sábado, 30 de junho de 2018

409º ENCONTRO DA TERTÚLIA BD DE LISBOA

409º ENCONTRO 
DA TERTÚLIA BD DE LISBOA 
3 de Julho de 2018 

CONVIDADO ESPECIAL 
ANDRÉ DINIZ 





André Diniz é argumentista e desenhador de BDs. Nasceu em 05/09/1975 no Rio de Janeiro, Brasil, e reside desde 2016 em Lisboa, Portugal.

Entre 2000 e 2005, publicou diversos trabalhos de sua autoria pela Nona Arte, sua própria editora. A partir de 2005, passou a publicar suas obras por outras editoras, somando mais de 30 títulos, alguns com argumentos seus em parceria com outros desenhadores, outros com desenhos e argumentos seus.

A partir de 2012, passou a ser publicado também na Europa, com sua BD “Morro da Favela”, publicada no Brasil, França, Inglaterra, Portugal e Polônia. Em Portugal, teve outros seis títulos já publicados e sua obra gráfica foi tema de exposições em 2013, 2014 e 2016. Em 2014, a arte de Morro da Favela foi tema de exposição no festival Étonnants Voyageurs, na França.

Entre seus trabalhos mais conhecidos, estão Fawcett, 7 Vidas, O Quilombo Orum Aiê, Morro da Favela, Duas LuasQue Deus te Abandone, Matei Meu Pai e Foi Estranho, Olimpo Tropical e O Idiota. Seu título mais recente é Malditos Amigos, publicado em Portugal.

Web: http://www.andrediniz.net
Email: adiniz9@gmail.com

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segunda-feira, 25 de junho de 2018

REPORTAGEM DO 408º ENCONTRO DA TERTÚLIA BD DE LISBOA – 5 JUNHO 2018 (A TBDL FEZ 33 ANOS) – HOMENAGEADO – LUÍS LOURO

REPORTAGEM DO 408º ENCONTRO 
DA TERTÚLIA BD DE LISBOA
5 JUNHO 2018 (A TBDL FEZ 33 ANOS)

HOMENAGEADO
LUÍS LOURO 





Luís Louro representa um ideal para muitos jovens que pretendem realizar banda desenhada. É o autor que vingou em termos de popularidade e aceitação (crítica e entre os seus pares), no domínio da ficção e da obra de autor. Venceu pela qualidade do seu trabalho, pelo esforço, dedicação e profissionalismo, e conseguiu afirmar-se de uma forma muito complicada: quando se quis demarcar do estilo de banda desenhada praticado pelos grandes clássicos portugueses, pretendendo enveredar pela obra de ficção, Louro decidiu-se a apostar no formato do álbum franco-belga, entrando assim em competição directa com os grandes autores franco-belgas traduzidos no nosso país.

Entre 1985 e 2000, o período em que se afirma como um autor fundamental, Louro publicou quinze álbuns originais individuais, quatro reedições a cores de álbuns anteriormente publicados a preto e branco, e englobou ainda o elenco do colectivo “O Síndroma de Babel e Outras Estórias”. Representou Portugal em diversos festivais internacionais de banda desenhada, do Japão ao Brasil. A sua obra foi publicada nos principais jornais portugueses e nas revistas de BD, esteve exposta nos principais festivais de banda desenhada (incluindo cerca de dez edições do Amadora BD), e foi distinguida com alguns dos mais representativos prémios e troféus nacionais.

A sua criação mais conhecida, ‘Jim del Mónaco’ tomou forma, em colaboração com Tozé Simões, e depressa se tornou num enorme sucesso de popularidade. De tal maneira que a editora Asa experimenta a transição da série para o álbum a cores, uma opção que parecia reservada aos grandes clássicos da BD. Também a cores, a série é um sucesso, levando à reedição colorida dos primeiros álbuns. De resto, a transição de Luís Louro para o universo da côr dera-se pouco tempo antes, com uma outra série: “Roques e Folque”, de novo em colaboração com Tozé Simões.

Descolando da colaboração com Tozé Simões, Luís Louro inicia nos anos 1990 um novo período (mais intimista) do seu percurso como autor, com os álbuns “O Corvo”, “Alice” e “Coração de Papel”.

Depois de “Coração de Papel” de 1997, Luís Louro regressou em 2000 com “Cogito Ego Sum” que é um conjunto de histórias curtas em que o erótico e o humor se encontram. “O Halo Casto” é uma fantasia em colaboração com Rui Zink, centrada no divertimento de uns anjos com os destinos e fatalidades humanas. Com João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, Louro dá forma de BD ao universo (que povoava algumas ilustrações soltas) de uma África fantástica onde pedaços de rocha flutuam no espaço e o animal e o mecânico se fundem, dando origem a versões cyberpunk das espécies tradicionais. É Éden 2.0 (Booktree).

Ainda retoma a personagem do Corvo em mais dois álbuns (um deles em colaboração com Nuno Markl), antes de se afastar da BD.

Felizmente, regressa em 2015, retomando a parceria com Tozé Simões, e a personagem Jim del Mónaco.

Pedro Mota

ÁLBUNS PUBLICADOS

JIM DEL MONACO (LOURO & SIMÕES)

1 – JIM DEL MONACO – 1986, Ed. Futura
2 – MENATEK HARA – 1987, Ed. Futura
3 – O DRAGÃO VERMELHO – 1988, Ed. Futura
4 – EM BUSCA DAS MINAS DE SALOMÃO – 1989, Ed. Futura
5 – A CRIATURA DA LAGOA NEGRA – 1991, Ed. ASA
6 – A GRANDE ÓPERA SIDERAL – 1991, Ed. ASA
7 – BAJA ÁFRICA – 1993, Ed. ASA

REEDIÇÕES A CORES E COM NOVAS CAPAS

1 – O ELIXIR DO AMOR – 1992, Ed. ASA
2 – O DRAGÃO VERMELHO – 1992, Ed. ASA
3 – MENATEK HARA – 1992, Ed. ASA
4 – EM BUSCA DAS MINAS DE SALOMÃO – 1993, Ed. ASA
5 – LADRÕES DO TEMPO – 2017, Ed. ASA

ROQUES & FOLQUE (LOURO & SIMÕES)

1 – O IMPÉRIO DAS ALMAS – 1989, Ed. ASA
2 – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS I - 1990, Ed. ASA
3 – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS II – 1992, Ed. ASA

O CORVO

1 – O CORVO – 1994, Ed. ASA
2 – O CORVO – O REGRESSO – 2003, Ed. ASA,
3 – O CORVO – LAÇOS DE FAMÍLIA – 2007, Ed. ASA, ARGUMENTO DE NUNO MARKL
4 – O CORVO (REEDIÇÃO) – 2007, Ed. ASA,

ÁLBUNS SOLTOS (LUÍS LOURO)

1 – ALICE
1995, Ed. ASA
2 – CORAÇÃO DE PAPEL
1997, Ed. ASA
3 – COGITO EGO SUM
2000, MERIBÉRICA/LIBER
4 – COGITO EGO SUM 2
2001, Ed. BOOK-TREE

ÁLBUNS SOLTOS ( COM VÁRIOS ARGUMENTISTAS)

1 – O HALO CASTO – ARGUMENTO DE RUI ZINK
2000, Ed. ASA,
2 – EDEN 2 – ARGUMENTO DE JOÃO MIGUEL LAMEIRAS/JOÃO RAMALHO SANTOS,
2002, BOOK-TREE
ABC DAS COISAS MÁGICAS – EM RIMA INFANTIL – TEXTO DE ROSA LOBATO DE FARIA
2004, ASA EDITORES
FADAS LÁUREAS – ILUSTRAÇÕES COM TEXTOS DE 29 AUTORES CONVIDADOS
2004, PRIME BOOKS

ÁLBUNS COLECTIVOS

1 – ENTRONCAMENTO DE BD’S
EDIÇÃO DE: NOTÍCIAS DO ENTRONCAMENTO, 1996
2 – O SÍNDROMA DE BABEL E OUTRAS ESTÓRIAS
EDIÇÃO DE: C.M.A. E RECREIOS DESPORT. DA AMADORA
1996, “CONTRASTES”
3 – HISTÓRIA DA BD PUBLICADA EM PORTUGAL (2ª PARTE)
EDIÇÃO DE: EDIÇÕES ÉPOCA DE OURO, 1996
4 – UM SÉCULO DE BANDA DESENHADA PORTUGUESA
EDIÇÃO DE: EDIÇÕES ÉPOCA DE OURO, 1998
5 – SETE HISTÓRIAS EM BUSCA DE UMA ALTERNATIVA
EDIÇÃO: GRAL (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA)
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COMIC JAM 

Os autores intimados a participar na BD foram:
1 - Luís Louro
2 - João Mascarenhas
3 - Lança Guerreiro
4 - Gastão Travado
5 - Quico Nogueira6 - Álvaro (este acabou a coisa mais tarde em casa)


FOTOS
(de Álvaro)





















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sexta-feira, 22 de junho de 2018

OS REGRESSOS – DE Pedro Moura (arg.) e Marta Teives (des.) – LANÇAMENTO DA POLVO NO FESTIVAL DE BEJA

BDpress #487

OS REGRESSOS
DE Pedro Moura (arg.) e Marta Teives (des.)
LANÇAMENTO DA POLVO NO FESTIVAL DE BEJA 


REGRESSAR A UMA ALDEIA INVENTADA PARA VOLTAR A SER FELIZ

A banda desenhada portuguesa conta com mais um título. Os Regressos é a estreia nas histórias longas de uma dupla que já publicou várias curtas: Pedro Moura (texto) e Marta Teives (desenho).

Lucinda Canelas
No jornal Público – 1 de Junho de 2018 – Partilhar notícia

Madalena, uma mulher de 40 anos, regressa à aldeia onde cresceu depois da morte da avó. Foi Dona Aires, assim se chamava, quem aceitou tomar conta dela quando os pais chegaram à conclusão de que era demasiado complicado ter nas suas vidas uma criança que parecia viver longe deste mundo.

É este o ponto de partida de Os Regressos, de Pedro Moura (texto) e Marta Teives (desenho), um dos cinco títulos que a editora Polvo acaba de lançar no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, a decorrer até 10 de Junho. Um volume que é devedor de um certo realismo mágico, e não é só porque a sua protagonista vai a ler no comboio que a levará até bem perto dos lugares da sua infância e adolescência um volume de contos do argentino Julio Cortázar (Todos os Fogos o Fogo).

Os Regressos é a primeira longa destes dois autores, que no passado já se juntaram para publicar histórias curtas. Foi feita lado a lado, com muita discussão pelo meio, e tendo por enquadramento duas posições distintas em relação ao mundo rural, universo que lhe serve de cenário: “Eu detesto o campo, a Marta, que é boa pessoa, adora. Foi a Marta que me chamou a atenção para a árvore que não fazia sentido naquela paisagem ou para o pássaro que n“Ali” é Corvelo, uma aldeia inventada que é certamente portuguesa, arrumada entre montes, com a velha ponte que se impõe, o depósito de água à beira da estrada igual a tantos outros que nos habituámos a ver no interior de norte a sul do país, os muros de pedra, as casas pequenas em ruas estreitas, os postes telefónicos com um emaranhado de fios e a mercearia da Tia Bé, uma daquelas lojas onde, adivinhamos, se vende quase tudo e há sempre tempo para dois dedos de conversação existiria ali”, explicou Pedro Moura numa breve sessão.

A atenção ao pormenor é grande, tanto no desenho dos ambientes como no das personagens, e é por isso que tudo parece verdadeiro, mesmo quando se torna altamente inverosímil. “Madalena... Não te recordas da primeira vez que nos viste? Não tiveste medo nenhum... Estranheza alguma... Sabias que fazíamos parte da tua paisagem, tal como as pedras ou o ribeiro... As sombras do trigo... Ou o assobio do vento”, diz-lhe uma das personagens fantásticas com que se cruza ao longo de 60 páginas.em que o livro foi apresentado.

Madalena é uma mulher que, ficamos a saber através de uma narrativa entrecortada por episódio fugazes que a memória lhe empresta e por excertos de Cortázar (A Auto-Estrada do Sul, presumimos), toda a vida lidou com uma saúde mental frágil. É ela quem diz, aliás, logo no começo desta história, cujo desfecho não vamos revelar (o que importa é lê-la), que os pais a deixaram na casa da avó porque era “maluca”. É ela quem fala com Dona Aires, que morreu há dois meses.

“Fizeram-te crer que eram ilusões? Sonhos de criança? Achas que o mundo é assim tão estreito, Madalena?”, pergunta-lhe um cervo do bosque da sua infância, onde vivem também faunos e fadas. É que a protagonista criada por Pedro Moura e Marta Teives é como o escritor argentino, viveu entre seres mágicos, “com um sentido do espaço e do tempo diferente do de todos os outros” (é Cortázar quem o diz). Os que sempre quiseram que Madalena fosse outra coisa.



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