sábado, 31 de março de 2018

CONVITE DE NUNO SARAIVA PARA WORKSHOP DE DESENHO BURLESCO – 3 DE ABRIL

CONVITE DE NUNO SARAIVA 
PARA WORKSHOP 
DE DESENHO BURLESCO
3 DE ABRIL 

Aqui fica o CONVITE para participarem na última sessão do Workshop de desenho Burlesco Ar.Co Xabregas, uma AULA ABERTA que será apresentada no Teatro Ibérico, rua de Xabregas, 54, um espaço único, na antiga capela do Convento de São Francisco.

Próxima Terça 3 de Abril entre as 18h15 e as 20h45 (Entrada Livre)

São 2 horas de desenho ao vivo com a modelo burlesco Lucky Lu a partir de figurinos Mata-Hari, Vaudeville e anos 20.

Materiais a trazer: Livre. Bloco papel ou caderno tipo molesquine. Cores (canetas, lapis ou aguarelas, pincel de depósito, etc).

A aula será documentada por uma equipa de alunos do Departamento de cinema.

Lucky Lu, dançarina burlesco com especialidade no charleston, é historiadora de formação e diretora artística do Immoral Babylon Productions (IBP), grupo de artistas de várias nacionalidades que trabalham actualmente no espectáculo do Vaudeville em Berlim.

Lucky Lu: http://luciamvicente.wordpress.com/vaudeville-performance/





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segunda-feira, 12 de março de 2018

Gazeta da BD #90 – a última Gazeta da BD – COMER BEBER – de Filipe Melo e Juan Cavia


Gazeta da BD #90
9 Fevereiro de 2018
a última Gazeta da BD - na Gazeta das Caldas

COMER BEBER
de Filipe Melo e Juan Cavia 

Apesar do título Comer Beber, os dois episódios da história têm uma sequência inversa. O livro começa com Beber e termina com Comer. Primeiro em volta do champanhe e depois, de uma tarte de maçã...

Beber (Majowsky)

Janeiro de 1917, a cidade de Katowice situava-se perto da fronteira entre o império alemão, ao qual pertencia e o reino da Polónia, entretanto ocupado pelo império russo. Actualmente é a capital da Silésia polaca. Perante a devastação da 1ª Guerra Mundial, a escassez de alimentos levou a que o polaco Majowsky, como todos os habitantes da cidade. tivesse que ir para as filas de racionamento, onde quase só havia batatas para distribuir. Decide partir com a família para Berlim.

Berlim, março de 1935. O bem sucedido restaurante Majowsky é frequentado pela alta sociedade alemã e onde actuava Marlene Dietrich... No entanto, quando em Novembro de 1943 a Alemanha nazi tinha já começado a sucumbir perante as forças aliadas, Franz Majowsky esconde uma garrafa do seu melhor champanhe Dom Pérignon num cofre. A certa altura Franz e a sua mulher Frieda, perante as sirenes de alerta para ataque aéreo têm que se refugiar num dos abrigos antiaéreos, enquanto Berlim é pasto das bombas da aviação aliada. No final, todo o bairro esta em destroços. Majowsky vai às ruinas do seu restaurante e consegue encontrar a preciosa garrafa de champanhe, intacta!

Comer (Sleepwalle)

Yuma County, Arizona, 1948. Lloyd segue no seu carro por uma das estradas inter estaduais típicas dos EUA. Pára numa estação de serviço para reabastecer o depósito e pergunta onde mora Dolores Barrett. O empregado pergunta logo: “o Darren meteu-se em sarilhos outra vez?” Na morada indicada, Lloyd Jenkins pergunta por Dolores a uma moradora que está sentada no alpendre, que responde: “a Dolores está no trabalho. O que se passa? É o miúdo dela, outra vez?”

Não vou referir o encontro de Lloyd com Dolores, nem o final da história para deixar uma ponta de suspense para os eventuais leitores.

Tudo isto resulta do pedido que Carlos Vaz Marques fez a Filipe Melo, depois de lêr Os Vampiros, de uma história em BD para ser publicada na revista literária Granta, de que é o director.

Foi no relato de uma amiga (Nádia Schilling) acerca do episódio familiar em que o seu bisavô, quando ocorreram os bombardeamentos a Berlim pela aviação aliada, correu a esconder a melhor garrafa de champanhe que guardava no restaurante, que Melo pensou de imediato assim que chegou o convite da Granta. Depois foi preciso convencer a amiga a autorizar que a história saísse do reduto familiar e pudesse chegar à casa de desconhecidos.

Carlos Vaz Marques escreve no Prefácio: “Impressionado pelo fôlego narrativo de Filipe Melo e Juan Cavia em Os Vampiros, ocorreu-me de repente que queria ter uma coisa assim na Granta. Até os nossos actos mais generosos nascem, por vezes, do mais puro egoísmo. O Filipe disse-me imediatamernte que sim, falou com o Juan, que também aceitou a ideia, e fiquei à espera.

No episódio seguinte depois de dez partidas de xadrez online vencidas consecutivamente por ele: sem apelo nem agravo ou qualquer consideração pelo seu futuro editor – comunicou-me que não teria apenas uma, mas duas histórias para a Granta.

Resisti um pouco à ideia, não só para poder usar as minhas prerrogativas de director mas porque me apercebi, de repente, de que as dimensões da colaboração da dupla Melo/Cavia, em páginas a cores, fariam disparar os custos de produção da revista.

A persistência do Filipe Melo viria, no entanto, a levar a melhor. Não foi preciso muito, aliás. Bastou-lhe mandar-me os guiões e os primeiros esboços de Cavia. Ficou definido que a colaboração de ambos na Granta dedicada aos temas Comer e Beber apareceria em dois andamentos: no primeiro, a imaginação cinéfila de Filipe Melo transporta-nos para um cenário de filme americano de série B; no segundo, recuamos ao periodo negro da Segunda Guerra Mundial.

Pela primeira vez, Filipe Melo e Juan Cavia pegaram num caso real para o transformar num comovente conto visual. A história do bisavô de Nádia Schilling, uma grande amiga de Filipe, narradas pela sua mãe num diário pessoal. «A minha avó contara-me que, no dia em que a Alemanha ocupou a Polónia, o avô foi buscar a melhor garrafa de champanhe que tinha no seu restaurante e correu a escondê-la, num recanto que só ele sabia. Ninguém era capaz de imaginar, nessa altura, que algo pudesse correr mal.” ·

Comer Beber foi apresentado na Comic Con Portugal, em Matosinhos, e depois na FNAC Chiado, em Lisboa, com a presença do argumentista português e do desenhador argentino. 


As capas alternativas de Comer-Beber

COMER BEBER

Filipe Melo (argumento) com Nadia Schilling em Beber, Juan Cavia (ilustração), legendagem de Pedro Serpa.

Livrinho com 13,6 x 19,3 cm, em capa dura e 72 páginas, editado pela Tinta da China.








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Caríssimos leitores, devido a constrangimentos de espaço, a Gazeta da BD termina na Gazeta das Caldas com este artigo.

Ao fim de cinco anos e 90 artigos, penso que o contributo para uma maior apetência do público de Caldas da Rainha pela banda desenhada não foi mau. Restará saber se foi útil. Para mais, com a republicação de todos os artigos, como “recortes de imprensa” no blogue do BDjornal, o kuentro.blogspot.pt, o nome da Gazeta das Caldas chegou a leitores improváveis por todo o país e outros pontos do mundo, em que que destaco os meus fiéis leitores do Brasil, Angola e Moçambique, além de outros países. Já agora, o Kuentro atinge um universo de cerca de 20.000 leitores, fãs da banda desenhada, espalhados pelo planeta, de Portugal ao Japão.

Claro que poderei voltar a escrever sobre BD (ou mesmo outros temas) aqui na Gazeta, caso haja interesse, embora num formato mais curto e consentâneo com o espaço disponível.

Por agora e a partir de agora, a Gazeta da BD será apenas publicada com matéria original, no Kuentro. 


E aproveitando a garrafa de champanhe de Majowsky resgatada das ruínas, depois do bombardeamento de Berlim, proponho um brinde de despedida aos leitores da Gazeta da BD na Gazeta das Caldas.

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quarta-feira, 7 de março de 2018

Gazeta da BD #89 na Gazeta das Caldas - Heróis da BD Portuguesa – 14 Karlos Starkiller – Jornalista de Ponta


Gazeta da BD #89 na Gazeta das Caldas
2 Fevereiro 2018
Heróis da BD Portuguesa – 14

Karlos Starkiller – Jornalista de Ponta 
Uma das grandes histórias de Fernando Relvas

Karlos Starkiller foi a 23ª história de Relvas depois de se iniciar na publicação de bandas desenhadas, no jornal/fanzine O Estripador em 1975, quando ainda assinava Melo Relvas. Após o fim de Taxi Driver no semanário Se7e, Relvas iniciou em 1984, a sua oitava história naquele semanário: Karlos Starkiller, jornalista de ponta, que viria a ter mais um episódio neste semanário em 1985, A Sombra de Xizhakt Rabin. Em 1991 seria publicado um outro episódio, Gulf Stream, na revista Lx Comics e ainda outro n’O Inimigo, Testos Torres Contra Cara Dread. Estou a guiar-me pelo álbum publicado em 1997 pela Bedeteca de Lisboa e Baleiazul, apenas com o título Karlos Starkiller, que conta com 67 páginas.

Mas Starkiller aparece previamente na página 7 da história que o autor publicou anteriormente no Se7e, Sangue Violeta e que desaparece a partir da página 34, quando se conta como foi Karlos Starkiller corrido a tiro, quando tentava entrevistar Violeta para o “Rock Marginal”...

Portanto a história de Carlos Pombo Capador de seu nome completo, que usa o pseudónimo Karlos Starkiller, começa assim no seu próprio álbum: “Insuficiências sexuais mais ou menos notórias, de profissionais, responsáveis ou meros consumidores de informação (mal informados no período crucial da puberdade), tendente à recondução de velhos censores, novíssimos censores e pós-novíssimos sensores (... quão difícil é fazer humor e amor, directos, nesta terra!), obrigaram ao corte brusco da vertiginosa carreira de Karlos Starkiller como realizador de programas de televisão, cronista emérito, repórter independente e promotor de grupos (p. ex. Violet Blod) e o seu regresso ao funcionalismo, algo público, num hebdomadário lusitano, como reporter de secretária... ou seja – para simplificar, Karlos Starkiller está Fo-d-do e mal pago...”

É um episódio inicial (sem título) completamente rocambolesco e caótico, que começa com telefonemas cruzados, passa por uma viagem de avião quando Karlos, farto de estar agarrado à máquina de escrever e aos telefones, resolve fugir para a Nicarágua, com a Olga Punk e a filha do director do jornal, mas onde as coisas não serão nada pacíficas (é mesmo a confusão geral da história) e em que acaba por aparecer gente com cabeça de abacaxi, de nabo, etc... e o “Capitão Latino-América”. Enfim... demasiados copos no Bairro Alto até às tantas da manhã, dão nisto.

A história seguinte, A Sombra de Xizhakt Rabin é uma complexa história de espionagem internacional passada no Líbano, vagamente inspirada no caso Irangate, que evoluirá para uma comédia delirante, como era típico do autor, onde aparece um Mário Soares com cabeça de abóbora e alguns colegas de Relvas no jornal Se7e. A forma como a história reflecte a actualidade da época está bem patente na interrupção da intriga durante uma semana, para dar lugar a uma entrevista com o Presidente americano Ronald Reagan, de visita a Portugal em Maio de 1985. Uma tomada de posição que, segundo o que Relvas disse a um jornalista, se deveu às pressões da sua namorada da altura, uma rapariga politicamente muito empenhada…

Quanto a Gulf Stream, é uma curta história de três páginas, publicada na revista Lx Comics, em que Mort O’Gulf e a Billies O’Fell encontram Carlos em Janeiro de 1991, o traço de Relvas aqui já é diferente, mais limpo e conciso. Quando Starkiller se prepara para partir para o golfo, a fim de relatar os acontecimentos, com Mort O’Gulf, aparece-lhe em casa a provocante Billies O’Fell e então tudo se passa em frente da TV, com noitadas eróticas de parceria com a Billies, até se perceber, pelas notícias, que rebentara a guerra no Golfo.

Testos Torres Contra Cara Dread foi publicada n’O Fiel Inimigo, é uma história de 14 páginas, num estilo completamente diferente das anteriores. Acabado de chegar do Mar do Japão, Karlos Starkiller não está com grande paciência para voltar a aturar aeroportos, sobretudo quando o mandam atrás do suposto funcionário mais duro do serviço de estrangeiros e fronteiras, Testos Torres. A história, publicada por altura das comemorações dos 20 anos do 25 de Abril, quando a fúria racista era patente, disfarçada de zelo administrativo. O traço de Relvas é aqui muito mais solto, as vinhetas sem enquadramentos de traço e uma expressividade mais conseguida.

O livro da Baleazul/Bedeteca de Lisboa inclui um interessante posfácio do autor, na contracapa:

"Karlos Starkiller é, de há cerca de quinze anos, o pseudónimo mais temível de Carlos Pombo Capador, personagem enérgico e multifacetado que só há menos de um ano o leitor português começou a conhecer.
Apesar de ter assinado um bom número de artigos, em diversos países, não é como jornalista que o seu nome é mais conhecido, mas sim (e eu que o diga!), como um chato extremamente perigoso, um predador sem escrúpulos nem ideologia, uma carraça execrável ou outras coisas que pendem, todas elas para pior do que isso. Não me cabe reabilitar a imagem humanista de Karlos (nem as minhas recentes funções junto do politburo mo permitiriam), mas quero deixar bem claro que nunca, em toda a minha carreira, encontrei personagem mais pitorescamente coerente com a imagem necessária, num mundo cada vez mais iconográfico.

Cor. Schlivovitza - Antigo oficial jugoslavo,ex-quádruplo espião, dois dos quais já mortos, um deportado e outro na reserva, actua como conselheiro informático em Moscovo e Pequim.

Macau, Dezembro de 1984"

Agradeço a Geraldes Lino e a Álvaro Santos as prestimosas ajudas para a elaboração deste texto.






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terça-feira, 6 de março de 2018

REPORTAGEM 405º ENCONTRO DA TERTÚLIA BD DE LISBOA – 6 Março 2018 – CONVIDADO ESPECIAL HENRIQUE GANDUM

REPORTAGEM DO 405º ENCONTRO 
DA TERTÚLIA BD DE LISBOA
6 Março 2018
CONVIDADO ESPECIAL 
HENRIQUE GANDUM 




CONGO - Um Mundo Esquecido
da autoria de Henrique Gandum (narrativa e desenho), sobre portugueses no Congo, que nos leva por uma viagem inesperada e perigosa pelo desconhecido em pleno continente africano em finais do século XIX. 

Desenvolvido no decorrer de mais de dois anos, ‘CONGO - Um Mundo Esquecido’ é o primeiro livro de uma saga que nos irá revelar lendas e mitos com base em relatos reais da época contados por exploradores de vários países, entre os quais portugueses. 

Sinopse

Congo, 1880. Uma expedição portuguesa à região mais inexplorada da África central rapidamente corre mal. Afonso Ferreira, explorador de renome, e os seus homens, deparam-se com a morte impiedosa de um dos membros do grupo. E embrenhados na imensidão da mais inóspita selva africana lutam pela vida, enquanto criaturas primitivas e vorazes os aguardam nas sombras...

A primeira edição foi lançada oficialmente a 5 de Dezembro de 2017, com o apoio do espaço cultural/restaurante "Velha Gaiteira" na Rua das Pedras Negras, em Lisboa.


COMIC JAM

Autores participantes:
1. Henrique Gandum
2. Joana Duarte 
3. Filipe Duarte 
4. Nuno Vieira 
5. Álvaro



AS FOTOS
(de Álvaro)















 







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