domingo, 30 de janeiro de 2011

OS PRÉMIOS DA 38ª EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNATIONAL DE LA BANDE DESSINÉE D’ ANGOULÊME 2010

O autor norte-americano (nascido em Estocolmo, Suécia, em 1948) Arthur (Art) Spiegelman foi designado pelos seus pares para ser laureado com o “Grand Prix de la ville d'Angoulême 2011”, o que lhe dará o direito de presidir à 39ª edição do Festival de Angoulême, em 2012.


A LISTA COMPLETA DOS PRÉMIOS DESTA 38ª EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNATIONAL DE LA BANDE DESSINÉE D’ ANGOULÊME 2010:


Grand Prix de la Ville d'Angoulême : Art Spiegelman

 
Art Spiegelman

Fauve d'or du meilleur album: Cinq mille kilomètres par seconde (Atrabile),
par Manuele Fior


Prix spécial du jury: Asterios Ployp (Casterman), par David Mazzucchelli


Prix de la série: Il était une fois en France, tome 4 : Aux armes, citoyens! (Glénat),
par Fabien Nury (scénario) et Sylvain Vallée (dessin)


Prix révélation: Trop n'est pas assez (Cà et Là),
par Ulli Lust et La Parenthèse (Delcourt), par Elodie Durand


Prix Regards sur le monde: Gaza 1956 (Futuropolis), par Joe Sacco


Prix de l'audace: Les Noceurs (Actes Sud BD), par Brecht Evans


Prix Jeunesse: Les Chronokids, tome 3 (Glénat), par Zep, Stan & Vince


Prix Intergénération: Pluto (Kana), par Naoki Urasawa et Osamu Tezuka


Prix du Patrimoine: Bab El Mandeb (Mosquito), par Attilio Micheluzzi


Prix de la bande dessinée alternative: L'arbitraire, volume 4
(périodique édité à Lyon)


Prix du public: Le bleu est une couleur chaude (Glénat), par Julie Maroh

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As imagens são da responsabilidade do Kuentro.
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Bdpress # 223: ANGOULÊME 2011 – A RAZÃO DE SER DE UM FESTIVAL DE BANDA DESENHADA: OS LIVROS, SEMPRE OS LIVROS!!! CARLOS PESSOA NO PÚBLICO (3) - BD: 2010 FOI UM ANO DE OURO DA EDIÇÃO FRANCÓFONA + ART SPIEGELMAN, GRAND PRIX D'ANGOULÊME 2011, OLIVIER DELCROIX EM LE FIGARO

Público online, 26.01.2011 

Por Carlos Pessoa

BD: 2010 FOI UM ANO DE OURO DA EDIÇÃO FRANCÓFONA

Com a sua programação, Angoulême é o ponto culminante de um ciclo que tem na edição anual de banda desenhada o seu suporte e referência. Ora, nesse capítulo, os ventos continuam a soprar de feição, como constata Gilles Ratier, secretário-geral da Associação de Críticos e Jornalistas de Banda Desenhada, no seu relatório anual sobre o estado da edição de BD em França.

“Creio que está tudo dito na frase de introdução do relatório”, disse Ratier ao PÚBLICO: o mercado da edição regista uma “certa estagnação”, mas “o sector da banda desenhada continua a ser muito combativo, em particular na frente da produção de álbuns, que voltou a aumentar, com 5,46 por cento no espaço de um ano”. E isto, lembra, num período em que não saiu nenhuma novidade Astérix ou Titeuf que, só por si, representam vários milhões de álbuns a mais.

No capítulo da produção, Ratier contabilizou 5165 livros de BD publicados em 2010 (4863 um ano antes), dos quais 3811 são novidades (3599 em 2009).

No campo da edição, mantém-se a liderança pelos mesmos nove grupos (num universo de 299 editores de BD) – por esta ordem de peso, Média-Participations (Dargaud; Dargaud Benelux; Kana; Le Lombard; Dupuis; Blake et Mortimer; Lucky Comics; Fleurus/Édifa); Glénat (Glénat; Mangas; Vents d’Ouest; Caravelle; Drugstore; Treize Étrange; Glénat Disney); Éditions Delcourt; Flammarion (Casterman; KSTR; Audie/Fluide Glacial; Jungle; Librio); MC Productions (Soleil, Soleil Manga; Quadrants); Hachette Livres (Éditions Albert René; Pika; Marabout; L.G.F; Larousse); Panini; Bamboo; e Kurokawa –, que asseguraram 60 por cento da produção.

Também houve mais traduções em 2010 – num total de 2094 novas obras (mais 203 títulos que em 2009), 1477 vêm da Ásia e 358 dos Estados Unidos. E quanto às reedições, compilações e edições integrais, cuja qualidade nunca foi tão alta, surgiram 980 (892 em 2009), das quais 178 obras foram publicadas pela primeira vez há mais de 20 anos.

No capítulo das publicações especializadas, isto é, as que publicam maioritariamente BD, continuavam a sair no ano passado 68 revistas (eram 64 em 2009). Finalmente, foram pré-publicados na imprensa 396 histórias (395 em 2009).

Do lado dos criadores, havia no ano passado na Europa francófona 1446 autores a viver (ou a tentar viver) exclusivamente da banda desenhada – eram 1439 no ano anterior.

Falemos, por fim, das tiragens. Mais de cem títulos (102) tiveram uma tiragem superior a 50 mil exemplares (99 em 2009). O primeiro lugar do “top ten” foi ocupado por um álbum da série Joe Bar Team (de Pat Perna e Jenfaivre), com 500 mil cópias impressas. Seguem-se Largo Winch (Van Hamme-P. Francq, 470 mil); Lucky Luke (D. Pennac-T. Benacquista-Achdé, 470 mil); Blake e Mortimer (Van Hamme-A. Aubin, 450 mil); Le Chat (P. Geluck, 300 mil); Le Petir Spirou (Tome-Janry, 290 mil); Thorgal (Y. Sente-G. Rosinski, 250 mil); Lanfeuts Odyssey (C. Arleston-D. Tarquin, 250 mil); Blacksad (J. D. Canales-J. Guarnido, 245 mil); e Les Passagers du Vent (F. Bourgeon, 220 mil; co-edição portuguesa PÚBLICO-Asa).

Ouve crescimento no campo das novidades, traduções e reedições, na sua esmagadora maioria editadas por nove grupos económicos que dominam o sector (60 por cento da produção) e dando trabalho a 1446 artistas que vivem (ou tentam viver) da banda desenhada.
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Le Figaro, 30/01/2011

Par Olivier Delcroix

ART SPIEGELMAN, GRAND PRIX D'ANGOULÊME 2011

Le dessinateur américain est notamment connu pour son chef-d'oeuvreMaus, un survivant raconte.

C'est l'une des très belles surprise du festival d'Angoulême cette année. Après le dynamique Baru, l'Académie des Grands Prix vient d'élire le dessinateur américain Art Spiegelman. La 38e édition du festival international de la BD consacre donc l'œuvre de l'auteur du célèbre roman graphique Maus (Prix Pulitzer en 1992).

Né en 1948 à Stockholm (Suède), fils de parents juifs polonais rescapés d'Auschwitz, émigrés à New York, ce dessinateur américain est une figure emblématique du courant underground de la bande dessinée des années 1960 et 1970. Au début des années 1980, avec sa femme, l'artiste et romancière française Françoise Mouly, il a lancé la revue de BD expérimentaleRaw. Mais Spiegelman est avant tout connu pour son roman graphique Maus, un survivant raconte, œuvre majeure du 9e art, publiée en deux tomes à partir de 1986, et qui recevra le prix Pulitzer, six ans plus tard. Spielberg, attiré par ce chef-d'œuvre, a très vite voulu l'adapter au cinéma. «J'ai dit non à Spielberg, tranche Spiegelman. Perdre 35 % du contenu de mon histoire intime au profit d'un récit plus calibré et populaire, c'était trop pour moi.»

Car dans Maus, Spiegelman s'est attaché à retracer la vie de sa famille pendant la Shoah. À travers le récit de son père Vladek, le dessinateur imagine que les nazis sont des chats, les juifs sont représentés sous la forme de souris, les Polonais deviennent des cochons, et les Américains libérateurs, des chiens. Cette allégorie animalière fonctionne parfaitement. D'autant que le trait à la mine de plomb, charbonneux, comme la lave séchée d'un volcan, fait de ce témoignage une sorte de « Pompéi graphique de la Shoah». «Je trouve cette métaphore très intéressante, réagit Spiegelman. Je n'y avais pas songé. Il est vrai que Maus s'attache à retrouver et analyser tous les indices ou débris qui subsistent dans le monde après une telle explosion. C'est d'ailleurs un peu ce que tentent de faire tous les travaux réalisés sur l'holocauste… Maus est un véritable manifeste contre l'oubli. »

A 63 ans, Spiegelman vient donde rejoindre l'Académie des Grands Prix de la ville d'Angoulême. Voilà qui augure d‘une 39e édition haute en couleur, et surtout « de manière incontestable, comme le souligne le directeur artistique du festival Benoît Mouchart, cela donne au festival une portée internationale et une légitimité qui nous font chaud au cœur. »

Art Spiegelman em conversa com Florence Cestac


O espaço reservado a Maus

A parede dos cadernos de esboços...
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sábado, 29 de janeiro de 2011

Bdpress #222: ANGOULÊME 2011: A OPINIÃO DOS CRÍTICOS - CARLOS PESSOA NO PÚBLICO (2) + A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS NO FESTIVAL DE ANGOULÊME: LA PLUS GRANDE LIBRAIRIE DE BANDE DESSINÉE DU MONDE


ANGOULÊME 2011: A OPINIÃO DOS CRÍTICOS

26.01.2011 - Por Carlos Pessoa

Três especialistas franceses de banda desenhada respondem às perguntas do PÚBLICO sobre o 38º Festival Internacional de BD de Angoulême.

1 – Quais são os pontos fortes da edição deste ano?
2 – Que espera do festival e o que gostaria de encontrar na programação?
3 – Qual é o segredo da transformação de Angoulême numa espécie de Meca da BD francófona?

Didier Pasamonik (Chefe de redacção do “site” ActuaBD)

1 – A falência de Le Comptoir des Indépendants, a distribuidora do editor L’Association. E também a progressão no crescimento desde há 16 anos, sem quebra, mesmo havendo um abrandamento (veja-se o relatório Ratier).

2 – Uma grande presença dos países “emergentes” na BD : Turquia (e Arménia), Hong Kong, Taiwan, BD africana, finlandeses...

3 – O êxito do Festival de Angoulême deve-se a uma diversidade de factores, mas há um que talvez tenha sido decisivo: a simpatia imediata dos tenores da BD belga por este recanto acolhedor onde o conhaque se mostrava tão caloroso como os seus habitantes. É possível que Maurice Tillieux, autor de Gil Jourdan e figura emblemática do “Journal de Spirou”, tenha convencido Franquin, Jijé, Morris, Peyo, Roba e outros a encontrarem-se uma vez por ano num terreno neutro onde poderiam encontrar os “colegas” das outras editoras: Le Lombard, Casterman, Dargaud, Fleurus Presse, Pif, Glénat... e falarem sobre a “profissão” numa altura em que as tentativas de sindicalização animadas por Goscinny e Charlier nos anos 1960 tinham aberto as hostilidades.

Laurent Mélikian (Crítico e animador)

1 – Em primeiro lugar, uma presidência sob a égide de Baru. Fala-se de um olhar social na banda desenhada, é certo. É também um sinal de que este ano nos interrogaremos mais sobre o fundo de uma banda desenhada do que sobre a sua forma, e isso não me desagrada.

2 – Para mim, Angoulême é sempre um momento de reencontro com uma banda desenhada que não conheço, seja francesa mas, sobretudo, estrangeira. Ora, este ano há uma quantidade de delegações estrangeiras presentes. Pela minha parte, venho com autores arménios e o meu amigo Didier Pasamonik está com os turcos. Quem sabe o que irá resultar deste “big bang”!... Na verdade, quando se verificará o regresso dos portugueses e dos brasileiros?

3 – Desde o começo, os três fundadores de Angoulême depositaram grandes ambições neste festival, a começar pela escolha do final de Janeiro, um momento em que nenhum outro evento cultural ou desportivo pode desviar as atenções dos “media”. Depois, a posição de Angoulême foi reforçada por François Mitterrand [ex-Presidente da República], natural da região, que deu o Centro Nacional da BD a Angoulême. E, por fim, a França tornou-se neste país com uma produção impressionante – embora países como a Itália não tenham nada a invejar-lhe –, e é aí que está o ponto mais importante – a banda desenhada obtem o maior reconhecimento institucional. O mundo da banda desenhada precisa de um grande encontro anual encorajado por apoios públicos. Era Angoulême ou nada...

Patrick Gaumer (Crítico e autor do “Larousse de la BD”)

1 – Angoulême reflecte todos os gostos e géneros, associando, por exemplo, a obra de Baru, Grande Prémio da Cidade, e um “blockbuster” como Lanfesut de Troy, o espaço Mangá ou o pólo de juventude; a sua ambição, nunca desmentida, era mesmo a de casar o lado comercial e a “arte e ensaio”. O amante de BD clássica encontrará ali, sem dúvida, o que procura, e os mais curiosos poderão descobrir novos autores, novas “escolas” e outros países.

2 – Pessoalmente, comecei por selecionar alguns encontros em torno da banda desenhada finlandesa, turca, arménia ou asiática (Hong Kong e Taiwan, entre outras). Em nenhum outro lugar tenho a possibilidade de acumular, em poucos dias e ao vivo, tanta informação sobre a banda desenhada francófona e internacional.

3 – No momento em que a dimensão patrimonial está cada vez mais presente nos fóruns – cito apenas o Platinum Age Comics*, acessível aos investigadores de todo o mundo –, em certos “sites” – penso nomeadamente no “Coin du Patrimoine” [Canto do Património], uma belíssima rubrica animada por Gilles Ratier em BDZoom – ou em certos editores – Dupuis impõe-se como referência na matéria –, Angoulême também não esquece essse passado da banda desenhada e oferece-lhe uma formidável “caixa de ressonância” por via, entre outros, das suas exposições e encontros. Angoulême prepara também o futuro através de uma reflexão mais alargada sobre os desenvolvimentos digitais do “media”. A micro-edição também está presente graças ao seu festival “off”. Em síntese, há tantas descobertas e muito boas razões para não falhar este encontro incontornável.

(*) Nota do Kuentro: Fórum de discussão especializado e online, co-moderado por Bob Beerbohm e Leonardo De Sá.

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LA PLUS GRANDE LIBRAIRIE DE BANDE DESSINÉE DU MONDE

DES GRANDS ÉDITEURS À LA SMALL PRESS, DES ALTERNATIFS AUX BOUQUINISTES ET AU PARA-BD: UNE FOIS PAR AN À ANGOULÊME, UNE LIBRAIRIE GÉANTE UNIQUE EN SON GENRE.

Depuis sa création, le Festival international de la bande dessinée d’Angoulême présente la particularité d’être aussi un immense salon du livre. Quatre jours durant, dans de vastes structures temporaires spécialement déployées à cet effet, le Festival accueille par centaines des stands d’éditeurs, qui transforment ainsi la ville en une gigantesque librairie de bande dessinée, d’une taille sans équivalent.

Les grandes maisons d’édition généralistes qui constituent depuis toujours l’un des pôles majeurs du développement de la bande dessinée dans le monde franco-belge sont, bien sûr, présentes au rendez-vous. Elles sont, pour la plupart, regroupées au sein d’un site qui leur est spécifiquement dédié : le Monde des Bulles, installé en plein centre-ville sur la Place du Champ de Mars.

En contrepoint à cet espace d’inspiration volontiers familial et populaire, les acteurs de l’édition de bande dessinée dite alternative ou indépendante, souvent plus pointus ou plus radicaux dans leurs propositions éditoriales, sont rassemblés dans un autre site, également situé au coeur du centre-ville : le Nouveau Monde, installé place New York.

C’est également au sein du Nouveau Monde que se déploient les représentants d’un autre secteur clé de la bande dessinée : le monde des fanzines et de l’édition non-professionnelle – que les Anglo-Saxons préfèrent désigner du terme de small press, dont la vitalité et l’esprit de liberté contribuent de longue date à enrichir et renouveler la bande dessinée.

À cette offre très diversifiée proposée par le Monde des Bulles et le Nouveau Monde vient s’ajouter une autre spécialité : le para-BD, ou comment valoriser le monde du livre en éditant jeux, figurines, affiches, sérigraphies, cartes, objets, goodies et produits dérivés de toute nature. Regroupés au sein d’un site spécifique, place des Halles, les professionnels de ce domaine ont fait du Festival d’Angoulême l’un de leurs rendez-vous de prédilection.

Complétons enfin ce panorama en rappelant que sont aussi présents, pendant le Festival, de nombreux professionnels du livre de collection et du «vieux papier». Contribuant à leur manière à la mémoire du patrimoine historique de la bande dessinée, ces bouquinistes participent eux aussi de la vitalité de l’offre de librairie mobilisée chaque mois de janvier à Angoulême, le temps d’un festival.


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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

38º FESTIVAL DE ANGOULÊME: A SELECÇÃO OFICIAL PARA OS PRÉMIOS DE 2011

Aqui ficam as capas dos livros da Selecção Oficial aos Prémios Angoulême 2011 e... duas notícias saídas no Brasil sobre o livro candidato aos prémios Toute la Poussiére du Chemin (Qualquer Poeira da Estrada - tradução brasileira), desenhos de Jaime Martin e argumento (ou roteiro como eles dizem) do brasileiro Wander Antunes...



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Site Terra.com.br, 27 de janeiro de 2011 

BRASILEIRO CONCORRE A PRÊMIO FRANCÊS DE HQ

O brasileiro Wander Antunes, 44 anos, é um dos indicados ao prêmio de um festival francês de histórias em quadrinhos, que acontece na cidade de Angoulême. Seu trabalho, Qualquer Poeira da Estrada, ainda é inédito no Brasil, mas foi indicado na maior categoria do festival.


As informações são do caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo.

O Festival de Angoulême existe desde 1974 e terá como destaque desta edição o britânico Charlie Adlard, autor de Walking Dead, gibi de zumbi que virou série de tv.


Site Mais Ação.net, janeiro 27th, 2011

HQ: AUTOR BRASILEIRO CONCORRE A PRÊMIO DE QUADRINHOS NA FRANÇA
O roteirista brasileiro de quadrinhos Wander Antunes está entre os indicados ao prêmio do festival francês de Angoulême, cuja 38ª edição começa nesta quinta-feira (27). De acordo com o caderno “Ilustrada”, do jornal “Folha de S. Paulo”, Antunes concorre na categoria principal do evento, ao lado do ilustrador espanhol Jaime Martin, por seu trabalho em “Qualquer Poeira da Estrada” (“Toute la poussière du chemin”), inédito no Brasil.
Surgido em 1974, o Festival de Angoulême é um dos mais prestigiados da indústria mundial de HQs. Entre os destaques desta edição, que se encerra no domingo (30), está uma exposição em homenagem ao criador dos quadrinhos “Peanuts”, Charles Schulz.


Duas pranchas do referido álbum...

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bdpress #221: O MAIOR FESTIVAL DE BD (HQ, COMICS, MANGÁ, ETC...) DO MUNDO COMEÇA HOJE EM ANGOULÊME! LER CARLOS PESSOA NO PÚBLICO (1)

Dos recortes que damos a conhecer nesta edição do Kuentro, o primeiro texto saíu hoje no Público impresso e o segundo no Público online de ontem. São textos de Carlos Pessoa, relativamente semelhantes, mas com diferenças significativas, pelo que vale a pena mostrá-los aos dois. Foram ainda publicados mais dois textos no Público online de ontem e vamos poder lê-los (quem não os tenha lido já) aqui no Kuentro em Bdpress, enquanto durar o Festival de Angoulême, ou seja, até domingo, dia 30. Amanhã, colocaremos aqui todas as capas dos livros que constam da listagem da Selecção Oficial para os prémios do 38º Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême 2011.


Público, 27 Janeiro 2011

PEANUTS E BD SOCIAL NO FESTIVAL DE ANGOULÊME

Por Carlos Pessoa

Nunca se publicou tanto e nunca tantos autores viveram da banda desenhada. Durante quatro dias, o festival faz a festa

Começa hoje a 38.ª edição do Festival Internacional de BD de Angoulême. Durante quatro dias, autores, editores e público transformam a pequena cidade da Charente Marítima num espaço cosmopolita único, preenchido com exposições, sessões de autógrafos, debates, concertos e um sem-número de animações.

Os grandes destaques são as exposições consagradas ao universo dos Peanuts, do americano Charles M. Schulz, que faz 60 anos no final deste ano, e à obra do francês Baru, Grande Prémio do festival em 2010. Do primeiro não é necessário dizer muita coisa - é uma das mais célebres bandas desenhadas do mundo, divulgada durante décadas em Portugal pelo desaparecido Diário de Lisboa e parcialmente editado em álbum pela Afrontamento. Já no que diz respeito ao autor francês, publicado em parte pela editora alternativa Polvo, é reduzido o conhecimento do público português. A exposição cobre o que o próprio Baru define como "uma deambulação pelo interior da cultura operária, da sua grandeza à sua decadência", dando a conhecer de forma sistematizada a temática dominante das suas bandas desenhadas, centradas na vida das classes trabalhadoras.

Para o crítico francês Laurent Mélikian, este é um dos pontos fortes do festival: "Fala-se de um olhar social na banda desenhada, é certo. É também um sinal de que este ano nos interrogaremos mais sobre o fundo de uma banda desenhada do que sobre a sua forma, e isso não me desagrada."

O peso da criação francófona na programação é grande, como de costume. Em primeiro plano, está uma exposição dedicada à série heroic fantasyLanfeust de Troy, de Christophe Arleston, Didier Tarquin e Jean-Louis Mourier, inédita em Portugal. Noutro registo, são percorridos cinco séculos da colonização francesa, tendo como ponto de partida os quatro volumes da Petite Histoire des Colonies Françaises (argumento de Grégory Jarry e desenho de Otto T.). Um terceiro momento é dedicado à nova BD belga francófona, permitindo o contacto com a obra de autores "experimentais" (Benjamin Monti, Ilan Manouach, Sacha Goerg, etc), criadores da editora Frémok (Thierry Van Hasselt, Vincent Fortemps, Olivier Deprez ou Eric Lambé) e artistas "independentes" (Joe G. Pinelli, Louis Joos, Deniz Deprez ou David Vandermeulen).

Países "emergentes"

Como festival internacional, Angoulême é o ponto de confluência da criação de todo o mundo. Fazendo há muito parte do imaginário francês, a BD oriental (sobretudo japonesa e sul-coreana) volta a estar presente: Hong Kong Stars revela o dinamismo, originalidade e liberdade criativa dos artistas da antiga colónia britânica, distanciados do modelo mangá (BD japonesa) e das condicionantes ideológicas que pesam sobre autores e editores chineses. É esta possibilidade de "acumular ao vivo tanta informação sobre a banda desenhada francófona e internacional" que Patrick Gaumer, crítico e autor do Larousse de la BD, destaca na programação deste ano, enumerando as presenças: Turquia, Arménia, Hong Kong, Taiwan, Finlândia e África. No mesmo sentido se pronuncia Didier Pasamonik, chefe de redacção do site ActuaBD, particularmente interessado na "enorme presença de países "emergentes" na BD" .

Com a sua programação, Angoulême é o ponto culminante de um ciclo que tem na edição anual de banda desenhada o seu suporte. E, nesse capítulo, os tempos continuam a ser favoráveis, como se pode ler no relatório anual realizado por Gilles Ratier, secretário-geral da Associação de Críticos e Jornalistas de Banda Desenhada: em 2010, a produção aumentou 5,46 por cento relativamente ao ano anterior, tendo sido publicados 5165 livros de BD (4863 um ano antes). Houve crescimento no campo das novidades, traduções e reedições, na sua esmagadora editadas por nove grupos económicos que dominam o sector (60 por cento da produção), dando trabalho a 1446 artistas que vivem (ou tentam viver) da banda desenhada.
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Charles M. Schulz


Público online, 26.01.2011 
Por Carlos Pessoa

O MAIS IMPORTANTE FESTIVAL DE BD DA EUROPA PRESTA TAMBÉM HOMENAGEM À COMIC STRIP PEANUTS

Angoulême arranca com os olhos postos na banda desenhada social de Baru

Entre a abertura aos novos talentos e a celebração dos 60 anos da comic strip Peanuts, o mais importante festival europeu consagra este ano a banda desenhada social de Baru. Como nas anteriores edições, autores, editores e público transformam durante quatro dias a pequena cidade da Charente Marítima num espaço cosmopolita único, preenchido com exposições, sessões de autógrafos, debates, concertos e um sem número de animações.

Os grandes destaques são as exposições consagradas ao universo dos Peanuts, do americano Charles M. Schulz, que faz 60 anos no final deste ano, e à obra do francês Baru, Grande Prémio do festival em 2010. Do primeiro não é necessário dizer grande coisa – é uma das mais célebres bandas desenhadas do mundo, divulgada durante décadas em Portugal pelo desaparecido Diário de Lisboa e parcialmente editado em álbum pela Afrontamento. Quanto ao autor francês, publicado em parte pela editora alternativa Polvo, é reduzido o conhecimento do público português. A exposição cobre o que o próprio Baru define como “uma deambulação pelo interior da cultura operária, da sua grandeza à sua decadência”, dando a conhecer de forma sistematizada a temática dominante das suas bandas desenhadas, centradas nas questões ligadas à vida das classes trabalhadoras. Para o crítico francês Laurent Mélikian este é um dos pontos fortes do festival deste ano: “Fala-se de um olhar social na banda desenhada, é certo. É também um sinal de que este ano nos interrogaremos mais sobre o fundo de uma banda desenhada do que sobre a sua forma, e isso não me desagrada.”

O peso da criação francófona no conjunto da programação é grande, como de costume. Em primeiro plano, está uma exposição dedicada ao mundo da série heroic fantasy Lanfeust de Troy, de Christophe Arleston, Didier Tarquin e Jean-Louis Mourier, inédita em Portugal. Noutro registo, são percorridos os cinco séculos da colonização francesa, tendo como ponto de partida os quatro volumes da Petite Histoire des Colonies Françaises (argumento de Grégory Jarry e desenho de Otto T.). Um terceiro momento é dedicado à nova BD belga francófona, permitindo o contacto com a obra de autores “experimentais” (Benjamin Monti, Ilan Manouiach, Sacha Goerg, etc), criadores de referência da editora Frémok (Thierry Van Hasselt, Vincent Fortemps, Olivier Deprez ou Eric Lambé) e artistas “independentes” (Joe G. Pinelli, Louis Joos, Deniz Deprez ou David Vandermeulen).

Merece também referência a exposição sobre jovens talentos, que reúne 20 “autores a descobrir” num futuro próximo.

O fascínio pelo Oriente

Como festival internacional, Angoulême é o ponto de confluência da criação de todo o mundo. Fazendo desde há muito parte do imaginário francês, a banda desenhada oriental (sobretudo japonesa e sul-coreana) volta a estar presente: Hong Kong Stars é a exposição que revela o dinamismo, originalidade e liberdade criativa dos artistas da antiga colónia britânica, distanciados do modelo mangá (BD japonesa) e das condicionantes ideológicas que pesam sobre os autores e editores chineses.

Seguindo uma prática que já se tornou tradição em Angoulême, o festival inclui um Espace Mangasie, onde a banda desenhada asiática é rainha: animações, exposições, encontros, projecções audiovisuais, pavilhões de editores, performances, há um pouco de tudo para satisfazer os inúmeros admiradores e cultores deste género temático e gráfico.

É a possibilidade de “acumular ao vivo tanta informação sobre a banda desenhada francófona e internacional” que Patrick Gaumer, crítico e autor do Larousse de la BD, destaca na programação deste ano, enumerando a seguir as presenças: Turquia, Arménia, Hong Kong, Taiwan, Finlândia e África. Didier Pasamonik, chefe de redacção do site ActuaBD, pronuncia-se no mesmo sentido e manifesta-se particularmente interessado na “enorme presença de países ‘emergentes’ na BD” . Para Laurent Mélikian, “Angoulême é sempre um momento de reencontro com uma banda desenhada que não conheço, seja francesa ou, sobretudo, estrangeira”.


Como se pode ler nos textos acima, os franceses não brincam em serviço nestas coisas da banda desenhada, estando já disponível o relatório da ACBD (Associação de Críticos de Banda Desenhada) sobre o estado do mercado francês de BD, referente a 2010. É surpreendente e quem quiser lê-lo, pode aceder AQUI à versão em PDF.
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Bdpress #220: SOBRE O DICIONÁRIO UNIVERSAL DA BANDA DESENHADA – PEQUENO LÉXICO DISLÉXICO – POR PEDRO MOURA EM LERBD


Dicionário Universal da Banda Desenhada. Pequeno léxico disléxico. Leonardo De Sá (Pedranocharco)

Por Pedro Moura


Como muito exactamente apelida o autor e ao mesmo tempo intitula o seu prefácio a este livro de Leonardo De Sá, o jornalista do Público Carlos Pessoa, especializado em banda desenhada, fala do “investigador paciente”. No reduzídíssimo panorama português afecto a uma abordagem mais constante e coesa da banda desenhada – falando aqui de crítica, investigação, pesquisa histórica, académica, levantamento bibliográfico, colação de documentos, preservação da memória, garante do património – o papel de Leonardo De Sá é fundamental, e a “paciência” a que Carlos Pessoa se refere traduz-se pela afincada, persistente, cuidada (senão mesmo febril) e, esperemos, coroada tarefa a que este investigador se tem dedicado há décadas.

Pela falta de apoios e condições para a investigação e estudo da banda desenhada, seja por organismos estatais ou mais circunscritos, académicos ou especializados, é difícil acreditar em esforços titânicos que não procurem uma recompensa imediata, mas que se movam por uma vontade indómita e um interesse genuíno por uma área em particular. Todavia, é precisamente esse o espaço que Leonardo De Sá ocupa.

Se os leitores me permitem, gostaria de deixar claro que em algumas ocasiões me socorri do apoio dos conhecimentos de Leonardo De Sá para confirmar ou aprender uma informação sobre um autor ou um trabalho de banda desenhada, e sabemos, por experiência de terceiros, que o seu conhecimento e poderes de navegação bibliográficos são não apenas amplíssimos como exactos. Repescando uma pequena piada, se este autor nos indicar que a vírgula lá está, ela lá estará.

Leonardo De Sá tem alguns trabalhos cuja capa se orna com o seu nome, de catálogos e monografias ao fundamental Os Comics em Portugal e o Dicionário dos Autores e Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, ambos fruto da sua colaboração ou trabalho de edição sobre a matéria de António Dias de Deus (todos os acrescentos e informações para as épocas mais contemporâneas são de Leonardo De Sá). A existência de um livro é sempre o corolário de um trabalho longo que acaba por se tornar invisível para além dos restritos círculos da especialidade, e são estes os gestos que permitem alargar o público a que se chega. Este pequeno volume reúne e expande os artigos que havia publicado no BDJornal, de Machado-Dias, também editor da Pedranocharco, mas esses mesmos artigos fazem parte já de um arsenal, ou melhor, do aparato crítico com que De Sá executa as suas investigações, arqueologias e escritos.


Os verbetes, se é que assim os podemos chamar, oscilam entre termos relativamente centrais e recorrentes no estudo e discussão da banda desenhada (“balão”, “vinheta”, “sequência narrativa”), outros mais circunscritos a realidades nacionais (“fumetti”, “tebeo”, “gibi”, “mangá”), passando por termos histórica e politicamente mais carregados, ora mais genéricos (como, precisamente, os géneros, de “ficção científica” a “western”) ora mais ligados a esta área (“graphic novel”, “novela gráfica”, “linha clara”), discutindo termos que terão a ver com o mundo da edição mas que importa dominar com correcção para um melhor estudo da área (formatos, tipos de papel, de impressão, a questão do “Direct Market“, etc.), e ainda expandindo a atenção para com outros objectos que de uma forma ou outra tocam a banda desenhada, a complicam e a tornam parte de um corpo cultural mais vasto (“cromos”, “desenhos animados”, “fotonovela”, “caricatura”, etc.) ou áreas cuja circunstancialidade nacional explica a sua inclusão neste volume (“problemística policial”). Ou seja, existem pontes de acesso aos vários domínios histórico, formal, estético, genérico, sociológico, económico, artístico, da banda desenhada. É claro que sendo verbetes – uns mais desenvolvidos, outros mais curtos – não podemos estar à espera de textos que procurem uma integração mais espraiada, pautada e desenvolvida na convoluta história desta arte, mas mesmo os textos mais pequenos providenciam-nos com as pistas mais sólidas e amplas para fazermos um estudo atento e correcto. Leonardo De Sá em caso algum, mesmo os mais complexos como “comic books” ou “graphic novels” ou “super-heróis”, se coíbe de alargar a perspectiva, demolindo sem perdão os muitos mitos que se repetem nos textos mais diversos sobre banda desenhada. E mesmo quando não lhe é possível pôr em causa de uma forma mais expandida um qualquer ponto, a sua escrita cheia de apartes irónicos aponta porém à virtualidade desse posicionamento: por exemplo, em relação à expressão “9ª arte” (que nós, noutra ocasião, também procurámos desmontar), o autor chama “lunática”; e referindo-se ao Super-homem, explica que para além da kriptonite, o famoso personagem pode também não ser invulnerável ao desinteresse generalizado e à repetição cansada das fórmulas narrativas…

Também em Os Comics em Portugal, já citado, se notava este tom de exaustão e completude. Nem sempre isso torna a leitura “por atacado” mais agradável, mas o propósito do Léxico Disléxico é a sua consulta, sobretudo. Por outro lado, e neste caso em particular, não poderemos dizer que a matéria esteja verdadeiramente assinalada pela marca do trabalho de historiador, que requer um outro tipo de respiração e integração, onde a importância doconhecimento nominal está subsumida a um entendimento mais geral e orgânico, com vista à interpretação (essa já província, discutivelmente, de outras disciplinas). Nesse sentido, seria incomportável, por exemplo, desdobrar os géneros nos seus sub-géneros (o do western nas epopeias dos colonos, conflitos com os povos nativos americanos, duelos, vingança, etc.), ou integrar o desenvolvimento da banda desenhada japonesa na história da arte específica ao complexo asiático, averbando as artes imagéticas autóctones, as tradições literárias, o desenvolvimento social e estético local, os pontos de contacto com outras culturas e até mesmo a emergência dos discursos nacionais face às suas próprias artes. Mais, e como não poderia deixar de ser por se tratar de uma obra composta por apenas uma pessoa, a sua personalidade é assinalável, e todas e quaisquer selecções ou ausências, estruturações e chamadas internas, são da sua responsabilidade, isto é, não poderão ser vistas como fechamentos das mesmas questões, mas antes pontos de partida pertinentes à sua discussão. A título de exemplo, é notável uma espécie de preferência ou de atenção maior para com exemplos mais históricos e clássicos da banda desenhada do que de experiências mais desviantes ou contemporâneas (apesar de se citar Martin Vaughn-James, quiçá por insistência do trabalho de Domingos Isabelinho entre nós), ou a inclusão de exemplos muitas vezes obscuras e de interesse em si mesmo relativo, mas que compõem a complexidade do tema, e são como que alerta para a ideia de que é possível tomar decisões finais ou fechar as descobertas de supostas origens. Essa perspectiva, ainda assim, é salutar no sentido em que sempre alarga essa visão mais global e providencia-nos com instrumentos e exemplos surpreendentes. Todavia, se todos esses objectivos não se podem exigir do Dicionário, e esses desvios existem mas não minam o projecto global, esta pequena grande obra atinge com precisão e felicidade os objectivos a que se propõe, e é desde logo um instrumento indispensável em qualquer bibliografia básica que se arrogue de estudo desta área.


O autor afirma não providenciar uma bibliografia a este volume por se tratar de uma longa jornada por entre centenas de livros, artigos, e conversas pessoais com alguns dos intervenientes do meio a que se dedicou estudar, e não temos quaisquer dúvidas de que a sua inclusão tornaria este volume no dobro do seu tamanho, senão maior, e de uma quase inavegável lista de trabalhos consultados. Todavia, confessemos que em alguns casos gostaríamos de ter aprendido de onde viria uma certa citação, que título ou artigo procurar para aprender mais sobre um assunto, que edição consultar, etc. O material dos verbetes é original mas sabendo nós que existem livros, sobretudo estrangeiros, sobre determinados temas, desdobrando-os e integrando-os num contexto necessariamente mais desenvolvidos, essa “perseguição” seria aconselhável. Só nos resta esperar que esta acção faça despertar o interesse de um projecto editorial com a capacidade económica em tornar possível a edição (e manutenção continuada) do projecto maior em que este “glossário enciclopédico” se integraria como prefácio (!), segundo Carlos Pessoa, o inédito Dédalo: O Catálogo Enciclopédico da Banda Desenhada em Portugal.

A palavra “universal”talvez pareça relativamente exagerada, tendo em conta logo à partida o tamanho e a centralidade da tarefa, mas não deixa de ser justa no esforço e alcance, já que algumas entradas se referem a tradições menos imediatas e alguns dos termos abrangem linhas associadas a vários países, mostrando não apenas a erudição do autor como também o seu desejo em que se considerem, de facto, essas várias tradições como parte de um todo, independentemente de se terem verificado ou não ligações e descendências directas. É nesse sentido que universal é um apodo justo e que torna esta publicação numa ferramenta cujo desejo de ver traduzida em outras línguas menos periféricas que a nossa não é de todo displicente.

O problema paradoxal é que o léxico disléxico é, a um só tempo, ponto de chegada da longa, aturada e consistente pesquisa de Leonardo De Sá e ponto de partida para todos aqueles que desejem estudar esta arte de um modo similarmente cuidado. Mas estamos seguros que o próprio autor considerará esta edição como mais um passo à sua sempre continuada procura por uma maior exactidão e completude.

Nota: agradecimentos à editora e autor, pelo envio, repetido por culpa nossa, do livro.

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NOTA: O BLOGUE LerBD, PODE SER SEGUIDO PELOS LEITORES DO KUENTRO, ATRAVÉS DO LINK AQUI AO LADO, NA COLUNA DA DIREITA.
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bdpress #220: Pedro Cleto no Jornal de Notícias - CAPITÃO AMÉRICA COMBATE DEPRESSÃO E SUICÍDIO e CASAMENTO AOS QUADRADINHOS

Jornal de Notícias, 16 Janeiro 2011

CAPITÃO AMÉRICA COMBATE DEPRESSÃO E SUICÍDIO

F. Cleto e Pina

A Marvel anunciou esta semana uma nova história do Capitão América que trata de um tema delicado e que, infelizmente tem estado em destaque nos Estados Unidos, o suicídio.

Trata-se de “Captain America – A Little Help”, uma banda desenhada de 11 páginas, praticamente sem qualquer texto, escrita pelo psicólogo Tim Ursiny e desenhada por Nick Dragotta.

Quando a história começa, conhecemos um jovem que, deprimido pela morte do pai, as fracas notas, as frequentes ausências da mãe e o abandono da namorada decide acabar com a vida, lançando-se do alto de um prédio.

Só que, no momento em que vai saltar, o edifício é abalado por um enorme estrondo. Ao levantar-se, ainda aturdido, vê o capitão América a defrontar um grupo de inimigos, entre os quais um robot gigante. No decurso do confronto, o super-herói apenas consegue levar de vencida os seus adversários graças à ajuda providencial do potencial suicida que, caindo em si, decide ligar para a Linha de Prevenção de Suicídios.

Quando anunciou a história, Tom Brevoort, vice-presidente da Marvel afirmou: “Os super-heróis travam muitas batalhas, mas poucas são mais importantes do que combater o suicídio”. E acrescentou, “se pelo menos uma pessoa ligar para este número, em vez de tentar algo trágico, então já teremos sido bem sucedidos.”

A banda desenhada pode ser lida gratuitamente no site da Marvel, em Digital Comics Unlimited e também está disponível em aplicações para IPAD, iPhone e iPod Touch. Para além disso, foi incluída na antologia “I Am An Avenger #5”, esta semana posta à venda nos EUA.

Esta não é a primeira vez que a Marvel disponibiliza os seus heróis para combater problemas sociais. Há alguns anos, por exemplo, o Homem-Aranha e o Quarteto Fantástico protagonizaram “Hard Choices”, uma banda desenhada, de tom mais juvenil, que visava prevenir o uso de álcool por adolescentes.

Para além disso, anualmente, os mais famosos personagens da Marvel juntam-se aos “verdadeiros heróis, os homens e mulheres do exército norte-americano” nos seus locais de combate, em missões narradas em revistas que são distribuídas gratuitamente aos soldados americanos destacados noutros países.
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Jornal de Notícias, 20 Janeiro 2011

CASAMENTO AOS QUADRADINHOS

Biografia em banda desenhada antecipa casamento do príncipe William com Kate Middleton

F. Cleto e Pina

A editora norte-americana Bluewater Productions, que se tem especializado na publicação de biografias em banda desenhada de políticos e celebridades, acaba de anunciar para Abril o lançamento de “Fame: The Royals”, uma edição sobre a vida do Príncipe Williams.
O pretexto para este lançamento é o seu próximo casamento com Kate Middleton, marcado para 29 de Abril, mostrando as 32 páginas da edição os factos mais marcantes da vida de William: o nascimento, a morte da mãe, a princesa Diana, a educação, o cumprimento do serviço militar ou o romance de oito anos com a sua futura esposa.

Escrita por C.W. Cooke, já autor das biografias de Taylor Swift e Beyoncé, esta é a história de “duas pessoas presas num aquário” expostas aos olhos de todos, disse Darren Davis, presidente da Bluewater durante a apresentação da obra, em que questionou: “Como é que alguém habituado aos holofotes consegue manter alguma privacidade?”

Desenhada por Pablo Martinez (criador gráfico das biografias de Bill Clinton e David Beckham), “The Royals” termina com um olhar sobre o futuro casamento, tentando antecipar trajes, meio de transporte e destino de lua-de-mel dos noivos.

Aproveitando a repercussão de um dos mais mediáticos acontecimento de 2011, a editora anunciou para Maio uma edição especial para coleccionadores desta BD, acrescida de diversos extras, entre os quais capa dupla, posters de William e Kate, ilustrações do casamento e a sua comparação com o de Diana e Charles, em 1981.

“Como americanos”, explicou Darren”estamos fascinados pela realeza britânica. Ela representa a pompa e a história que nós não temos”.

Depois de “Political Power” (inaugurada com as biografias de Barack Obama e John McCain, então candidatos à presidência) e de “Female Force” (por onde já passaram Sarah Palin, Michelle Obama, J.K. Rowling, Stephenie Meyer, Oprah Winfrey ou, este mês, Angelina Jolie desenhada pelo ilustrador português Nuno Nobre), “Fame” é a terceira colecção biográfica da Bluewater, dedicada a celebridades do mundo do espectáculo, da realeza ou do desporto, entre as quais Justin Bieber, Lady Gaga ou os elencos de Glee e Twilight.
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domingo, 23 de janeiro de 2011

Bdpress #219: A EXPOSIÇÃO TINTA NOS NERVOS NO SEMANÁRIO SOL – O QUE É QUE LHES DÁ GÁS?


Sol, 22 de Janeiro, 2011

'O QUE É QUE LHES DÁ GÁS?'

por Texto Patrícia Cintra

O Museu Berardo inaugurou a exposição Tinta nos Nervos que pretende fazer um retrato do panorama da banda desenhada nacional. São mais de 40 artistas representados, incluindo, o 'pai' desta técnica em Portugal, Rafael Bordalo Pinheiro

A exposição inclui o primeiro álbum de banda desenhada portuguesa, da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro
Não procuram fama nem dinheiro, «os autores de banda desenhada apenas querem dar azo à sua carolice!», brinca Pedro Vieira Mouro, comissário de Tinta nos Nervos uma exposição que inaugurou no passado dia 10 de Janeiro, no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.

Num panorama nacional em que as publicações de banda desenhada são poucas e os artistas se desdobram mais por pequenas «edições de autor» do que pela edição constante de livros, «faz sentido mostrar a banda desenhada na sua perspectiva artística», afirma o comissário. «Em Portugal, se um autor vender dois mil livros já se considera que tem um público muito alargado», ironiza Pedro Mouro que lamenta que esta expressão artística não tenha a mesma dimensão de outras, como a fotografia, a pintura ou o cinema.

Mas «o que é que lhes dá gás?». Na obra O Peregrino Blindado, Eduardo Batarda - conhecido pela sua carreira como pintor - apresenta algumas explicações humorísticas para responder à pergunta: «O pensamento sagaz; (...) a literatura, aliás...».

Com mais ou menos humor, de uma forma mais linear ou mais simbólica, os 41 artistas expostos no Museu Berardo mostram que a banda desenhada vai para além das 'histórias aos quadradinhos':«Em termos históricos, esta forma artística encontra raízes disseminadas numa série de técnicas e de linguagens. E estes artistas exploram esta arte de um modo particularmente pessoal, expressivo e atento a questões estéticas contemporâneas».

Organizada por afinidades artísticas, a exposição tanto exibe obras que se afirmam pela sua vertente escrita, explorando temas como autobiografias, problemas de género ou questões políticas, como mostra a sua vertente mais estética, explorando novas linguagens. E neste universo tão vasto é possível encontrar autores modernos e contemporâneos no activo, mas também nomes incontornáveis como Rafael Bordalo Pinheiro ou Carlos Botelho, autor de Ecos da Semana, publicado no semanário Sempre-Fixe, criado a 13 de Maio de 1926. O objectivo é «dar a conhecer um panorama alargado e diversificado e estimular os visitantes a procurar as 'suas' bandas desenhadas».

Bonecos gigantes, carros de brincar, garrafas com mensagens ilustradas e instalações complementam a exposição que é mais do que uma mostra de pranchas coloridas. Ao longo do espaço, o público é ainda surpreendido por murais de grandes dimensões da autoria de Luís Henriques, André Lemos, José Feitor, Joana Figueiredo e Miguel Carneiro, mas também por vídeos e esculturas que fazem a ligação entre a banda desenhada e outras formas de expressão artística, desafiando o público a acompanhar o processo de criação das personagens e histórias expostas.

Não faltam ainda livros, fanzines e publicações inéditas e até o primeiro álbum de banda desenhada nacional, da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro. Intitulado Inusitada Viagem do Imperador do Rasilb, o humorista «retrata D. Pedro IV como um provinciano, em viagem pela Europa, num texto cheio de recados à realeza...». Assim se prova que a banda desenhada é muito mais do que histórias dedicadas ao público infanto-juvenil e vai para além das suas personagens mais emblemáticas. Ao fugir às publicações mainstream, descobre-se em Portugal uma série de autores que fazem cada vez mais da banda desenhada uma «disciplina aberta a experimentações».

TINTA NOS NERVOS;
MUSEU COLECÇÃO BERARDO - PRAÇA DO IMPÉRIO. LISBOA TEL. 213 612 878


Foto da inauguração: apreciando os "Ecos da Semana" de Carlos Botelho
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sábado, 22 de janeiro de 2011

ALMOÇO COMEMORATIVO DOS 75 ANOS DE "O MOSQUITO"



No passado dia 15 realizou-se um almoço comemorativo dos 75 anos da revista "O Mosquito", nascida a 14 de Janeiro de 1936, e também dos 50 anos da 2ª série. O almoço, organizado por Leonardo De Sá e Américo Coelho, realizou-se no Restaurante Pessoa (antiga Casa Pessoa), ali na esquina da Rua dos Douradores, com a Rua de Santa Justa, em Lisboa. Como curiosidade, este restaurante devia encerrar no sábado em questão, mas abriu, por especial deferência, só para este almoço... Estiveram presentes 49 pessoas (embora tivessem sido convidadas muitas mais, que não puderam estar presentes), algumas directamente ligadas às várias séries de "O Mosquito".

Aspecto geral da sala...

Da esquerda para a direita: Em primeiro plano, Maria José Magalhães Pereira e José da Luz, na mesa de trás, Jorge Magalhães, José Menezes e Catherine Labey -  foto da direita: Jorge Magalhães e Monique Roque...
Rui Bana e Costa, Maria José Menezes, Máximo Ribeiro e Fernando Cardoso (de perfil) -  foto da direita: Eugénio Silva em conversa com Carlos Costa (Edições Época de Ouro e... Trio Odemira)...
Apanhados num instante pensativo, Luiz Beira, Baptista Mendes e João Mimoso. Na mesa de trás podem ver-se Helder Jotta, Ricardo Neto e António Gomes de Almeida - foto da direita: José Ruy, Francisco Padiña e Leonardo De Sá.

Mário Correia, Carlos Salgado, José Manuel Vilela. Na mesa ao fundo: Clara Botelho, Maria José Pereira, Jorge Magalhães (de pé) e António Milhano, atrás dele, José da Luz. Foto da direita: mais uma geral.
Em primeiro plano, Vitor da Silva, na mesa de trás, José Garcês explica qualquer coisa a Luiz Beira e Baptista Mendes - Foto da direita: José Pires, Saul Marques Ferreira e João Artur Mamede "Jartur"...
José Ruy começa a contar as suas histórias ligadas à história d'O Mosquito... na mesa podem ver-se Francisco Padiña (à esquerda), José Pires (em pé), Paulo Cambraia e Dâmaso Afonso - Na foto da direita vê-se também Leonardo De Sá, que na foto da esquerda ficou cortado...

Jorge Magalhães, José da Luz (um "rapaz" que trabalhava com a máquina impressora d'O Mosquito), Catherine Labey e Fernando Cardoso. 
Foto da direita: Leonardo De Sá anuncia que serão oferecidos aos participantes dez exemplares de O Mosquito nº 1 (e único) da 4ª série e exemplares de todos os números da 5ª série...
Um dos exemplares da 4ª série de O Mosquito. 
Foto da direita (tirada por Dâmaso Afonso): Jorge Machado-Dias, Abílio Pereira, 
Clara Botelho e Maria José Pereira, ou seja, Pedranocharco Publicações e Edições Asa...


AS SÉRIES DE O MOSQUITO

Compilado por Leonardo De Sá

1ª Série (1936-1953)

Este semanário (depois bissemanal) foi fundado a 14 de Janeiro de 1936 por Tiotónio (António Cardoso Lopes Júnior) e Raúl Correia. O primeiro número tinha 8 páginas e as dimensões eram de 31x21 cm, era impresso pela Litografia Castro em Lisboa e teve uma tiragem inicial de 5.000 exemplares.

Durante a sua longa existência, colaboraram literariamente autores como Orlando Marques, Lúcio Cardador, José Padiña, Roberto Ferreira, Fidalgo dos Santos, António Feio e outros, para além do próprio Raúl Correia. Destacaram-se desenhadores nacionais como o próprio Tiotónio, Ruy Manso, Vítor Péon, Jayme Cortez, Servais Tiago, Eduardo Teixeira Coelho, Ilberino dos Santos, José Garcês, Monteiro Neves, etc.
Publicou séries estrangeiras de autores como Walter Booth (“Pelo Mundo Fóra...”, “O Capitão Meia-Noite”, “O Gavião dos Mares”), Roy Wilson (“Pedro de Lemos, Tenente, e o ‘Manel’, Dez Reis de Gente”), Arturo Moreno (“Formidáveis Aventuras do Grumete Mick, do Velho Mock e do Cão Muck”), C. Arnal (“Façanhas de Top”), Reg Perrott, (“A Flécha de Oiro”, “O Vôo da Águia”), Colin Merrett (“Atravez do Continente Negro”, “Atravez do Novo Mundo”), Percy Cocking (“Serafim e Malacuéco”), Emilio Freixas (“A Heróica Aventura”, “A Cidade das Três Muralhas”, “A Seita do Dragão Verde”), Jesús Blasco (“Cuto, o Ardina Detective”, “Anita Pequenita”), Ángel Puigmiquel (“Alarme em Insectolândia”, “A Sombra de Gulliver”), Alejandro Blasco (“Dardo Amarelo”, “O Segrêdo da Montanha”), Adriano Blasco (“Coisas do Chico”, “Chispita”), Cozzi (“Jack Tim - Epopeia do Forte Arizona”), J. Iribarren (“A Cruz de Fôgo - O Cavaleiro ‘Braço de Ferro’”), José Laffond (“O Fugitivo de Nevada”),Rudolph Dirks (“Necas, Tonécas, Barbaças e Leocádia”), John Lehti (“Tommy, o Rapaz do Circo”), Alejandro Blasco (“Aventuras de Morronguito”), Harold Knerr (“As Aventuras do Nécas, Tonécas & Cª”), Hal Foster (“Príncipe Valente”), Vincent Daniel (“Bandidos do Oeste”), Darrell McClure (“Anita e os Seus Amigos”), Reg Parlett (“Aventuras e Proezas do Inácio Camoezas”), Marijac (“A Vida Aventurosa de François Veyrac, Emigrante Francês 1814-1901”), Jack Monk (“Aventuras de Buck Ryan”), Steve Dowling (“Aventuras de Garth”), Robert Gigi (“O Cavaleiro da Montanha”), Oliver Passingham (“Lesley Shane”), Lloyd Wendt e Dick Fletcher (“Jed Cooper, o Aventureiro”), George Wunder (“Terry e os Piratas”), Lucien Nortier (“Os Bandidos da Pradaria”), Paul Gillon (“O Leão da Neve”, “A Vingança dos Macacos-Aranha”), e muitos mais.

Houve também um almanaque, vários álbuns e o suplemento feminino A Formiga. O último número foi o 1412, publicado a 24 de Fevereiro de 1953, após 17 anos de publicação ininterrupta.

2ª Série (1960-1961)

Era editada e dirigida por E. Carradinha e José Ruy, com coordenação também de Roussado Pinto na segunda metade da colecção. Tinha inicialmente 12 páginas e as dimensões 26x17,5 cm. O primeiro número saiu a 16 de Novembro de 1960.

Publicou séries como “Brick Bradford” (com o nome de Capitão Relâmpago), “Jack Tubb, o Justiceiro”, “O Capitão Meia Noite”, “O Homem-Morcego”, “Façanhas de Top”, “Rudy Carter”, “Pelo Mundo Fora - Aventuras de Rob”, “Guerra no País dos Insectos”, etc.

O último número foi o 30, publicado a 7 de Junho de 1961.

3ª Série (1961)

O editor e director foi António da Costa Ramos. Tinha 16 páginas e as dimensões eram de 25,5x17,5 cm, o primeiro número foi publicado a 14 de Novembro de 1961. O último foi o nº 4, publicado a 22 de Novembro de 1961.

4ª Série (1975)

Foi publicado um único número, com data de 31 de Dezembro de 1975. Tinha 16 páginas e as dimensões eram de 23,5x17 cm, o seu editor e director foi Fernando de Andrade.

5ª Série (1984-1986)

Inicialmente era bimestral, depois mensal, propriedade de Carlos & Reis, Lda e direcção de José Chaves Ferreira, com coordenação de Jorge Magalhães. Tinha 60 páginas e as dimensões eram de 29x21 cm, o primeiro número foi publicado em Abril de 1984.

Publicou autores e séries como ET Coelho, Jorge Magalhães e Augusto Trigo (“Kumalo”), Antonio Hernández Palacios (“Manos Kelly”), Julio Ribera (“Nunca Estamos Contentes”), Sánchez Abulí e Esteban Maroto (“Zodíaco”), Ricardo Barreiro e Juan Giménez (“Ás de Espadas”), Fernando Relvas (“Vast”), Dan O’Bannon e Moebius (“The Long Tomorrow”), Abulí e Jordi Bernet (“Torpedo 1936”), Victor Mesquita (“Navegadores do Infinito”), Richard Corben (“O Crepúsculo dos Cães”), Yves Chaland (“Freddy Lombard”), Jesús Blasco (“Jack, o Estripador”), Manfred Sommer (“Frank Cappa”), Carlos Trillo e Mandrafina (“Ciclo Vital”), Milo Manara (“Acherontia Atropos”), Hal Foster (“Príncipe Valente”), Muñoz e Sampayo (“Alack Sinner”), Tozé Simões e Luís Louro (“Jim del Mónaco”), Paul Gillon (“Um Homem de Palavra”), Hugo Pratt (“Fort Detroit”), etc.

Houve também quatro almanaques anuais. O último número foi o 12, publicado em Janeiro de 1986.


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