sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

DISTRIBUÍDA A REVISTA DO CLUBE TEX PORTUGAL #5 – Dezembro de 2016

DISTRIBUÍDA 
A REVISTA DO CLUBE TEX PORTUGAL #5
Dezembro de 2016

As duas capas (principal e alternativa, como de costume), com ilustrações de Maurizio Dotti

O lápis de Maurizio Dotti para a ilustração da capa principal (pág. 46)

Verso da capa – ilustração de Alexandro Bocci

Verso da contracapa – Prancha de Del Vecchio ainda a lápis

SUMÁRIO 

4 – MAURIZIO DOTTI – EL SUPREMO – Sandro Palmas 
7 – OS SINOS DOBRAM POR LUCERO – Jesus Nabor Ferreira 
11 – POKER DE ASES – Moreno Burattini 
15 – O WOLKSWAGEN TEX ­– José Carlos Francisco 
16 – ENTRELAÇADOS – Sérgio Sousa 
24 – O HOMEM QUE MATOU LUCKY LUKE – João Miguel Lameiras 
27 – LUCKY LUKE – PRIMEIRAS APARIÇÕES EM PORTUGAL – Jorge Magalhães 
30 – TEX E AS CORES – Júlio Schneider 
31 – DESENHOS – HOMENAGENS A TEX 
33 – TEX EM 2016 – Mário Marques 
41 – ILUSTRAÇÃO PARA UMA CAPA – De Henrique Breccia para o Tex Gigante Capitan Jack 
42 – QUE OS SONHOS SEJAM ETERNOS – Fernanda Martins 
43 – O TEXAS E OS RANGERS (PARTE 2) – Jorge Machado-Dias 
46 – ESBOÇO DE MAURIZIO DOTTI do desenho que ilustra a capa principal desta revista

ALGUMAS PÁGINAS









 


_______________________________________________

domingo, 25 de dezembro de 2016

«O Mosquito» e «Chicos» - AS PUBLICAÇÕES INFANTO-JUVENIS QUE ABALARAM A PENÍNSULA IBÉRICA (8) – por José Ruy


AS PUBLICAÇÕES INFANTO-JUVENIS
QUE ABALARAM A PENÍNSULA IBÉRICA

«O Mosquito»
e
«Chicos»

(8)

Por José Ruy

QUANTO GANHAVAM OS COLABORADORES


Consuelo Gil Roësset começou por ser contratada com 50 pesetas mensais pelo empresário Baygual em 1938 para organizar o jornal infantil «Chicos».
No auge do êxito da sua publicação, quando a tiragem atingia os 100 e 120 mil exemplares a esgotarem-se todas as semanas, o seu salário era de 500 pesetas.
Emílio Freixas recebia 650 pesetas pelo exclusivo de cada prancha.
Jesus Blasco, 250 pesetas com direito à devolução dos originais.
O custo de cada edição de «Chicos» era entre 5000 a 7000 pesetas.
Consuelo pagava aos seus colaboradores um pouco mais do que os outros editores de revistas infantis.


Em Portugal n’«O Mosquito» os colaboradores e operários da oficina recebiam também acima da média do que pagavam as outras empresas editoras de jornais infantis.
Não tenho registo de quanto ganhava ETCoelho, mas sei que era muito bem pago.
Eu, por exemplo, recebia 70 escudos por cada chapa Offset de cor que litografava.
Quando em 1947 entrei para os quadros de «O Mosquito», o tempo de execução de uma chapa orçava as 3 horas. Duas semanas depois tinha reduzido o tempo para 2 horas e depois para hora e meia.
Isto porque por norma (e tradição) era mais seguro contornar com um aparo molhado na tinta litográfica as zonas dos desenhos que seriam depois preenchidos com pincel, para garantir que não se saía dos contornos.

Exemplo do acto de litografar uma cor em chapa de zinco Offset nas oficinas de 
«O Mosquito» em 1948.

Como tinha a mão treinada pela prática do desenho livre, passei a usar diretamente o pincel e reduzi assim o tempo de cada chapa para metade. Trouxe vantagem para a impressão, pois enquanto uma cor imprimia, a outra tinha de ficar pronta nesse espaço de tempo para que a máquina impressora não parasse.
Além disso passei a ganhar mais: os 70 escudos passaram a ser o valor de hora e meia e não de 3 horas, o que equivaleu um aumento para o dobro.
Façamos uma comparação com os salários na época: por semana tinha 4 chapas para litografar durante 6 horas e ganhava 280 escudos, o que dava por mês 1.120 escudos, sem contar com os meses de cinco semanas.
Um funcionário público ganhava mensalmente 1200 escudos, trabalhando 8 horas diárias.

O DESENHO DOS TÍTULOS DAS DUAS PUBLICAÇÕES

«O Mosquito» a partir da altura em que ETCoelho começou a colaborar, sofreu muitas alterações na letra e na composição do cabeçalho, até ao seu último número publicado.


O meu título...


 A dois terços da sua tragetória até há um cabeçalho desenhado por mim.
Se em princípio a área do título fora reduzida de modo a deixar mais espaço para as ilustrações da capa ou histórias, na parte final ocupava a maior parte da capa.

Mas em Espanha o «Chicos» foi sempre fiel ao tipo de letra do seu título com que iniciou a publicação. Modificava os elementos que o rodeavam, mas a base manteve-se sempre.


No entanto, na sua segunda série, para onde o ETCoelho colaborou diretamente, depois de «O Mosquito» ter interrompido a publicação, alterou o cabeçalho com letra desenhada pelo próprio Coelho. Até por vezes o título era colocado na base da capa.


«O MOSQUITO» e «CHICOS»
PUBLICAÇÕES GEMINADAS?

A parceria estabelecida entre estes dois jornais parece ter estado predestinada muito antes do aparecimento de «Chicos».
Logo a partir do primeiro número «O Mosquito» manteve uma estreita ligação com os desenhadores espanhóis, como Moreno e Arnal.
O Tiotónio dizia que importávamos histórias ilustradas de Inglaterra e de frança esquecendo-nos de Espanha, aqui logo ao lado.
Esta capa desenhada com um Pai-Natal por Arnal, quando este ainda trabalhava para o «Pocholo», foi utilizada pelo Tiotónio para o número especial de Natal em 1937, um ano depois do início da publicação de «O Mosquito» e um ano antes do aparecimento de «Chicos».


Havia portanto um intercâmbio anterior com os nossos vizinhos espanhóis o que não era vulgar na época.


E os «heróis» presentados pelo bonacheirão velhinho das barbas, eram também já publicados em «O Mosquito», o «Cão Top», o «Senhor Trique-Traque», «O Moscon» que servia às mil maravilhas para a figurinha de O Mosquito, tendo o Tiotónio acrescentado as suas personagens «Zé Pacóvio e Grilinho» e as inglesas baptizadas pelo Raul Correia de «Pedro de Lemos, Tenente, e o Manel, Dez Reis de Gente».

OS ÁLBUNS COM HISTÓRIAS COMPLETAS
DE «CHICOS» E DE «O MOSQUITO»

Também estas edições publicadas em Portugal tinham por base as histórias que «Chicos» lançava em Espanha. Curiosamente, publicando a revista espanhola tanto material português, nunca se interessou pelos «heróis» do Tiotónio, «Zé Pacóvio e Grilinho», possivelmente por serem personagens muito características e não se identificarem na cultura do país.



  

Esta personagem criada por Arnal parecia feita à medida para o «O Mosquito» e António Cardosos Lopes, Tiotónio, tirou disso bastante partido. Com os meus 5, 6 e 7 anos julgava que estas histórias eram criadas cá, de tal modo se encaixavam com o título do jornal.
Até a forma da letra das legendas se parecem com a letra que o Tiotónio passou a usar.
____________________________________________________________

No próximo artigo:

«Os Almanaques»

José Ruy
Setembro 2016

____________________________________________________________

 
Locations of visitors to this page