevereiro de 1953 chegava aos quiosques portugueses “O Mosquito” n.º 1412, o último número da revista que tinha feito sonhar os jovens portugueses durante 17 anos.

A aventura de“O Mosquito”, encetada por Raúl Correia e António Cardoso Lopes (o célebre Tiotónio que muitos ainda recordarão) começara a 14 de Janeiro de 1936, de forma modesta, com apenas 8 páginas a uma cor e o preço de 50 centavos. No entanto, “O semanário da rapaziada” como se autodenominava, rapidamente ganhou popularidade, aumentou o número de páginas, ganhou maior colorido, atingiu tiragens de 60 mil exemplares e chegou a ser publicado duas vezes por semana.

Esse tempo de glória ficou marcado por séries como “Pelo Mundo Fora”, “A Flecha de Ouro”, “O Gavião dos Mares”, “Os Náufragos do Barco sem Nome”, “O Voo da Águia”, “Cuto” ou “Serafim e Malacueco”, e pela arte de E.T. Coelho, Jayme Cortez, Vítor Péon, Jesus Blasco, Emílio Freixas, Walter Booth ou Reg Perrott, entre muitos outros. A par da banda desenhada, as páginas do “semanário mais bonito” encheram-se também de novelas e contos ilustrados, concursos, espaço para os leitores, separatas para as meninas (“A Formiga”) e construções de armar que divertiam enquanto educavam.

Na capa do número final, que ostentava um preço de 1$50, era anunciada “S. Cristóvam”, a adaptação aos quadradinhos de um conto de Eça de Queiroz. Deixada incompleta pelo fim da revista, esta banda desenhada da autoria de Eduardo Teixeira Coelho, sem dúvida o grande autor de “O Mosquito”, espelhava de alguma forma o que acontecera à publicação, presa ao passado e ultrapassada junto das preferências dos leitores pelos heróis norte-americanos do “Mundo de Aventuras” e pela banda desenhada franco-belga do “Cavaleiro Andante”, que prevaleceriam nos anos seguintes.
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Evidentemente Pedro Cleto refere-se neste texto publicado no Jornal de Notícias, à primeira série de O Mosquito. Sete anos depois do último número desta primeira série, surgiu a segunda, editada e dirigida por E. Carradinha e José Ruy. Durou apenas um ano. Republicamos abaixo a compilação de Leonardo De Sá, que já tinhamos editado AQUI, quando da reportagem sobre o almoço comemorativo dos 75 anos d'O Mosquito.

AS CINCO SÉRIES
D'O MOSQUITO

Compilado por Leonardo De Sá

1ª Série (1936-1953) 


Este semanário (depois bissemanal) foi fundado a 14 de Janeiro de 1936 por Tiotónio (António Cardoso Lopes Júnior) e Raúl Correia. O primeiro número tinha 8 páginas e as dimensões eram de 31x21 cm, era impresso pela Litografia Castro em Lisboa e teve uma tiragem inicial de 5.000 exemplares.

Durante a sua longa existência, colaboraram literariamente autores como Orlando Marques, Lúcio Cardador, José Padiña, Roberto Ferreira, Fidalgo dos Santos, António Feio e outros, para além do próprio Raúl Correia. Destacaram-se desenhadores nacionais como o próprio Tiotónio, Ruy Manso, Vítor Péon, Jayme Cortez, Servais Tiago, Eduardo Teixeira Coelho, Ilberino dos Santos, José Garcês, Monteiro Neves, etc.

Publicou séries estrangeiras de autores como Walter Booth (“Pelo Mundo Fóra...”, “O Capitão Meia-Noite”, “O Gavião dos Mares”), Roy Wilson (“Pedro de Lemos, Tenente, e o ‘Manel’, Dez Reis de Gente”), Arturo Moreno (“Formidáveis Aventuras do Grumete Mick, do Velho Mock e do Cão Muck”), C. Arnal (“Façanhas de Top”), Reg Perrott, (“A Flécha de Oiro”, “O Vôo da Águia”), Colin Merrett (“Atravez do Continente Negro”, “Atravez do Novo Mundo”), Percy Cocking (“Serafim e Malacuéco”), Emilio Freixas (“A Heróica Aventura”, “A Cidade das Três Muralhas”, “A Seita do Dragão Verde”), Jesús Blasco (“Cuto, o Ardina Detective”, “Anita Pequenita”), Ángel Puigmiquel (“Alarme em Insectolândia”, “A Sombra de Gulliver”), Alejandro Blasco (“Dardo Amarelo”, “O Segrêdo da Montanha”), Adriano Blasco (“Coisas do Chico”, “Chispita”), Cozzi (“Jack Tim - Epopeia do Forte Arizona”), J. Iribarren (“A Cruz de Fôgo - O Cavaleiro ‘Braço de Ferro’”), José Laffond (“O Fugitivo de Nevada”),Rudolph Dirks (“Necas, Tonécas, Barbaças e Leocádia”), John Lehti (“Tommy, o Rapaz do Circo”), Alejandro Blasco (“Aventuras de Morronguito”), Harold Knerr (“As Aventuras do Nécas, Tonécas & Cª”), Hal Foster (“Príncipe Valente”), Vincent Daniel (“Bandidos do Oeste”), Darrell McClure (“Anita e os Seus Amigos”), Reg Parlett (“Aventuras e Proezas do Inácio Camoezas”), Marijac (“A Vida Aventurosa de François Veyrac, Emigrante Francês 1814-1901”), Jack Monk (“Aventuras de Buck Ryan”), Steve Dowling (“Aventuras de Garth”), Robert Gigi (“O Cavaleiro da Montanha”), Oliver Passingham (“Lesley Shane”), Lloyd Wendt e Dick Fletcher (“Jed Cooper, o Aventureiro”), George Wunder (“Terry e os Piratas”), Lucien Nortier (“Os Bandidos da Pradaria”), Paul Gillon (“O Leão da Neve”, “A Vingança dos Macacos-Aranha”), e muitos mais.

Houve também um almanaque, vários álbuns e o suplemento feminino A Formiga. O último número foi o 1412, publicado a 24 de Fevereiro de 1953, após 17 anos de publicação ininterrupta.

2ª Série (1960-1961) 


Era editada e dirigida por E. Carradinha e José Ruy, com coordenação também de Roussado Pinto na segunda metade da colecção. Tinha inicialmente 12 páginas e as dimensões 26x17,5 cm. O primeiro número saiu a 16 de Novembro de 1960.

Publicou séries como “Brick Bradford” (com o nome de Capitão Relâmpago), “Jack Tubb, o Justiceiro”, “O Capitão Meia Noite”, “O Homem-Morcego”, “Façanhas de Top”, “Rudy Carter”, “Pelo Mundo Fora - Aventuras de Rob”, “Guerra no País dos Insectos”, etc.

O último número foi o 30, publicado a 7 de Junho de 1961.

3ª Série (1961) 


O editor e director foi António da Costa Ramos. Tinha 16 páginas e as dimensões eram de 25,5x17,5 cm, o primeiro número foi publicado a 14 de Novembro de 1961. O último foi o nº 4, publicado a 22 de Novembro de 1961.

4ª Série (1975) 


Foi publicado um único número, com data de 31 de Dezembro de 1975. Tinha 16 páginas e as dimensões eram de 23,5x17 cm, o seu editor e director foi Fernando de Andrade.

5ª Série (1984-1986) 


Inicialmente era bimestral, depois mensal, propriedade de Carlos & Reis, Lda e direcção de José Chaves Ferreira, com coordenação de Jorge Magalhães. Tinha 60 páginas e as dimensões eram de 29x21 cm, o primeiro número foi publicado em Abril de 1984.

Publicou autores e séries como ET Coelho, Jorge Magalhães e Augusto Trigo (“Kumalo”), Antonio Hernández Palacios (“Manos Kelly”), Julio Ribera (“Nunca Estamos Contentes”), Sánchez Abulí e Esteban Maroto (“Zodíaco”), Ricardo Barreiro e Juan Giménez (“Ás de Espadas”), Fernando Relvas (“Vast”), Dan O’Bannon e Moebius (“The Long Tomorrow”), Abulí e Jordi Bernet (“Torpedo 1936”), Victor Mesquita (“Navegadores do Infinito”), Richard Corben (“O Crepúsculo dos Cães”), Yves Chaland (“Freddy Lombard”), Jesús Blasco (“Jack, o Estripador”), Manfred Sommer (“Frank Cappa”), Carlos Trillo e Mandrafina (“Ciclo Vital”), Milo Manara (“Acherontia Atropos”), Hal Foster (“Príncipe Valente”), Muñoz e Sampayo (“Alack Sinner”), Tozé Simões e Luís Louro (“Jim del Mónaco”), Paul Gillon (“Um Homem de Palavra”), Hugo Pratt (“Fort Detroit”), etc.

Houve também quatro almanaques anuais. O último número foi o 12, publicado em Janeiro de 1986.

Nas imagens, os primeiros números de cada série

Leia-se também AQUI o que Jorge Magalhães escreve no seu blogue O Gato Alfarrabista

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