quarta-feira, 29 de setembro de 2010

BDpress #182: A VIDA DE Mark Zuckerberg, CRIADOR DO FACEBOOK EM BANDA DESENHADA E A ADAPTAÇÃO AO CINEMA DE FLASH

Estamos nesta, ontem, cinco ou seis publicações brasileiras (Correio da Bahia, Olhar Digital, revista Veja digital, etc...), publicaram textos sobre a adaptação a BD da vida de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook. Também a adaptação de “Flash” ao cinema foi noticiada.


G1 POP & ARTE (São Paulo, Brasil), 28/09/2010

HISTÓRIA DO CRIADOR DO FACEBOOK SERÁ CONTADA EM QUADRINHOS

Publicação da Bluewater mostrará lados herói e vilão do jovem bilionário.
Editora é a mesma que lançou HQs de Lady Gaga e Stephenie Meyer.

Depois de inspirar um longa-metragem, que chega aos cinemas dos EUA no próximo mês, o criador da rede social Facebook, Marck Zuckerberg, vai virar personagem de uma revista em quadrinhos.

Produzida pela Bluewater Productions - mesma editora que lançou HQs de Barack Obama, Stephenie Meyer e Lady Gaga -, "Mark Zuckerberg: creator of Facebook" promete revelar "quem é o verdadeiro Mark Zuckerberg", de acordo com comunicado divulgado no site da empresa.

A história assinada por Jerome Maida, com arte de Sal Field e Michal Szyksznian, pretende mostrar os dois lados de Zuckerberg: do jovem bilionário que doa dinheiro para causas sociais ao "empresário sangue-frio que passa por cima das pessoas para chegar aonde quer".

"Mark recebeu ofertas de montanhas de dinheiro quando era ainda muito jovem e recuso por saber que tinha objetivos maiores do que trabalhar para outra pessoa", diz Maida, roteirista da HQ. "Bill Gates ofereceu a ele US$ 1 milhão quando ele ainda estava no colégio, e Mark recusou. Quer dizer, quantas crianças no colegial já receberam uma oferta dessas? Muito poucas. E quantas teriam a confiança para recusá-la e seguir seu próprio caminho? Muito poucas, se alguma. Mas Mark o fez."

Para Maida, no entanto, Mark também pisou em alguns calos para chegar aonde chegou. "Ele fez com que várias pessoas se sentissem traídas. Eu tento o máximo ser equilibrado aqui", aponta. "Ninguém é totalmente inocente nesta história. E eu tento reproduzir todos os pontos de vista."

Segundo a Bluewater, a HQ "Mark Zuckerberg: Creator of Facebook" será lançada no mercado norte-americano em dezembro.


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CineClick, 27/9/2010

ADAPTAÇÃO DE FLASH ESTÁ A CAMINHO

Mais um personagem dos quadrinhos está prestes a pular para as telas do cinema. Flash, o homem mais rápido das HQs ganhará um longa misturando ficção e aventura.

“Nosso maior desafio será conseguir unir os componentes policiais e os de ficção científica, fazendo algo que fique visceral e bacana. Deve até acabar ficando parecido em tom com Matrix ou filmes do tipo”, revelou o roteirista Greg Berlanti, durante entrevista para a SuperHeroHype.

O longa, ainda sem previsão de lançamento, também terá textos de Michael Green e Marc Guggenheim. Vamos esperar para ver como essa adaptação será realizada, considerando que os roteiristas em questão fizeram a história de Lanterna Verde.



Imagens da responsabilidade do Kuentro.

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

BDpress #181: EM SETEMBRO E OUTUBRO - OFICINA DE ARTE SEQUENCIAL EM ANGRA DO HEROÍSMO - POR PEDRO LEITÃO

Nesta altura do campeonato, ao que nos consta, apenas Pedro Leitão continua, militantemente, a fazer Banda Desenhada para crianças, uma vez José Abrantes e Pedro Cavalheiro não têm marcado pontos ultimamente. Daí que as visitas de Pedro Leitão às escolas assuma particular importância, uma vez que se ninguém habitua a criançada a ler BD, quem serão os leitores da nona arte de amanhã?

Desta vez, Pedro Leitão vai estar em Angra do Heroísmo a ministrar formação a quem queira aprender os primeiros passos na realização de bandas desenhadas.

Força Pedro!!!

Jornal A União (online)

Publicado na Quinta-Feira, dia 23 de Setembro de 2010

EM SETEMBRO E OUTUBRO - OFICINA DE ARTE SEQUENCIAL EM ANGRA DO HEROÍSMO
POR PEDRO LEITÃO


Pedro Leitão, as crianças e a Banda Desenhada

A Associação Cultural Burra de Milho irá realizar a Oficina de Arte Sequencial (ilustrações em Quadradinhos) entre os dias 27 de Setembro e 2 de Outubro, das 18h00 às 19h30, uma actividade que será ministrada pelo formador Pedro Leitão, autor de banda desenhada criador de “As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho”.

Com actividades de animação à leitura, a partir dos livros de “As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho”, e actividade de formação de ilustração/banda desenhada, esta oficina pretende ser “uma oportunidade de exploração de conceitos e actividades de Ilustração, numa perspectiva quer dos mais jovens quer numa perspectiva de adulto”.

Podem participar na oficina pessoas a partir dos 15 anos de idade, com um custo de inscrição de 10 euros. A oficina decorrerá na Rua dos Canos Verdes e na Oficina d’Angra e estão abertas as inscrições através do email da Associação Cultural Burra de Milho (burra.de.milho@gmail.com) ou através do blogue: http//burrademilho.blogspot.com.

Esta iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, da Direcção Regional da Cultura, da Oficina d’Angra – Associação Cultural, e Associação Cultural Burra de Milho.




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Imagens da responsabilidade do Kuentro.
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

BDpress #180: NO PÚBLICO, SUPLEMENTO P2 - PAUL CONRAD, A PENA AGUÇADA DO CARTOONISTA DO LOS ANGELES TIMES, PAROU DE ENFURECER PRESIDENTES AMERICANOS NO DIA 4 DE SETEMBRO PASSADO.



1924-2010 – PAUL CONRAD, UMA PENA AGUÇADA

Enfureceu presidentes (Nixon colocou-o na sua "lista de inimigos"), a classe económica, políticos, artistas. Lutou sempre em nome do homem comum e contra os que considerava serem protectores dos ricos e privilegiados. Paul Conrad morreu com 86 anos, a 4 de Setembro, e os seus desenhos deram protagonismo ao Los Angeles Times ao longo de 30 anos.

Por James Rainey

Presidentes de câmara, governadores e presidentes tremiam com a perspectiva de aparecerem no resultado final do trabalho da aguçada pena de Paul Conrad, mas muitos sul-californianos tinham nele a sua primeira paragem quando folheavam o L. A. Times, o jornal que foi a sua principal casa durante quase 30 anos.

Conrad ganhou três Prémios Pulitzer, um feito apenas alcançado por outros dois cartoonistas na era pós-Segunda Guerra Mundial, conseguindo, ao longo de mais de 50 anos, tanto entusiasmar como enfurecer os seus leitores, com um posicionamento político inequivocamente de esquerda e um estilo gráfico de um preto e branco selvagem.

Enquanto muitos outros cartoonistas se ficavam pelo confortável ou pelo extravagante, Conrad "especializou-se em austeridade, lamento, agoiro e setas directamente dirigidas ao coração", escreveu o ex-director do L.A. Times Shelby Coffey III. O cartoonista, que em pessoa era exuberante e ruidoso, e muitas vezes blasfemo, via-se a si próprio como um defensor do cidadão comum e apreciava o combate contra aqueles que ele considerava serem os protectores dos ricos e dos privilegiados.

Os seus alvos mais famosos e duradouros revelaram-se nas pessoas de dois políticos da Califórnia que chegaram à Presidência dos Estados Unidos: Richard Nixon e Ronald Reagan. Nixon, perseguido por muitos escândalos, colocou Conrad na sua "lista de inimigos" - uma designação que o cartoonista descrevia como uma das maiores honras que jamais recebera. Otis Chandler, antigo editor do L. A. Times, habituou-se a ter o pequeno-almoço interrompido por Reagan ou pela sua esposa, Nancy, furiosos por o então governador ter sido, mais uma vez, mostrado como sendo bronco, mesquinho e afastado da realidade.

"Conrad é mais do que uma lenda do cartoonismo, é uma instituição do jornalismo norte-americano", afirmou Doug Marlette, um dos muitos cartoonistas que se inspiraram no seu trabalho. "Ele é uma força da natureza; tem que se medir Conrad na escala de Richter."

Conrad adorava criar confusão. A sua justa indignação era moldada por uma educação modesta no Midwest, por uma estável fé católica e pelo que um cronista uma vez descreveu como "um coração fanático".

Muitos jornalistas gostam de falar sobre a obrigação de afligir os confortáveis e confortar os aflitos. Conrad abraçou totalmente esse credo. "Nunca me acusem de ser objectivo", gostava de dizer.

Uma excepcional coerência fazia com que muitos dos cartoons de Conrad como que saltassem da página: Nixon atado, como o gigante Gulliver, por bobines atrás de bobines das suas gravações secretas na Sala Oval. A preciosa e cara nova de porcelana de Nancy Reagan na Casa Branca reflecte a imagem de uma mendiga curvada, a vasculhar no lixo. O presidente Jimmy Carter "atraído" por uma voluptuosa Estátua da Liberdade nua.


Pintar nos camiões

Paul Francis Conrad nasceu a 27 de Junho de 1924, em Cedar Rapids, estado de Iowa, e tinha um irmão gémeo, James. Os dois rapazes lembravam-se da mãe como sendo frugal mas determinada a colocá-los, bem como a um irmão mais velho, em contacto com as artes. O pai, Robert Conrad, controlava os horários de carga nos caminhos-de-ferro e por vezes não almoçava para poupar dinheiro para brinquedos ou aulas de piano para os seus filhos.

O pai Conrad gostava de arte, pintava paisagens, mas encontrou pouca saída para as suas obras no Iowa na era da Grande Depressão. Passou a sua paixão para os gémeos, incentivando-os a pintar na parte de trás dos "cartões de marcha" que trazia do trabalho para casa.

"Estávamos mais interessados em música ou em fazer confusão", relembrava Conrad. Mais tarde, Conrad diria que a sua carreira de cartoonista começara com um desenho rabiscado na parede da casa de banho da escola primária na Rua Augustin, em Des Moines. Tinha 8 anos.

"Aprendi que uma imagem vale mil palavras", escreveu Conrad, "e que, quando os poderes instituídos se irritam, perseguem sempre o cartoonista, nunca os editorialistas".

No seu primeiro emprego, no Denver Post, Conrad obteve o tipo de apoio que o iria aguentar ao longo da sua extensa carreira. O director Palmer Hoyt permitiu que o seu jovem protegido fizesse experiências e corresse riscos.

Conrad também conheceu e começou a cortejar a nova jornalista da secção de Sociedade do jornal Kay King. Durante algum tempo Kay saiu com o irmão gémeo de Conrad, quando ele visitava Denver, mas James Conrad persuadiu Paul e Kay "de que [eles estavam] mesmo apaixonados e [deviam] ficar juntos", contou mais tarde Kay Conrad.

O casamento deu a Conrad o seu mais importante e duradouro defensor, editor e crítico. Muitos outros iriam oferecer conselhos ou sugestões, mas o cartoonista declarou que apenas Kay Conrad e Ed Guthman, o editor da secção Nacional do Los Angeles Times, conseguiam persuadi-lo a abandonar uma ideia que ele estava a desenvolver.

No início dos anos 60, o Los Angeles Times estava a começar a recuperar de décadas de mediocridade. O jornal dominava política e economicamente no Sul da Califórnia, mas era alvo de chacota na maioria do resto do país devido a um descarado apoio ao Partido Republicano.

Otis Chandler assumiu o controlo como editor em 1960 e, juntamente com o director Nick Williams, decidiu contratar gente de grande talento para elevar o nível do jornal.

Os dois estavam decididos a levar Conrad para Los Angeles, mas inicialmente o cartoonista nem sequer queria ouvir falar nisso. Tinha viajado pela Califórnia na década anterior, durante a sua lua-de-mel, e considerava o L. A. Times "o pior jornal que já vira na [sua] vida".

Williams convenceu Conrad a estar presente numa entrevista, e o editor e o director impressionaram-no com a sua determinação. "A única coisa que eu disse", contava Conrad, "foi "Ninguém me diz o que eu devo desenhar"."

Quando regressou a Denver, disse a Kay para começar a fazer as malas das suas quatro crianças. "Vamos para a Califórnia", disse à sua mulher, e anos mais tarde acrescentou: "A melhor decisão que tomei na minha vida."

Fiel à sua palavra, a direcção do Times interferiu muito pouco no trabalho da sua estrela. "Otis nunca disse: "Não podes fazer isto ou fazer aquilo"", explicou Guthman.


Alvo: Nixon

Conrad considerava que o seu trabalho era condensar as complicadas questões do momento numa verdade essencial e poderosa. "Os cartoonistas políticos são idealistas, de um outro mundo", escreveu ele na introdução de um dos seus sete livros de cartoons. "Injustiças políticas, sociais e morais são consideradas como monstruosidades" que requerem que o cartoonista "afaste para o lado todas as complexidades e vá directo ao assunto básico; que pegue em suspeitas, coincidências e acontecimentos passados e os grave de forma maior que a própria vida".

O cartoonista adorava espicaçar os eleitos que acreditava terem esquecido qual era a fonte e legitimidade do seu poder. Entrou em disputa com 11 presidentes, começando com Harry Truman, mas tinha particular prazer em picar Nixon - o escândalo Watergate criou uma convergência perfeita.

A contenda com Reagan durou ainda mais, tendo começado quando o ex-actor foi eleito governador da Califórnia em 1966. Em contraste com o sombrio e ameaçador Nixon, o cartoonista muitas vezes desenhava Reagan como um bobo, o actor de filmes de série B erroneamente escolhido para o papel de homem de Estado.

Quando em 1973 pôs à votação que se efectuasse um referendo para tentar reestruturar o sistema fiscal do estado, Conrad desenhou o governador como "Reagan Hood", tirando aos pobres para dar aos ricos. O cartoon publicado na véspera da votação ajudou a diminuir as possibilidades de se efectuar um referendo para reestruturar o sistema fiscal do estado, o mais sério contratempo político de Reagan até essa altura, de acordo com Lou Cannon, biógrafo do ex-Presidente.

O então governador Reagan telefonava de manhã cedo a queixar-se, interrompendo Chandler durante o seu pequeno-almoço, segundo o historiador David Halberstam. O editor do L. A. Timesacabou por não mais atender as chamadas, mas então foi Nancy Reagan que tomou a seu cargo a tentativa de tornar menos afiado o lápis de Conrad. Mas a futura primeira-dama rapidamente desistiu, percebendo que Conrad não tinha qualquer intenção de conceder um cessar-fogo.

Mais de dez anos depois, Conrad continuava a castigar Reagan, particularmente no tocante ao aumento de gastos militares e aos cortes nos programas de apoio social enquanto era Presidente.

"Ri, e o mundo inteiro ri contigo. Chora, e terás sido o tema de um cartoon de Paul Conrad", disse o presidente Gerald Ford acerca das suas próprias batalhas com o cartoonista.

Apesar de ser um partidário inflexível que jurou que nunca votaria num republicano, Conrad não poupava os democratas. Uma imagem dos anos 70 mostra a Justiça a recusar uma boleia num descapotável com o senador Edward Kennedy, após o escandaloso acidente de carro em Chappaquiddick que vitimou uma sua jovem assistente.

Quando um cartoon brincou com a fraca audição de Reagan, o cantor Frank Sinatra escreveu uma carta em que dizia que já estava farto "da depravação e do ódio" de Conrad.

"Ele é uma vergonha para o jornalismo responsável", escreveu Sinatra. "E todos vocês deveriam ter vergonha de se esconderem por trás da Primeira Emenda [da Constituição dos Estados Unidos, que permite a liberdade de expressão], que de qualquer forma nunca foi pensada para pessoas como Conrad."

Outros oponentes de Conrad puseram-lhe processos em tribunal.

Nos 30 anos que mediaram entre ter sido contratado e a reforma em 1993, os seus patrões apenas impediram a publicação de um punhado de cartoons de Conrad. Depois de Nixon ter declarado Charles Manson como culpado de assassínio, mesmo antes de um veredicto ter sido alcançado, Conrad desenhou um Manson sorridente e com um crachá onde se lia "Nixon é o maior". O editor da página de opinião do Times Tony Day achou que era de mau gosto e cortou-a.

O L. A. Times impediu também a publicação de dois outros cartoons que mostravam os traseiros nus de líderes mundiais. Um era dos presidentes de democracias industrializadas e o outro de Saddam Hussein do Iraque, mostrando o rabo ao Ocidente antes da Guerra do Golfo. Disse Conrad: "Eu cá achei que esse último era bastante divertido, mas..."



Em família

Era na sua casa em Rancho Palos Verdes que Conrad escapava à pressão das horas marcadas para a entrega dos trabalhos e das intrigas políticas. Apreciava uma vida suburbana muito banal, jogando golfe, treinando os seus dois filhos e as duas filhas em basebol, softball e futebol.

Muitos dos apoiantes de Conrad - incluindo Otis Chandler e o seu sucessor como editor, Tom Johnson - já tinham abandonado oTimes no início dos anos 90. O cartoonista diria mais tarde que sentiu que a direcção do jornal estava a alterar-se. Sentiu uma perda de apoio.

Nunca foi dito que a detenção de Conrad em Dezembro de 1992 em Palos Verdes Estates, acusado de conduzir alcoolizado, terá posto em questão o seu lugar no jornal. (Na realidade, Conrad tomou o incidente como fonte para outro cartoon, mostrando-se a si próprio por trás de grades e argumentando na legenda: "O que me fizeram por conduzir alcoolizado deviam ter feito a Caspar Weinberger [ex-secretário de Estado da Defesa] por ter mentido ao Congresso [acerca da troca de armas por reféns no caso Irão-Contras.]")

Quando o L. A. Times se ofereceu para comprar as participações de todos os seus empregados em Janeiro de 1993, Conrad decidiu aceitar. "A maioria de nós percebeu que tinha os dias contados ali", declarou Conrad muito tempo após a sua saída. "Pensámos: "Vamos conseguir o melhor acordo possível e sair daqui assim que pudermos.""

Exclusivo PÚBLICO/Los Angeles Times
Tradução de Eurico Monchique







Imagens da responsabilidade do Kuentro, excepto a última foto, do Público.
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

BDpress #179: J.M.Lameiras no Diário “As Beiras” + A Voz de Ermesinde, sobre a matéria de Sergio Bonelli acerca de Tex em Beja no "Tex Tre Stelle”, nº 559 + Pedro Cleto no Jornal de Notícias sobre BLACKSAD

HAPPY SEX, DE ZEP
Diário As Beiras, 11 de Setembro de 2010

João Miguel Lameiras

Depois de ter publicado em português quatro álbuns da série “Titeuf”, a Asa dá a descobrir uma faceta mais adulta de Zep, o seu criador, com "Happy Sex", um álbum de histórias de uma a duas páginas, com o sexo como tema central, um pouco na linha do que o autor já tinha feito com a música rock e pop no álbum “O Inferno dos Concertos”, mas desta vez com um tema muito mais abrangente e universal.

Nascido Philippe Chappuis em 1967, Zep escolheu o seu nome artístico a partir do grupo Led Zeppelin e iniciou-se na BD em 1985 na revista “Spirou”, depois de ter frequentado a Escola de Artes Decorativas de Genebra. Zep é conhecido sobretudo como o criador de "Titeuf", a popular série infantil que, em 10 anos e 9 álbuns, passou da mera promessa para um sucesso espectacular, sustentado pela popularidade de Titeuf junto do público infantil, que naturalmente foi reforçada com a série de animação inspirada na BD, que já passou na RTP. Mas, por mais que a televisão “puxe” pela série, só isso não chega para explicar uma tiragem de um milhão e quinhentos mil exemplares, rapidamente esgotados, tal como a 2ª edição de 100 mil, alcançada por “La Loi du Préau”, o 9º álbum da série.
Daí que se possa pensar que a principal razão para o fenómeno “Titeuf” resida na capacidade de Zep de captar de forma hilariante o mundo infantil, conseguindo chegar da mesma forma aos leitores de 8 a 12 anos, como Titeuf e ao público adulto, que ainda não perdeu o sentido de humor, abordando com grande humor e sensibilidade, temas como a deficiência, o racismo, o desemprego, ou o sexo.

Neste álbum, destinado a um público (naturalmente) mais adulto do que os leitores habituais de Titeuf, o sexo volta a estar bem presente, mas aqui, as personagens, em vez de imaginarem como será, como acontecia com Titeuf e os seus colegas, praticam-no sem grandes tabús. Ou seja, pegando no título de um álbum especial de Titeuf, que a Asa também editou em Portugal, em vez de um "Guia Sexual da Malta Nova", temos um guia sexual para adultos heterossexuais com sentido de humor.

Apesar do conteúdo muito explícito, o grafismo caricatural e delicado de Zep, permite tratar de forma divertida e que não choca, situações que retratadas num estilo mais realista, seriam bastante mais difíceis de aceitar. Muito mais do que excitar o leitor, Zep quer diverti-lo e "Happy Sex" (que devia chamar-se antes "Funny Sex", pois muitas das situações descritas não têm nada de alegre para os protagonistas e é precisamente aí que reside a piada) consegue-o plenamente e de forma brilhante!

(“Happy Sex”, de Zep, Edições Asa, 64 pags, 17,11 €)


Cliquem para ampliar e leiam isto se fazem favor...
Imagens da responsabilidade do Kuentro.

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A Voz de Ermesinde, 15 de Setembro de 2010

6º Festival Internacional de BD de Beja em destaque na edição de Tex Tre Stelle

Sérgio Bonelli

Na edição italiana “Tex Tre Stelle”, nº 559, de Setembro de 2010, o editor italiano de Tex e responsável pela editora com o seu nome, Sergio Bonelli, volta a dedicar um novo editorial de Tex a Portugal.
Desta vez para falar das comemorações do vigésimo quinto aniversário de Fabio Civitelli a desenhar Tex, ocorridas em Portugal, integradas no 6º Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, com realce para nova presença do consagrado artista italiano no nosso país e para a realização de uma mostra pessoal onde estiveram expostas uma vez mais em Portugal, páginas originais de Tex e ainda pelo belo troféu em vidro atribuído pelos fãs e coleccionadores portugueses de Tex a Fabio Civitelli como forma de homenageá-lo por todos estes anos que tem dado a Tex Willer.

Este editorial é mais uma prova inequívoca da importância (e do carinho) que Sergio Bonelli dá à presença de Tex em solo português, mesmo sendo Portugal um país onde Tex não é editado, como o próprio editor italiano já fez referência diversas vezes em anteriores editoriais dedicados a Portugal.

De seguida, damos então a conhecer (na nossa língua*) a todos os interessados, o editorial de Tex Tre Stelle #559. Por: JOSÉ CARLOS FRANCISCO

Caros amigos,

Os mais atentos (mas também os mais veteranos) leitores desta página devem recordar-se dos bons tempos em que, cheio de vontade e dinamismo, eu ganhei a fama de editor sempre presente em todas as manifestações de quadradinhos, da mais modesta e desconhecida àquelas (poucas) universalmente conhecidas. Desde há algum tempo, infelizmente, as energias psicofísicas não são mais as mesmas e, por isso, vi-me forçado a dosear as minhas viagens, e a pesar também a quilometragem dos deslocamentos. Ainda bem que um dos nossos, o desenhador Fabio Civitelli – a mostrar o mesmo entusiasmo e a mesma paixão com que ainda hoje, depois de tanto tempo, desenha as páginas de Tex – assumiu em nome da Editora a tarefa de nos representar em muitas das ocasiões de encontro com o público às quais somos convidados.

Eu já tive oportunidade de falar de algumas viagens de Civitelli a várias localidades italianas e europeias, mas desta vez desejo destacar o relacionamento particular que o simpático desenhador aretino estabeleceu com os nossos colegas de Portugal, realmente incansáveis em organizar eventos dedicados aos quadradinhos. Neste ano, mais uma vez, Fabio foi convidado – e muito bem acolhido – pelo Festival Internacional de BD de Beja (de 29 de Maio a 13 de Junho de 2010), em Portugal, que lhe dedicou uma mostra pessoal e lhe conferiu um merecido prémio (como se vê na foto desta página) pelos vinte e cinco anos passados “sob a bandeira de Águia da Noite“.

Então, não foi por acaso que, numa recente entrevista concedida aos amigos José Carlos Francisco e Júlio Schneider, Civitelli fez um balanço sintético dessa longa experiência, em que disse: «Com o tempo os momentos de dificuldade, que evidentemente existiram, desaparecem na recordação e reforçam-se os momentos agradáveis: conhecer tantos leitores apaixonados, na Itália como em Portugal, o apreço da Editora que me permitiu realizar a edição comemorativa dos sessenta anos, e também viajar por toda a península italiana e ao exterior para promover Tex, a fazer com que eu me sinta um pouco um embaixador dos quadradinhos italianos».

Da minha parte, com uma pontinha de orgulho militar, não posso deixar de constatar como a nossa conquista de Portugal segue rápida. No editorial de “Tutto Tex” n° 436, de Julho de 2007, eu havia fincado a nossa bandeira na cidade de Moura, que havia dedicado ao nosso Ranger (também naquela ocasião com a presença do incansável Civitelli) uma mostra considerável. A continuar o mesmo jogo, hoje tenho o prazer de valorizar o mesmo mapa [de Portugal, reproduzido na revista italiana] com uma segunda bandeirinha sobre a cidade de Beja que, por sua vez, também recebeu afectuosamente o nosso mensageiro. Mas também colho a ocasião para enviar um obrigado a José Carlos Francisco, o amigo que, com a sua obra de paciente promoção e difusão, tornou famosa, na sua terra natal, a personagem de Tex.

Um abraço.

Por: Sérgio Bonelli (*)

(*) Texto traduzido por Júlio Schneider, tradutor e consultor bonelliano da Mythos Editora no Brasil.
Adaptação de “A Voz de Ermesinde”.


Nota do Kuentro: o blogue do Tex, também publicou outro texto, que se segue:

Também na edição brasileira de Tex, Tex Willer, número 490 (O Castelo Sombrio), publicada em Agosto de 2010 pela Mythos Editora, contém nas suas contracapas, uma matéria intitulada “TEX CAVALGA EM BEJA“, onde o editor Dorival Vitor Lopes mostra aos leitores do Brasil, e também de Portugal, a presença de Fabio Civitelli no VI  Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja (Portugal), festival esse que dedicou ao consagrado desenhador italiano, uma exposição alusiva aos 25 ANOS DE FABIO CIVITELLI A DESENHAR TEX, que apresentava ao público lusitano num exclusivo mundial, inúmeras pranchas ORIGINAIS do Ranger que registavam a evolução e a trajectória de Fabio Civitelli neste último quarto de século, conforme se pode vislumbrar de seguida:

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Jornal de Notícias, 17 de Setembro de 2010

BLACKSAD: UM NOVO ÁLBUM E UM FILME

F. Cleto e Pina

As Edições Asa distribuem hoje nas livrarias nacionais, em simultâneo com a edição original francesa, o álbum “Blacksad: O inferno, o silêncio”, quarto tomo desta série escrita por Juan Díaz Canales e desenhada por Juanjo Guarnido.

Com inúmeros prémios conquistados e os favores do público e da crítica, “Blacksad”, que retoma a tradição dos grandes autores do género, é um policial negro ambientado em meados do século XX que já revisitou temas como a intriga em meios cinematográficos, o racismo e o Ku-Klux-Klan ou a caça aos comunistas nos EUA. No novo álbum, que sai após um intervalo de 5 anos, encontramos o detective na Meca do jazz, Nova Orleães, à procura de um pianista toxicodependente.

A principal marca distintiva da série é, no entanto, o grafismo pois, em “Blacksad”, todos são animais antropomorfizados, cujas características correspondem às das personagens que interpretam. Assim, o detective que o protagoniza é um ágil felino, os duros que tem de enfrentar gorilas, ursos ou lobos, as personagens femininas, belas e sensuais, uma gata ou uma leoparda, etc. A par disso, o desenho, hiper-realista e servido por belas cores, é magnífico, notando-se ao nível da composição das pranchas e do ritmo imposto à narrativa, as influências do trabalho de Guarnido como animador nos Estúdios Disney.

Integralmente editada em português, a série inclui ainda um álbum especial - “Blacksad - Os bastidores do inquérito”- com esboços, estudos e desenhos inéditos, em que os autores revelam a génese do herói e a sua forma de trabalhar.

Entretanto, Blacksad pode estar em vias de ser transposto para o grande ecrã, pois o realizador Alexandre Aja (“Piranha 3D”) revelou estar interessado no projecto, em parceria com Thomas Langmann. Este último já esteve envolvido em adaptações cinematográficas doutros heróis dos quadradinhos, nomeadamente Astérix e Blueberry.


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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

UMA BRINCADEIRA COM DYLAN DOG: UM FANZINE, DYLANDOGOFILI #0, PUBLICA A PARÓDIA – “DILLON & SDRUCIO - O HOTEL MALDITO (L’ALBERGO MALEDETTO)”...

Wilson Vieira, argumentista brasileiro de que temos apresentado histórias no BDjornal desde o #23, deu-nos a notícia da paródia a Dylan Dog que está prestes a sair em Itália. Aqui fica o texto, traduzido por Wilson, do site italiano http://www.dyalandogofili.com/

DYLANDOGOFILI – O FANZINE #0


Estamos orgulhosos em apresentar, aquilo que é o fruto de uma idéia, concebida há quase dois anos atrás: O Fanzine dos DYLANDOGÓFILOS.

Essa publicação, nasceu do desejo de realizar algo impresso. Inicialmente pensamos fazer uma paródia, mas, para realizá-la faltavam os ingredientes clássicos, tais como; um roteirista, um desenhista e um letrista.

Para roteirista pensamos prontamente: o grande amigo Wilson Vieira, autor brasileiro, que certamente dispensa apresentações. O Wilson, já tinha produzido uma ilustração, da qual surgiu um pôster, para a Exposição: Buon Compleanno Dylan Dog (realizada pelo DylanDogofili) em Novi Ligure/2006, que foi distribuído gratuitamente, arrecadando, porém donativos livres, para a Associação (presidida por Paola Barbato) “Mauro Emolo” O.N.L.U.S., que trata de pessoas afetadas, por uma doença neurovegetativa chamada: Coréia de Huntington.

O desenhista, nós o encontramos em nossa própria casa: Riccardo Nunziati. Ele tinha começado a freqüentar o nosso Fórum e o nosso ativíssimo Relações Públicas, Giorgio Santoro um dia me disse: “Cristian, encontrei o desenhista, é um dos rapazes do Fórum, chama-se Riccardo e desenha muito, muito bem...”.

Dali então, se iniciou uma colaboração esplêndida com o Riccardo e ainda hoje, me surpreende a sua imensa paciência, para fazer frente às nossas exigências contínuas.

Faltava um letrista e graças ao Riccardo o encontramos, Alessio D’Uva colocou-se a disposição, desde o primeiro contato e ele também, quanto à paciência não deixa nada a desejar como o Riccardo, não sei quantas vezes, trocamos as frases e modificamos as posições, dos balões.

Tínhamos já tudo, para a história? Ainda não... faltava, aquele toque de humor, nas “gags”, do personagem Sdrucio e quem melhor para isso, do que Marco De Zordi, apelidado de o Dezzo? Encontrarão ainda, alguns artigos interessantes, que fazem de moldura, para a história.

Infelizmente nem todos, poderão ter acesso a essa revista, (capa colorida - formato 19 x 26,2 cm – contendo 24 páginas – miolo em p/b), pois a tiragem, como aconselhado por parte, da Sergio Bonelli Editore (que agradecemos, pela cortesia demonstrada), é somente de 100 exemplares invendáveis; os quais são devidamente numerados, nominados e carimbados.

Entre os felizardos contemplados, estarão os velhos e os novos amigos, que sempre acreditaram e nos ajudaram, no decorrer dos anos.

Esperemos ter feito algo interessante, o que garantimos, é que fizemos algo, que nos divertiu muito e esperemos, que se divirtam também.

Pensamos em fazer outros fanzines, mas esclarecemos que serão publicações aperiódicas, e que não conterão histórias assim longas e isso particularmente, nos permitirá imprimir uma tiragem maior.

Além da capa, mostramos em primeira mão: uma prancha e dois quadros primorosos da HQ inédita e exclusiva – O HOTEL MALDITO – (L’ALBERGO MALEDETTO) – como também, a visão gráfica de Nunziati, sobre Wilson Vieira:





Para qualquer pergunta, comentário ou pedido de esclarecimento, pode nos escrever, diretamente no Fórum: http://www.dylandogofili.com/Dylan/Forum/Default.asp

Para comentar esse artigo no Fórum, clique:

Artigo escrito por: Cristian Fasano
Tradução/Adaptação de: Wilson Vieira

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domingo, 19 de setembro de 2010

BDpress #178: HQ BRASIL – EPIC CON REALIZOU-SE ESTE FIM-DE-SEMANA EM BRASÍLIA + PEQUENA ENTREVISTA COM MIKE DEODATO JR.

Tal como ficou ontem prometido, aqui fica o texto de apresentação da Epic Con Brasilia, que se realizou este fim-de-semana.
A Bat-Girl de Mike Deodato


Correio Braziliense – Brasília, 19 Setembro 2010-09-19
Pedro Brandt

Epic Con, evento de HQs, traz convidados de renome internacional
 em quadrinhos, as HQs, mas neste fim de semana a cidade recebe a sua primeira convenção de quadrinhos. A Epic Con reunirá durante dois dias, amanhã e domingo, uma série de atividades, como palestras, oficinas e avaliação de portfólio de desenhistas, workshop de dublagem, concursos de ilustrações, quadrinhos e cosplay (este, com premiação de R$ 3 mil), arena para partidas de RPG, paintball, videogame e shows de rock. Entre os convidados estão desenhistas, dubladores, agentes de talentos, o escritor André Vianco e o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Os responsáveis pela iniciativa são os amigos e produtores Marco Aurélio Nogueira da Silva, 26 anos, Paulo Jardim, 26, e Diorggi Lenes, 22. “Queríamos fazer um evento diferente porque em Brasília só rola encontros voltados para mangás, animes e cultura pop japonesa em geral. Percebemos que havia uma demanda para eventos de quadrinhos, tanto por parte de leitores jovens quanto dos mais velhos — que não se sentem muito à vontade nos eventos japoneses, cujo público é bem mais novo”, conta Marco Aurélio.

O produtor, que começou a atuar na área de eventos de cultura pop em 1999 (quando realizou encontros de fãs de Arquivo X) diz que a principal referência para a Epic Con é a americana Comic Con, convenção anual que reúne milhares de pessoas em San Diego (EUA) e virou uma referência mundial do gênero. “Ainda não consegui ir à Comic Con, pretendo visitá-la no ano que vem. Mas em 2009 fomos a todos os eventos brasileiros de quadrinhos que pudemos para aprender e conhecer as novidades. Acho que, no formato da Epic, não tem outro no Brasil atualmente”, diz Marco. A expectativa da produção é receber cerca de 3 mil pessoas por dia.


Artistas

Na lista de desenhistas convidados estão os brasileiros Fábio Laguna, Mike Deodato Jr., Will Conrad, Cliff Richards, PC Siqueira, Érica Awano e Leonardo MLK. Este último também trabalha como agente da Glass House Graphics, empresa que faz o meio de campo entre artistas brasileiros e editoras estrangeiras. MLK é colega do americano David Campiti, também convidado da Epic.

Dos ilustradores, os mais conhecidos são Awano e Deodato. A paulista é responsável pelos desenhos de Holy Avengers, popular mangá feito no Brasil, e uma recente adaptação para quadrinhos de Alice no país das maravilhas — colorida pelo também paulista PC Siqueira, ilustrador que tem conquistado fãs por conta de seus vídeos no YouTube.

Com mais de três décadas de atuação nos quadrinhos e 20 anos trabalhando para o mercado americano, o paraibano Deodato Taumaturgo Borges Filho já foi o desenhista titular de diversos títulos da Marvel (Vingadores, Thor, Hulk, Homem-Aranha…) e DC Comics (Mulher Maravilha). Will Conrad trabalhou recentemente nas revista Wolverine origins e Black Panther.

O paulista Fábio Laguna tem levado para os quadrinhos personagens de desenhos animados como Scooby Doo, Shrek, Kung fu Panda e vários outros. O mineiro Cliff Richards já passou por Angel, Buffy — The Vampire Slayer, Birds of Prey e Vampirella.

André Vianco é autor de uma bem-sucedida série de livros com temática de vampiros. Criador do personagem Zé do Caixão, diretor de mais de 30 filmes, Mojica dispensa maiores apresentações.

Erika Awano (Holy Avenger)



ENREVISTA COM O DESENHISTA DE QUADRINHOS MIKE DEODATO JR.

Você trabalha para o mercado americano há 20 anos. O que mudou de lá pra cá para os desenhistas brasileiros que trabalham para as editoras americanas?
Acho que agora os editores confiam mais em nosso profissionalismo. Eles tiveram algumas experiências ruins nos anos 1970 com desenhistas filipinos e espanhóis e a gente terminou pagando por isso. Acredito que desenhista brasileiro é agora sinônimo não só de qualidade, mas também de profissionalismo.

O Brasil não tem ainda muita tradição de convenções de quadrinhos (apesar de algumas convenções de animes e mangás reunirem milhares de pessoas). Para você, qual a importância desse tipo de evento?
A profissão de quadrinhista, em geral, é um pouco solitária, longas horas só você e a prancheta. Então, quando surge uma oportunidade de encontrar os fãs, bem como outros autores, é sempre muito bom. Me sinto muito à vontade em convenções, é meu mundo. Comprar gibis, conversar com desenhistas, editores e fãs me faz muito bem. Elas são importante também para a divulgação de nosso trabalho.

Você tem tempo de ler quadrinhos? Quais HQs tem lido ultimamente?
Criminal, de Ed Brubaker, e Fábulas, do selo Vertigo.

O seu estilo de desenho mudou bastante ao longo da carreira. Acredita que já chegou em seu estilo definitivo?
Ainda não. Quero continuar experimentando e melhorando.

Atualmente, em quais títulos você está trabalhando? Por quanto tempo continuará neles? E para o futuro, já tem algum projeto engatilhado?
Secret Avengers. Não sei por quanto tempo, mas pelo menos por um ano e meio. Tenho vontade de voltar à Wolverine no futuro, mas vai depender da Marvel.

Por falar nisso, você tem algum projeto pessoal que gostaria de publicar? O que pode comentar sobre ele?
Estou, junto com Rodrigo Salem, preparando uma revitalização de O Flama, que é um personagem criado por meu pai — Deodato Borges —, nos anos 1960. É uma releitura moderna, um cruzamento de Rising Stars com Tropa de Elite.

Qual o conselho para quem quer viver de quadrinhos?
Nunca parar de estudar a sua arte. Tem sempre como melhorar.

Mike Deodato Jr.


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sábado, 18 de setembro de 2010

BDpress #177: HQBRASIL – MANARA FALA DA IDA AO RIO COMICON + CRÍTICA À ADAPATAÇÃO DE AGATHA CHRITSTIE PARA BD/HQ

Como já devem ter reparado os nossos leitores, temos vindo a noticiar a actividade bedéfila (ou hquéfila, se preferirem) no Brasil e daí ressalva a fervilhante actividade, não só dos autores brasileiros, como dos organizadores de eventos – amanhã noticiaremos aqui um novo evento, desta vez na capital Brasília. Mas o que está a “mexer” agora, é mesmo o Rio Comicon, a realizar em Novembro. Depois, a edição de livros, até do mercado franco-belga – não só comics americanos –, como podemos ver no caso mais abaixo, faz-nos roer de inveja. O nosso objectivo aqui no Kuentro, é acima de tudo, fomentar o intercambio e o inter-conhecimento entre todas as BDs que se escrevem na língua de Camões, mas também pode ser que estas notícias do outro lado do Atlântico, abanem um pouco a inépcia modorrenta que grassa por cá, em vésperas do 21º FBDA.



O Globo (online), 18/09/2010

Por Télio Navega

MESTRE DO QUADRINHO ERÓTICO, MILO MANARA FALA DE SUA VINDA AO BRASIL COMO PRINCIPAL CONVIDADO DO RIO COMICON

RIO - Em 1993, enquanto Bill Clinton assumia a presidência dos EUA, Nelson Mandela recebia o Prêmio Nobel da paz e Itamar Franco governava o Brasil, acontecia, pela segunda e última vez, a Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro. Muitas idas e vindas depois, a cidade volta a receber um grande evento do gênero, o Rio Comicon, que acontecerá de 9 a 14 de novembro, no Ponto Cultural Barão de Mauá - Estação Leopoldina. E a lista de convidados tem no topo um mestre do quadrinho erótico, o italiano Milo Manara, em sua primeira visita ao Brasil. Ele trará mais de cem de seus originais, que serão expostos no local do evento e, depois, seguirão para uma mostra em São Paulo, no Instituto Tomie Othake. Manara conversou com O GLOBO sobre sua vinda ao país e as parcerias quadrinísticas com Federico Fellini ("Viagem a Tulum"), Hugo Pratt ("Verão índio") e Alejandro Jodorowsky na série "Bórgia", cujo quarto e último número sai este ano, na França.

“A exposição será grande e heterogênea, tentará dar uma visão geral do meu trabalho, desde os quadrinhos até as ilustrações para imprensa e propaganda, com um olhar particular sobre minhas colaborações com Fellini” - revela o autor, nascido há 65 anos, na cidade de Luson. - Além de uma série de ilustrações de filmes, serão expostas as pranchas de "Viaggio di G. Mastorna, detto Fernet" (projeto nunca realizado por Fellini) e também a história "Senza titolo", que realizei em homenagem a ele como grande diretor. Foi ali que nossa parceria começou.

Segundo Manara, o trabalho com Fellini foi muito diferente do realizado com Pratt e Jodorowsky:
- No caso da parceria com Pratt, o "diretor" era eu, no sentido de que eu era totalmente livre para imaginar a cena que ele escrevia. No caso de Fellini, ao contrário, o "diretor" era, obviamente, ele, que tinha o controle total das histórias. Os dois foram pessoas extraordinárias, dois maestros fundamentais para minha vida e meu trabalho. E continuam sendo. Com Jodorowsky, além de ser uma colaboração que surgiu num momento de maturidade profissional para ambos, nos encontramos somente algumas vezes. E todo o trabalho em "Bórgia" foi feito à distância, de maneira diferente da relação que eu tinha com Pratt e Fellini.
Ao lado de conterrâneos como Guido Crepax, de "Valentina", e Paolo Serpieri, de "Druuna", Milo Manara foi responsável por elevar o quadrinho erótico ao status de arte, com mulheres voluptuosas e loucas por sexo:

- É graças à Barbarella de Jean-Claude Forest, à Jodelle de Guy Peellaert, e à Valentina de Guido Crepax que nasceu meu amor pela HQ. Infelizmente, os quadrinhos eróticos não têm mais a mesma força. Hoje, somos cercados, quase bombardeados, por imagens e mensagens "pornográficas" em qualquer contexto. Inclusive no telejornalismo, onde a quantidade substituiu a qualidade. Então é normal que, para o grande público, o erotismo tenha perdido parte de seu atrativo.

Mesmo já tendo produzido uma série polêmica como "Bórgia" e álbuns sexualmente ousados, com orgias, estupros, zoofilia e até uma versão em quadrinhos do "Kama Sutra", que sai em breve pela Conrad, sua editora no Brasil, Manara diz que nunca sofreu qualquer tipo de censura. Ou quase.

- Pode parecer estranho, mas eu nunca fui censurado - esclarece o autor, que lançou cerca de 50 álbuns em 41 anos de carreira e viu sua obra se transformar até em desenho animado patrocinado por uma marca de desodorante. - Pelo menos não de maneira evidente ou de forma que me obrigasse a mudar parte de minhas histórias ou desenhos. O único exemplo de censura foi a interdição de alguns dos meus livros por parte do governo da África do Sul, no tempo do Apartheid, mas dessa censura me sinto orgulhoso.

Como ilustrador responsável por algumas das personagens mais bonitas e curvilíneas dos quadrinhos, será que Milo Manara está preparado para a beleza da mulher brasileira?

- Acho que nunca se pode estar preparado para a beleza das mulheres, muito menos das brasileiras! Brincadeiras à parte, estou muito feliz de ir ao Brasil e de poder aproveitar, como inspiração, claro, as mulheres. Tenho certeza de que a "mulata carioca" poderá fazer parte de minha próxima aventura desenhada.

A organização da Comicon caberá à mesma editora que criou a Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro na década de 90 e que, atualmente, produz o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte: a Casa 21, dirigida por Roberto Ribeiro.

- Quando fizemos esse tipo de festival, em 1991, não havia tanto público nem tantas editoras - explica Ribeiro. - Acredito que o local do Rio Comicon será um ponto de convergência entre a Zona Norte e a Zona Sul. E a estação do metrô Cidade Nova, prevista para o mês que vem, ajudará no fluxo de pessoas. A ideia é fazer o Rio Comicon anualmente e manter o FIQ.

Com apoio do Consulado Geral da França e do Instituto Italiano di Cultura, o Rio Comicon terá debates, oficinas, vídeos, exposições e convidados nacionais e internacionais. Destes, vale destacar os nomes de ingleses como o ilustrador Kevin O'Neill - parceiro de Alan Moore na série "A Liga Extraordinária" - e o escritor Paul Gravett. Ou de franceses como Etienne Davodeau e Killoffer. Enquanto que Lucas Nine e Patricia Breccia virão ao Rio para discutir a influência da obra dos pais, respectivamente Carlos Nine e Alberto Breccia, em seus trabalhos.

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Diário Catarinense (online), 18 de setembro de 2010


Por Lucas Neumann

HQ DE AGATHA NÃO PASSA O CLIMA DOS LIVROS

A primeira dama da literatura britânica chega em uma nova roupagem às estantes das livrarias. Em vez da redação, seus personagens e cenários ganharam traços e cores. Sim, duas das obras mais famosas de Agatha Christie, a rainha dos livros policiais, recebaram versões em quadrinhos: Assassinato no Expresso Oriente e Morte no Nilo. A responsável pela versão brasileira é a Editora L&PM.

Agatha Christie dispensa maiores apresentações. É a maior escritora de mistérios policiais do século 20. Com mais de 80 livros publicados, a inglesa é uma das maiores influências da literatura juvenil. É difícil crescer hoje sem ter passado por um dos mistérios da senhora, os quais se desenrolam como se fossem um jogo de “Detetive”: alguém é assassinado e o trabalho do protagonista é descobrir quem, dentre um variado elenco de personagens, é o culpado. O charme dos livros de Christie está justamente no trabalho investigativo, que instiga o leitor a formular as suas próprias teorias sobre quem é o culpado, enquanto acompanha o investigador desvendando novas pistas.

E estas duas histórias estão entre as melhores e mais conhecidas da autora. Ambas protagonizadas por Hercule Poirot. O personagem mais famoso da escritora é um detetive belga na melhor tradição de Sherlock Holmes, e sua força está no intelecto afiado e nas deduções certeiras. Poirot tem que desvendar duas mortes neste livro, uma no famoso trem Expresso do Oriente e, outra, no Egito, o que mostra a paixão de Agatha Christie por viagens e locais exóticos.

Cenários que são belamente traduzidos para os quadrinhos pelo traço de Solidor, pseudônimo de Jean-François Miniac. O quadrinista francês, e antigo pupilo de Hergé, é o autor do maior herói dos quadrinhos belgas, Tintim. Embora a influência do mestre seja muito forte na arte do livro, Solidor não consegue expressar o mesmo carisma aos seus personagens que seu professor fazia com maestria. Outro problema são as diversas páginas pesadas demais, com balões e quadrinhos comprimidos brigando por espaço, um preço a ser pago por uma fidelidade aos diálogos dos livros originais.

Enquanto Solidor consegue captar os locais e a atmosfera de Christie, o roteirista François Rivière faz questão de manter-se o mais fiel possível na escrita, no suspense e no mistério que fizeram dessas obras clássicos. Em certos momentos, Rivière o faz com sucesso, mas boa parte das duas histórias não possui o mesmo clima e nem convida o leitor a participar da investigação uma consequência de que o roteiro e a arte não casaram como deveriam.

Os livros originais, escritos na década de 1930, ainda são as melhores formas de conhecer Agatha Christie. As adaptações em quadrinhos de Assassinato no Expresso Oriente e Morte no Nilo são duas histórias tecnicamente corretas, com um artista competente e um roteirista que não se desvia do material original, mas ambos não conseguiram captar a mesma essência da sua fonte e terminaram com uma obra um tanto burocrática e distante. Ainda assim, os fãs da autora inglesa, sem dúvida, vão gostar de rever o detetive Poirot nos quadrinhos de Solidor.

Assassinato no Expresso Oriente seguido de Morte no Nilo. François Rivière. Editora L&PM, 104 págs. R$ 42.




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