Última vinheta de O Defunto, de Eça de Queiroz, adaptado e desenhado por E. T. Coelho.
Com este post finalizamos a republicação das 102 páginas que Jobat nos enviou.
NONA ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA
(CII)
O Louletano, 6 de Agosto de 2007
O ARTISTA, O MESTRE, O COMPANHEIRO, O AMIGO - 23
Recordações de Tertúlia confidenciadas por José Ruy
» Em fins de 1945, devido a excesso de trabalho, o Coelho esteve à beira de um esgotamento. Embora muito rápido a trabalhar, a sua técnica era morosa. Debruçou-se então no trabalho de Emílio Freixas, que executava muitas das suas ilustrações logo a tinta, sem prévio esboço a lápis.
O Coelho tentou deste modo ganhar o tempo do esboço. Desenhou «Os Náufragos do Barco sem Nome», com este processo, bem como as ilustrações publicadas a partir de 17-11-45 para «Lalali, a Cidade Morta». Podemos dizer que ele foi influenciado por Freixas? De modo nenhum, como nunca o foi pelo Foster ou outro. Algumas vezes fazíamos estudos a lápis de figuras ou panejamentos de quadros de Da Vinci, Boticelli ou Pisanelo para podermos ver o desenho fora do ambiente do quadro.
Desde que iniciei o desenho litográfico nas cores do «Mosquito», trabalho antes executado pelo José Velez, irmão do autor das construções de armar que eram incluídas no jornal, mantive com o Coelho uma sólida equipa. Ele tem um sentido de cor gráfica muito apurado, pois todo o seu colorido acusa um cunho muito pessoal, desligando planos, envolvendo multidões para que de entre um fundo se distinga claramente um motivo principal, para a cena. Rapidamente assimilei a sua intenção.
Bastava-me assim uns simples traços a lápis de cor numa prova de prelo, para executar a seu gosto, nas chapas de zinco do sistema «offset», a cor que valorizava o seu desenho tão rigoroso. Assim juntos, conseguimos alguns trabalhos de boa qualidade, sem a necessidade da complexa maquinaria que hoje temos à disposição para fazer a mesma coisa... cem vezes mais caro.
Certo dia o Coelho teve uma encomenda para fazer uma colecção de postais ilustrados sobre motivos regionais portugueses. Em doze desenhos à pena, ele apresentou os nossos barros saloios, a lavadeira cavalgando o burrrico com a trouxa da roupa suja, o pastor serrano guardando ovelhas, os barcos moliceiros, as fragatas do Tejo e o Rabelo do Douro, a minhota ataviada que enche a sua bilha na fonte, as mulheres transmontanas junto ao cruzeiro centenário, o campino cavalgando o fogoso garrano e a pitoresca varina.
Os postais eram a cores. Inevitavelmente, fui eu a fazê-las com «aerografe» em litografia. A impressão foi executada no «Diário de Notícias», onde eu trabalhava nessa época, podendo assim acompanhar o trabalho até ao seu final. »»
Ilustração para a capa de "O Mosquito" nº 669 de 21-11-1945 para a história Lalali, a Cidade Morta.
Desenho publicitário de E.T. Coelho, para uma conhecida marca de licores
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