Com um curriculum de 20 exposições (até hoje) na sua galeria, em 13 anos de existência, o CNBDI aposta, apesar de tudo, nesta vertente para dar visibilidade à banda desenhada perante a população da Amadora e não só. Podemos dizer que faltam, clamorosamente, outro tipo de exposições, claro, coisas mais modernas e dirigidas a um público mais jovem.
Mas é evidente que este será o problema crucial que o CNBDI terá de resolver e ultrapassar nos tempos mais próximos, se quiser sobreviver, apresentando por exemplo, exposições dos novíssimos autores portugueses a trabalhar para os EUA (Filipe Andrade, Nuno Plati, João Lemos, etc...), mas não só. Lembremos uma plêiade de autores que, com exposições dos seus trabalhos, esgotariam a ocupação daquela galeria nos próximos (largos) anos: Pedro Burgos, Rui Lacas, David Soares (desenho e argumentos), André Oliveria (argumentista), Luís Henriques, Ricardo Cabral, Joana Afonso, Osvaldo Medina, Ricardo Venâncio, Nuno Lemos, Nuno Alves, etc... etc... etc..., por aí fora. Não esquecendo a vertente dos mangakas (autores de mangá), que tem revelado muitos e excelentes desenhadores.
Claro que o Festival de BD da Amadora já abordou alguns destes autores, mas será muito diferente tê-los em galeria durante dois ou três meses.
Com um programa deste género, podendo muito de vez em quando, incluir um clássico, atrairia certamente um muito mais vasto público - essencialmente jovem -, tornando-se assim, verdadeiramente, num autêntico Centro Nacional da Banda Desenhada portuguesa actual, o que, a nosso ver, ainda não consegue ser. Isto porque achamos que o futuro da BD portuguesa está nos jovens - só conseguindo atraí-los, se conseguirá tornar o CNBDI na verdadeira pedrada no charco que é o actual marasmo português na área da banda desenhada.
Mas passemos então às exposições já realizadas:
EXPOSIÇÃO (1)
INTUIÇÕES - JOSÉ CARLOS FERNANDES
14 de Setembro a 15 de Dezembro de 2000
14 de Setembro a 15 de Dezembro de 2000
José Carlos Fernandes, algarvio de Loulé, artista singular, expõe-se na Galeria do CNBDI. Esta exposição inaugurará formalmente o nosso Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem.
Este autor de BD, é de uma singularidade extrema: de formação, é engenheiro do ambiente, vem do Sul, começou a desenhar e a publicar aos vinte e cinco anos e tem, actualmente, trinta e cinco anos. Visita e participa, com regularidade, no nosso Festival Internacional, assim como no do Porto e no francês de Angoulême.
Tendo chegado tardiamente à BD, a lista de trabalhos, publicações e exposições, deste jovem autor é notável. O que vamos poder ver é excepcional.
Neste catálogo, importará como o leitor há-de perceber, falar um bom bocado do nosso CNBDI.
O nosso centro tem múltiplas valências e objectivos.
Desde logo o CNBDI, é mais equipamento cultural, de qualidade, ao serviço da população da cidade.
O CNBDI integra o nosso esforço de investimento municipal na área das bibliotecas e da rede de leitura pública. O CNBDI é sobretudo uma biblioteca especializada em BD, acolhe fundos de originais, tem uma magnífica galeria de exposições e desenvolve, agora e também com José Carlos Fernandes, a sua vertente editorial. Tem em desenvolvimento projectos a concretizar com e para as escolas do Concelho.
A cidade da Amadora, há mais de uma década, que se vem afirmando como uma das capitais da imagem, em Portugal. O destaque vai claramente para o nosso Festival Internacional de Banda Desenhada que é considerado em França, em Itália, no Brasil, na Bélgica, em Barcelona, nos EUA, um pouco por toda a parte, como o mais importante evento desta área, que se realiza em Portugal.
Como Presidente da Câmara, tudo continuarei a fazer para que tal objectivo permaneça e se realize na cidade , contribuindo para que a Amadora se modernize, se qualifique e se torne mais competitiva.
A cultura pode e deve participar neste desígnio municipal, ajudando a assegurar o nosso futuro colectivo.
O Presidente da Câmara
Joaquim Moreira Raposo
As fotos, do arquivo de Dâmaso Afonso, que gentilmente aderiu a este projecto, cedendo-nos os seus trabalhos fotográficos:
José Carlos Fernandes
Luís Vargas
Carlos Pessoa, jornalista do Público
Cristina Gouveia
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AMIGOS DO CNBDI (2)
Por José Ruy
(... Continuação)
Em dada altura o Dr. Luís Vargas disse-me que aquele arquivo só faria sentido quando tivesse material nos seus armários. Reconhecendo as potencialidades em perspetiva e o objetivo do projeto, entusiasticamente avancei com a doação de todos os meus originais, tanto de pranchas de BD como de croquis realizados no Jardim Zoológico, Escola do Exército, Jardins Botânicos por todo o país e mesmo no estrangeiro, e intensivos estudos com modelo nu em vários ateliês, o que atingia já nessa altura alguns milhares de folhas de papel.
Para mim, o primeiro e mais importante amigo do CNBDI era sem dúvida o próprio Dr. Luís Vargas, a construir dia a dia o sólido alicerce do que viria a ser uma importante instituição. E que continua de pé.
E surgiu então mais um sonho ambicioso do diretor do Festival: seria bom conseguir-se acolher nesse Centro os fabulosos originais do Teixeira Coelho.
Precisamente nos princípios do ano anterior, 1997, o Dr. Luís Vargas pediu-me se interferia para convencer o Grande Artista a vir ao Festival da Amadora receber um prémio de honra. Disse saber da grande ligação de trabalho e amizade que tivéramos durante muitos anos enquanto ele viveu em Portugal. Já em tempos haviam tentado convidá-lo, mas sem êxito, recebendo até uma desabrida resposta. Disse que estavam a brincar com ele, entre mais impropérios. Só depois do ato consumado tive conhecimento desse episódio. Nessa altura não me consultaram.
Mas como estou sempre pronto a ajudar uma boa causa, liguei para Itália mesmo do escritório do Festival, e falei com o ET Coelho, explicando o que era atualmente o nosso Festival, a sua credibilidade tanto no nosso país como no estrangeiro, e da seriedade das pessoas responsáveis pelo evento. Respondeu-me que pensava não se justificar uma deslocação a Portugal para prazer de cinco ou seis carolas que ainda se lembravam dos seus bonecos n’O Mosquito. Garanti-lhe que não, que havia um público dedicado e admirador do seu trabalho, não só em Portugal como no estrangeiro e que se encontrava ansioso de o ter presente.
O Coelho sempre acreditou em mim, pois conhecia bem a minha verticalidade e a honestidade das afirmações que fazia. E faço.
Escutou com atenção as minhas explicações, no mesmo jeito antigo de quando partilhávamos ideias e opiniões, cúmplices em tantos projetos.
Sobre mim, em cacho, a tentar ouvir as respostas do outro lado da linha, debruçava-se toda a equipa em absoluto suspenso. O Dr. Luís Vargas, o mais de perto do aparelho, ia-me acenando com propostas a acrescentar, que o convite era extensivo à esposa, que a viagem e estadia eram por conta da Câmara…
O Coelho fez uma pausa…
Para mim, o primeiro e mais importante amigo do CNBDI era sem dúvida o próprio Dr. Luís Vargas, a construir dia a dia o sólido alicerce do que viria a ser uma importante instituição. E que continua de pé.
E surgiu então mais um sonho ambicioso do diretor do Festival: seria bom conseguir-se acolher nesse Centro os fabulosos originais do Teixeira Coelho.
Precisamente nos princípios do ano anterior, 1997, o Dr. Luís Vargas pediu-me se interferia para convencer o Grande Artista a vir ao Festival da Amadora receber um prémio de honra. Disse saber da grande ligação de trabalho e amizade que tivéramos durante muitos anos enquanto ele viveu em Portugal. Já em tempos haviam tentado convidá-lo, mas sem êxito, recebendo até uma desabrida resposta. Disse que estavam a brincar com ele, entre mais impropérios. Só depois do ato consumado tive conhecimento desse episódio. Nessa altura não me consultaram.
Mas como estou sempre pronto a ajudar uma boa causa, liguei para Itália mesmo do escritório do Festival, e falei com o ET Coelho, explicando o que era atualmente o nosso Festival, a sua credibilidade tanto no nosso país como no estrangeiro, e da seriedade das pessoas responsáveis pelo evento. Respondeu-me que pensava não se justificar uma deslocação a Portugal para prazer de cinco ou seis carolas que ainda se lembravam dos seus bonecos n’O Mosquito. Garanti-lhe que não, que havia um público dedicado e admirador do seu trabalho, não só em Portugal como no estrangeiro e que se encontrava ansioso de o ter presente.
O Coelho sempre acreditou em mim, pois conhecia bem a minha verticalidade e a honestidade das afirmações que fazia. E faço.
Escutou com atenção as minhas explicações, no mesmo jeito antigo de quando partilhávamos ideias e opiniões, cúmplices em tantos projetos.
Sobre mim, em cacho, a tentar ouvir as respostas do outro lado da linha, debruçava-se toda a equipa em absoluto suspenso. O Dr. Luís Vargas, o mais de perto do aparelho, ia-me acenando com propostas a acrescentar, que o convite era extensivo à esposa, que a viagem e estadia eram por conta da Câmara…
O Coelho fez uma pausa…
(continua...)
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