HUGO PRATT – OS CAMINHOS DO SONHO - Inédito publicado na Bélgica – 2019

HUGO PRATT

OS CAMINHOS DO SONHO 

Inédito publicado na Bélgica – 2019 

Direcção: Patrizia Zanotti 

Argumento: Francesco Boille e Giulo Giorello 

Edição portuguesa: Arte de Autor - Cartonada 

Formato: 225 x 295 mm 

Número de páginas: 120 

80 ilustrações / 200.000 carateres 

Data de Edição: Outubro de 2019 

ISBN: 978-989-54514-1-8 

PVP: 28,00€ 

Livro dedicado ao mundo onírico na obra Hugo Pratt, em que os textos do crítico Francesco Boille e do filósofo Giulio Giorello são acompanhados por um conjunto de 80 ilustrações do autor, sob a direção da sua viúva, Patrizia Zanotti.

Publicado a propósito da exposição Hugo Pratt, os Caminhos do Sonho (Hugo Pratt, les chemins du rêve) na Fundação Folon, em Hulpe, na Bélgica, entre 25 de maio a 24 de novembro de 2019, o livro é editado em Portugal este mês pela Arte de Autor, que consagrará ainda mais duas publicações a Corto Maltese no próximo mês de novembro. 

O livro, através de uma sensível e meticulosa selecção de aguarelas e pranchas originais, comentadas por dois excelentes conhecedores da sua obra, convida o leitor a explorar o labirinto de sonhos, memórias, conhecimentos e ilusões do grande autor.

Francesco Boille é um crítico franco-italiano de banda desenhada e de cinema. Colabora regularmente na revista Internazionale e é autor de numerosas obras. Vive em Roma.

Giulio Giorello é diplomado em Filosofia e professor de Filosofia das Ciências na Università degli Studi de Milão.

«Eu conto a verdade como se fosse uma coisa falsa. Contrariamente a muitos outros, que contam coisas falsas tentando fazê-las passar por verdades. Deste modo, a leitura torna-se dupla, tripla, e o leitor descobre que certas coisas que eu disse eram verdade, e então surge-lhe um forte desejo de partir à sua procura.» Hugo Pratt

HUGO PRATT 

ENTRE A REALIDADE E A ILUSÃO 

A alternância entre sonho e narração realista está presente em toda a obra de Hugo Pratt.

O seu universo alimenta-se de fábulas, de contos e lendas, ancoradas elas próprias nos mitos da humanidade. Este fantástico caracteriza, é claro, as aventuras de Corto Maltese, mas também outra histórias, como L’uomo della Somali, L’uomo del Sertão, a aventura curta Baldwin 622, em que o protagonista dialogo com uma locomotiva abandonada no deserto, ou ainda Saint-Exupéry, O Último Voo, dedicada aos últimos momentos da vida do aviador escritor, na qual ele passeia sobre as núvens das suas recordações.

 

Pratt recorre permanentemente aos sonhos como procedimento narrativo, as suas personagens adormecem, caem, tombam literalmente no sonho que lhes abre os campos de uma meta-realidade aos mesmo tempo fascinante e lúdica. Este conceito de meta-banda desenhada é aprofundada e desenvolvida no texto O Grande Mestre da Reviravolta (sonhada), de Francesco Boille, no interior desta obra. Um mundo no qual os corvos e os gatos falam, onde a lupa é dupla, onde o tempo desaparece e onde reinam fadas e cavaleiros. Pratt é um mágico, pratica sortilégios que o envolvem, a lele próprio e ao leitor.

No seu texto, o filósofo Giulio Giorello escreve: “O leitor sabe que está embarcado numa viagem onde alternam, sem sem que possamos sempre distingui-los bem, e por vezes sem a menor solução de continuidade, dois universos distintos mas sobrepostos. E sabe, portanto, que pode encontrar soluções oníricas, fantásticas, paradoxais, tão reais como a própria realidade das histórias que se desenrolam sucessivamente.”

O seu traço, se bem que fortemente caracterizado por uma utilização muito pessoal e marcada da tinta-da-china, num estilo imediatamente reconhecível, sugere outras possibilidades entre os espaços vazios e assim, por detrás de cada olhar, deixa adivinhar uma visão. Um traço quase abstracto, que nos introduz noutros mundos e noutros tempos, um verdadeiro labirinto de espelhos, um carrocel de revira-voltas.

Até agora, nenhum livro consagrado a Hugo Pratt deu atenção ao tema do sonho. Preenchendo essa lacuna, esta obra, através de uma selecção sensível e minuciosa de aguarelas e pranchas originais, convida o leitor a percorrer o dédalo de sonhos, de recordações, de conhecimentos e de ilusões do grande autor Hugo Pratt.

Patrizia Zanotti e Cristina Tavema