in Enorme, Brutal, Colossal 2012, por Henrique Monteiro
Pelo facto de o público em geral não perceber lá muito bem (ou mesmo nada) do que se passa nas economias do ocidente (ou seja, Europa e EUA), com a questão das dívidas soberanas e a inevitável imposição da propalada e não grata “austeridade”, alguns economistas resolveram explicar o que se passa através da banda desenhada. Não sei se alguém vai entender - a sério - o que se passa, mas os livros estão aí e não se perde nada em ver o que dizem.
ISTO É UM ASSALTO
Bertrand Editora
Isto é um assalto, a banda desenhada sobre a dívida
Rita Brandão Guerra
Público online, 10/04/2013
A banca e a troika. A escalada dos impostos, os cortes salariais e o aumento do desemprego. Quem paga a factura? As respostas chegam em banda desenhada, no livro Isto é um assalto, da autoria dos dirigentes do BE e economistas, Francisco Louçã e Mariana Mortágua, lançado nesta quarta-feira em Lisboa.
”Este livro descreve o assalto que Portugal está a sofrer. Eles estão a cobrar impostos acima das nossas possibilidades, a retirar subsídios de férias e de Natal que eram as nossas possibilidades, a destruir o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e a Segurança Social, que deveriam ser a devolução dos nossos tributos. Eles querem tudo”, resume-se na contra capa do livro escrito a duas mãos e com ilustrações de Nuno Saraiva.
A “história deste assalto moderno” é contada ao longo de quase 170 páginas. Fazem-se contas e cobra-se a factura à banca e à austeridade, à "chantagem da dívida" e ao flagelo do desemprego. No final, os dois economistas deixam um desafio: “Isto é um assalto! Vamos fazer-lhes frente?”
Esquerda.Net, 13 Abril, 2013
“Isto é um assalto”: a história da dívida em banda desenhada
Parceria entre os economistas Francisco Louçã e Mariana Mortágua, o autor de BD e ilustrador Nuno Saraiva e a designer Rita Gorgulho descreve em quadradinhos o assalto que Portugal está a sofrer. Entrevista ao Esquerda.net e texto da apresentação feita por Urbano Tavares Rodrigues.
“A ideia surgiu na sequência do 'A Dívidadura'. Um dia o Francisco propôs: por que não fazemos uma banda desenhada, um livro de caráter mais leve, pode chegar a um público maior...”, explica a co-autora Mariana Mortágua. A vantagem da BD era dar um novo aspecto a estes assuntos que são sérios e em relação aos quais as pessoas têm alguma resistência.
O trabalho começou pela escrita do guião, e por levantar algumas ideias de como poderia ser ilustrado. “Sempre sabendo que depois seria o Nuno Saraiva que teria uma perspetiva mais prática do que poderiam ser essas ilustrações”. Recorda a economista. “Mas nalguns casos fazíamos algumas sugestões, como por exemplo, um polvo com muitas cabeças para representar o governo da Goldamn Sachs na Europa”.
“Condensar tudo em frases muito simples”
A escrita a pensar em banda desenhada é completamente diferente, afirma a economista. “A começar que tínhamos uma folha em word dividida em quadradinhos, nós sabíamos que aqui é o capítulo um, aqui o dois, para nos limitar, porque é preciso condensar tudo em frases muito simples, e ter espaço para bonecos, ilustrações, etc. É um processo completamente diferente de um livro, mais denso, com pesquisa e escrita. Neste caso, o que é preciso é pensar como se traduzem ideias complexas em duas ou três frases, como é que se faz isso não através de ideias abstratas mas por histórias, e fazê-lo já a pensar no que pode ser a ilustração”.
“Aceitei imediatamente”
“Eu estava num bar quando recebo um telefonema do Chico (Louçã) a propor-me transformar um livro denso – que eu depois até não achei tão denso quanto isso, a linguagem é bastante fluída – em BD, e aceitei imediatamente”, diz Nuno Saraiva, que brinca: “E não tinha bebido muito”. O quadrinhista diz que sempre simpatizou “com as causas do Louçã”, aproveitando para esclarecer que nunca foi militante, até porque nunca seria militante de um partido que o aceitasse como membro, “como dizia o Groucho Marx”.
Depois entrou em pânico quando soube que o prazo era um mês. “Era muito difícil, acabou por ser desenhado em dois meses”, o que é um recorde, considerando que são 170 páginas. Saraiva destaca a participação da designer Rita Gorgulho, que escolheu as fontes gráficas para os tipos de letra dos títulos de capítulos, as letras dos textos, montou e fez os gráficos.
E recorda que durante aqueles dois meses, “a minha entrega foi total, a cem por cento. Todas as semanas fazíamos o ponto da situação, eu mentia um bocadinho, dizia que tinha feito 50 quando tinha feito cinco”, acrescentando que “isso também faz parte da profissão”.
Um mix de BD e ilustração
Nuno Saraiva orgulha-se muito do resultado final. “A ideia inicial era fazer um trabalho cem por cento banda desenhada, mas era muito complicado, teria que demorar quase um ano a trabalhar estas páginas todas. Portanto, fizemos um mix de BD e ilustração”, esclarece Saraiva, que recorda também a interação entre ele e os autores do texto, quando por exemplo ele propôs que se incluísse a dívida de Filipe I de Portugal e II de Espanha e o episódio da “Invencível Armada”.
Mariana Mortágua exemplifica também como a ideia do tsunami, recorrente na história, que começa logo nas primeiras páginas com as ondas do mar ainda manso, até aos furacões e o desastre. “Foi uma boa combinação entre ideias gráficas e texto”, sublinha. “Inspirei-me na famosa onda do Okusai, o famoso autor japonês das iluminuras do século XIX”, revela Nuno Saraiva.
Os autores acham que o espaço para mais projetos deste género é maior agora que antes. “E quanto mais diversos melhor”.
Apresentação do escritor Urbano Tavares Rodrigues
Sob o título “Francisco Louçã ao ataque, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, uma das mais ilustres personalidades das letras portuguesas, escritor comunista, fez a seguinte apresentação no lançamento do livro:
“Professor catedrático de economia e orador sem igual na Assembleia da Republica, irónico e acutilante com tremendo humor, Francisco Louçã publica, com valiosa colaboração de Mariana Mortágua e os fabulosos desenhos e ilustrações de Nuno Saraiva, Isto é um Assalto, onde logo se destacam os gráficos clamorosos da história política e económica dos séculos XIX e XX e da actualidade, mostrando como os ricos multiplicaram as suas riquezas e os pobres foram caindo no desemprego e na miséria.
Com absoluto rigor e ironia acerba e espírito de luta desmascara os Mellos e Champalimaus, as suas cumplicidades com Pinochet e com os coronéis brasileiros, as manobras dos ricos e muito ricos nos Estados Unidos, fomentando miséria e revolta, os interesses vergonhosos nas matanças do Paquistão e do Afeganistão, os escândalos dos mercados sem piedade sequer dos desgraçados que perdem as próprias casas onde viviam.
É um livro veemente contra a Troika e os seus desmandos, que propõem a insurreição dos trabalhadores e desempregados contra o cego poder do dinheiro e das negociações do euro.
Cheio de gráficos de extrema actualidade e rigor, é um grito de liberdade, um clamor de justiça. Aqui, eu comunista deixo o meu fraterno e solidário abraço a Francisco Louçã, lutador da liberdade e da dignidade humana”.
Para ver clique em cima da imagem
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É preciso ser um oportunista descarado. Falo do Nuno Saraiva que trabalha sempre e conforme do lado que lhe cheira a dinheiro. Quando Passos subiu ao poder, este senhor e um tal João Miguel Tavares fizerem dois livrinhos inenarráveis sobre a crise e com prefácio de Vitor Gaspar. Agora que as coisas não correm de feição, junta-se ao povo para denunciar a crise. Um versão em BD dos Homens da Luta: muita parra mas pouca uva!!!
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