sábado, 30 de outubro de 2010

BDpress #192: MARJANE SATRAPI FALA SOBRE GRAPHIC NOVELS

O segundo fim-de-semana do Festival de BD da Amadora começou sob fortíssima chuvada e, em termos de afluência de visitantes, foi um bocadinho melhor que o primeiro. Vamos ver como será amanhã... Entretanto, para desenjoar, eis uma pequena notícia refrescante:

Notícias quadrinhos
MARJANE SATRAPI FALA SOBRE GRAPHIC NOVELS

Por Eduardo Nasi (24/10/07)


Marjane Satrapi, nome de artístico de Marjane Ebihamis (Rasht, Irão, 22 de Novembro de 1969)

Em entrevista à revista dominical do jornal New York Times, a quadrinhista Marjane Satrapi criticou a expressão "graphic novel", usada para designar histórias em quadrinhos mais sofisticadas.

"Eu acho que eles inventaram esse termo para a burguesia não ficar assustada com os quadrinhos" disse a autora de Persépolis. "Tipo, ó, esse é o tipo de quadrinhos que você pode ler".

Em seu depoimento, Marjane falou sobre a diferença entre quadrinhos e cinema, duas formas de expressão criadas na mesma época. Mas, para ela, o cinema logo se tornou uma arte maior, diferentemente das HQs. "A diferença é que as pessoas não sabem lidar com o desenho", relata a cartunista iraniana.

Marjane comparou a dificuldade de o público lidar com quadrinhos com a rejeição aos bissexuais:

"Ou as pessoas gostam de escrever ou elas gostam de desenhar. A gente gosta das duas coisas. Nós somos os bissexuais da cultura. As pessoas não acham que é um problema se você é um homossexual ou se você é heterossexual, mas se você é bissexual elas têm um problema com você".

Fumante sem pudores, a cartunista também falou sobre morar em Paris: "Eu gosto de lá porque posso fumar em qualquer lugar, mas isso vai mudar. Então talvez eu mude para a Grécia, porque lá você ainda pode fumar em qualquer lugar".



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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

BDpress #191: Pedro de Luna no blogue JBlog - O RIO COMICON DECORRE DE 9 A 14 DE NOVEMBRO - UMA ENTREVISTA COM O DIRECTOR DO RIO COMICON


O cartaz do evento

28/10/2010 Enviado por: Pedro de Luna

DIRETOR DA RIO COMICON 2010 FALA AO JBLOG


Depois da 4ª Semana de HQ da UFRJ e da 3a Semana de quadrinhos da Travessa, agora o Rio de Janeiro se prepara para a primeira edição da ComiCon, que aportará na Estação Leopoldina de 9 a 14 de novembro. Para continuar esquentando os leitores aqui do JBlog, entrevistei por e-mail com o Roberto Ribeiro, organizador da festa, e um dos criadores da bienal de quadrinhos do Rio nos anos 90 e da FIQ, que acontece em Belo Horizonte.

JBlog - Roberto, a versão carioca da ComiCon será idêntica à que acontece nos EUA? Nesta mega-livraria de HQ estarão todas as editoras e os independentes, como será essa parte dedicada a comercialização (e troca) de produtos?

Roberto Ribeiro - Estamos organizando o Rio Comicon que é um evento internacional. Ele não será idêntico ao evento que acontece em San Diego (ComicCon). Nós resgataremos a experiência com eventos do gênero já realizados no Brasil, mas buscaremos também destacar autores e a produção nacional, as influências do quadrinho autoral europeu e olhar para a experiência de San Diego ao abrir espaço para a cultura pop.

JBlog - A divulgação tem sido feita principalmente em cima da vinda do Manara e do inglês Kevin O’Neill. Você considera os dois como nomes fortes o suficiente para bombar o evento como os da Bienal nos anos 90?

RR - A Melinda Gebbie tem também ocupado um grande espaço na divulgação. Há outros autores que não tem recebido, infelizmente, o mesmo tratamento da mídia e, portanto, são bons autores como os franceses Etienne Davodeau, François Boucq, Killoffer ou os argentinos Lucas Nine e Patricia Breccia. Nós não buscamos comparar este evento aos que já ocorreram no Brasil. Foram momentos diferentes e épocas diferentes. É difícil comparar situações diferentes.

JBlog - No site oficial diz que “ainda que o festival tenha o seu enfoque principal nas histórias em quadrinhos, ele tentará dar voz ao movimento de muitos representantes da arte pop que, através da incorporação da publicidade, de imagens televisivas, cinema e arte urbana, recusam a separação arte/vida”. Como será a participação das outras manifestações?

RR - A área comercial do Rio Comicon pretende ser, ao mesmo tempo, um espaço de atividades culturais envolvendo empresas, grupos e artistas independentes que desenvolvem ações relacionadas ao universo dos quadrinhos e a cultura pop. Os estandes serão alugados diariamente. Não serão aceitas mais de duas (02) fichas de inscrições de um mesmo expositor para o mesmo dia.

JBlog - Os ingressos custam R$ 10 (cerca de € 5,00 - nota do Kuentro) para o público geral. Estudantes pagam R$ 5 (cerca de € 2,50 - nota do Kuentro). Por que o evento não tem entrada franca se existe um patrocinador como a OI? Como ficam os estudantes da rede pública, por exemplo?

RR - Um evento com patrocínio não implica ausência de bilheteria. A Bienal do livro tem patrocínios de grandes empresas e nem por isso é um evento gratuito. A Flip também é um evento pago e poderia-se citar dezenas deles e todos com patrocínio. Em nosso caso, significa apenas que o patrocínio não é, infelizmente, suficiente para assumir todos os custos de produção o que é, geralmente, o caso para a maioria dos eventos de cultura. Os estudantes tem direito a meia entrada. Consideramos também que o preço do ingresso está entre os mais baratos da cidade.

JBlog -  Ainda no site, há a marca do Estado e da Secretaria de Cultura. Qual está sendo a contrapartida social do evento para o governo?

RR - A presença do governo do estado do Rio de Janeiro é função do benefício fiscal concedido através da lei de incentivo a cultura do estado (lei do icms). Se o evento se beneficiasse da lei de incentivo a cultura federal (lei rouanet), também colocaríamos a logo do MinC. Além disso, todos os debates e palestras terão tradução em libra.

JBlog - O que vocês esperam conseguir para os envolvidos com quadrinhos no RJ após a realização da ComiCon? Qual o legado ou que fica para 2001, 2012, etc?

RR - Um evento desta natureza ajuda a movimentar o mercado de quadrinhos, cria melhores condições de trabalho para os profissionais envolvidos. Caso o evento consiga uma periodicidade anual, ele permitirá que os editores planifiquem seus lançamentos e os livreiros suas promoções. Esquenta o mercado.

Não estamos realizando um evento internacional em que deixaremos estruturas e instalações para a população usar. O festival ajuda a formar um público leitor e consumidor, facilita as relações do profissional com o editor. Alguns de nossos melhores desenhistas conseguiram espaço no mercado europeu como, por exemplo, Marcello Quintanilha, depois que suas obras foram vistas em um evento de HQs.

JBlog - Haverá algum debate em torno dos projetos de leis para desenvolvimento dos quadrinhos nacionais ou políticas públicas é assunto proibido?

RR - No Rio Comicon 2010 não haverá esse debate que vem sendo realizado em diversos eventos de quadrinhos no Brasil. No último FIQ, em outubro de 2009, promovemos essa discussão.

JBlog -  Você esteve por trás da Bienal nos anos 90 e está por trás da FIQ, em BH, e agora da ComiCon. A Casa 21 vai dominar o mundo dos festivais de quadrinhos? (risos) Por que nenhuma outra produtora ou agência conseguiu realizar eventos do gênero que seriam bem vindos o ano todo?

RR - Não temos essa pretensão. Gostamos de quadrinhos e é o que, talvez, consigamos fazer um pouco melhor do que outras atividades. Nós também gostaríamos de ver outras empresas organizando e assumindo riscos na realização de eventos de quadrinhos. Como você disse, há espaço para todos e o Brasil é suficientemente grande para sediar grandes eventos de quadrinhos ao longo do ano.

JBlog -  Por fim, haverá alguma forma de transmissão para o resto do Brasil, para os que não podem vir ao Rio? Ou mesmo uma previsão para o evento acontecer em outras cidades na seqüência?

RR - Estamos conversando com a Oi a possibilidade de transmissão via web das palestras e debates. Esperamos que funcione. Por enquanto, estamos apenas preocupados com a realização do evento no Rio de Janeiro. Os desdobramentos dependerão, obviamente, do sucesso deste evento.

PS 1 – A empresa OI, patrocinadora do evento, não respondeu às perguntas enviadas por e-mail através da assessoria de imprensa do festival.

PS 2 – As imagens que ilustram a entrevista são do projeto cenográfico foram criados por Chico de Assis e Christiano Menezes, da Retina 78.

O salão da Estação Leopoldina... 
  
A bilheteira...

 A fachada do edifício... 

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA / AMADORABD (1): AS PRANCHAS EXPOSTAS E OS LIVROS NÃO VENDIDOS.



A zona privilegiada do Amadora BD (como em qualquer outro Festival), para os amantes da nona arte, terá de ser sempre a Praça dos Livros – não Praça Sul, como o comissariado do festival desinspiradamente lhe chama – onde estão todos os stands de vendas de livros, porque o livro (ou o jornal, ou a revista) é o suporte físico por excelência da Banda Desenhada, cujo fim único é a leitura.

A exposição de originais de pranchas de BD é apenas uma exibição dos dotes, técnicas e porventura, das personalidades dos seus autores. Não servem para ler por completo os conteúdos, que subliminarmente também desenvolvem, ou apenas ilustram. Uma prancha de BD, por si só, não é uma obra de arte, daí que a sua exibição não possa ser encarada como se fosse uma obra de pintura, ou até de desenho puro. Sem o texto, a prancha desenhada é um objecto inútil - salvo muito raros casos de BDs sem qualquer texto (Arzac,  de Moebius, por exemplo). E como a esmagadora maioria (se não mesmo a totalidade), das pranchas expostas nos Festivais de BD, não apresenta os textos que as completam, elas são inúteis como demonstração daquela a que se chamou Nona Arte.

NÃO É UMA PRANCHA BEM “ESGALHADA”, ESTÉTICAMENTE CONSEGUIDA, VISUALMENTE ATRACTIVA, QUE FAZ UMA BOA BANDA DESENHADA, MAS SIM UMA BOA HISTÓRIA - JÁ AGORA, BEM CONTADA!!!

É preciso que o público tenha a consciência disto: o que está a visitar, quando visita um Festival de BD, são exposições de objectos em si só inúteis, que apenas se completam no seu meio físico por excelência: o livro impresso!!!

Daí que comprar livros deveria ser o final lógico de uma visita bem sucedida, às exposições do Festival.

Não é por acaso que nos Estados Unidos, Japão, etc… as chamadas Comics Conventions, não exibam pranchas, são apenas grandes concentrações de editores e livreiros, em que o público compra livros nos stands e acede aos autores para obter os autógrafos que lhes interessam. Foram os europeus que inventaram as exposições de originais de pranchas.

Serve esta entrada para tentar motivar eventuais futuros visitantes do FIBDA/AmadoraBD, a comprarem livros, ajudando assim, a afastar o já previsível funeral desta indústria da Banda Desenhada em Portugal.

Aqui ficam as imagens do 1º fim-de-semana do 21º FIBDA/AmadoraBD e alguns dos livros a lançar no próximo fim-de-semana:

Animação infantil: Peça de Teatro, por Pedro Leitão e amigos. Criança a ler BD na Praça dos Livros do FIBDA!!!

Os autógrafos...

Benoït Peeters e Francois Schuiten

Fil e Alphonso Azpiri



Kim Hakhyun e Joana Afonso (com Richard Câmara)

Aude Samama e Diferr

Richard Câmara e Paulo Monteiro




    





VISITEM O AMADORA BD E... COMPREM LIVROS!!!
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terça-feira, 26 de outubro de 2010

21º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA - AMADORA BD 2010: PRIMEIRO FIM-DE-SEMANA - UM CHEIRINHO...

Para não começarem já a dizer que eu digo sempre mal do Festival de BD da Amadora, leiam para já, o que escreve o Bongop no seu blogue, Leituras de BD, e vamos ler depois o que se vai dizendo por esses blogues fora.


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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

BDpress #190: Carlos Pessoa nos suplementos P2 e Ípsilon, do Público – O 21º Festival Internacional de BD da Amadora e entrevista a Achdé sobre o novo Lucky Luke

Começou a 21ª EDIÇÃO DO FESIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA 2010 – Amadora BD (como manda a nova nomenclatura, desde o ano passado). Do primeiro fim-de-semana falaremos mais adiante, durante esta semana, com as fotos, etc… O que sobressaiu a quem lá esteve, numa primeira impressão, foi a confrangedora ausência de público…


1ª foto: A desolação...

Mas aqui ficam textos de Carlos Pessoa sobre o início do 21º FIBDA, uma entrevista a Achdé sobre o novo Lucky Luke: “Lucky Luke contra Pinkerton” e uma apreciação do livro, entretanto lançado pela ASA.


Caderno P2, do Público, 23 de Outubro de 2010

FESTIVAL DE BD DA AMADORA COMEÇA HOJE

A República, Quim e Manecas e os outros

Há muita banda desenhada portuguesa, o que acontece pela primeira vez. Mas a programação é desequilibrada e há poucos autores estrangeiros conhecidos

Carlos Pessoa

Começa hoje o 21.º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora e os quadradinhos portugueses fazem a festa com a maior presença de que há memória.

Isso fica a dever-se à opção estratégica, tomada há um ano pelos organizadores, de associarem o mais importante festival do género às comemorações do primeiro centenário da implantação da República. Os críticos ouvidos pelo P2 aplaudem esta decisão que dizem ser “excelente”, mas lamentam a ausência de autores estrangeiros de renome e consideram a programação globalmente desequilibrada.

“A banda desenhada portuguesa está bastante bem representada este ano, o que é óptimo”, considera o investigador Leonardo de Sá. Mas lembra que é a primeira vez que tal acontece, quando esta “excepção é que devia ser a regra”. A avaliação do crítico e livreiro João Miguel Lameiras é semelhante: “Faz sentido aproveitar a efeméride da República para ganhar maior atenção para a BD portuguesa. Mas é pena que os álbuns previstos sobre o tema não saiam durante o festival, perdendo-se esta oportunidade de venda.”

A principal exposição é sobre a I República na Génese da Banda Desenhada e no Olhar do Século XXI. Está no Fórum Camões, na Brandoa, onde pode ser ainda vista a maioria das exposições e onde decorrerão, até 7 de Novembro, as principais iniciativas do festival.

Outra das propostas da programação é dedicada a Richard Câmara, responsável por uma proposta de recriação das personagens Quim e Manecas, de Stuart Carvalhais. Um terceiro momento consiste na homenagem ao desenhador e argumentista Fernando Bento, cujo centenário do nascimento é assinalado a 26 de Outubro, durante o festival.

Finalmente, a programação inclui a exposição É de Noite Que Faço as Perguntas, em torno do making of de um livro sobre a história ficcionada da I República com cinco bandas desenhadas assinadas por David Soares (argumento), Richard Câmara, Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho e Daniel Silvestre Silva (desenhos).

Ainda pelo lado da criação portuguesa, vale a pena passar pela exposição A Metrópole Feérica, sobre o álbum homónimo de Luís Henriques e José Carlos Fernandes. A lusofonia marca a colectiva A Nona Arte em Língua Portuguesa (autores de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique).

Em termos internacionais, domina claramente a exposição consagrada aos belgas Schuiten e Peeters e ao álbum A Teoria do Grão de Areia. Outros núcleos a que os visitantes devem estar atentos são Visões de Portugal (o olhar da autora francesa Aude Samama sobre Lisboa e Amália) e City Stories (projecto de intercâmbio entre o festival polaco de Lodz e cidades europeias, entre as quais Lisboa e a Amadora).

Fora da Brandoa, o festival mantém este ano núcleos de exposição na Galeria Municipal Artur Bual (Luis Diferr e o álbum Portugal), Casa Roque Gameiro (ilustração de Bernardo Carvalho e Os Quadros da História de Portugal, de Roque Gameiro e Alberto de Sousa) e Recreios da Amadora (cartoon).

Faz falta o underground

Para o editor Jorge Machado Dias, o problema não é a programação, que considera bastante interessante, mas “aquilo que iremos ver no terreno”: “No passado temos visto exposições cujos conteúdos não justificavam o espaço concedido.

” A existência de um tema central não é, por si, garantia de qualidade, sustenta Leonardo de Sá. “O problema de fundo do festival, desde que existe um tema central, tem sido a falta de coesão da programação, a escolha insatisfatória dos temas e a forma insuficiente como têm sido desdobrados”, diz. Quanto às exposições em concreto, Leonardo de Sá é prudente: “Só posso dar respostas depois de as ver.”

João Miguel Lameiras não resiste a fazer a comparação com o Festival de BD de Beja, para constatar que, em termos gerais, o alentejano “tem sido mais equilibrado, apesar de um orçamento muito menor”.

Um ponto em que todos estão de acordo é quanto aos autores convidados este ano. Schuiten e Peeters são nomes fortes, mas “tem faltado sempre o underground, o pessoal dos fanzines”, diz Machado Dias. “Um festival não são pranchas nas paredes, mas livros. E para vender livros é preciso ter autores conhecidos.” Na sua qualidade de livreiro, João Miguel Lameiras diz que a programação é “fraca e sem nomes de peso”. Leonardo de Sá partilha este ponto de vista: “Há menos autores-chamariz e isso pode jogar contra a afluência de público, não se justificando também a vinda repetida de autores e especialistas.”

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Suplemento Ípsilon, do jornal Público, 22 de Outubro de 2010

LUCKY LUKE CONTINUARÁ A SER O HERÓI DO OESTE

Há uma nova aventura de Lucky Luke nas bancas. É a melhor história em muitas décadas e isso fica a dever-se em grande medida aos dois novos argumentistas da série – os escritores Daniel Pennac e Tonino Benacquista. O desenhador Achdé conta como correu a parceria.

Carlos Pessoa

Com a morte de René Goscinny, em 1977, Lucky Luke ficou um pouco à deriva. Com maior ou menor sucesso, diversos argumentistas – de Vicq, Bob de Groot e Lo Hertog van Banda a Xavier Fauche, passando por Jean Léturgie e Laurent Gerra – escreveram as histórias do “cowboy” solitário ao longo das últimas três décadas. Os últimos a entrarem nesse clube restrito são os escritores Daniel Pennac e Tonino Benacquista, que lhe injectaram um novo fulgor. O resultado, “Lucky Luke contra Pinkerton”, agora nas bancas, também surpreendeu Achdé. O actual desenhador da série diz-nos, em entrevista exclusiva, que gostaria de repetir a experiência.

Este álbum de Lucky Luke conta com dois novos argumentistas. Alguma razão especial para isso?

O editor tinha vontade de fazer uma nova experiência com uma equipa de argumentistas reputados, que são ao mesmo tempo escritores célebres em França. Além disso, o argumentista Laurent Gerra estava muito ocupado com os seus espectáculos, pelo que este era o momento perfeito para avançar com uma nova equipa.

A colaboração com escritores conhecidos é inédita no que diz respeito a Lucky Luke. Qual é a mais-valia que eles trouxeram à série?

Como são homens de letras, teatro e cinema, eles sabem construir uma história e já fizeram banda desenhada [Pennac colaborou com Jacques Tardi e Benacquista foi argumentista de Jacques Ferrandez]. Creio que, acima de tudo, chegaram com um olhar de escritores e não de argumentistas de banda desenhada, pois a história está muito bem estruturada, como um autêntico romance.

Trabalhar com pessoas que não pertencem exactamente ao meio colocou problemas ou dificuldades especiais?

Não. Pelo menos não tão graves como os que levantam a colaboração com um humorista como Laurent Gerra!...
A única diferença é que eles forneceram- me uma história completa e planificada para as 42 pranchas, deixando-me duas páginas livres para eu desenvolver completamente a história e introduzir “gags”, pois o humor é essencial em Lucky Luke. Confesso que me deu muito prazer trabalhar com eles, pois tive muita liberdade numa história que à partida já estava muito bem construída.

No futuro a série continuará a ser desenvolvida em paralelo pela equipa Pennac-Benacquista e por Gerra?

Para ser franco, não faço ideia. Sei que Laurent já trabalha numa nova ideia e espero que ele consiga arranjar tempo para a desenvolver completamente. Tanto quanto sei, nada está decidido. Mas agradar-me-ia muito fazer uma nova história com Pennac e Benacquista.

Nesta história, Lucky Luke é contestado como herói, embora depois volte a ocupar o seu lugar. Foi da sua responsabilidade este volte-face? Não teme que os leitores mais fundamentalistas fiquem zangados?

É uma decisão verdadeiramente original. Os argumentistas põem em causa o estatuto do herói inamovível de Lucky Luke. Acho que é uma belíssima ideia para o arranque de uma história, mas recordo que isso já aconteceu no álbum “Jesse James”. Nessa história, Lucky Luke é expulso pela população de Nothing Gulch. Na nossa história, o herói fica um pouco em perigo, mas regressa mais forte do que nunca. No final prova que é e continuará a ser o herói do Oeste.

A crítica (muito bem-humorada, diga-se de passagem) dos poderes ocultos por trás dos grandes homens – no caso o dirigente de uma potência mundial – introduz uma nota ideológica numa série de grande público. Qual é a sua opinião sobre isso?

É evidente que o tema é muito actual, mas em todo o caso intemporal. Pennac e Benacquista conseguiram fazer nesta história aquilo que René Goscinny fazia com frequência: uma banda desenhada com vários níveis de leitura. Um leitor adulto poderá ver nela o lado escondido, mais político, e é precisamente por tudo isso que o novo álbum de Lucky Luke é verdadeiramente para todos os públicos. Acho que é sempre bom meter o nariz em temas sérios, mas com humor...

Billy the Kid, os Dalton e Rantanplan – este num regresso auspicioso à série – estão de volta em grande forma. Podemos contar com a sua presença regular nos álbuns futuros?

Teoricamente, os Dalton voltam a estar em cena a cada dois ou três álbuns, mas isso é decidido sobretudo em função das ideias dos argumentistas. No que me diz respeito, é sempre uma surpresa. Mas confesso que me divirto imenso a desenhá-los. Logo se verá!

Durante quanto tempo mais vai continuar a desenhar a série? Tem outros projectos em vista?

Sinto-me bem a desenhar o herói que impregnou a minha infância... Mas acho que é o público quem me vai mandar “parar” se eu me desleixar. Se o meu trabalho desagradar aos leitores, estes dar-me-ão a entender isso muito rapidamente e o próprio editor também, é evidente! Seja como for, o próximo álbum ainda será desenhado por mim. Mas tenho sempre entre mãos projectos paralelos. E continuo a desenvolver a minha série “Les Canayens de Monroyal”, que é um sucesso no Quebeque.
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Capa da edição original, enquanto a da ASA não está online...

O MELHOR LUCKY LUKE ESTÁ DE VOLTA

É da melhor colheita, produzido por “mestres vinhateiros” sabedores do ofício.

Carlos Pessoa

Lucky Luke contra Pinkerton
Daniel Pennac e Tonino Benacquista (argumento)
Achdé (desenho)
Tradução de Maria José Pereira e Paula Caetano
Edições Asa

É preciso procurar muito no passado da série Lucky Luke para encontrar prazer na leitura e boas razões para rir. A morte do argumentista René Goscinny, em 1977, deixou um vazio em séries de grande público que lhe deviam parte muito substancial do sucesso editorial – Astérix é uma delas, Lucky Luke é outra. A verdade é que a dinâmica emprestada às aventuras pela imaginação e talento de Goscinny nunca mais voltaria a marcar presença nas décadas seguintes.

O efeito desse luto é o que toda a gente sabe. Os dois heróis da BD franco-belga entraram num plano inclinado de previsibilidade, falta de inspiração e falência de ideias. Ao contrário do gaulês, porém, os editores de Lucky Luke foram experimentando argumentistas sucessivos – passaram pela série Vicq, Greg, Lo Hartog Van Banda, Guy Vidal, Xavier Fauche ou Jean Léturgie –, quase sempre com o mesmo resultado decepcionante.

A morte em 2001 de Morris, criador e desenhador de Lucky Luke, obrigou a repensar tudo e a encontrar outra solução para a continuação da série. Uma nova equipa de autores (o argumentista Laurent Gerra e o desenhador Achdé) assume a responsabilidade de reconduzir o “cowboy” ao lugar que lhe compete na galeria dos heróis franco-belgas. Desde 2004 produziram três histórias – “Aventura no Quebeque” (2004), “O Nó ou a Forca” (2006) e “O Homem de Washington” (2008), resgatando algum do fulgor de outrora e garantindo níveis de venda bastante interessantes. Surge agora “Lucky Luke contra Pinkerton”, fruto da colaboração de Achdé com a dupla de argumentistas Daniel Pennac e Tonino Benacquista. A explicação oficial para esta surpreendente alteração do elenco é a indisponibilidade de Gerra (ler entrevista com Achdé nesta mesma edição). Seja essa a razão de fundo ou não – o recurso a mais do que uma equipa de criadores é uma fórmula com boas provas dadas até ao momento em séries como Blake e Mortimer ou Spirou –, a verdade é que Lucky Luke ganhou imenso com o sangue novo que lhe trouxeram os dois escritores franceses, ambos com incursões na banda desenhada, mas para todos os efeitos estranhos ao meio. Há ritmo, humor, sentido narrativo e tudo o mais (no que se tem de incluir a presença dos Dalton e o reaparecimento de Rantanplan) que fez da série um dos grandes clássicos europeus do género.

Articulando habilmente ficção e veracidade histórica, os autores não hesitaram em colocar em causa a condição intocável do herói Lucky Luke, preocupantemente ultrapassado pelas iniciativas de Allan Pinkerton em boa parte da história. É com a mesma coragem que fazem a denúncia dos abusos de poder sobre os cidadãos em nome da defesa da sociedade e dos seus valores, numa clara alusão à manipulação e condicionamento da opinião pública através dos mecanismos do medo e da ameaça terrorista.

O equilibrio entre estes elementos temáticos e as exigências de construção de uma boa história para públicos tão diversificados em termos etários e mentais faz deste álbum uma das boas surpresas do ano editorial. É Lucky Luke da melhor colheita, produzido por "mestres vinhateiros" sabedores do ofício.

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O BDjornal #26 JÁ ESTÁ NA RUA!!!

A capa, com ilustração de Diniz Conefrey
E algumas páginas:






EDITORIAL

Conheci Diniz Conefrey no início da década de 1990, quando ele publicava bandas desenhadas no fanzine Dossier Top Secret (de que fui co-editor nos últimos cinco números). Daí para cá encontrámo-nos esporadicamente em diversas alturas, mas foi no Festival de Beja deste ano, vendo-o com Maria João Worm na banca do Mercado do Livro, que tive a sensação de quanto ele é um autor mal conhecido (diria mesmo mal-amado) do público português. E no entanto é um dos nossos melhores autores. Após alguma pesquisa na internet, encontrando uma entrevista que deu ao jornalista brasileiro Matheus Moura e lendo o que escreveu no seu site Quarto de Jade, decidi realizar um amplo dossier sobre este autor, ampliando e remontando a entrevista atrás referida e mostrando ao público algumas das suas pranchas.

Quanto a Fernando Relvas (há longos anos auto-exilado na Croácia), havia o desejo de publicar no BDjornal matéria sobre ele. O texto de Diniz Conefrey no Quarto de Jade, foi decisivo para se avançar com um trabalho alargado, mostrando algumas pranchas significativas do autor, a começar pela recordação d’O Espião Acácio, publicado na revista Tintin nos anos 70 do século XX. A intenção agora é realizar também uma grande entrevista com Fernando Relvas, a publicar numa das próximas edições do BDj.

A aproximação ao mundo da Banda Desenhada brasileira – as Histórias em Quadrinhos (HQ), como eles lhe chamam e que pessoalmente prefiro em vez do francesismo que nós usamos – já vem desde 2008, quando publicámos HQs com argumentos de Wilson Vieira e desenhadas por Fred Macedo. Nesta edição o material brasileiro aumenta, tal como vem aumentando o interesse do público brasileiro pelo BDjornal e pelo que se faz por cá.

Chamamos a atenção para A Prancha Desaparecida de Tintin, em Tintin no País dos Sovietes, que nunca foi incluída nos álbuns entretanto editados ao longo dos anos (nem mesmo na edição que a Asa acaba de colocar no mercado) e que Leonardo De Sá foi buscar ao primeiro volume dos Archives Hergé, de 1973. Vale a pena conhecer a história.

SUMÁRIO

4 – O VI FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE BEJA, A CELEBRAÇÃO DA BANDA DESENHADA, Diogo Campos
6 – VI FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE BEJA, ALGUNS PROBLEMAS, ALGUMAS REFLEXÕES, J.Machado-Dias
7 – JÚLIA KENDALL – REQUIEM PARA UMA CRIMINÓLOGA?, Pedro Cleto
10 – DINIZ CONEFREY, J. Machado-Dias, Pedro Vieira Moura, João Ramalho Santos
10 – DINIZ CONEFREY – BIOBIBLIOGRAFIA
18 – NO QUARTO DE JADE – ENTREVISTA COM DINIZ CONEFREY, Matheus Moura e J.Machado-Dias
24 – BD – PRANCHAS DIVERSAS DE DINIZ CONEFREY
38 – FERNANDO RELVAS – O ABISMO DO AUTOR, Diniz Conefrey
43 ­– BD – PRANCHAS DIVERSAS DE FERNANDO RELVAS
52 – TINTIN – E NÃO TINTIM, EDITADO PELAS EDIÇÕES ASA, J.Machado-Dias
53 – A PRANCHA DESAPARECIDA DE TINTIN, Leonardo De Sá
54 – MISCELÂNEA EDITORIAL, Sara Figueiredo Costa
55 – APRESENTAÇÃO DE AUTORES
56 – EFEMÉRIDE NAS HQ-BRASIL – CHET, EDIÇÃO COMEMORATIVA
57 – BD – LUAR DO SERTÃO, Wilson Vieira (arg.) e Angelo Roncalle (des.)
65 – BD – APACHE, Tony Fernandes (arg. e des.)
84 – BD – ANA, Carlos Henry (arg. e des.)
88 – FOOTNOTES IN GAZA – JOE SACCO, Pedro Vieira Moura
90 – PROMESSAS DE AMOR A DESCONHECIDOS ENQUANTO ESPERO O FIM DO MUNDO – PEDRO FRANZ, Pedro Vieira Moura
92 – PROJECTO ZONA, Pedro Vieira Moura
94 – TEX AO REDOR DO MUNDO, José Carlos Francisco
96 – HQBRASIL – HUMOR E SUPER-HERÓIS BRASILEIROS: ALGUMAS HQS REPRESENTATIVAS, Edgar Indalécio Smaniotto
98 – HQBRASIL – RESENHA: A SAGA DOS SUPER-HERÓIS BRASILEIROS, Edgar Indalécio Smaniotto
99 – COMICS – A HISTÓRIA REPETE-SE, Pedro Bouça
100 – CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE FERNANDO BENTO – 1910-2010, J.Machado-Dias

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

BDpress #189: Hoje, no Jornal "i" - BDÉFILOS. OS FANÁTICOS POR HERÓIS DE PAPEL


BDÉFILOS. OS FANÁTICOS POR HERÓIS DE PAPEL

por André Rito, Publicado em 21 de Outubro de 2010

Conhecem todos os alfarrabistas, têm colecções avaliadas em milhares de euros e vão estar amanhã no Amadora BD

No cartão de visita de Geraldes Lino, além dos contactos e páginas web da sua autoria, pode ler-se a expressão "militante da BD e dos fanzines". Noutros tempos, talvez aquele espaço fosse utilizado para referir a sua profissão de controlador de tráfego do aeroporto de Lisboa. Hoje, já depois de se reformar, a banda desenhada tornou-se muito mais do que um simples hobbie: tem exemplares avaliados em milhares de euros, alguns deles religiosamente guardados desde a infância. "Comecei a coleccionar muito novo, num tempo em que não havia sequer televisão." Em Portugal, embora não exista uma tradição comparável aos EUA, há uma comunidade devota dos super-heróis da Marvel ou de Corto Maltese, Muitos deles vão estar presentes no Amadora BD, festival que arranca amanhã.

"Hoje, as gerações mais novas passam muitas horas em frente à televisão. Antigamente, o nosso entretenimento era a banda desenhada", justifica Geraldes, pouco depois de investir em mais um livro da especialidade. Para este reformado, o culto não se resume aos álbuns - uma espécie de livro onde estão compiladas as histórias completas - ou às revistas. "Compro também muitos livros de estudo desta que é considerada a nona arte. Um deles, talvez o primeiro publicado em Portugal, em 1970, chama-se ''Sociologia das Histórias aos Quadradinhos''e é uma autêntica raridade."

Corto Maltese, o marinheiro criado por Hugo Pratt, é o seu herói de eleição, mas são os personagens dos livros portugueses que mais valorizam a sua colecção. "A minha primeira revista foi o ''Mosquito'', que acabei por perder num incêndio em casa dos meus pais. Só mais tarde a consegui reunir. Foi pouco depois do 25 de Abril, e já na altura me custou trinta contos. Hoje, a colecção completa deve rondar os cinco mil euros."

Com alguma sorte, será possível encontrar alguns exemplares nos alfarrabistas do Porto e de Lisboa. Mas o negócio compra e venda de raridades conheceu um avanço considerável com a proliferação dos leilões online, além das lojas da especialidade que foram surgindo nos centros urbanos.

Foi nos leilões do ebay e sapo que Nuno Neves conseguiu comprar uma boa parte da sua colecção de BD franco-belga. "Comecei a juntar os livros por influência do meu pai, ainda em criança. Por azar, as colecções perderam-se com a mudança de casa", recorda este inspector tributário, de 39 anos, que passa várias horas sentado em frente ao monitor a pesquisar raridades e a actualizar um blogue sobre banda desenhada.

"A minha favorita é a Blueberry, mas dou prioridade aos livros editados em português." Em casa, Nuno tem cerca de 700 álbuns, na sua maioria de BD franco-belga. "Também gosto da americana, do Homem Aranha e Batman, que foram duas personagens que me acompanharam na infância. Ainda assim prefiro aquelas que têm personagens humanas."

Talvez seja a nostalgia do passado que leva muitos dos fãs de BD a gastar rios de dinheiro na compra de álbuns e revistas. Pelo menos é essa a explicação de Vincent Zurzolo, avaliador de livros de BD na Metropolis Collectibles. "Normalmente, os coleccionadores são pessoas que leram durante uma boa parte da sua infância e adolescência. Quando chegam à idade adulta e começam a ganhar dinheiro, esta é a forma que encontram de regressar a um dos períodos mais felizes da sua vida." É o caso de Nuno Amado, um mecânico de reactores de aviões, de 46 anos, que começou a ler BD "antes de saber ler. "Devorava os livros do Hulk a preto e branco e, mais tarde, já depois de entrar na escola, os do Tintim." Há cinco anos, "quando se tornou economicamente viável", Nuno decidiu investir, não por "mero coleccionismo" mas por paixão à leitura. "Gosto de praticamente todos os estilos, compro livros japoneses, americanos e europeus." Tal como muitos dos coleccionadores contactados pelo i, Nuno também se debate com um problema: espaço. "É o grande inimigo de quem gosta destas coisas de coleccionar. Sobretudo porque é importante que estejam bem conservados." Aparte importante: o detalhe mais valorizado na venda é o estado de conservação dos exemplares.

"Já houve quem me oferecesse muito dinheiro pelos meus livros", garante. Por agora, as Absolut Editions norte-americanas vão manter-se nas prateleiras de sua casa."Mas se um dia precisar, sei que consigo vender pelo triplo."

Saiba tudo sobre o festival Amadora BD amanhã no Guia de Fim-de-Semana

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

XXI FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA - AMADORA BD 2010 - O PROGRAMA OFICIAL

O Cartaz, de Richard Câmara

A 21ª edição do Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora - abre as portas no dia 22 de Outubro. A Banda Desenhada transforma a Cidade da Amadora na capital portuguesa da BD e no ponto de encontro internacional da banda desenhada em Portugal.

Este ano, o núcleo central do Festival localiza-se, novamente, no Fórum Luís de Camões, na Brandoa. Situa-se a cerca de 5 minutos (de viatura) do CC Colombo e servido por diversas carreiras da LT oriundas da Amadora, Colégio Militar e Benfica.

O tema central da edição 2010 do Amadora BD é “O Centenário da República”. No Festival deste ano, realce, para as seguintes mostras: A I República na Génese da Banda Desenhada e no Olhar do Século XXI; Schuiten e Peeters; Centenário de Fernando Bento; e uma mostra de Richard Câmara, autor do desenho original dos diversos materiais gráficos e autor português em destaque.

O Amadora BD descentraliza, novamente, exposições por outros equipamentos: Galeria Municipal Artur Bual, Casa Roque Gameiro, Recreios da Amadora e Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem. Este ano, teremos, ainda, exposição na Kidzania/Centro Comercial Dolce Vita Tejo.

O Amadora BD confirma-se, uma vez mais, como o mais consagrado do género em Portugal e um dos mais conceituados a nível internacional.

A presença de autores, exposições, concursos, área comercial, lançamento de novos álbuns, Prémios Nacionais de Banda Desenhada, sessões de autógrafos, debates... faz do Festival da Amadora uma grande Festa da BD!

O “mundo dos quadradinhos” está de volta à Amadora.
Contamos com a sua colaboração na divulgação do evento.

DATA

O Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora 2010 decorre entre 22 de Outubro e 7 de Novembro.

INAUGURAÇÃO

dia 22 de Out18.30 horas - Recepção na Galeria Municipal Artur Bual - Inauguração da exposição
21.30 horas - Inauguração do núcleo central do Festival - Forum Luís de Camões

dia 23 de Out17.30 horas - Casa Roque Gameiro - Inauguração da exposição
18.30 horas - Recreios da Amadora - Inauguração da exposição
19.30 horas - CNBDI
Inauguração da exposição

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

 O horário de funcionamento do 21º Festival Internacional de Banda Desenhada, no núcleo central, será o seguinte:
de 23 de Out a 7 de Nov
dom. a 5ª feira e feriado - das 10h às 20h
6ª feira e sáb. - das 10h às 23h

ACESSO AO FESTIVAL

Na edição de 2010 o acesso às exposições no núcleo central terá as seguintes modalidades:

Escolas da cidade da Amadora e organizações de carácter de solidariedade social  - Acesso gratuito

Escolas exteriores à cidade da Amadora - Acesso mediante bilhete no valor de 5,00 euros por turma

Profissionais da comunicação social, editores, autores e outros profissionais de BD devidamente creditados junto do comissariado - Acesso gratuito mediante confirmação ou inscrição na base de dados do Festival – com direito a cartão de livre acesso

Público em geral e maiores de 12 anos - Acesso mediante aquisição de bilhete no valor de 3,00 euros

Público menor de 12 anos [se acompanhado(s) por adulto] - Acesso gratuito

Estudantes + cartão-jovem + + pensionistas + seniores (+65) - Acesso mediante aquisição de bilhete com desconto no valor de 2,00 euros

Munícipes da Amadora + Grupos de funcionários – mínimo de 3 – de outras empresas, lojas e instituições instaladas na Amadora - Acesso mediante aquisição de bilhete no valor de 2,00 euros e:
a) Apresentação de Bilhete de Identidade;
b) Apresentação de cartão ou credencial da entidade;

“Amigos da BD” – Bilhete de Entrada Permanente - Acesso mediante inscrição na base de dados do FIBD’A e aquisição de bilhete no valor de 10,00 euros

Visitantes mascarados da sua personagem favorita de BD, desde que se identifiquem à entrada por razões de segurança. - Acesso gratuito mediante inscrição na base dados do Festival

Relativamente às exposições patentes na Galeria Municipal Artur Bual, Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, Recreios da Amadora e Casa Roque Gameiro o acesso é gratuito.

ENTREGA DE PRÉMIOS

A cerimónia de entrega de prémios realiza-se no dia 30 de Outubro, pelas 18.30 horas, nos Recreios da Amadora. Na ocasião, serão entregues os prémios referentes aos Concursos de Ilustração, BD e Cartoon e Prémios Nacionais de Banda Desenhada que premeiam autores e editoras.

ANIMAÇÃO

À semelhança das edições anteriores, o Amadora BD programou um conjunto de actividades: ateliers de cinema de animação e de cores, hora do conto e outras animações, diferenciadas consoante as idades.
No que se refere a espectáculos musicais, podemos informar que o recinto do Festival vai ser palco de um concerto com Os 3 Marias+Tocha+Os Jaquinzinhos (inauguração).
O Comissariado está, ainda, a preparar uma programação de filmes de animação, com a parceria da Casa da Animação, para exibição no auditório do Festival.

No âmbito do Festival, organizaremos, uma vez mais, a Festa da Caricatura com a presença de autores nacionais e estrangeiros. Será, decerto, uma oportunidade de levar para casa a sua caricatura.

PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES

O tema central da edição deste ano do Festival é “O Centenário da República”.
Para a edição deste ano, o Amadora BD apresenta as seguintes exposições:

FORUM LUÍS DE CAMÕES – Núcleo Central

- Exposição Central

A I República na Génese da Banda Desenhada e no Olhar do Século XXI

BD, Caricatura, Cinema de Animação
Exposição cronológica, mostrando peças anteriores e posteriores (consequências)
Mostra factos históricos que incluem a Amadora (que foi um importante núcleo republicano) e como se desenvolveu essa influência a nível nacional

Consultores científicos: João Castela Cravo, João Paiva Boléo, Osvaldo Macedo de Sousa e Paulo Cambraia
Projecto de Cenografia: Henrique Cayatte Design

- É de Noite que faço as Perguntas

Making of do livro sobre a História da 1ª República em BD – narrativa ficcionada baseada em factos reais – por 6 autores de BD portuguesa contemporânea: David Soares (argumento), e desenhos de Richard Câmara, Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho e Daniel Silvestre Silva

Projecto e Execução de Cenografia: GBNT

- Richard Câmara

Mascotes/ anfitriões das comemorações reeinventados/ redesenhados e trazidos para o século XXI por Richard Câmara, a partir das personagens Quim e Manecas, de Stuart Carvalhais

Projecto e Execução de Cenografia: GBNT

- Centenário de Fernando Bento

Exposição de homenagem comemorativa do centenário do seu nascimento

Projecto e Execução de Cenografia: Natércia Caneira e Teresa Cardoso

- Schuiten e Peeters

A Teoria do Grão de Areia

Prémio Melhor Álbum Estrangeiro e Prémio Juventude 2009
Projecto e Execução de Cenografia: Bleu Lumière, Yves Marechal & Dominique Briand

- Luís Henriques e José Carlos Fernandes

A Metrópole Feérica

Prémio Melhor Álbum Português, Melhor Desenho e Melhor Argumento 2009

Projecto de Cenografia: Catarina Pé-Curto
Execução de Cenografia: Amália Buisson e Catarina Pé-Curto

- Cristina Sampaio

Canta o Galo Gordo

Prémio Melhor Ilustração para Livro Infantil 2009

Projecto de Cenografia: Carlos Farinha
Execução de Cenografia: Carlos Farinha, Eduardo Nunes e Gilberto Gaspar

- City Stories

Projecto de intercâmbio e residência artística dinamizado pelo festival de BD de Lodz (Polónia) com algumas cidades europeias:
Moscovo, Londres, Lyon, Lucca, Lisboa/Amadora
A exposição mostra o processo e os resultados destas residências

Projecto e Execução de Cenografia: Cláudia Gaudêncio e Rui Mecha

- Aude Samama

Visões de Portugal

Exposição em torno dos álbuns:
Lisbonne Dernier Tour;
Amália Rodrigues

Projecto de Cenografia: Nuno Quá, Susana Lanceiro e Susana Vicente
Execução de Cenografia: Carlos Cunha, João Gouveia, Nuno Quá, Susana Lanceiro e Susana Vicente

- Korky Paul

A Bruxa Mimi

Exposição sobre a colecção A Bruxa Mimi, mostrando o processo criativo do autor e a sua evolução

Projecto de Cenografia: Nuno Quá, Susana Lanceiro e Susana Vicente
Execução de Cenografia: Carlos Cunha, João Gouveia, Nuno Quá, Susana Lanceiro e Susana Vicente

- Sean Gordon Murphy

Autor que trabalha para a indústria norte-americana dos Super Heróis.
Trabalhos da revista “Joe the Barbarian”

Projecto de Cenografia: Gilberto Gaspar
Execução de Cenografia: Carlos Farinha, Eduardo Nunes e Gilberto Gaspar

- Colectiva de Anime

Exposição colectiva dos alunos do Departamento de Anime da Universidade Politécnica de Tokyo - Faculdade de Arte
Mostra de arte original e filmes produzidos pelos alunos
Haverá uma intervenção de pintura ao vivo durante a inauguração, feita pelos alunos convidados, que será filmada e passada num plasma durante o Festival

Lusofonia

A Nona Arte em Língua Portuguesa

Portugal, Brasil, Angola, Moçambique
Estará representado um autor por país (Portugal – Nuno Saraiva; Brasil – Jô Oliveira; Angola – Lindomar Sousa; Moçambique – Zorito e Machado da Graça), cujo trabalho seja revelador das particularidades da língua portuguesa falada em cada um deles (linguagem coloquial; termos e expressões locais; diferentes significados das mesmas palavras; etc.)

Projecto e Execução de Cenografia: Ana Couto

- Os Caretos da República

Exposição dos autores Pê (Pedro Ferreira), Carlos Laranjeira e Ricardo Galvão

- Paulo Monteiro

O Amor Infinito que te Tenho e Outras Histórias

Projecto e Execução de Cenografia: Paulo Monteiro e Susana Monteiro

- Concursos de BD

Tema: A República

Concurso de BD Escalão A
Concurso de BD Escalão A +
Concurso de BD Escalão B
Concurso Municipal Infantil

Além do Forum Luís de Camões, as exposições do Amadora BD são descentralizadas por outros espaços da Amadora:

GALERIA MUNICIPAL ARTUR BUAL
- Exposição de Luís Diferr

Em torno do álbum Portugal, com argumento de Jacques Martin

CASA ROQUE GAMEIRO
Ilustração
- Bernardo Carvalho – Prémio Nacional de Ilustração 2009
- Os Quadros da História de Portugal, de Roque Gameiro e Alberto de Sousa

RECREIOS DA AMADORA
Cartoon
- O 5 de Outubro na Imprensa Satírica Espanhola
- Augusto Cid, Vangelis Pavlidis e Jean Plantu

CNBDI
- Exposição comemorativa dos 10 Anos

Exposição paralela

KIDZANIA
CENTRO COMERCIAL DOLCE VITA TEJO
- Luís Henriques

HORÁRIOS DAS EXPOSIÇÕES:

Núcleo Central
Forum Luís de Camões
R. Luís Vaz de Camões
Brandoa
2ª, 3ª, 4ª, 5ª feira, domingo e feriado – das 10h às 20h
6ª feira e sábado – das 10h às 23h

Casa Roque Gameiro
Largo 1º de Dezembro
Venteira
21 492 92 35 (telefone)
2ª feira a sábado – das 10h às 12.30h e das 14h às 17.30h
encerra aos domingos e feriado

Galeria Municipal Artur Bual
Av. MFA – edifício dos Paços do Concelho
Mina
21 436 90 66 (telefone)
3ª a 6ª feira – das 10h às 12.30h e das 14h às 18h
sábado, domingo e feriado – das 15h às 18h

Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem
Av. do Brasil 52 A
Falagueira
21 499 89 10 (telefone)
2ª a 6ª feiras – das 9.30h às 12.30h e das 14h às 18h
sábado e domingo – das 14h às 19h

Recreios da Amadora
Av. Santos Matos
Venteira
21 492 73 15 (telefone)
3ª feira a domingo – das 14h às 17.30h
encerra à 2ª feira

AUTORES ESTRANGEIROS PRESENTES NO AMADORA BD 2010

1º Fim-de-Semana (23 e 24 de Outubro)

Schuiten e Peeters (Bélgica)
Aude Samama (França)
Alfonso Azpiri (Espanhol)
Seri Aoi (Japão)
Toshiki Nonaka (Japão)

2º Fim-de-Semana (30 e 31 de Outubro)

Angelos Pavlidis (Grécia)
Juan Cavia (Argentina)
Sean Gordon Murphy (EUA)

3º Fim-de-Semana (6 e 7 de Novembro)

Korky Paul (Zimbabwe)
Jô Oliveira (Brasil)
João Machado da Graça (Moçambique)
Zorito (Moçambique)
Olímpio Sousa (Angola)

Outros convidados:

Adam Rádon e Ewa Stepien
(director do Festival Internacional de BD de Lodz – Polónia)
Kei Suyama – Profª Anime (Japão)
Kim Hakhyun (Japão)
Naoki Shimaya (Japão)
Pili Muñoz (directora da Maison des Auteurs – Angoulème – França)
Sonia Luyten (investigadora brasileira)
Alamberg (presidente da Fundação Casa Grande – Cariri – Brasil)
Claudio Curcio (director do Festival Internacional de BD de Nápoles – Itália)
Lindomar Sousa (editor da revista “Cabetula” e director do Festival Internacional de BD de Luanda)

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

BDpress #188: Carlos Pessoa no suplemento Ípsilon, do Público, sobre MOEBIUS


Público, suplemento Ípsilon, 19 Outubro, 2010

AS METAMORFOSES DE MOEBIUS NA FUNDAÇÃO CARTIER

Carlos Pessoa

Inquieto, desafiador, iconoclasta, imprevisível.

Quase todos os adjectivos podem ser aplicados à obra e ao percurso de Giraud/Moebius mas é elevado o risco de ficarem muito aquém do que há de mais substancial nas suas criações. Uma exposição inaugurada esta terça-feira na Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, em Paris (pode ser visitada até 13 de Março do próximo ano) procura fixar esse corpo de trabalho.
"Moebius-Transe-Forme" é o título da exposição, a primeira do autor em Paris com esta dimensão, que reúne mais de três centenas de desenhos originais, incluindo ilustrações inéditas. A palavra-chave para ver e entender a mostra é "metamorfose", algo que tem atravessado o percurso do artista de forma constante e consistente.

Moebius nasceu Jean Giraud no dia 8 de Maio de 1938 (Nogent-sur-Marne, França) e começou por assinar como Gir a sua primeira obra maior, a partir de 1963 - a série "westem" Fort Navajo, depois intitulada Blueberry. Moebius só aparece em 1975, quando o artista participou na fundação da mítica revista "Métal Hurlant", surpreendendo tudo e todos com um estilo gráfico e temáticas que estavam nos antípodas do registo realista da fase anterior. "Arzach" (1976), "Le Garage Hermétique" e, sobretudo, o genial "L'Incal" (1980, em parceria com o inclassificável Alexandro Jodorowski) são estações fundamentais de uma viagem questionadora e reflexiva que se prolonga em belíssimas ilustrações, serigrafias, capas e, fora deste registo, em incursões no cinema - "O Quinto Elemento", de Luc Besson; "O Abismo", dejames Carneron; "Tron", de Steven Usberger; "Alien", de Ridley Scott ou o filme de animação "Les Maitres du Temps", de René Laloux).

Dois novos filmes apresentados em antestreia: um filme de animação em 3D inspirado no álbum de Moebius "La Planet Encor "e um documentário de 52 minutos sob a forma de um retrato do artista.

Esta exposição na Fundação Cartier não é uma estreia de Giraud-Moebius naquela instituição, pois a obra do artista já ali tinha estado exposta em 1999 no quadro de "1 Monde Réel", uma exposição articulada em tomo das relações entre a realidade, a ficção e a ficção científica.


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