PROJECTOS ABANDONADOS... (2)
OS MAIAS
De Eça de Queiroz
Jorge Machado-Dias - Adaptação e desenhos
Na sequência da Menção Honrosa atribuída a Ilhas do Mar Occeano, no Concurso de Banda Desenhada Navegadores Portugueses do Centro Nacional de Cultura, cujas pranchas existentes publiquei aqui no passado domingo, fui contactado por Francisco Alba Linhares, das Edições Asa. Pensando que ia poder desenvolver Ilhas do Mar Occeano, em trabalho pago, fiquei desalentado e um bocado (muito mesmo) receoso, quando Linhares me disse que a editora já tinha o armazém cheio de BD sobre descobrimentos e por isso, o que me propunha era a adaptação de Os Maias, de Eça de Queiroz. Confesso que fiquei em estado de choque. Tinha lido Os Maias (e toda a obra de Eça), aos 13 ou 14 anos e conhecia bem o livro. Mas aquilo são setecentas e tal páginas...
No entanto eu queria mesmo fazer banda desenhada e... aceitei. Levei talvez um ano a fazer a adaptação - decoupage, planificação, passagem de discursos indirectos a directos, etc, etc... a coisa ia dar umas trezentas e tal pranchas. E comecei a desenhar.
Desenhei Ilhas no Mar Occeano em A2. Eram folhas enormes que não davam jeito nenhum para manobrar no estirador. Então, não mudando de formato, desenhei cada página em duas pranchas A3 ao baixo. A única de que conservei o original foi a prancha 13 (13A e 13B), que podem ver mais abaixo - antes da reprodução da mesma com as cores.
Acabou por ser um trabalho que me deu (estava a dar) imenso gozo - a pesquisa iconográfica da época (não havia internet ainda), armado em ratazana de biblioteca, depois fotografando ruas de Lisboa que não tinham sido muito modificadas, fotografei, por exemplo, o palácio dos marqueses de Fronteira, para servir de modelo à casa de Santa Olávia (1ª prancha) e cheguei mesmo a ir ao São Carlos para fotografar a sala (para a prancha 12), etc... tive uma pequena colecção de miniaturas de caleches, coches-coupé, etc...
Antes de começar a sério, realizei algumas pranchas preparatórias, de que só me resta a que se pode ver abaixo, com uma conversa entre João da Ega e Carlos da Maia.
Depois de enviar treze pranchas - primeiro a preto e depois com as cores - que foram religiosamente pagas, aconteceu uma qualquer hecatombe nas edições Asa, Francisco Linhares desapareceu de cena e recebi uma carta a cancelar o projecto, explicando que a Asa deixaria de publicar banda desenhada.
Depois daquele trabalho todo - em que o desenho não tinha sido ainda nem 10% - e quando os motores já estavam aquecidos... Fiquei de gatas.
Aqui fica o que restou - só tenho cópias das primeiras oito pranchas a preto e as restantes a cores, sendo que a 9 nem sequer tem legendas, nem eu sei onde pára o texto.
Prancha preparatória - conversa entre João da Ega e Afonso da Maia
Originais da prancha 13
Para conseguirem ler as legendas em condições, cliquem sobre as imagens e, uma vez estar abertas no visualizador do blogue, cliquem de novo sobre eles, com o botão direito do rato e escolhendo "Abrir imagem num novo separador" onde se pode usar a lupa.
________________________________________________________
Espero que este projeto renasça das cinzas. Revisitar a obra de Eça de Queirós é Serviço Público.
ResponderEliminarÉ muitíssimo difícil que isso aconteça, caro Fernando. Por duas razões. Primeiro porque já não tenho pachorra para atacar um projecto de trezentas e tal pranchas - com as dificuldades inerentes a uma adaptação "de época". Depois, já não faço a mínima ideia onde poderá estar o texto da adaptação que fiz, é (ou era) um calhamaço de quase seiscentas páginas e que, muito provavelmente foi parar ao lixo numa das várias mudanças de casa que tive de fazer... Enfim, fica para uma qualquer eventual reincarnação.
ResponderEliminar