sábado, 28 de fevereiro de 2015

BDpress #460: MORREU SPOCK – A VIDA LONGA E PRÓSPERA DE MR. LEONARD NIMOY

Leonard "Spock" Nimoy (26 de Março de 1931- 27 de Fevereiro de 2015)

MORREU SPOCK
A VIDA LONGA E PRÓSPERA DE MR. LEONARD NIMOY
Por Marco Vaza e Joana Amaral Cardoso 
No Público Online, 27/02/2015

Aos 83 anos, desaparece um dos rostos mais conhecidos do sci-fi, quase indissociável de Spock e das sua orelhas de vulcano na saga Star Trek.

Leonard Nimoy escreveu duas autobiografias com 20 anos de intervalo, I Am not Spock (1975) e I Am Spock (1995).

Como tantos actores, Nimoy fez uma primeira tentativa de não ser confundido com a personagem que lhe deu fama, mas acabou por se render à evidência: Nimoy era e sempre foi Spock, desde o primeiro momento em que apareceu na televisão com as orelhas pontiagudas e a franja minuciosamente aparada. Morreu na sexta-feira aos 83 anos, vítima de doença pulmonar, o actor que encarnou a personagem mais emblemática de Star Trek, a série de ficção científica que começou por ser um fracasso, mas catalisadora de um culto que a transformou num fenómeno com vida longa e próspera.

Nimoy sofria de doença pulmonar obstrutiva crónica, diagnóstico que revelou publicamente em 2014, e foi a doença que causou a sua morte, como confirmou ao New York Times a sua mulher, Susan Bay Nimoy. No início desta semana, o actor tinha já sido hospitalizado na sequência de um agravamento da doença. Foi nesse dia que escreveu o que seria o seu último tweet: “Uma vida é como um jardim. Os momentos perfeitos podem ser vividos, mas não preservados, excepto na memória. LLAP”, escreveu, com a derradeira sigla para Live Long and Prosper - a frase-chave da sua personagem. Era assim que terminava cada uma das suas mensagens em 140 caracteres ou menos para o seu milhão e meio de seguidores.

Nimoy foi muitas coisas, mas ser Spock foi um emprego para toda a vida, desde a primeira aparição no episódio piloto de Star Trek, “The Cage”, em 1965, até aos dois filmes de J.J. Abrams (2009 e 2013). Spock era um ser meio vulcano, meio humano, membro da tripulação da USS Entreprise, a nave espacial que tinha por missão explorar novos mundos por mandato da Federação dos Planetas. Era o cientista racional para fazer contra ponto ao aventureiro capitão James T. Kirk (William Shatner).

Nascido em Boston a 26 de Março de 1931, filho de imigrantes ucranianos, Leonard Simon Nimoy mudou-se para Hollywood aos 17 anos, esteve na tropa, conduziu táxis, entregou jornais e andava perdido pela televisão, teatro e por produções cinematográficas de baixo orçamento. Mas foi ganhando reputação como actor e chegou a Star Trek por escolha própria, não como último recurso – podia escolhido ser um leading man numa telenovela, mas preferiu arriscar numa série de ficção científica sem garantia que desse alguma coisa.

O piloto original de Star Trek era muito diferente do que aquilo que acabaria por ser e, dessa primeira experiência, apenas o Spock de Nimoy sobreviveu, muito por insistência de Gene Rodenberry, o criador da série, e contra a vontade da NBC, que queria livrar-se do “tipo das orelhas”. A série ganhou novas personagens e novo elenco, mas não seria um sucesso imediato. Foi cancelada ao fim de três temporadas (80 episódios), mas ganhou nova vida nas reposições. Mais do que Kirk, Scotty, Sulu, Uhura, Chekov ou McCoy, o Spock de Nimoy foi a figura central do culto inicial à volta de Star Trek e a presença mais reconhecida do fenómeno trekkie – os fãs preferem trekker.

O sucesso ao retardador de Star Trek gerou uma série de filmes que começou em 1979. Nimoy entrou nos seis primeiros, realizou dois deles –Star Trek III: The Search for Spock e Star Trek IV: The Voyage Home e foi também argumentista de dois capítulos – e foi o único do elenco original a regressar no reboot de J.J. Abrams, como um Spock original que se cruza com um jovem Spock de uma realidade alternativa interpretado por Zachary Quinto, escolhido para o papel pelas parecenças físicas com Nimoy. Nimoy seria ainda Spock num episódio de Star Trek: The Next Generation, numa série de desenhos animados e muitas das suas aparições recentes, como como na série humorística A Teoria do Big Bang (The Big Bang Theory), também recuperam a icónica personagem.

A sua carreira não se fez apenas de viagens por galáxias distantes a bordo da USS Enterprise. Dramaturgo (a sua peça Vincent esteve no Teatro Villaret em 2006, por exemplo), realizador, poeta, fotógrafo, músico - Leonard Nimoy, uma figura acarinhada no meio cinematográfico, foi ainda mais isto. Foi agente secreto na série Missão Impossível, esteve ao lado de Donald Sutherland em A Invasão dos Violadores e fez uma última incursão na ficção científica televisiva em Fringe. Para além dos dois capítulos de Star Trek, Nimoy realizou mais quatro filmes, entre eles a comédia de enorme sucesso Três Homens e um Bebé, um remake do francês Três Homens e um Berço.

“Amava-o como a um irmão. Vamos todos sentir falta do seu talento, do seu humor e da sua capacidade para amar”, escreveu no Twitter William Shatner, aquele que mais vezes esteve em cena com Nimoy. Foi a dinâmica entre o seu Kirk e o Spock de Nimoy que deu origem a tudo, embora Shatner nem sempre tenha lidado bem com o talento multifacetado de Nimoy – Shatner exigiu, por exemplo, que lhe dessem a realização de Star Trek V depois do sucesso dos dois anteriores capítulos realizados pelo seu colega de elenco.

Nimoy abraçou até ao fim a personagem com a qual não queria ser confundido mas que tornou num ícone com a sua voz serena e o seu olhar impassível, mas sempre a projectar emoções numa personagem que se pedia fria. “Por alguma razão”, disse ao Los Angeles Times numa entrevista em 1999, “projectei algum tipo de qualidade que fazia as pessoas dizer ‘OK, ele é um bom extra-terrestre’”.

William Shatner e Leonard Nimoy em 1966

William Shatner e Leonard Nimoy, 45 anos depois…


Kunal Nayyar (o "Raj Koothrappali" de The Big Bang Theory) e Jim Parsons, o "Sheldon Cooper" da mesma série.


Jim Parsons, o "Sheldon Cooper" de The Big Bang Theory (A Teoria do Big Bang), com “Spock” Leonard Nimoy – o ídolo da personagem "Sheldon" na série.


SPOCK NOS COMICS



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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

BDpress #459: AMANHÃ: LANÇAMENTO DE NOVA COLECÇÃO COM O PÚBLICO: NOVELAS GRÁFICAS


WILL EISNER ABRE NOVA COLECÇÃO DEDICADA À NOVELA GRÁFICA
COM O JORNAL PÚBLICO

Publico, 20 e 21 Fev 2015

João Miguel Lameiras


Novela Gráfica, Vol. 1
Um Contrato com Deus 
Argumento e desenhos – Will Eisner
Quinta, 26 de Fevereiro Por + 9,90 €

É já na próxima quinta-feira [amanhã] que a BD regressa ao PÚBLICO numa ino­vadora colecção dedicada aos maio­res nomes da novela gráfica, que se prolongará pelas próximas onze semanas. Uma colecção marcada pela qualidade e pela diversidade. Diversidade de autores, de estilos, de nacionalidades, de formatos, mas que tem como elemento unifi­cador a vontade de contar histórias de grande fôlego, difíceis de conter nos formatos mais tradicionais das 48 páginas dos álbuns franco-belgas e ainda menos nas 22 páginas dos comics americanos. A acompanhar-nos nesta emocionante viagem pe­lo universo da novela gráfica, temos uma verdadeira selecção mundial dos maiores nomes da banda dese­nhada, tal a importância dos auto­res presentes – de Eisner a Moebius, passando por Toppi e Breccia, para citar apenas os que já nos deixaram – e a indiscutível qualidade dos seus trabalhos, muitos deles amplamente premiados.

É precisamente o caso de Um Con­trato com Deus, o livro que abre esta colecção, considerado por muitos como título iniciador do género novela gráfica - conta a lenda que, quando Eisner apresentou os origi­nais de Um Contrato com Deus ao edi­tor e ele lhe perguntou o que é que aquilo era, Eisner respondeu: "Ifs a graphic novel" - e o mais marcante trabalho do seu criador, Will Eisner, falecido em 2005.

Nascido em 1917, Eisner estreou-se na BD em 1936, como desenhador, argumentista e responsável (com Jerry Eiger) por um estúdio encar­regado da criação de uma série de heróis para os suplementos domini­cais dos jornais, por onde passaram alguns autores que também ficaram na história, como Jack Kirby (cria­dor, com Stan Lee, da maioria dos super heróis da Marvel), Lou Fine e Bob Kane, o criador de Batman. Apesar de desenhar dezenas de sé­ries diferentes (a mais célebre foi a história de piratas Hawks of the Sea) sob outros tantos pseudónimos, Will Eisner soube manter um elevado pa­drão de qualidade, o que lhe valeu ser contratado em 1939 pela Quality Comics Group para assegurar as 16 páginas de um suplemento domini­cal encomendado pelo Des Moines Register - TribuneSyndicate. É aí que vai nascer a sua maior criação, o Spirit, um detective mascarado que o vai acompanhar durante 12 anos e mais de 700 histórias, das quais bem mais de uma centena são clássicos incontornáveis e intemporais.

Apesar de, durante mais de 25 anos, ter trocado as suas criações pe­la BD comercial e didáctica (durante duas décadas, ilustrou manuais para o exército americano) e pelo ensino (foi durante muitos anos professor na School Of Visual Arts, de Nova Iorque, e autor de Comics and Sequen­cial Art, um livro incontornável sobre a técnica e linguagem da BD), Eisner regressou em grande força em 1978. Um regresso que se deu com este Um Contrato com Deus, livro que recolhe quatro histórias que se desenrolam num mesmo prédio de apartamentos dos anos 1930, no Bronx, traçando uma imagem sentida das frustrações, alegrias, desilusões e violência da vi­da das classes mais pobres da Grande Depressão na América.

Verdadeiro romance em banda desenhada, inspirado nas memó­rias da infância do autor, passada no Bronx, em que acontecimentos autobiográficos surgem ligeiramente ficcionados, Um Contrato com Deus mostra também uma forma diferente de Eisner tratar a página de BD, ab­dicando muitas vezes da tradicional divisão em tiras e quadrados, fazen­do as personagens evoluir suspensas ao longo da página, ao mesmo tempo que o texto e os balões se fundem com a arte. Também o uso das som­bras, as perspectivas dramáticas e o expressivo tratamento das atitudes e expressões das muitas personagens que povoam este grande romance vi­sual, revelam um autor maduro, mas suficientemente irrequieto para ino­var os códigos da linguagem da BD, ou arte sequencial, como lhe preferia chamar, que ajudou a criar.


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domingo, 22 de fevereiro de 2015

GAZETA DA BD #39 – NA GAZETA DAS CALDAS: PRÉMIO NACIONAL DE BD – 2014 – MELHOR ALBUM PORTUGUÊS DO ANO – ZONA DE DESCONFORTO

GAZETA DA BD #39 – NA GAZETA DAS CALDAS
PRÉMIO NACIONAL DE BD – 2014 
MELHOR ÁLBUM PORTUGUÊS DO ANO
ZONA DE DESCONFORTO

Gazeta das Caldas, 20 Fevereiro 2015

Jorge Machado-Dias

Texto integral que não foi possível publicar completo na Gazeta das Caldas por falta de espaço


ZONA DE DESCONFORTO
Por Christina Casnellie (Holanda 2006), Ondina Pires (Londres 2008-10), Daniel Lopes (Brasil 2013), Tiago Baptista (Berlim 2013), José Smith Vargas (Holanda 2007), Amanda Baeza (Bilbao 2010), Francisco Sousa Lobo (Londres 2010-13), André Coelho (Barcelona 2006), David Campos (Cap Skirring 2007) e Júlia Tovar (Buenos Aires 2013).
144 págs.
Associação Chili com Carne, 2014 (http://www.chilicomcarne.com/)
Edição de Marcos Farrajota
Design de Joana Pires

Como aqui escrevemos, na edição de 2 de Janeiro passado, o Prémio Nacional de BD – Melhor Álbum Português do ano 2014 foi atribuído a Zona de Desconforto, editado pela Associação Chili com Carne, na sua colecção “Lou Cost” (que inclui Boring Europa e Kassumai e tem já programado novo livro: Convento da Cartuxa, de Francisco Sousa Lobo). Dissemos nessa altura que era um facto completamente inédito nas edições anteriores destes Prémios, uma vez que nunca um editor underground o tinha ganho.

Comecemos pelo princípio: a Associação Chili com Carne foi fundada em 1995 por Marcos Farrajota, depois de, em 1992 ter criado com Pedro Brito o fanzine “Mesinha de Cabeceira”, que ainda se edita. Depois criou a editora MMMNNNRRRG – “para gente bruta”, já com uma boa série de livros editados. Farrajota também é autor de BD e tem feito capas, cartazes e BD's para bandas punks e afins, sendo também o único funcionário daquilo que resta da antiga Bedeteca de Lisboa, agora integrada na Biblioteca dos Olivais. Criou e escreveu a série "Loverboy", em parceria com João Fazenda na ilustração. Tem vários artigos sobre BD, fanzines e música espalhados em várias publicações.

Como autor, Farrajota, para além de ter realizado e publicado alguns fanzines com apoio da Associação Chili com Carne estreou-se na colecção Lx Comics (da Bedeteca de Lisboa), cujos primeiros volumes foram publicados a pretexto da exposição "Pranchas necessariamente incolores". Com Pedro Moura desenhou a bd "História de Deus" nos três números da revista CriCa. Participou na antologia Crack On. Compilou todas as suas bd's autobiográficas em dois livros, Noitadas, Deprês e Bubas (2008) e Talento Local (2010) e fez o livro do DVD do 15º Steel Warriors Rebellion Metalfest.

Assim, as edições da Chili com Carne (e também as da MMMNNNRRRG) reflectem – pensamos nós – as convicções anarquistas, contestatárias, do seu editor, que escreve na introdução a Zona de Desconforto:

“(...) Muitos portugueses têm ido estudar para o estrangeiro graças a programas universitários ou outras bolsas institucionais. Outros têm ido para fora trabalhar, ou porque não encontram estímulos para a sua criatividade num país pe­riférico e atrasado como o nosso, ou porque tiveram mesmo de procurar emprego para sobreviver dando razão a um político filho-da-puta que afirmou nos media que "o melhor que os jovens portugueses tinham a fazer era emigrar". O que poderia ser uma abstracção ou uma demagogia bizarra tornou-se rea­lidade. Muitos de todos nós, já o sentimos, muitos dos nossos amigos e conhecidos "desapareceram" e sabemos que nem todos voltarão a este canto europeu.

Nesta antologia, os nossos autores de BD re­latam as suas experiências enquanto estudan­tes ou trabalhadores no estrangeiro, expondo os seus extremos, da leve piada do choque cultural às reflexões profundas e intimistas. Se os obrigamos a trabalhar nas questões da autobiografia, garantimos no entanto, que o estilo pessoal de cada autor em nada foi pre­judicado (...)”

Zona de Desconforto é pois uma recolha de relatos de autores de Banda Desenhada que foram estudar ou trabalhar para fora de Portugal. Escreve o editor, na apresentação do livro na página do Facebook da Chili com Carne (https://www.facebook.com/chilicomcarne/posts/674136689309644):

“(...) Os autores apesar de terem sido “obrigados” a trabalharem em registo autobiográfico para relatarem as suas experiências, que vão da leve piada do choque cultural às reflexões profundas e intimistas, ainda assim o estilo pessoal de cada autor não foi prejudicado. Organizado por ordem cronológica, o livro começa com André Coelho, que estudou em Barcelona, em 2006, e expõe as questões nacionalistas catalãs, mas a experiência similar de Amanda Baeza no País Basco (estudou em Bilbao, em 2010) é mostrada de uma forma oposta e “leftfield”. Holanda vai ser uma coincidência de país para a “globe trotter” Christina Casnellie (em 2006) e um ano mais tarde, José Smith Vargas, maior é a coincidência é que ambos desmontam a sociedade holandesa e a “pan-ibérica”. Londres também é uma “coincidência” para encontramos Ondina Pires (ex-Pop Dell’Arte, ex-The Great Lesbian Show) entre 2008 e 2010, e Francisco Sousa Lobo (vencedor do concurso “500 paus”) entre 2010 e 2013, que usam “comic relief” q.b. para contar a depressão que se sente na capital inglesa, e no caso de Lobo esta sua BD é uma “companion” para o badalado romance gráfico O Desenhador Defunto. Mas antes, David Campos complementando a sua experiência da Guiné-Bissau (relatada no Kassumai) visita o resort de Cap Skirring (Senegal) em 2007 para alertar-nos da exploração não só de recursos económicos mas também sexuais de África. Em 2013 ainda temos as instrospecções políticas de Tiago Baptista em Berlim, durante uma residência artística; e mais extremas as deslocações sul-americanas de Júlia Tovar para Buenos Aires, decidida a criar a sua família, e com alguma ponta de ironia Daniel Lopes mostra o Brasil como o “futuro”, na sua recente visita profissional, como académico. Esta edição foi coordenada por Marcos Farrajota, frustrado e impotente em testemunhar a emigração, em alguns casos forçada, dos seus amigos e conhecidos à procura de melhores condições de vida. O livro não tem uma “agenda política” porque deixa que o relato de cada autor siga o seu rumo, com saldo positivo ou negativo, deixando ao leitor a interpretação que desejar. Longe de nós impormos seja o que for (...)”

Quanto a mim, o único “desconforto” que me provocou a leitura de Zona de Desconforto, foi a cor vermelha em que foi impresso – tive que suspender várias vezes a leitura porque todo aquele vermelho “ofende” (cansa) um bocado os olhos – embora pense que a cor utilizada terá eventualmente um significado ideológico. Mas é, apesar desse pequeno “desconforto”, um excelente livro!

Os interessados podem ler a crítica de Pedro Moura a este livro em http://lerbd.blogspot.pt/2014/06/zona-de-desconforto-aavv-chili-com-carne.html

Pranchas de Christina Casnellie e Francisco Sousa Lobo

Nota técnica: a cor destas duas pranchas foi trabalhada para que pudessem ser reproduzidas "no vermelho vivo" directo (a partir de um Pantone, por exemplo, ou a duas cores: 100% Amarelo + 100% Magenta) na impressão a quatro cores (CMYK) da Gazeta - o que é muito difícil de conseguir: o resultado não foi famoso e é o que se vê aqui, muito diferente das pranchas reproduzidas abaixo, que se assemelham mais ou menos com os originais impressos no livro. 
Apesar de tudo a capa do livro não saiu mal...

Pranchas de Amanda Baeza e Daniel Lopes

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

BDpress #458: ASTÉRlX PELO "CHARLIE HEBDO"


ASTÉRlX PELO "CHARLIE HEBDO"

Jornal de Notícias, 29/1/15 

LEILÃO. Albert Uderzo anunciou que vai colocar em leilão uma prancha original de Astérix, cujo valor reverterá a favor das famílias das vítimas do "Charlie Hebdo". Trata-se do original a preto e branco da prancha 8 de "Os Louros de César", de 1971, álbum recentemente adaptado a desenho animado.

A prancha em questão será autografada e o valor está estimado entre os 150 mil e os 200 mil euros. Vai integrar um dos maiores leilões de originais de BD deste ano, que terá lugar em Paris, a 14 de março, organizado pela Christie's e pela galeria de banda desenhada Daniel Maghen. Antes disso, as obras em leilão, entre as quais originais de Hergé, Pratt, Moebius, Bilal, Schuiten, Winsor McCay e Milton Caniff, serão expostas na Christie's de Nova lorque, o que acontece pela primeira vez.

Uderzo sentiu bastante o que 'aconteceu, até porque conhecia bem Cabu, um dos autores do "Charlie Hebdo" falecidos no atentado, pois tinha trabalhado com ele nos anos 60, na revista "Pilote". Logo após o atentado, o desenhador francês, de 87 anos, interrompeu a reforma para fazer dois desenhos: no primeiro, Astérix, Obélix e Ideiafix inclinam-se com ar contristado em respeito pelas vítimas, e, no segundo, Astéríx afirma "Je suis Charlie", enquanto soca um adversário de quem apenas se vêem os pés descalços no topo da página e as sandálias de bico curvo, caídas no chão.

F. Cleto e Pina

Original da prancha 8 de Os Louros de César

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PORQUE FOI RETIRADO DO KUENTRO O POST SOBRE O “REGRESSO DE LOURO & SIMÕES”... + NOVOS TEXTOS E MAIS PRANCHAS DO PRIMEIRO ÁLBUM DE JIM DEL MONACO


PORQUE FOI RETIRADO DO KUENTRO O POST 
SOBRE O “REGRESSO DE LOURO & SIMÕES”... 

NOVOS TEXTOS E MAIS PRANCHAS DO PRIMEIRO ÁLBUM DE JIM DEL MONACO 

Como muita gente saberá, não costumo responder a ataques pessoais – mesmo os mais ofensivos. Contudo devo uma explicação aos leitores do Kuentro pela retirada do post com o texto O Regresso de Luís Louro, de Pedro Mota (republicado no Kuentro no passado dia 15 como BDpress – Recortes de Imprensa, embora verdadeiramente não fosse de Imprensa), originalmente publicado no blogue aCalopsia, de um qualquer Grunho (parece que Campos, ou coisa no género) de que não me recordo de conhecer, de todo.

As alarvidades que o editor daquele blogue veio a publicar no Facebook ofensivamente a meu respeito, por causa desse post republicado no Kuentro, com intenções de divulgação – assinalando a origem do texto e com o respectivo link para o original –, levou-me a retirar o referido post do Kuentro e apagar o seu link no Facebook. Há coisas assim, feitas com boas intenções, mas que por vezes não correm bem.

Mas aqui fica, o novo post com a notícia do regresso de Luís Louro e Tózé Simões, ou melhor, de Jim Del Monaco. Mais as pranchas das duas primeira histórias do primeiro álbum, editado pela Editorial Futura em 1985 (data do Depósito Legal) ou já em 1986 (data do Copyright).

Contudo devo voltar à definição do que é a rubrica BDpress, que parece fazer confusão a alguns grunhos bedéfilos deste País:

Em 2004, tendo percebido que era publicada na imprensa escrita muita matéria sobre BD, de que muita gente não tinha conhecimento nos meios bedéfilos, uma vez que são poucos os apreciadores da chamada “Nona Arte” que lêem a imprensa, resolvi fazer o fanzine (impresso em fotocópia) a que chamei BDpress – Recortes de Imprensa sobre BD – e que editei durante 15 meses. Nunca cobrei pelo BDpress impresso mais do que o preço das fotocópias! Embora tivesse que comprar todos os jornais em que saiam textos sobre BD, durante os meses em que fiz esse trabalho e depois montar os recortes nas 15 ou 20 páginas do fanzine. Quando iniciei a publicação do BDjornal em 2005, a edição do fanzine BDpress ainda coincidiu com os 3 primeiros números do BDj, mas resolvi, dada a sobrecarga de trabalho a que as duas actividades me obrigavam, continuar o BDpress no Kuentro (blogue que iniciei em 2003), sempre com a imagem do recorte da página, mas com muito menos recortes que na versão impressa. Actualmente existem mesmo vários amigos que me enviam recortes de imprensa sobre BD para esse fim.

As capas dos 15 fanzines BDpress...

Refiro também, que os recortes são digitalizados, seguindo-se o processo de cópia de texto em OCR, para que sejam mais legíveis e para eventuais correcções de erros que os escribas cometem por vezes. Os recortes nunca são colocados no Kuentro no próprio dia em que são publicados, mas nos dias subsquentes.

Devo referir, já agora, que o ex-jornalista do Público, Carlos Pessoa, autor de muitos dos textos de recortes que coloquei no BDpress – tanto na fase fanzinesca como no Kuentro – se referia a esta minha actividade como um verdadeiro “serviço público”.

O REGRESSO DE JIM DEL MONACO

 
Luís Louro e Tozé Simões - com 30 anos de intervalo...

Em 1985 surgiu um novo herói na banda desenhada portuguesa. Da autoria da dupla Tózé Simões (António Simões) argumento e desenho de Luís Louro, este herói fez a sua estreia nas páginas de um jornal, na secção Tablóide do "Sábado Popular", suplemento do desaparecido Diário Popular.

Jim Del Monaco, apresentava-se como um heróico aventureiro português, cujas aventuras se passavam em plena selva africana. Completando um quadro caricatural, fazia-se sempre acompanhar por um bela loira de nome Gina, a sua eterna apaixonada, e por Tião, o criado negro, ou melhor, a sombra negra de Jim.

As aventuras, divididas em curtas histórias recheadas de situações rocambolescas e de um humor delicioso, tiveram um rápido sucesso que levou a que fossem editadas em álbum. Entre 1986 e 1993, através das editoras Futura e depois da ASA, foram publicados um total de 11 álbuns, correspondentes a sete originais e quatro reedições.

Depois do afastamento de Tozé Simões, o Jim del Monaco desapareceu até que no inicio deste mês foi criada a página Jim del Monaco no Facebook (https://www.facebook.com/louroesimoes), em que mais de que partilhar o passado, se anuncia o futuro, e este passa aparentemente por um 8º álbum. Pelos menos é o que deixa entender a intercepção de uma mensagem de correio electrónico dos autores em que surge a foto de uma página da nova aventura. Anuncia-se assim um regresso em 2015.


#1 Jim del Monaco, Futura, 1986
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Lour

#2 Menatek Hara, Futura, 1987
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#3 O Dragão Vermelho, Futura, 1988
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#4 Em Busca das Minas de Salomão, Futura, 1989
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

Jim del Monaco - 2ª Série (capa dura, cores)

#1 A Criatura da Lagoa Negra, Edições ASA, 1991
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#2 Menatek Hara, Edições ASA, 1992 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#3 A Grande Ópera Sideral, Edições ASA, 1991
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#4 O Elixir do Amor, Edições ASA, 1992 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#5 O Dragão Vermelho, Edições ASA, 1992 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#6 Em Busca das Minas de Salomão, Edições ASA, 1993 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#7 Baja Áfrika, Edições ASA, 1993
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro
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JIM DEL MÓNACO

Carlos Pessoa 
Público, 18/12/2000

No princípio, e ainda a preto e branco, há as seis pranchas de "O 'souvenir'". É uma curta história que ocorre no regresso a África do europeu Jim del Mónaco, que se faz acompanhar pelo seu criado negro Tião e pela escultural Gina, uma loura um pouco fútil que não perde a menor oportunidade de se atirar ao explorador. Na melhor tradição colonial, o herói vai arbitrar um conflito de interesses entre a tribo dos bugalus e o antropólogo branco John Whitetorp, que se deixou enredar infantilmente num ritual de acasalamento com... o chefe tribal. Na fuga, o estudioso choca violentamente com Gina, e são ambos surpreendidos por Jim del Mónaco em contacto físico menos convencional. A beleza da jovem rapidamente faz empalidecer aos olhos do chefe africano a subtil aura de androginia que emanava do antropólogo. Assim fica resolvido o problema matricial da história sem praticamente qualquer intervenção do herói. Mas como uma desgraça nunca vem só, Gina torna-se o fruto da cobiça instintiva do africano, desígnio a que o nosso herói se opõe com determinação. A senda da guerra parece inevitável, mas Tião surge dos bastidores para propor a solução salvadora, sob a forma de uma boneca insuflável que ele trouxera como lembrança para um primo obscuro.Tudo acaba bem: o antropólogo salva a pele, o chefe tribal leva a mulher "ideal" - não fala, não chateia e pode fazer tudo com ela... - e Tião só tem que protestar a sua inocência perante as acusações de "taradice sexual" do seu "buana". Gina alimenta redobradas esperanças que Jim perceba que não há necessidade de introduzir bonecas insufláveis na sua vida enquanto ela estiver por perto. E quanto a Jim del Mónaco, portador de um conservadorismo ingénuo e infantil que terá oportunidade de manifestarem outras ocasiões, é o único a reagir com menos bonomia ao insólito desenlace da estória, desabafando de uma forma que não deixa margem de incerteza: "Vocês não passam todos de uns depravados, infraccionários da moral e dos bons costumes!". Deixando de lado o episódico atropelo linguístico do herói - infraccionários por infractores -, certamente imputável à perturbação irritada com que regressa ao acampamento com os companheiros a reboque, o que importa realçar é a maturidade gráfica desta primeira curta história da série, com a qual o desenhador Luís Louro e o argumentista Tozé Simões iniciam uma fecunda colaboração que durará quase uma década.Vistas em retrospectiva, as sucessivas histórias, que darão lugar à publicação de sete álbuns entre 1986 e 1994 (primeiro a preto e branco na Editorial Futura, e a partir de 1990 nas Edições ASA, a cores), permitem observar a rápida evolução gráfica de Louro. De um traço inicial anguloso e ainda "duro", o desenhador transita para uma expressão mais plástica e flexível, marcada pelos inequívocos sinais de uma riqueza de detalhes e de uma composição de personagens e cenários, ainda mal esboçados nos primeiros episódios. Depois, comprovar-se-á que os autores vão ganhando fôlego e confiança, atrevendo-se a ultrapassar a fronteira da história curta rumo a episódios mais longos e, por fim, a histórias de álbum inteiro, inclusivamente fora do "habitat" natural do herói (caso de "A grande ópera sideral"). Durante esses anos de colaboração estreita, em que Louro se firmou como um dos mais produtivos e representativos criadores dos anos 80 - Tozé Simões afastou-se irreversivelmente da BD quando terminou a colaboração com Louro -, a mesma dupla estará ocupada com outros projectos, e em especial a série realista e fantástica Roques & Folques. No entanto, é inquestionável que a imagem de marca dos dois autores está sobretudo ligada ao pendor satírico e humorístico de Jim del Mónaco, construindo com pinceladas breves paródias que não poupam sequer os próprios protagonistas, como se nem autores nem heróis levassem demasiado a sério os respectivos papéis.Todas as características já apontadas à obra permitem estabelecer uma identificação "portuguesa" para os personagens - nada explícita na construção de Louro e Simões -, que se manifesta pelos caminhos de uma ironia com "laivos de erotismo" (como sublinhou João Paiva Boléo) e um tudo nada brejeira, graças à qual a série obteve uma apreciável popularidade. Outras referências à BD, ao cinema e à literatura ajudam a compor um quadro coerente e substancial, pouco frequente no pequeno mundo dos quadradinhos portugueses. Tão substancial que levou o desenhador a encerrar, não se sabe se definitivamente, o desenvolvimento da série, para se aventurar em terrenos mais pessoais como autor integral das suas histórias, que dão pelo nome de "O Corvo", "Alice" ou "Coração de papel". Mas a verdade é que nada pode apagar o pequeno mundo que Louro e Simões inventaram juntos em Jim del Mónaco.
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ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (56) – O FIM DO CNBDI – TEXTO DE JOSÉ RUY

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (56)

O FIM DO CNBDI

Quando já existe a certeza do fim do CNBDI, recebemos o 27º texto de José Ruy sobre o assunto. Noticiámos aqui a inauguração da Bedeteca da Amadora, no dia 3 deste mês, assim como a “visita guiada” às novas instalações pela Presidente da Câmara da Amadora, no dia 13.

Aqui fica então o texto de José Ruy. 
Esperamos fazer pessoalmente uma visita à nova Bedeteca, para reportagem fotográfica, durante o mês de Março.
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TEXTO DE JOSÉ RUY 

«CNBDI»
Centro Nacional de Banda desenhada e Imagem 
ou
«CBDI»
Casa da Banda Desenhada e da Imagem

Em setembro de 2013, escrevi no 26º artigo sob este título o texto abaixo reproduzido, resultante dos rumores alarmantes para todos nós, que amamos e defendemos a Banda desenhada, principalmente a portuguesa.

«Há boatos (e desejo que não passem disso) de quererem integrar o espólio do CNBDI na Biblioteca Municipal, sem condições para o receber nem manter, pois não é essa a sua especificidade pondo assim em risco o ambicioso projeto do Centro, alicerçado durante tantos anos e com tanto trabalho investido. Será que iremos assistir à destruição desta obra por mão desqualificada de alguém (desconheço de quem se trata) que ignora e despreza o verdadeiro valor ali reunido?

É grande o reconhecimento da importância deste Centro por parte de muitas pessoas que constantemente o contactam para doar coleções de revistas sobre BD e obras originais, que instituições em outras Autarquias muito gostariam de possuir. Por isso é preciso que os órgãos do poder apoiem e deem condições adequadas para que seja possível à equipa do CNBDI levar a bom termo o objetivo do seu projeto, de trabalhar esse importante acervo com as escolas e junto do grande público, sempre interessado. Porque esse espólio não pode ficar embalsamado dentro de armários num qualquer armazém.

Deste espaço concedido pelo «Kuentro», prolongamento digital do «BDJornal», dirijo um apelo pessoal e muito particular ao Dr. Luís Vargas, amigo de já longa data, que considero ser o garante da continuidade e defesa do CNBDI criado por si em boa hora, para que impeça que os «boatos» que correm por aí à rédea solta se concretizem.

A verdade é que TODOS seremos responsáveis se nada fizermos para apoiar a estoica direção do CNBDI, que voluntária e graciosamente mantém estas tertúlias na última quinta-feira de cada mês, de fevereiro a maio, todos os anos, das 21 horas até de madrugada.

E é uma madrugada promissora que espero venha a seguir às sombrias noites sugeridas pelos tais boatos.

Aqui deixo o meu apoio incondicional, com a mesma força que sempre dei desde a criação do CNBDI às pessoas competentes e de boa vontade.

José Ruy
Setembro 2013»


Em 13 de fevereiro de 2015 A Senhora Presidente da Câmara Municipal da Amadora, Dr.ª Carla Tavares, e o Senhor Vereador da Cultura, Dr. António Moreira convocaram todos os autores doadores de material que se encontra guardado no Bunker do CNBDI para anunciar a transferência do seu conteúdo para o novo Bunker construído no edifício da Biblioteca Municipal «Fernando Piteira Santos» uma notável figura das letras, natural da Amadora e que também doou todo o seu espólio literário a esta instituição.

Descreverei mais adiante como decorreu essa reunião que culminou num almoço de confraternização.

Mas em novembro de 2014 o Dr. Luís Vargas fez-me um convite para visitar e verificar as instalações preparadas para receber o acervo guardado no Bunker da Avenida do Brasil 52 A, na Amadora.

Percorri os diversos pisos do novo edifício da Biblioteca Municipal guiado pelos responsáveis de cada sector.

Foi-me dado observar, perguntar e testar as condições de segurança do imóvel, que tendo sido construído contra sismos, tem todas as condições para numa situação dessas se manter realmente imóvel, ou ao mover-se não pôr em perigo o seu recheio.

O edifício tem três pisos abaixo no nível do solo do lado da entrada principal, pois a rua detrás tem um desnível considerável. Os dois últimos pisos «menos dois e menos três» são ocupados com o estacionamento de viaturas, uma vantagem para quem precisa de utilizar a Biblioteca e tem dificuldade em arrumar o carro.

Sob a placa do último piso está instalado um sistema de drenagem constante que equilibra o volume dos cursos de água subterrâneos existentes no subsolo da Amadora. Para o caso de uma situação de cheia, existe um tanque a todo o tamanho do edifício com capacidade para muitos milhares de metros cúbicos de água, caso o caudal exceda o volume habitual, isto no caso de haver algum corte de corrente que interrompa o funcionamento desse sistema de escoamento. Serão precisas bastantes horas para que esse tanque fique cheio.

Além disso, se por uma remota hipótese o tanque transbordar, há o último piso inferior para receber alguns centímetros de água que corresponderá a uns milhares de litros.

Todas as portas são de corta-fogo, e em caso de incêndio este será combatido por meio de pó e não com água, como o sistema montado na Avenida do Brasil, 52A.

O novo Bunker está instalado no piso menos um, com espaço suficiente para receber os armários de aço com o acervo do CNBDI, além dos novos que já lá se encontram preparados para receber muito mais material.

A temperatura é estabilizada em todo o edifício, para proteção dos livros e dos originais, preservados igualmente em bolsas de «PH Neutro».

O piso zero é um dos polos de leitura e tem um auditório que há bastante tempo funciona como sala de exposições, lançamentos de livros, exibição de filmes e representação de peças teatrais.

O piso «mais um» é dedicado também à leitura, e o «mais dois» totalmente ocupado com a Bedeteca inaugurada em novembro de 2014, durante o 25º Festival de Banda desenhada da Amadora.

O espaço desta Bedeteca foi, quanto a mim, inteligentemente estudado e muito bem conseguido. Tem ótimas condições não só de leitura como também da possibilidade de expor material e proporcionar eventos, como o lançamento de livros. Para os mais pequenos tem um recanto «do Conto» e uma instalação condigna para «Fanzines». Tem já a notável doação de mais de 2000 fanzines doados pelo Geraldes lino, num local com possibilidade de fazer projeções, em casos pontuais, e que recebeu o nome deste nosso estimado amigo.

Além disso todo o espaço é versátil, podendo em qualquer altura transformar-se em sala de audiência, como no primeiro lançamento ali realizado do meu livro «O Juiz de Soajo» assinalando a segunda edição, 19 anos depois da primeira.

Vão-se aperfeiçoando arestas com a experiência do dia-a-dia e compete a todos nós, profissionais de BD, acarinhar e ajudar a melhorar todo esse espaço, afinal de contas a nós dedicado.

O edifício tem ainda um piso acima que poderá ser utilizado quando for oportuno.

Tudo isto foi-me mostrado pelo Dr. Luís Vargas, e agora também aos meus colegas e amigos pela Senhora Presidente Dr.ª Carla Tavares, e pelo Senhor Vereador Dr. António Moreira, acompanhados pelos responsáveis da Biblioteca, Dr.ª Vanda, Dr.ª Ângela, e pela Bedeteca Dr.ª Cândida e o Arquiteto Nelson Dona.

Foi oficialmente garantido que o Festival de BD é para continuar, pelo menos durante todo o período de mandato da Presidente.

Quanto ao nome «Centro» de Banda Desenhada e Imagem sofre uma modificação pois fica integrado na Bedeteca.

No entanto, alvitro que continue a chamar-se CBDI correspondendo a «Casa da Banda desenhada e Imagem». Para mim, esse espaço e pelo acervo que contém é mesmo a Casa da Banda Desenhada.

Neste local os originais vão ser digitalizados com aparelhagem já adquirida, catalogados e deste modo ficando à disposição de quem quiser consultar e usar para artigos ou estudo.

As exposições itinerantes poderão circular com mais facilidade utilizando provas digitais, preservando os originais para eventos especiais, alcançando assim uma maior divulgação.

Na Biblioteca há pessoal competente e em número suficiente, que trabalhando em equipa conseguirá melhores resultados. Há ao serviço 22 funcionárias/os com especialização.

Considero pelo que observei minuciosamente que o nosso material ali existente vai ganhar muito com isso. Da minha parte há ainda originais que não têm sido recebidos por falta de apoio logístico, pois o contrato de doação que combinei com a Autarquia foi que à medida que for fazendo novos trabalhos, depois de impressos, os originais entrarão no Bunker.

Neste novo núcleo, desejo e espero, que se realizem eventos como aconteciam na velha instalação na Avenida do Brasil 52 A, provisória desde o primeiro dia, e que tão grande prestígio conseguiram alcançar.

A estrada está livre e depende agora de todos nós, que a caminhada a continuar seja conseguida sem esforço mas com determinação.

José Ruy

Biblioteca Mnicipal Fernando Piteira Santos - Amadora

Dois aspectos de um lançamento de livro de banda desenhada efectuado no espaço da Bedeteca no dia 3 de Fevereiro de 2015. Os espaços são versáteis e adaptam-se a vários géneros de eventos. 


Exemplo de uma exposição sobre Aristides de Sousa Mendes, com um debate depois da exibição de um filme de António Cunha dedicado ao Cônsul, que teve a presença e participação dos netos do Cônsul e do Embaixador do Luxemburgo, na sala do piso zero da Biblioteca.

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